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Ensaio sobre o partidarismo político

20 de Julho de 2012, 21:00 , por Desconhecido - 0sem comentários ainda | No one following this article yet.
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Todos os partidos políticos são variantes do absolutismo, já dizia Proudhon no século XIX. Pensamento com o qual concordo. Mas para entender o significado profundo é preciso compreender melhor o que é absolutismo. Segundo o dicionário Priberam Online:

absolutismo 
1. Sistema de governo em que o poder do chefe é absoluto.
2. Despotismo, tirania, autocracia.
3. Poder absoluto e ilimitado.

Entenda-se que o partido político, ao vencer uma eleição, ganha para si o poder de administração, não somente dos bens públicos, mas também da regulamentação dos bens privados. Podem assim dizer que os políticos governam para o povo e em nome da democracia, ou melhor, dentro de um sistema democrático. Será?


Fosse assim, na história brasileira, não teríamos visto escravidão, ou será que alguém deseja ser escravo? Fossemos democráticos, no Rio de Janeiro, e não veríamos pacientes internados serem transferidos do Iaserj (Instituto de Assistência aos Servidores do Estado do Rio de Janeiro), na calada da noite. Ou será que alguém o desejaria? Fossemos “do povo e para o povo” e não assistiríamos o Núcleo para Idosos do Hospital Estadual Albert Schweitzer – RJ -  sendo fechado e deixando 1.600 senhores e senhoras sem atendimento.

Chegam a nos dizer que o Estado deve administrar a coisa pública com mão forte, porque nem sempre o povo sabe o que é melhor pra si. E mais, que o Estado gere e escolhe o que é melhor para todos ou pelo menos, para a maioria. Será?

Onde está a maioria da população que decidiu deixar impune os militares da ditadura brasileira que torturaram, mataram, estupraram, ocultaram cadáveres, prenderam sem acusações ou processos legais? Onde está a maioria do povo brasileiro que escolheu sucatear a saúde, a educação, a industrialização nacional, a tecnologia tupiniquim, o saneamento e muito mais, em nome de uma oligarquia e uma elite financeira que há séculos domina este país?

Existem ainda outras questões que me povoam a mente quando pensamos na tal democracia brasileira. Principalmente quando chegamos numa campanha eleitoral. Minha caixa de e-mail começa a ser povoada por textos partidários ofendendo e denegrindo outros partidos. Qual o motivo? Desejam, todos, governar as diferenças, em nome da democracia? Bem, se não sabem administrar as diferenças nem em campanhas eleitorais, sem recorrer a joguetes ridículos para competir numa eleição democrática, quão melhor se sairão para resolver as diferenças de milhões de cidadãos, cujas vidas, direta ou indiretamente, dependem de ações políticas?

Claro está para todo mundo que a disputa eleitoral entre partidos é uma disputa entre modelos diferentes de governança. Está? Programa de governo não parece ser algo claro para a maioria da população; ao menos, esta ignorância parece ser verdadeiramente democrática. Direitos e deveres dos cargos políticos e públicos também não parece ser algo esclarecido para a maior parte do povo. Mais uma vez, parece que temos na ignorância de algo o nosso elemento unificador e democrático.

A minoria do povo brasileiro, provavelmente, pode ser chamada de militante ou ativista político ou algo que o valha. A maioria ainda diz que futebol, política e religião não se discutem, ou seja, a omissão me parece eminentemente democrática no Brasil.

Enquanto escrevo este texto, nossos partidos políticos continuam bradando em nome da democracia. E para vencer na gestão de milhões de diferentes cidadãos, estes partidos agem no sentido de arruinar seus adversários, bombardeando as diferentes posturas de si de modo enfático. Mais uma vez pergunto: como lidarão com as diferentes posturas quando assumirem o poder? Bombardearão e destruirão mais uma vez? Parece-me que a aniquilação das diferenças é algo extremamente democrático no Brasil.

Um dia, penso eu, nosso país irá amadurecer. A partir deste momento, o povo brasileiro compreenderá que partidos políticos são variantes do absolutismo e que desejam o poder em suas mãos.

Pedro Cardoso, numa entrevista concedida em 2009, fez uma afirmação muito feliz, em minha opinião. O PT, no governo federal, foi o melhor governo que já tivemos, principalmente se o compararmos aos anteriores. Mesmo assim, o partido dos trabalhadores continua governando em nome da mesma máquina que mantém o Brasil como exportador de matéria-prima, em franco processo de desindustrialização, com uma educação pífia, uma saúde deficiente, um saneamento básico muito abaixo do básico e assim por diante. Há tempos mantemos nosso país governando para bancos e empresas transnacionais, com um governo que financia, em grande parte, a mesma mídia oligárquica que luta contra a evolução da nação.

Se somos a quinta economia mundial, também somos o único país da América Latina a não punir seus ditadores que cometeram inúmeros crimes e continuamos atrás até mesmo de países da África, neste quesito. Se seremos a sede de uma Copa do Mundo e de uma Olimpíada logo em seguida, ainda temos índices de homicídios assustadores, maiores que muitas guerras que já aconteceram ou ainda acontecem. Por isso evoco você, cidadão, a pensar qual democracia o partidarismo brasileiro tem sustentado e mantido?

Insisto em pensar e sonhar e lutar o quanto posso em nosso amadurecimento político e social. Penso que um dia compreenderemos que quem faz política é o cidadão (eu e você) e tomaremos para nós as rédeas da nossa história, seja como indivíduo, seja como nação. É por isto que sonho e vivo. Talvez seja esta a minha utopia.



Fonte: http://feedproxy.google.com/~r/blogspot/UkDc/~3/MM5wDZ1qUKU/ensaio-sobre-o-partidarismo-politico.html

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