Este blog foi criado em 2008 como um espaço livre de exercício de comunicação, pensamento, filosofia, música, poesia e assim por diante. A interação atingida entre o autor e os leitores fez o trabalho prosseguir.
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Letícia Sabatella apoia os índios e critica "falta de visão" de Sérgio Cabral
21 de Janeiro de 2013, 22:00 - sem comentários aindaFoi mais uma representante da classe artística a manifestar apoio à causa dos índios que ali residem. Além dela, Caetano Veloso, Milton Nascimento e Chico Buarque também já se pronunciaram.
“Com certeza acho que é uma proposta você ter um espaço ao lado do Maracanã voltado para a cultura indígena. Aquele espaço deve ser preservado pela história que ele tem. Deveriam fazer valer o projeto do Burle Marx, que restaura este centro e o integra à reforma que estão sendo feita no Maracanã, mantendo o centro cultural indígena para mostrar a todos que vierem ver os jogos da Copa”, insistiu a atriz que se notabilizou também pela defesa das minorias e dos Direitos Humanos.
No domingo, Letícia conversou com os caciques e líderes da aldeia. Na aldeia ocorreram diversas atividades como exibição de filmes e slides, recital de poesia, apresentação de músicos e cantos e rodas indígenas. Após pronunciar-se publicamente a favor da aldeia, Letícia integrou-se às danças e cantos apresentados pelos índios.
No início de 2012 foi lançado o documentário Hotxuá, dirigido por Letícia Sabatella, que retrata o cotidiano da tribo indígena krahô, habitante de Palmas, em Tocantins, no norte do país. Através deste registro, foi apresentado o hotxuá, espécie de palhaço, figura sagrada para os krahô, que tem como função manter a tribo alegre e unida por meio do riso.
Letícia participa ainda do Movimento Humanos Direitos (MHuD) junto à outras figuras públicas como a também atriz Camila Pitanga. Também ofereceram ajuda a atriz Tereza Seiblitz, que participou daquele documentário, e ainda a banda El efecto.
O movimento Meu Rio, que é mais um grupo atuante na defesa dos indígenas, pretende gravar nesta terça-feira (22) um vídeo em apelo à causa dos índios, com a participação de Letícia Sabatella, entre outros artistas apoiadores da preservação do antigo museu e ativistas. Cogita-se a possibilidade do ator Marcos Palmeira fazer parte do elenco da gravação. Segundo o coordenador do Meu Rio, Rafael Rezende, o vídeo dever ser lançado na internet até o fim desta semana.
A polêmica envolvendo a Aldeia Maracanã se arrasta desde o segundo semestre de 2012. O governo do Estado quer demolir o local para a construção de um estacionamento para a Copa do Mundo de 2014.
(Por Íris Marini, publicado no Jornal do Brasil)
Educação no Congresso Nacional
20 de Janeiro de 2013, 22:00 - sem comentários aindaO Congresso é fundamental na tomada de decisões a respeito do futuro da educação no país. Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom / ABR |
Além de abrigar parlamentares cuja trajetória política está ligada ao tema, tanto a Câmara dos Deputados quanto o Senado Federal possuem comissões técnicas permanentes para discutir temas relacionados à educação: a Comissão de Educação e Cultura (CEC) da Câmara e a Comissão de Educação, Cultura e Desporto no Senado. A primeira possui 31 integrantes titulares e 31 suplentes, dos quais 25 titulares pertencem a partidos da base do governo Dilma (PT, PMDB, PP, PR, PSB, PDT, PTB, PSC, PCdoB, PRB e PSD), cinco à oposição (PSDB, DEM e PPS) e um se declara independente (PSOL). Sua principal função é analisar projetos de lei relacionados à educação e à cultura e seus membros são renovados todos os anos.
No Senado, a Comissão de Educação, Cultura e Desporto reúne 27 senadores titulares e igual número de suplentes. Os parlamentares se dividem em quatro grupos: o Bloco de Apoio ao Governo (PT, PDT, PSB, PCdoB e PRB), Bloco Parlamentar da Maioria (PV, PMDB e PP), Bloco Parlamentar da Minoria (PSDB e DEM), Bloco Parlamentar União e Força (PTB, PSC, PPL e PR). O PSOL e o PSD se declaram independentes.
Para a maioria dos políticos ouvidos pela reportagem, no dia a dia do Congresso a educação precisa dividir o espaço na lista de prioridades dos representantes e, muitas vezes, acaba perdendo terreno para as disputas internas entre oposição e governo, esbarrando na falta de articulação entre os parlamentares defensores da área e, no caso dos royalties do petróleo (leia à pág. 19), nos interesses regionais dos deputados e senadores.
