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Blog Comunica Tudo

3 de Abril de 2011, 21:00 , por Desconhecido - | No one following this article yet.
Este blog foi criado em 2008 como um espaço livre de exercício de comunicação, pensamento, filosofia, música, poesia e assim por diante. A interação atingida entre o autor e os leitores fez o trabalho prosseguir. Leia mais: http://comunicatudo.blogspot.com/p/sobre.html#ixzz1w7LB16NG Under Creative Commons License: Attribution Non-Commercial No Derivatives

Site mostra quem são e como se relacionam os que mandam na economia do país

4 de Dezembro de 2013, 8:13, por Desconhecido - 0sem comentários ainda


Descubra quem tem assento nos conselhos das maiores empresas e fundos de pensão do país. E como tudo está conectado em redes complexas. Elos que muita gente nem imagina que existam.
Esse levantamento, que tive o prazer de coordenar, está disponível em uma plataforma digital (www.reporterbrasil.org.br/elesmandam) através da qual o internauta pode criar suas próprias redes, descobrindo relações nos setores que mais lhe interessam. O leitor também pode imprimir esses mapas criados ou enviá-los pelas redes sociais. O objetivo é transformar um assunto importante, mas que pode ser bem chato, em algo divertido. Textos de apoio acompanham a plataforma para ajudar a explicar o que significam tantas conexões.
Como usar a plataforma: Digite o nome de uma empresa ou o nome de algum(a) conselheiro(a). Clique no nome para abrir uma caixa de opções: Perfil (traz o perfil do conselheiro), Expandir (mostra todos os conselheiros que se sentam no conselho ou todas as empresas em que um conselheiro tem assento) e Remover (retira a empresa ou o conselheiro clicado). Quanto mais escuro for o nome do conselheiro, mais empresas contarão com ele.
Agora, clique na figura e divirta-se.
O que é um Conselho - Em um prédio, o condomínio elege por votação dos presentes um síndico e um conselho, que interagem aprovando contas, avaliando obras e o desempenho dos funcionários. Nas empresas, não é diferente. Os executivos são nomeados pelo Conselho de Administração, que define metas, orienta as estratégias de curto, médio e longo prazo, além de zelar pela missão e valores de cada companhia.
O Conselho de Administração é uma obrigação legal de uma empresa de capital aberto (cujas ações estão listadas em bolsa e estão pulverizadas entre milhares de acionistas no Brasil e exterior, o que força um compromisso maior com a transparência). E é uma tendência crescente também em companhias de capital fechado, em que os acionistas não prestam contas com tanta transparência, por não terem essa obrigação. Mas que atraem maior interesse quando pequenas, médias e grandes empresas de capital fechado buscam capital de investidores para crescer. Para obter esses recursos de terceiros, um dos requisitos é melhorar a “governança” corporativa e criar conselhos em que os fundadores possam discutir as estratégias com os investidores.
Exemplos - Na análise da Repórter Brasil, constata-se que vários nomes de conselheiros se repetem. Há os casos óbvios, como o fato do presidente do Conselho da siderúrgica CSN, Benjamim Steinbruch, também participar da Vicunha Siderurgia, holding da família que detém o controle da CSN. O diretor da Previ, Robson Rocha, também participa do conselho da mineradora Vale, da qual o fundo de pensão divide o bloco de controle. A Previ nomeia representantes para os conselhos de diversas empresas, além da Vale, como BRF, CPFL Energia e Neoenergia, entre outras.
Há ainda muitas posições “cruzadas”. O presidente da Andrade Gutierrez, Otavio Marques de Azevedo, participa dos conselhos da Cemig, Telemar e da Oi, empresas que a construtora detém relevante presença. Luiz Carlos Trabucco, presidente do Bradesco, além de participar do conselho do banco, tem assento nos conselhos da Bradespar (que tem ações da Vale) e da Odontoprev, em que o banco também tem participação via Bradesco Saúde. O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, além de conselheiro do banco estatal, participa dos conselhos da Vale e da Petrobras, duas estatais das quais o BNDES detém participação. O presidente da estatal mineira Cemig participa, além do conselho da empresa que dirige, dos conselhos da Light (distribuidora de energia elétrica fluminense) e da Taesa (transmissora de energia elétrica), duas empresas controladas pela própria Cemig que, por sua vez, está sob comando do governo mineiro.
