Chico Buarque e Milton Nascimento também já se manifestaram contra a decisão do governo de demolir a Aldeia Maracanã, onde vivem dezenas de índios, para a construção de um estacionamento para a Copa de 2014.
Em depoimento gravado em novembro, Chico Buarque atacou a decisão do poder público, que também atinge o Estádio Célio de Barros, o Parque Júlio Delamare e a Escola Municipal Friedenreich. O compositor criticou a privatização do Maracanã e enfatizou que o estádio "é um espaço público que deve permanecer público".
Já em seu depoimento, Milton Nascimento afirma ser "totalmente contra" a ideia de demolir o prédio histórico para a construção de obras de mobilidade urbana visando a Copa. Segundo Milton, muito pouco se faz neste país para preservar a memória dos índios.
Confira o artigo de Caetano Veloso:
Lutas
Enquanto escrevo (às pressas para não perder o voo para a Bahia), meus amigos do Rio estão guardando a Aldeia Maracanã, que recebeu, com a permissão finalmente dada por Eduardo Paes, o que parece ser um golpe fatal.
Eu quase que ainda sou do tempo do Largo do Maracanã da valsa, anterior à construção do estádio Mário Filho (só o Nelson Rodrigues chamava o estádio pelo nome oficial).
Maracanã, esse nome indígena das aves verdes que soam como chocalhos espargidos no ar. Cuiubas, Maitacas e maracanãs passavam pelo céu de Santo Amaro na minha meninice. Será que a vulgaridade que ronda a atual administração estadual (sublinhada pela municipal) vai tomar conta do entorno do Maraca? Um prédio que foi o Museu do Índio, que tem a história ligada ao glorioso Marechal Rondon e que hoje se chama Aldeia Maracanã não pode ser posto abaixo. Ou será que já devo escrever "não poderia ter sido posto abaixo"?
O drama da aldeia
A polêmica envolvendo a Aldeia Maracanã já se arrasta há meses. Os índios que ocupam o local lutam pela preservação do prédio histórico, mas que cujo destino parece estar traçado pelo governo do Estado. Entre decisões judiciais, intimidações com ação da polícia no entorno da aldeia e diversas manifestações de apoio de ativistas e políticos, o drama teve mais um capítulo neste sábado, quando o presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados (CDHM), Domingos Dutra, divulgou nota na qual reforça sua solidariedade aos indígenas, critica a "pressa" com que os governos municipal e estadual querem desocupar o prédio, cobra explicações imediatas e lamenta a situação dos índios.
(Publicado no Jornal do Brasil)
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