Para o ex-ministro da educação (2003-2004) e senador Cristovam Buarque (PDT-DF), não existe uma “bancada da educação”, um grupo de parlamentares engajados em melhorar a qualidade da educação, nem há, na sociedade, uma base de apoio que permita a existência de uma bancada eficiente. Na opinião de Buarque, existem parlamentares simpáticos ao tema, mas a articulação costuma acontecer apenas quando há assuntos de relevância, fenômeno mais comum na Câmara do que no Senado. “Nós somos representantes dos eleitores, e eles, incluindo quem paga e financia as eleições, não põem a educação como prioridade.
Os produtores agrícolas fazem um trabalho que leva a uma bancada rural, os pastores fazem um que leva à bancada evangélica. Pela educação, quem faria? Não tem. Porque criança não vota, inclusive”, afirmou.
Na Câmara dos Deputados, a CEC abriga a maioria dos representantes do setor educacional. O local foi palco das primeiras discussões das metas do PNE e, de forma geral, todos os projetos relacionados ao setor precisam passar pelo crivo dos deputados membros da comissão.
Em 2010, Daniel Cara, da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, reuniu dados e observou que metade dos deputados titulares da CEC não conseguiu a reeleição. Ele aponta duas razões para o fato: a educação não é um critério de vantagem eleitoral tão forte quanto no passado, quando havia uma bancada forte de ex-sindicalistas do setor. Outro motivo é que a educação não faz parte do conjunto de prioridades dos eleitores.
A não existência de uma bancada nos moldes da ruralista ou da saúde, na opinião de representantes dos movimentos sociais ligados à educação ouvidos pela reportagem, não é necessariamente ruim, uma vez que torna possível a negociação com um número maior de parlamentares. “É uma vantagem, pois conseguimos agregar mais gente e não fi ca dividindo a Câmara em segmentos”, opina Cleuza Repulho, presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime).
Para o atual presidente da CEC, deputado Newton Lima, a bancada da educação não só existe como é suprapartidária, englobando todos os partidos da casa. A aprovação unânime do PNE e as leis criadoras do Piso Nacional do Magistério e do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profi ssionais da Educação (Fundeb) são apontadas por Lima como exemplos do engajamento dos parlamentares no tema. “No interior dos partidos ainda não é um tema tão central quanto eu gostaria, mas estamos avançando”, analisa.
Em seu terceiro mandato consecutivo como deputada federal, Fátima Bezerra (PT-RN) concorda com o atual presidente. Para ela, esses parlamentares existem e estão reunidos, em sua maioria, na CEC. “Esse grupo, para além das diferenças partidárias, tem conseguido construir uma unidade política em defesa da educação”, defende. Apesar do discurso otimista, a deputada petista não escondeu a decepção com a derrota na votação do projeto que destinava os royalties do petróleo para a educação. “Infelizmente, nesse caso a bancada da educação não teve o desempenho que esperávamos. É uma matéria polêmica, mas o que nos deixa extremamente frustrados é o Parlamento Legislativo não compreender o caráter estratégico de 100% dos royalties para a educação”, afirma. “A Câmara acabou tendo uma visão conservadora e atrasada do tema.”
Já para a deputada federal Professora Dorinha Rezende (DEM-TO), a importância dada à educação no Legislativo ainda depende do perfil pessoal do parlamentar. “A educação não é um assunto central na política e muito menos para a sociedade”, afirma. Na opinião da parlamentar, quando há maior presença de pessoas ligadas à educação, o tema tende a aparecer com mais frequência, mas de forma geral o debate não costuma contaminar o restante da Casa. “Estamos há mais de um ano e meio discutindo o PNE e a Câmara passou ao largo do tema. Quem estava envolvido todos os dias eram pessoas da área, que tinham interesse”, opina.
O deputado Izalci Lucas (PSDB-DF) conta que, durante as discussões do PNE, chegou a ler discursos feitos por colegas no passado: “Nas últimas reuniões, eu tive oportunidade de pegar os discursos de dez anos atrás de alguns parlamentares e ler durante o processo de votação, porque as pessoas começam a esquecer o que falaram”.
Ao que tudo indica, 2013 será um ano agitado. Além da tramitação do PNE no Senado, cuja conclusão deve mesmo ficar para o próximo ano, a Câmara pretende votar ajustes na lei do piso do magistério e a Lei de Responsabilidade Educacional. Semelhante à Lei de Responsabilidade Fiscal, a proposta visa punir gestores que administrarem mal os recursos da área ou não cumprirem metas de melhorias.
