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Ensaio sobre o tempo perdido pela falta de tempo

13 de Dezembro de 2013, 11:47 , por Desconhecido - 0sem comentários ainda | No one following this article yet.
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Quem tem muita falta pode encontrar o que está perdido ao desacelerar a sua necessidade temporal. O tempo, invenção humana, parece ser um dos maiores ativos do nosso atual capitalismo voraz. Pare e pense: quanto de suas finanças são definidas pelo tempo curto ou pela falta de tempo?

A CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) foi criada em 1943, regulamentando a jornada de trabalho, dentre outros. Nos últimos 70 anos, pode-se dizer que houve pouca variação nas horas dessas jornadas. Mas, neste mesmo período, houve muita alteração e criação de tecnologias que vieram para facilitar nossas vidas. Uma das melhorias? A economia do tempo. Mas será?

Hoje temos veículos velozes para transporte. Temos tablets, smartphones, notebooks, tv com internet, eletrodomésticos inteligentes, babás eletrônicas e uma infinidade de outras invenções. Fica difícil fazer uma lista completa de tantas facilidades que o dinheiro pode comprar. 

Quinhentos anos atrás, por exemplo, não se tinha toda essa moleza para a economia de tempo e mesmo assim havia pessoas como Leonardo da Vinci. Ele foi capaz de criar sozinho uma quantidade inimaginável de obras diversas e originais em arquitetura, pintura, engenharia, medicina, matemática, ciências, escultura, botânica, poesia, música, etc. Nós, humanos modernos, temos tanta facilidade ao nosso dispor que não somos capazes de criar, em quantidade pelo menos, algo parecido com Da Vinci. O tempo nos falta para coisas básicas:

- Foi ao dentista ver aquela cárie?
- Acredita que ainda não? Estou tão sem tempo...
- Leu minha última postagem?
- Texto grande demais. Estou sem tempo...

O diálogo imaginário acima é bastante corriqueiro em nossas vidas. Temos toda a tecnologia do mundo em nosso favor, para administrar e economizar tempo, porém, há tempos que vivemos sem ele. Onde estará o problema?

Cada novo acessório que adquirimos para economizar tempo e facilitar nossas vidas, também demanda tempo para compreender o seu manuseio. Se forem aparelhos para comunicação, existem atualizações e modificações semanais ou mensais, que também exigem tempo. Além disso, se o meio é mesmo a mensagem, cada novo produto adquirido também cria novos hábitos e necessidades que antes não tínhamos, consumindo mais tempo.

Parece que de um modo bastante simples, gastamos muito tempo para economizar tempo e por isso ficamos cada vez com menos tempo. Vivemos ansiosos por não perder tempo, muitas vezes até mesmo agressivos.

Compramos carros que atingem 300 km/h para andar em vias da cidade que não ultrapassam 80 km/h. Em verdade, ficamos a maior parte do tempo parados em engarrafamentos intermináveis, reclamando do que está sendo perdido e ficamos felizes quando atingimos 40 km/h.

Compramos smartphones e tablets para agilizar nossas vidas. A comunicação em qualquer lugar. Pessoalmente, conheço pessoas que não largam seus aparelhos mesmo quando estão conversando fisicamente com outros. Adquiriram hábitos que se tornaram vícios e por isso assistem ao grande espetáculo de seu tempo ir embora. Sem parar e se perceber.

É importante avaliarmos quais são as reais prioridades em relação ao tempo. E principalmente: qual é a extensão e a importância de nossa obra? O que estamos fazendo de verdade?

Vale a pena se questionar se estamos consumindo ou sendo consumidos pelo tempo e sua falta. Tudo o que desejamos para nos libertar da falta de tempo, muitas vezes, acaba nos transformando em escravos de elementos periféricos e passamos a vida com a ilusão de termos mais tempo para viver. Há quem trabalhe infinitamente, sacrificando sua saúde mental e física, com intuito de acumular dinheiro para ter tempo e fazer o que desejar. Majoritariamente, o que conseguem é se tornar viciados neste esquema ilusório: ter um enfarto, um câncer, um AVC e morrer antes do tempo.

Envelhecemos desejando a liberdade e morremos escravos da ilusão. Talvez, ser livre signifique não precisar economizar tempo, nem adquirir artifícios que nos deixam mais presos ainda. Talvez, estar em liberdade é ser autônomo, dono de seus pensamentos, desejos e sentimentos, vivendo com intensidade o tempo presente de tal modo que o próprio tempo desaparece diante de ti. Como fazer amor, tocar uma música, abraçar e beijar seus filhos: momentos para os quais o tempo não existe.
Artigo original do Comunica Tudo por M.A.D..

Fonte: http://feedproxy.google.com/~r/blogspot/UkDc/~3/MP7OUhY7-04/ensaio-sobre-o-tempo-perdido-pela-falta.html

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