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Julia Rebeca, Fran e o machismo viral que mata

15 de Novembro de 2013, 8:54 , por Desconhecido - 0sem comentários ainda | No one following this article yet.
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O "Caso Fran" e o "Caso Julia Rebeca" são dois exemplos reais do que o machismo e o conservadorismo são capazes de fazer. No Brasil, a capital mundial do carnaval, dos peitos e bundas de fora, não somos tão libertários como pensamos. O machismo e o conservadorismo, que antes escondiam as mulheres dentro de longos vestidos e chapéus, hoje as exibem como meros produtos sexuais, como quem diz: "quer seu espaço na sociedade, então o terá, mas como objeto sexual masculino".

Nem todo mundo que decide humilhar uma mulher por causa de um vídeo com cenas de sexo compreende que está sendo machista. Poderia chamar também de bullying virtual, mas nem todos concordariam que, de modo intencional e repetido, estão violentando ou agredindo uma mulher ou uma menina. Certamente muitos diriam que é só uma "brincadeira", uma "piada".

Uma simples "piada" foi o que fez Danilo Gentili com uma pernambucana que era a maior doadora de leite materno do país. Foi condenado pelo mau gosto do pretenso humor e pelos danos causados.

No último dia 10 de novembro, uma adolescente de 17 anos foi encontrada morta, dentro de seu quarto, enrolada num fio desses aparelhos de fazer "chapinha" no cabelo. Julia Rebeca chegou a anunciar o suicídio pelo Instagram.


Um primo da adolescente, ainda no dia 10/11, usou a própria conta do Twitter de Julia para noticiar a morte. E mais: também solicitou que não postassem besteiras, diante do delicado e triste momento dos familiares e amigos.


Em um dos portais de notícia, foi preciso que o advogado da família pedisse para "borrar" as fotos com o rosto da adolescente de 17 anos. O pedido foi atendido:


Tudo começou com a divulgação de um vídeo, através do WhatsApp, contendo cenas de sexo entre Julia Rebeca e mais duas pessoas. Pesquisando este caso e outros similares, encontrei argumentos como o vazamento do vídeo causou morte de jovem ou coisas do gênero. Mas discordo.

Primeiro porque não me recordo de que algo semelhante tenha causado a morte de algum homem que tenha transado com mulheres belíssimas. Sendo assim, penso que o simples vazamento de um vídeo sexual não é capaz de matar ninguém, principalmente homens. O que mata, difama, humilha e agride são os comentários e "piadas" feitas em relação ao conteúdo do audiovisual. Importante frisar: quase sempre são "brincadeiras" e "piadas" com alto teor sexista e machista.

Qual é o real problema de se ver divulgado em um vídeo com cenas de sexo? Depende: se você é homem, provavelmente, nenhum. Ao contrário, isso ainda será usado como um troféu para seu "falo". Mas se você é mulher é quase certo que será vítima de bullying, de machismo, de "piadas e brincadeiras" que vão acabar com sua vida social, no mínimo. Em casos mais extremos, o mal-estar e a falta de elementos para se lidar com a situação podem levar ao suicídio.

O "Caso Fran" foi semelhante. Vídeo divulgado pelo WhatsApp, as "piadas" circulando pelas redes sociais, um homem que compartilha seu troféu (um vídeo sexual) e uma mulher sem condições de sair de casa para trabalhar, comprar pão, etc. Pessoas chegaram a parar em frente da loja onde a jovem trabalha (ou trabalhava) para tirar fotos fazendo sinal de "OK", a "piada" que virou meme e se espalhou por todo o país.


Qualquer pesquisa rápida pela internet será capaz de mostrar o quão recorrente estes casos se tornaram. Na verdade, isso sempre aconteceu em nossas sociedades. A grande diferença é que hoje se faz em minutos o que antigamente se fazia em meses ou anos. O objeto de difamação ainda é o mesmo: a mulher e/ou os homoafetivos. Os argumentos usados pouco mudaram: ainda são machistas e sexistas.

Atualmente, grupos reivindicam seu espaço justo e igualitário na sociedade. São feministas e apoiadores de causas homoafetivas e assim por diante. Mas o conservadorismo político, religioso, social e sexual logo respondeu a essas lutas, dizendo que hoje vivemos uma "ditadura gayzista", um "patrulhamento excessivo" do politicamente correto, que "não se pode dizer mais nada", etc. Mas até onde tenho conhecimento, somente o machismo continua matando, bem como os conservadorismos todos. O "politicamente correto" ainda não vitimou nenhum humorista de mau gosto. Não que eu saiba...
Artigo original do Comunica Tudo por M.A.D..

Fonte: http://feedproxy.google.com/~r/blogspot/UkDc/~3/ce5TUeDJJII/julia-rebeca-fran-e-o-machismo-viral.html

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