(Publicado na Carta Capital)
O futebol e a política – Parte 7
15 de Janeiro de 2013, 22:00 - sem comentários ainda
“El hombre del siglo XXI es el que debemos crear, aunque todavia es una aspiración subjetiva y no sistematizada.” Ernesto “Che” Guavara
Em 2006, na cidade de Jesus María, localizada na província de Córdoba, Argentina, um grupo de guevaristas entusiastas do futebol fundou o Clube Atlético, Social y Desportivo Ernesto Che Guevara. A ideia para o projeto era integrar, através do futebol, jovens e crianças de todas as classes sociais para auxiliar na formação do “homem novo” e reforçar valores como solidariedade, dignidade e coletividade.
A homenagem a Guevara é inédita no mundo, e segundo o estatuto do C.A.S.D. Ernesto Che Guevara, se trata de uma maneira de "gerar uma nova cultura solidária e participativa nos adolescentes e nas crianças".
O C.A.S.D. Ernesto Che Guevara conta com mais de 100 jogadores em diversas categorias. Mantendo a coerência com a ideologia do guerrilheiro, os jogadores não pertencem ao clube e são livres para jogar em outra equipe quando quiserem. Segundo Mónica Nielsen, alguns jogadores se vão, mas muitos voltam ao clube com outra mentalidade, pois o C.A.S.D. Ernesto Che Guevara não fez deles um negócio.
O clube trilha o mesmo caminho que outros grandes já trilharam. O amadorismo, a falta de campo próprio, sede provisória e trabalho voluntário. Sem cancha própria o C.A.S.D. Ernesto Che Guevara usa as instalações do Alianza, o pagamento da ‘locação’ é com o trabalho. Atividade que envolve dirigentes, jogadores e familiares dos jogadores. Sem negociar seus jogadores, o clube angaria fundos para seu sustento com o Che. Em uma feira de artesanato, são vendidos produtos (camisetas, chaveiros, pins, livros, pôsteres e fotos) com a imagem do revolucionário.
Imprima e jogue futebol de botão |
A sede do clube é a casa de Mônica Nielsen, que afirma: "Somos um pouco loucos, mas temos muitíssimos projetos, e muito ambiciosos". E acrescenta: "A ideia é competir, e ganhar se for possível. Mas nosso projeto tem um fim social: resgatar as crianças as crianças através do esporte".
Copa América Alternativa 2012
Em 2012, o C.A.S.D. Ernesto Che Guevara aliou-se com o Autônomos F.C. de São Paulo e o Easton Cowboys/Girls FC e realizaram a 1ª Copa América Alternativa, em Jesus María. O torneio reuniu equipes do Brasil, Chile, Bolívia, Inglaterra e Lituânia. Além, é claro, de equipes argentinas de Rosario, Mar del Plata, Córdoba e Gualeguaychú.
O evento foi realizado fora do circuito comercial, sem pedir permissões a FIFA ou a AFA. O espírito que norteou a competição foi o de fazer um futebol diferente do dirigido por grandes empresas ou conglomerados.
Paralelo ao torneio aconteceu um festival de música e uma mostra cultural, porém, o que permeou a 1ª Copa América Alternativa foram os debates sobre o acesso ao desporto, desemprego, saúde, educação e habitação.
Em Jesus María, a experiência da Copa América Alternativa demonstrou que o futebol é uma forma de organização, de luta e de resistência contra as negociatas que vão contra os interesses da maioria.
Esse é o padrão alternativo ao modelo FIFA de futebol.
Quando o jogo deixa de ser um negócio para poucos e passa a ser para todos.
¡Abajo y a la izquierda!
Anotação na Margem:
- Guevara era torcedor do Club Atlético Rosario Central, além do futebol praticava outros esportes;
- Che foi titular no primeiro time de juniores do El Fortín C.A. Vélez Sarsfield;
- Em 18 de maio de 1963, quando era Ministro da Indústria de Cuba, Che Guevara encontrou-se com o time do Madureira/RJ. Neste dia o time carioca derrotou pela segunda vez uma seleção de Havana, na capital cubana, durante uma excursão pela ilha;
- Texto escrito ao som de “Lágrimas de Rábia” de Boikot.
Diego Pignones
Publicitário e pesquisador em Comunicação Social.
Twitter: @diegopignones
Tumblr: http://lavalanga.tumblr.com/
Blog: http://blogdopignones.wordpress.com/
Quem matou Aaron Swartz, ativista da internet?
