Apesar da saída de capitais, que sofrem Brasil, Rússia ou Turquia, gerar um impacto fortemente negativo no interior destes países, não se teme uma reação em cadeia dado que estes países têm amplas folgas na política e contam, além disso, com a sua soberania monetária. Brasil e Turquia podem desvalorizar as suas moedas e elevar as taxas de juro de forma drástica, como a Turquia fez, que as elevou de 4 para 10 por cento. Estes movimentos produzem muita dor, mas permitem reverter o golpe e voltar ao crescimento facilitado por medidas políticas. Por isso uma crise que rebente nos BRICS não poderá ter consequências sérias nos países desenvolvidos.
No entanto, os países que estão em situação complicada, acumulam dívidas impagáveis e sofrem a mais séria estagnação da história são os principais candidatos ao próximo tsunami financeiro. França, Alemanha, Reino Unido, Austrália e Canadá são os principais candidatos a passar a linha de perigo e arrastar todo mundo numa recessão significativa. Todos estes países acumularam enormes bolhas de crédito e os seus bancos centrais encarregam-se de negar estas evidências cada vez que se menciona o tema. Além disso, injetaram enormes quantidades de liquidez que só reproduzem o endividamento sem gerar efeitos no crescimento e no emprego dado que só aumentam os défices públicos.
A potencial ameaça das bolhas
As bolhas de todos os tipos alimentadas desde há seis anos pelas mais baixas taxas de juro da história são uma ameaça potencial para a economia. O Bundesbank reconheceu a 17 de fevereiro que a Alemanha se confronta com uma perigosa bolha imobiliária gerada pelas taxas de juro próximas de zero por cento da Reserva Federal e do Banco Central Europeu. Estas taxas facilitaram a criação de enormes bolhas especulativas no mercado imobiliário.
De acordo com a informação do Bundesbank, há zonas na Alemanha onde os valores da habitação subiram 25 por cento em menos de dois anos. Isto não condiz com a saúde do país, que perdeu força com o declive da sua produção industrial e o aumento da sua dívida pública. A França também viu crescer a sua dívida pública com um lento mas persistente aumento do desemprego. As falências de empresas atingiram em 2013 o seu maior volume desde o início da crise. O país está endividado e está próximo da asfixia da estagnação. A Austrália, como salienta Steve Keen neste artigo de Business Spectator tem uma dívida privada de 145 por cento do PIB e uma insustentável bolha de crédito. O desemprego elevou-se ao maior nível dos últimos dez anos. O Reino Unido também incubou uma bolha imobiliária que foi camuflada pelas turbulências da zona euro. Mas nenhuma bolha dura para sempre e tarde ou cedo tudo o que é sólido dissolve-se no ar.
(Por Marco Antonio Moreno em El Blog Salmón)
Artigo original do Comunica Tudo por M.A.D..
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