Não se sabe se foi alguma moça que não ligou no dia seguinte, ou mesmo uma menina que roubou o pirulito do Mark Zuckerberg no pátio do colégio. Fato é que fica cada vez mais claro que a rede do 1.1 bilhão de usuários precisa urgentemente consultar um terapeuta ~por motivos de~: misoginia.
E, claro, mudar ontem seu sistema de reconhecimento de imagens e moderação para evitar catástrofes maiores do que as que já vêm acontecendo.
A acusação é séria e, acreditem, não é gratuita.
O caso mais recente de desfecho trágico aconteceu na Itália, onde uma menina de 14 anos se suicidou porque não conseguiu lidar com o cyberbullying de um grupo de rapazes que comentaram em um vídeo que circulou livremente pelo Facebook durante alguns dias. Nele, a menina era vista bêbada em uma festa. Foi o suficiente para choverem mensagens agressivas e violentas contra ela.
Poderíamos gastar vários parágrafos aqui relatando outras inúmeras situações de agressões a mulheres (especialmente adolescentes), mas melhor ir direto ao ponto:
Qual a lógica de um site que não permite fotos de mamilos femininos (sim, porque os masculinos estão liberados) e deixa passar várias imagens e anúncios que fazem brincadeiras com estupros e outros tipos de violência contra mulher?
São cada vez mas frequentes os relatos de páginas que visivelmente agridem mulheres, alimentam a chamada “cultura do estupro” e fazem cyberbullying com meninas. Esta semana a coisa toda ganhou projeção em sites especializados (destaque para estes posts do BuzzFeed e do Daily Dot) graças a uma “carta aberta” escrita pelo grupo Women, Action and The Media, The Everyday Sexism Project, que acusou a rede social de fazer vista grossa a esse tipo de violência. O que elas pediam é nada mais que justo:
- Que o Facebook reconheça mensagens que banalizam ou glorificam a violência contra meninas e mulheres e assuma o compromisso de não tolerar esse comportamento
- Que eles treinem moderadores para reconhecer e remover discursos de ódio baseado em gênero (acrescentaria QUALQUER discurso de ódio baseado em relações assimétricas de poder, porque né?)
- Que eles também façam esses moderadores entenderem como essas agressões online afetam diferentemente homens e mulheres em um contexto histórico de agressões ao gênero feminino (no que vale aí também agressões a transsexuais, por exemplo)
Em outras palavras, não estamos falando de “zuera”, mas sim de crimes.
Essas agressões não apenas passam incólumes pelo tal sistema automático de moderação do Facebook, como muitas vezes permanecem no ar mesmo depois que se fazem as devidas denúncias contra cada situação. Tudo muito estranho.
Prova de que essas acusações procedem? Bem, que tal uma resposta do próprio Facebook à carta do Women, Action and The Media?
No texto, assinado por Marne Levine, vice-presidente de Política Pública Local, algo parece ser promissor. O site listou 5 novas medidas para mudar esse cenário, entre elas treinar melhor o time de moderadores para detectar mais rápido qualquer discurso de ódio.
Acompanhemos. Com uma esperança sempre desconfiada.
Para checar o debate internacional, sugerimos você ficar de olho na hashtag #FBRape que anda circulando pelo Twitter:
Tweets about "FBRape"
(Publicado no YouPix)
Artigo original do Comunica Tudo por M.A.D..
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