15 de Janeiro de 2013, 22:00 - sem comentários ainda
A depressão e a perseguição vingativa a um dos grandes herois do novo mundo digital
Aaron Swartz, o programador de computadores e ativista pela liberdade na Internet, cometeu suicídio na sexta-feira, em Nova York, com a idade de 26 anos. Como atestam as lembranças comoventes de seus amigos, como Cory Doctorow e Larry Lessig, ele foi, sem dúvida, brilhante, mas também – como a maioria de nós – um ser humano complexo, atormentado por demônios e falhas. Por muitas razões, eu não acredito em limpar a vida de uma pessoa ou beatificá-la quando morre. Mas, para mim, muito da vida tragicamente curta de Swartz encheu-se de atos que são genuinamente heroicos. Eu acho que isso é o que realmente vale a pena pensar a respeito.
Aos 14, Swartz desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento do software RSS, que ainda é amplamente usado para habilitar as pessoas a gerir o que lêem na net. Quando adolescente, ele também desempenhou um papel vital na criação do Reddit, o popular site de notícias e rede social. Quando a editora Condé Nast comprou o Reddit, Swartz recebeu uma soma substancial de dinheiro muito jovem. Ele se tornou uma espécie de lenda no mundo da Internet antes de completar 18 anos. Seu caminho para o status de magnata era claro, fácil e praticamente garantido: um caminho que tantos outros jovens empresários da internet têm trilhado irresistivelmente, dedicando-se de forma maníaca a ganhar muito mais dinheiro do que terão tempo para gastar.
Mas sim, obviamente, Swartz tinha pouco interesse em dedicar sua vida ao próprio enriquecimento material, apesar do quão fácil isso teria sido para ele. Como Lessig escreveu: “Aaron não tinha feito nada em sua vida para ganhar dinheiro para ele mesmo; …Aaron sempre trabalhou para (pelo menos na sua concepção) o bem público.”
Especificamente, ele se comprometeu com as causas em que acreditava apaixonadamente: a liberdade na Internet e as liberdades civis, tornando a informação e o conhecimento disponíveis. Lá estava ele discursando em maio de 2012 na conferência para discutir o papel da SOPA, a legislação da indústria de cinema que teria investido o governo com poderes de censura perigosos na internet. (Veja sua explicação de como derrotou a Sopa no vídeo abaixo)
Ele repetidamente sacrificou seus próprios interesses, mesmo sua liberdade, a fim de defender esses valores e desafiar e subverter as facções mais poderosas dos seus inimigos. Isso é o que faz com que ele, na minha opinião, seja um herói.
Em 2008, Swartz adotou como alvo o Pacer, o serviço online que fornece acesso a documentos jurídicos cobrando uma taxa por página. O que irritou Swartz e outros foi que as pessoas eram obrigadas a pagar para ter acesso a documentos judiciais criados com dinheiro público. Junto com um amigo, ele criou um programa para fazer o download de milhões desses documentos e, em seguida, como Doctorow escreveu, “gastou uma pequena fortuna para colocar em domínio público uma quantidade titânica de dados.” Por esse ato de desobediência civil, foi investigado e perseguido pelo FBI, mas nunca indiciado.
Mas, em julho de 2011, Swartz foi preso por supostamente atacar a JSTOR, a editora online que digitaliza e distribui artigos acadêmicos e depois vende-os, muitas vezes a um preço elevado, para assinantes. Como Maria Bustillos contou, o dinheiro não vai para os escritores (geralmente professores) – eles geralmente não são pagos para escrever -, mas para as editoras.
Este sistema irritou Swartz (e muitos outros ativistas) por duas razões: cobrava altas taxas de acesso a estes artigos, mas não reembolsava autores, e, pior, impedia que um grande número de pessoas tivesse acesso à produção de faculdades e universidades americanas. A acusação apresentada contra Swartz alegou que ele usou o seu acesso como ex-aluno de Harvard para entrar no sistema da JSTOR e baixar milhões de artigos com a intenção de distribuí-los online gratuitamente. Quando ele foi detectado e seu acesso foi cortado, a acusação alega que ele então usou uma conexão de um computador do MIT para baixar os dados diretamente em seu laptop.
Swartz nunca distribuiu qualquer um destes artigos baixados. Ele nunca teve a intenção de lucrar um único centavo de qualquer coisa que fez. Ele tinha todo o direito de baixar os artigos como um usuário autorizado da JSTOR. Uma vez preso, devolveu as cópias de tudo o que baixou e prometeu não usá-las. A JSTOR disse aos promotores federais que não tinha qualquer intenção processá-lo, embora o MIT permanecesse ambíguo sobre suas intenções.
Mas os promotores federais ignoraram os desejos das supostas “vítimas”. Liderado por um procurador de Boston, notório por seus processos com excesso de zelo, o Departamento de Justiça o indiciou por crimes diversos, com pena total de várias décadas de prisão e 1 milhão de dólares em multas.
