O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) confirmou que fará "blitz" sobre as condições de saúde e segurança na Refinaria de Paulínia (Replan), onde uma explosão seguida de incêndio provocou danos e interrompe a produção de derivados de petróleo desde a madrugada de segunda-feira (20).
As causas do incidente são investigadas, entretanto, o sindicato que representa os funcionários (Sindipetro) defende que o problema pode ter como uma das origens a sobrecarga de trabalho.
Na sexta-feira, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) comunicou a interdição da refinaria de Paulínia, a maior da Petrobras.
Data da blitz não divulgada
Sem mencionar data para fiscalização, a auditora fiscal do trabalho Renata Matsmoto explica que a avaliação será conduzida por uma equipe especializada em refinarias e projetos que envolvem riscos químicos. Entre os objetivos está verificar o cumprimento de normas regulamentadoras na planta que ocupa 9,1 km² e responde por aproximadamente 20% do refino de petróleo no país.
O sindicato da categoria critica a gestão da Petobras e diz que há falta de segurança gerada por uma "política de desmonte" na refinaria com maior capacidade de processamento de petróleo no país. De acordo com a empresa, a produção díaria gira em torno de 415 mil barris de derivados.
"A Petrobras fez um plano de demissão voluntária sem reposição e sem um programa adequado de transmissão de conhecimento [teceirização] [...] A sobrecarga dos trabalhadores com o monitoramento menor das atividades de rotina, por conta da redução de efetivo, também pode ser uma das causas" informa nota do Sindipetro. O incidente não deixou feridos.
A Replan atende aos mercados do interior de São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia e Acre, Sul de Minas Gerais e Triângulo Mineiro, Goiás, Tocantins e Brasília.
Procurada pelo G1, a Petrobras não comentou sobre a fiscalização e as declarações do sindicato. Em nota anterior, a empresa alegou que "reforça seu compromisso com a segurança da sua força de trabalho, suas operações e instalações, adotando padrões da indústria mundial de petróleo."
Chamas que saem das torres da Replan ficaram intensas após explosão (Foto: Reprodução/EPTV)
Retomada de produção e prejuízos
A empresa diz que prepara a retomada de 50% da capacidade de produzir derivados de petróleo, por meio de unidades que não foram prejudicadas pela explosão, mas não revela a data para início. Além disso, garante que já retomou as entregas de produtos às distribuidoras.
"A Petrobras conta com estoque e produção das demais refinarias para garantir a oferta de combustíveis aos seus clientes. O incêndio atingiu parte de uma das unidades de craqueamento catalítico e uma das unidades de destilação atmosférica, que fazem parte do processo de refino de petróleo", informa nota da da empresa. Durante o período de interrupção da produção, os trabalhadores cumprem expediente e realizam atividades de rotina que independem dela.
O impacto financeiro estimado é mantido em sigilo pela empresa. Já o sindicato da categoria informo que trabalhadores relatam previsão de seis meses para reconstituição das áreas afetadas. "A empresa diz que vai tentar fazer com que as unidades voltem a funcionar até dezembro, o que a maioria dos trabalhadores acredita não ser possível", complementa nota da assessoria.
O que diz a Cetesb sobre o Rio Atibaia
A Companhia Ambiental do estado de São Paulo (Cetesb) avalia se o incidente provocou reflexos no meio ambiente, incluindo possível contaminação do Rio Atibaia pela água usada durante rescaldo do incêndio na refinaria. O prazo para conclusão dos trabalhos, entretanto, não foi divulgado.
O que diz a Petrobras sobre o Rio Atibaia
Sobre uma possível contaminação no Rio Atibaia, a Petrobras se manifestou por meio de nota. Leia abaixo:
"A Petrobras informa que nenhum óleo atingiu o rio Atibaia. Todo o óleo vazado durante a emergência foi contido dentro da refinaria com uso de barreiras flutuantes e diques de contenção. Também foram colocadas barreiras preventivas em três pontos do rio. Dentro da refinaria, o óleo não queimado foi recolhido e, no combate ao fogo, foi utilizado Líquido Gerador de Espuma (LGE) - material biodegradável e não tóxico. O uso do LGE é autorizado e regulamentado pelo órgão ambiental."
fonte:/g1.globo.com