Muitos economistas com renome no mercado e participação em governos anteriores têm assentos em conselhos. É uma forma das empresas nomearem pessoas de renome e influência no setor privado e público. José Roberto Mendonça de Barros, ex-secretário do Ministério da Fazenda no governo FHC, participa dos conselhos do Santander e da BMF&Bovespa. Maílson da Nóbrega, ex-ministro da Fazenda durante o governo José Sarney, participa dos conselhos da Cosan, Grendene e da operadora de telefonia TIM. O ex-ministro da Fazenda do governo FHC, Pedro Malan, tem assento na Souza Cruz, Mills e EDP.
Clube do Bolinha - As mulheres ainda têm uma presença bastante tímida nos Conselhos de Administração. Segundo o levantamento da Repórter Brasil, com base nos 113 maiores grupos (lista que inclui empresas de capital aberto e fechado, holdings e o BNDES) do Brasil, são 971 conselheiros, sendo que apenas 72 são mulheres, ou seja, só 7,4% do total. Cabe ressaltar que, no Brasil, as mulheres com ensino superior completo que têm entre 40 e 69 anos – faixa etária da maior parte dos conselheiros – correspondem a 54% da população economicamente ativa, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em relação aos dez maiores fundos de pensão do Brasil, são 79 conselheiros, sendo que nove são mulheres, ou 11% do total.
A presença feminina nos altos cargos de diretoria também é reduzida. Um estudo da Escola de Direito de São Paulo da Fundação Getulio Vargas, divulgado esse ano, revela que, nos últimos dez anos, a presença feminina nos altos cargos em companhias brasileiras se manteve estagnada, com média de 8%. Enquanto a participação das mulheres na diretoria executiva aumentou de 4,2% para 7,7% nesse período, nos conselhos de administração caiu de 9,8% para 7,5%. Foram analisados 73.901 cargos na alta administração de 837 companhias de capital aberto, entre 1997 e 2012.
Como foi feita a pesquisa - ''Eles Mandam'' é uma investigação da Repórter Brasil, com o apoio da Fundação Friedrich Ebert, inspirado no They Rule, que mostra quem são os que ocupam os assentos nos conselhos das maiores empresas dos Estados Unidos, possibilitando identificar redes de relacionamentos entre elas. Esta versão brasileira foi produzida com a permissão dos responsáveis pela iniciativa norte-americana.
Uma extensa pesquisa nos sites, balanços e comunicados das próprias empresas levantou nomes e perfis de quem faz parte dos respectivos Conselhos de Administração. A escolha das empresas foi baseada em “Melhores e Maiores – As 1000 Maiores Empresas do Brasil'', organizado pela revista Exame, da Editora Abril, edição de 2013, tomando como referência as listas de empresas e holdings. Para a escolha dos Fundos de Pensão, levou-se em consideração os que contam com uma carteira de investimentos igual ou superior a R$ 10 bilhões, de acordo com a Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp). No total, foram levantadas 141 instituições e fundos.
O levantamento ocorreu entre setembro e outubro de 2013 e será atualizado anualmente. Vale ressaltar que a composição dos conselhos mudam. Portanto, o levantamento mostra uma fotografia de um momento específico que, em alguns casos, pode já ter sido alterado. Isso não afeta a realidade mostrada pela investigação: de que grandes empresas estão conectadas através de seus conselheiros por várias razões, como pode ser visto nas reportagens que acompanham o site. E, é claro, essa configuração concentrada tem gerado uma série de consequências que não se limitam aos organogramas corporativos.
Artigo original do Comunica Tudo por M.A.D..