O julgamento destas acusações criminais estava previsto para começar em dois meses. Ele se recusou terminantemente a se declarar culpado de um crime porque não queria passar o resto de sua vida como um criminoso condenado, com todo o estigma que isso implica.
Dizer que o tratamento que Swartz teve foi excessivo e vingativo é um eufemismo extremo. Timothy Lee escreveu o artigo definitivo em 2011 explicando por que, mesmo que todas as alegações fossem verdadeiras, o único crime verdadeiro cometido por Swartz daria, no máximo, 30 dias de prisão e 100 dólares de multa. “Isso parece correto: se ele deveria cumprir pena de prisão, ela deveria ser medida em dias, em vez de anos”.
Discursando contra as leis de regulação da internet
Ninguém sabe ao certo por que os promotores federais decidiram perseguir Swartz de maneira tão vingativa, como se ele tivesse cometido algum tipo de crime grave que merecia muitos anos na prisão e a ruína financeira. Alguns teorizam que o Departamento de Justiça odiava seu ativismo e sua desobediência civil. Eu acredito que tem mais a ver com o que eu disse a Noam Cohen, do New York Times, num artigo sobre o caso Swartz. O ativismo dele, argumentei, foi empreendido como parte de uma das batalhas mais vigorosamente contestadas – ou seja, a guerra sobre como a Internet é utilizada e quem controla a informação que circula. Seu verdadeiro crime, aos olhos do governo, era desafiar as autoridades e as facções corporativas que mantêm domínio sobre a informação.
Isso é uma parte importante de por que eu o considero heróico. Ele não queria apenas se sacrificar por uma causa. Era uma causa de suprema importância para as pessoas de todo o mundo – a liberdade na internet – e ele o fez conscientemente para confrontar o Estado mais poderoso e as facções corporativas, porque concluiu que era a única maneira de alcançar esses fins.
O suicídio é um fenômeno incrivelmente complicado. Eu não conhecia Swartz o suficiente para formar uma opinião sobre o que o levou a fazer isso. Eu tinha um punhado de trocas de emails em que nós dissemos coisas agradáveis sobre o trabalho um do outro e eu realmente o admirava. Tenho certeza de que até mesmo seus amigos mais íntimos e familiares estão lutando para entender exatamente o que o levou a tirar a própria vida.
Mas, apesar de seus escritos públicos e muito tristes sobre sua luta contra a depressão, é provável que um julgamento criminal que podia mandá-lo para a prisão por décadas desempenhou algum papel nisso. Essa perseguição do Departamento de Justiça é uma afronta e uma ofensa a todas as coisas decentes. Swartz foi destruído por uma “justiça” que protege totalmente os criminosos mais notórios, desde que sejam úteis para os mais poderosos do país, mas pune com inclemência incomparável aqueles que não têm poder e, acima de tudo, aqueles que desafiam o poder.
Swartz sabia de tudo isso. Mas ele seguiu em frente de qualquer maneira. Ele poderia facilmente ter optado por uma vida de grande riqueza pessoal, status, prestígio e conforto. Ele escolheu lutar – desinteressadamente, com convicção e propósito, e com grande risco para si próprio – por causas nobres pelas quais foi apaixonadamente dedicado. Isso, para mim, não é um exemplo de heroísmo, é sua mais pura expressão. É o atributo de que nosso país mais sente falta.
Eu sempre achei realmente inspirador Swartz exalar essa coragem e compromisso tão jovem. Mas sua morte também vai reforçar os efeitos inspiradores de refletir e compreender os atos extraordinários que ele promoveu em sua curta vida.
Sete razões para detestar o McDonald’s
10 de Janeiro de 2013, 22:00 - sem comentários aindaCena do filme Dark Shadows, de Tim Burton |
Essa é para quem acha que levar os filhos ao McDonald’s é uma diversão inocente. Sorry por quem aprecia, mas em minha opinião pessoas de esquerda não deveriam frequentar o McDonald’s. Muito menos levar crianças para consumir aquele lixo. Mas cada um cada qual…
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Os sete piores fatos sobre o McDonald’s
Por Lauren Kelley, do site AlterNet
1. Quer que os empregados trabalhem em feriados sem pagar hora extra.
O McDonald’s possui uma longa história de práticas trabalhistas nefastas, mas esta é especialmente avarenta: a empresa mantém suas franquias abertas no Dia de Ação de Graças (feriado nos EUA) e no Natal. Pior: os empregados que trabalham nestes dias não recebem hora extra. De acordo com um porta-voz da empresa, “quando nossas lojas ficam abertas em feriados, a equipe voluntariamente se oferece para trabalhar. Não há pagamento extra”. Mark E. Anderson do Daily Kos fez alguns cálculos e descobriu que o McDonald’s faturou 36 milhões de dólares extras por permanecer aberto no Dia de Ação de Graças. Anderson lembra que “já é ruim o suficiente que o McDonald’s pague péssimos salários, mas eles vão além e conseguem não pagar extras para funcionários que abrem mão de suas folgas para que a empresa ganhe milhões de dólares”. Uau.
