Protógenes apresentou brevemente o conteúdo do PL 1078/2011 durante a segunda reunião do GT, realizada nessa quarta-feira (10.abr.2013).
O projeto de lei visa a abrir a possibilidade de atuação da Polícia Federal na investigação de crimes contra jornalistas, caso haja demora na apuração por parte da polícia local. O texto está em tramitação na Câmara dos Deputados, na Comissão de Segurança Pública, sob relatoria de Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP).
O representante da Polícia Federal presente na reunião vê necessidade de um "cuidado" com relação às competências de cada órgão: "não podemos dar à Polícia Federal um papel de `corregedora` dos órgãos investigativos locais". A questão de insuficiência de recursos da PF para atuar em grande quantidade de casos também foi levantada pelo delegado. A crítica em relação a conflitos de competência é endossada por Ailton Benedito de Souza, membro da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão.
Para a representante da Artigo 19, Laura Tresca, a Lei nº 10.446/2002 já contempla a atuação da Polícia Federal na investigação de crimes contra profissionais de comunicação, uma vez que a determina em casos de violações a direitos humanos - caso da liberdade de expressão, afirma Laura. "E a violência contra um comunicador é um atentado à liberdade de expressão", completa.
Protógenes colocou-se à disposição para examinar e levar quaisquer propostas de aperfeiçoamento do projeto de lei à Câmara antes da aprovação. Pediu, ao mesmo tempo, apoio para fazer com que ele tramite com mais urgência. "É preciso fazer algo para dissipar o manto da impunidade que paira sobre os crimes contra comunicadores", disse o deputado.
A violência contra jornalistas e outros profissionais de comunicação no Brasil é tema central do GT, criado em resposta ao crescimento, em 2012, do número de assassinatos e ameaças relacionadas ao exercício de profissões relacionadas à comunicação.
A Abraji integra o GT juntamente com organizações da sociedade civil como ANJ (Associação Nacional de Jornais), FENAJ (Federação Nacional dos Jornalistas), ABI (Associação Brasileira de Imprensa) e Artigo 19, entre outras, e representantes de órgãos públicos federais, como o Ministério Público Federal, a Polícia Federal e a Secretaria de Comunicação da Presidência da República, entre outros.
O objetivo final do GT é elaborar diretrizes para garantir a segurança de jornalistas e comunicadores no exercício profissional.
Ipatinga
O mais recente assassinato de jornalista no Brasil teve destaque na pauta do encontro. A Secretaria de Direitos Humanos apresentou um breve relato da recente visita da titular da pasta Maria do Rosário a Ipatinga (MG), por causa da morte de Rodrigo Neto, ocorrida em março. De acordo com representantes da SDH, a situação na região é "terrível e preocupante", com casos de queima de arquivo motivada por depoimentos de pessoas a jornalistas locais.
Plano de Ação da ONU
Foi apresentado também um resumo do Plano de Ação da ONU para Segurança de Jornalistas e a Questão da Impunidade. Coordenado pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Comunicação e Cultura), o plano deve ser discutido pelas Nações Unidas ainda em 2013. Em 2012, o Brasil barrou a aprovação do texto, alegando discordância com a tramitação na ONU, mas depois de pressões da Abraji, ANJ e outras organizações internacionais como o CPJ, passou a declarar apoio à inciativa.
O GT deverá analisar a proposta e apresentar sugestões ao documento diretamente a um representante da ONU, que será convidado a participar da próxima reunião, prevista para maio.
Ouvidoria
A Ouvidoria de Direitos Humanos (Disque 100) colocou-se como um canal para denúncias de ameaças e outras violências contra jornalistas e comunicadores. Ao receber a denúncia, de acordo com o coordenador do serviço Sidney Sousa Costa, a Ouvidoria verifica o relato e entra em contato com as autoridades locais pedindo informações sobre o que está sendo feito a respeito.
Foto: SDH-PR
(Publicado na ABRAJI)
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