Ninguém mais acredita que o julgamento do tal “mensalão” terá qualquer resquício de imparcialidade. O clima turbulento do STF, similar ao dos plenários legislativos, evidencia pendores emocionais incompatíveis com a tecnicidade das questões em pauta.
A coisa toda ganha ares kafkianos quando lembramos que há cerca de 46 mil processos aguardando decisão final do STF. E que o multimilionário “mensalão tucano” foi desmembrado para restar apenas Eduardo Azeredo como réu (outros dez puderam voltar à Justiça mineira, enquanto esse direito foi negado a trinta acusados no processo atual), sendo que mesmo o caso do ex-governador do PSDB não tem previsão de agendamento.
O que se passa no STF é um ritual político, organizado às pressas para coincidir com as eleições municipais. E o que se passa fora da corte é um circo de propaganda montado pela mídia corporativa, cujos comentaristas adicionam vernizes de imparcialidade “técnica” ao subtexto manipulador que a legislação eleitoral proíbe escancarar.
(Publicado por GUILHERME SCALZILLI)
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