(No Brasil, não são poucas as denúncias trabalhistas contra o McDonald’s, também por exploração e falta de pagamento de horas extras. Em julho, o Ministério Público do Trabalho em Pernambuco autuou a empresa em 30 milhões de reais por jornada ilegal, que eles chamam de “jornada móvel variável”. Este site reúne vídeos e documentos com mais denúncias trabalhistas contra o McDonald’s, inclusive depoimentos de funcionários: “um cardápio de escândalos – como uma multinacional aprisiona jovens a um esquema de trabalho ilegal e exploratório”.)
2. Os empregados não são bem pagos em geral.
Não receber hora extra por trabalhar em feriados já é péssimo, mas ganhar mal durante o ano todo é uma realidade para os trabalhadores do McDonald’s. Como Sarah Jaffe escreveu no Atlantic recentemente, “o termo McJob virou sinônimo de tudo que é errado nos empregos mal pagos do setor de serviços da economia americana”, porque, “não importa o trabalho que você tenha, será melhor do que trabalhar num restaurante de comida fast-food”. E, claro, o McDonald’s é a maior rede de fast-food existente.
Este fato resume o problema: um empregado comum do McDonald’s teria que trabalhar um milhão de horas –ou mais do que um século– para ganhar o mesmo que um CEO da empresa recebe em um ano (8,75 milhões de dólares). A boa notícia é que os trabalhadores do ramo de fast-food, inclusive empregados do McDonald’s, recentemente começaram a se organizar para reivindicar melhor tratamento e melhores salários.
3. Seu marketing voltado às crianças é “assustador e predatório”
Dois anos atrás o grupo Center for Science in The Public Interest anunciou a intenção de processar o McDonald’s por seu “assustador e predatório” marketing voltado ao público infantil. Em sua carta, o CSPI comparou o McDonald’s “àquele estranho no parquinho que oferece balinhas para as crianças” e disse que a empresa usa “marketing injusto e enganoso” para “atrair crianças pequenas”.
“O ambíguo enfoque do marketing direcionado a crianças pelo McDonald’s pode ser visto em um recente press-release que diz que a promoção da empresa baseada no filme Shrek “irá encorajar as crianças a ‘deshrekizar’ seu McLanche Feliz ao redor do mundo com opções de menu como frutas, vegetais, leite e sucos naturais”. Na realidade, entretanto, o ponto principal da promoção Shrek é conseguir atrair crianças ao McDonald’s, onde elas acabarão escolhendo as opções menos saudáveis e comendo refeições calóricas.”
Não é a primeira vez que o McDonald’s fica sob fogo cerrado pelo uso de brinquedos do McLanche Feliz para atrair crianças como consumidores, e, como a empresa é o distribuidor de brinquedos número um do mundo, certamente não será a última.
(No Brasil, o instituto Alana vem lutando para proibir o McDonald’s de distribuir brinquedos junto com o McLanche Feliz. Um projeto proibindo a associação entre brinquedos e sanduíches já foi aprovado pela Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle do Senado.)
4. Tem uma salada mais gordurosa do que um hambúrguer com fritas e a granola menos saudável do planeta.
O McDonald’s lançou uma salada Caesar mais gordurosa que um hambúrguer com fritas. O Daily Mail noticiou que, “com os temperos e os croutons, a salada contém 425 calorias e 21,4g de gordura, comparada com as 253 calorias e 7,7g de gordura de um hamburguer comum”. Adicionando uma porção de fritas a seu hambúrguer, as calorias somam 459 –ainda assim com menos gordura do que a salada (16,7g). Impressionante.
Mais recentemente, a granola (que vem junto com o iogurte) –outra opção “saudável” do menu– foi criticada por não ser nada boa para você. Mark Bittman escreveu no New York Times que a granola da empresa não é nada além de “junk food cara” (você pode fazer granola realmente saudável em casa com pouquíssimo dinheiro). Ele continua: “uma descrição mais acurada do que ’100% cereal integral natural’, ‘passas macias’, ‘doces cranberries’ e ‘maçãs frescas crocantes’ poderia ser ‘aveia, açúcar, frutas secas açucaradas, creme e 11 estranhos ingredientes que você nunca teria em sua cozinha’.”
5. Os hambúrgueres não se decompõem.
Quem pode esquecer que há um par de anos uma mulher deixou sobre a mesa por seis meses um hambúrguer e fritas do McDonald’s apenas para descobrir que o lanche não se decompõe?
Aqui o lanche no primeiro dia:
E aqui no dia 171:
Se você acha que é lenda, um pesquisador descobriu que os hambúrgueres do McDonald’s de fato podem estragar sob certas circunstâncias, mas em geral eles não se decompõem por si próprios. Segundo ele, “o hambúrguer não estraga porque seu pequeno tamanho e superfície relativamente grande ajudam a perder umidade. Sem umidade, não há mofo ou crescimento de bactérias”. Basicamente, o hambúrguer vira carne seca antes de se decompor. Ou seja, não é uma questão de químicas nojentas no hambúrguer que o mantêm intacto, mas ainda assim é uma gororoba.
6. O McDonald’s usou “gosma rosa” por anos.
Há pouco tempo vimos e ficamos horrorizados com esta imagem:
Trata-se de “pink slime” (“gosma rosa”), uma substância derivada de partes mecanicamente separadas de frango que durante anos foi utilizada para fazer os nuggets do McDonald’s, pelo menos nos EUA; no Reino Unido, a substância é considerada ilegal para consumo humano. (Recentemente, graças a ativistas, a ‘gosma rosa’ foi banida do lanche ESCOLAR nos EUA. Escrevi sobre isso no blog.)
A boa notícia é que, uma vez que a imagem começou a circular, o McDonald’s foi forçado a descontinuar o uso da gosma rosa. (A empresa garante que a indignação pública não teve nada a ver com a decisão.)
7. O McDonald’s está em toda parte.
Você pode tentar o que for, mas não escapará do McDonald’s. Nos EUA, o único lugar onde você pode estar a 100 milhas de um McDonald’s é um deserto na fronteira entre o Oregon e Nevada.
Aqui, um mapa da presença do McDonald’s no mundo. Na Bolívia faliu.
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Os sete piores fatos sobre o McDonald’s
Por Lauren Kelley, do site AlterNet
1. Quer que os empregados trabalhem em feriados sem pagar hora extra.
O McDonald’s possui uma longa história de práticas trabalhistas nefastas, mas esta é especialmente avarenta: a empresa mantém suas franquias abertas no Dia de Ação de Graças (feriado nos EUA) e no Natal. Pior: os empregados que trabalham nestes dias não recebem hora extra. De acordo com um porta-voz da empresa, “quando nossas lojas ficam abertas em feriados, a equipe voluntariamente se oferece para trabalhar. Não há pagamento extra”. Mark E. Anderson do Daily Kos fez alguns cálculos e descobriu que o McDonald’s faturou 36 milhões de dólares extras por permanecer aberto no Dia de Ação de Graças. Anderson lembra que “já é ruim o suficiente que o McDonald’s pague péssimos salários, mas eles vão além e conseguem não pagar extras para funcionários que abrem mão de suas folgas para que a empresa ganhe milhões de dólares”. Uau.
(No Brasil, não são poucas as denúncias trabalhistas contra o McDonald’s, também por exploração e falta de pagamento de horas extras. Em julho, o Ministério Público do Trabalho em Pernambuco autuou a empresa em 30 milhões de reais por jornada ilegal, que eles chamam de “jornada móvel variável”. Este site reúne vídeos e documentos com mais denúncias trabalhistas contra o McDonald’s, inclusive depoimentos de funcionários: “um cardápio de escândalos – como uma multinacional aprisiona jovens a um esquema de trabalho ilegal e exploratório”.)
2. Os empregados não são bem pagos em geral.
Não receber hora extra por trabalhar em feriados já é péssimo, mas ganhar mal durante o ano todo é uma realidade para os trabalhadores do McDonald’s. Como Sarah Jaffe escreveu no Atlantic recentemente, “o termo McJob virou sinônimo de tudo que é errado nos empregos mal pagos do setor de serviços da economia americana”, porque, “não importa o trabalho que você tenha, será melhor do que trabalhar num restaurante de comida fast-food”. E, claro, o McDonald’s é a maior rede de fast-food existente.
Este fato resume o problema: um empregado comum do McDonald’s teria que trabalhar um milhão de horas –ou mais do que um século– para ganhar o mesmo que um CEO da empresa recebe em um ano (8,75 milhões de dólares). A boa notícia é que os trabalhadores do ramo de fast-food, inclusive empregados do McDonald’s, recentemente começaram a se organizar para reivindicar melhor tratamento e melhores salários.
3. Seu marketing voltado às crianças é “assustador e predatório”
Dois anos atrás o grupo Center for Science in The Public Interest anunciou a intenção de processar o McDonald’s por seu “assustador e predatório” marketing voltado ao público infantil. Em sua carta, o CSPI comparou o McDonald’s “àquele estranho no parquinho que oferece balinhas para as crianças” e disse que a empresa usa “marketing injusto e enganoso” para “atrair crianças pequenas”.
“O ambíguo enfoque do marketing direcionado a crianças pelo McDonald’s pode ser visto em um recente press-release que diz que a promoção da empresa baseada no filme Shrek “irá encorajar as crianças a ‘deshrekizar’ seu McLanche Feliz ao redor do mundo com opções de menu como frutas, vegetais, leite e sucos naturais”. Na realidade, entretanto, o ponto principal da promoção Shrek é conseguir atrair crianças ao McDonald’s, onde elas acabarão escolhendo as opções menos saudáveis e comendo refeições calóricas.”
Não é a primeira vez que o McDonald’s fica sob fogo cerrado pelo uso de brinquedos do McLanche Feliz para atrair crianças como consumidores, e, como a empresa é o distribuidor de brinquedos número um do mundo, certamente não será a última.
(No Brasil, o instituto Alana vem lutando para proibir o McDonald’s de distribuir brinquedos junto com o McLanche Feliz. Um projeto proibindo a associação entre brinquedos e sanduíches já foi aprovado pela Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle do Senado.)
4. Tem uma salada mais gordurosa do que um hambúrguer com fritas e a granola menos saudável do planeta.
O McDonald’s lançou uma salada Caesar mais gordurosa que um hambúrguer com fritas. O Daily Mail noticiou que, “com os temperos e os croutons, a salada contém 425 calorias e 21,4g de gordura, comparada com as 253 calorias e 7,7g de gordura de um hamburguer comum”. Adicionando uma porção de fritas a seu hambúrguer, as calorias somam 459 –ainda assim com menos gordura do que a salada (16,7g). Impressionante.
Mais recentemente, a granola (que vem junto com o iogurte) –outra opção “saudável” do menu– foi criticada por não ser nada boa para você. Mark Bittman escreveu no New York Times que a granola da empresa não é nada além de “junk food cara” (você pode fazer granola realmente saudável em casa com pouquíssimo dinheiro). Ele continua: “uma descrição mais acurada do que ’100% cereal integral natural’, ‘passas macias’, ‘doces cranberries’ e ‘maçãs frescas crocantes’ poderia ser ‘aveia, açúcar, frutas secas açucaradas, creme e 11 estranhos ingredientes que você nunca teria em sua cozinha’.”
5. Os hambúrgueres não se decompõem.
Quem pode esquecer que há um par de anos uma mulher deixou sobre a mesa por seis meses um hambúrguer e fritas do McDonald’s apenas para descobrir que o lanche não se decompõe?
Aqui o lanche no primeiro dia:
E aqui no dia 171:
Se você acha que é lenda, um pesquisador descobriu que os hambúrgueres do McDonald’s de fato podem estragar sob certas circunstâncias, mas em geral eles não se decompõem por si próprios. Segundo ele, “o hambúrguer não estraga porque seu pequeno tamanho e superfície relativamente grande ajudam a perder umidade. Sem umidade, não há mofo ou crescimento de bactérias”. Basicamente, o hambúrguer vira carne seca antes de se decompor. Ou seja, não é uma questão de químicas nojentas no hambúrguer que o mantêm intacto, mas ainda assim é uma gororoba.
6. O McDonald’s usou “gosma rosa” por anos.
Há pouco tempo vimos e ficamos horrorizados com esta imagem:
Trata-se de “pink slime” (“gosma rosa”), uma substância derivada de partes mecanicamente separadas de frango que durante anos foi utilizada para fazer os nuggets do McDonald’s, pelo menos nos EUA; no Reino Unido, a substância é considerada ilegal para consumo humano. (Recentemente, graças a ativistas, a ‘gosma rosa’ foi banida do lanche ESCOLAR nos EUA. Escrevi sobre isso no blog.)
A boa notícia é que, uma vez que a imagem começou a circular, o McDonald’s foi forçado a descontinuar o uso da gosma rosa. (A empresa garante que a indignação pública não teve nada a ver com a decisão.)
7. O McDonald’s está em toda parte.
Você pode tentar o que for, mas não escapará do McDonald’s. Nos EUA, o único lugar onde você pode estar a 100 milhas de um McDonald’s é um deserto na fronteira entre o Oregon e Nevada.
Aqui, um mapa da presença do McDonald’s no mundo. Na Bolívia faliu.