Bob’s usou trabalho escravo durante o Rock in Rio

3 de Dezembro de 2013, 14:12, por Desconhecido - 0sem comentários ainda


Após investigação, Ministério do Trabalho e Emprego conclui que rede de fast food é responsável pela situação a que 93 pessoas foram submetidas durante o festival.

Após investigação detalhada, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) concluiu que a rede de fast food Bob’s se aproveitou de trabalho escravo durante o festival Rock in Rio. Ao todo, 93 pessoas, incluindo um adolescente, foram resgatadas por fiscais durante o evento, que reuniu 85 mil por dia entre 13 e 22 de setembro deste ano na capital fluminense.

Eles vendiam água, cerveja e refrigerantes como ambulantes dentro da Cidade do Rock, onde o festival foi realizado. O relatório de fiscalização com registro da situação em que os trabalhadores foram encontrados, depoimentos colhidos na época, e documentação apontando a responsabilidade da empresa foi registrado nesta semana na Divisão de Fiscalização para Erradicação de Trabalho Escravo (Detrae), em Brasília.

O Bob’s é hoje a segunda maior rede de fast food e a décima maior cadeia de franquias do Brasil, com 1.011 lojas espalhadas pelo país, de acordo com dados da Associação Brasileira de Franchising (ABF). No terceiro trimestre de 2013, a Brazil Fast Food Coorporation, empresa que controla a marca Bob’s, anunciou R$ 335,7 milhões em vendas totais, um aumento de 26% em relação aos R$ 266,5 milhões no mesmo período em 2012 e creditou esta expansão, entre outros fatores, à participação no Rock in Rio, “onde Bob’s tinha quatro pontos de venda”. Procurada pelaRepórter Brasil, a assessoria de imprensa do grupo negou, em nota, que o caso seja de trabalho escravo e afirmou estar “à disposição das autoridades competentes para continuar prestando todos os esclarecimentos necessários”.

Entre os 93 resgatados, havia trabalhadores de outros Estados que não receberam alimentação ou alojamento. Sem auxílio para pagar os aluguéis, eles ficaram em casas alugadas sem saneamento básico na favela Vila Autódromo, em condições degradantes em situação que violava a Norma Regulamentadora 24, segundo o MTE.

Outros tiveram de esperar dias do lado de fora da Cidade do Rock pela credencial que daria acesso ao local para iniciar o trabalho. De acordo com o auditor fiscal do trabalho Cláudio Secchin, responsável pela operação, foram analisadas 362 carteiras de trabalho, mas o número de resgatados ficou em 93 porque muitos dos trabalhadores foram embora da cidade antes da finalização da ação, em 3 de outubro.

Para trabalhar, os contratados tiveram que assumir dívidas, o que também contribuiu para a caracterização de trabalho escravo pelos auditores fiscais. Todos foram obrigados a pagar R$ 150 para conseguir a credencial que os permitiria entrar e vender no evento. Muitos dos que ficaram esperando do lado de fora acabaram entrando só depois de comprar ingressos de cambistas.

De acordo com o artigo 149 do Código Penal, há quatro elementos que podem caracterizar o trabalho escravo: trabalhos forçados, jornada exaustiva, condições degradantes de trabalho ou a restrição de locomoção do trabalhador em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto.

Terceirização ilegal

Os 93 trabalhadores resgatados foram contratados pelo Bob´s por meio de terceirização ilegal que contraria a súmula nº331 do Tribunal Superior do Trabalho, de acordo com os fiscais. Para preencher as vagas, a rede de fast foodutilizou a empresa To East, que, por sua vez, subcontratou a 3D Eventos. O uso de empresas “interpostas” para contratar empregados para a mesma atividade-fim (venda de bebidas, no caso) é ilegal e, apesar da terceirização em série, para o MTE, não há dúvidas quanto à responsabilidade do Bob’s já que o grupo controlou a emissão das credenciais e o acesso dos contratados ao festival. A Repórter Brasil não conseguiu ouvir representantes da To East e da 3D Eventos sobre o caso.

Após a fiscalização, o Bob’s assinou um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) com o Ministério Público do Trabalho (MPT) e pagou as verbas rescisórias no valor deR$ 102.485,57 em um acordo preliminar. Segundo o MTE, o valor total a ser pago é de R$170.389,57. Com a conclusão do relatório de fiscalização, agora o MPT do Rio de Janeiro pode fazer novas reuniões com a empresa e com a organização do Rock in Rio.

Procurada pela Repórter Brasil, a organização do festival reforçou que “a contratação de funcionários é de responsabilidade, firmada em contrato, dos operadores de bares e lanchonetes” e disse que, “ao tomar ciência das acusações, o Rock in Rio entrou em contato imediatamente com a empresa, nesse caso o Bob´s, para que a mesma tomasse as devidas providências”.

De acordo com o procurador Marcelo José Fernandes da Silva, nessa próxima fase, também poderão ser contemplados os demais trabalhadores não alcançados por essa fiscalização. Caso não haja acordo para impedir que o problema volte a acontecer, o MPT pode entrar na Justiça contra a empresa.

(Reportagem de Stefano Wrobleski e publicado pela Agência Repórter Brasil)
Artigo original do Comunica Tudo por M.A.D..



Ativistas virtuais criminalizados em minirreforma eleitoral

3 de Dezembro de 2013, 10:28, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

Mudança na lei afetará publicações de internautas nas redes sociais


Projeto que aguarda sanção de Dilma torna crime publicação de mensagens ou comentários na internet contra candidatos. “Essa infeliz ideia visa a censurar todos nós, ativistas no combate à corrupção”, diz colunista em sua estreia

Um artigo da chamada minirreforma eleitoral, que aguarda a sanção da presidenta Dilma Rousseff, torna crime a divulgação de mensagens e comentários na internet ofensivos a candidatos, partidos e coligações. Caso o texto aprovado pelo Congresso seja sancionado sem vetos por Dilma, quem divulgar esse tipo de conteúdo poderá ser punido com multa de até R$ 30 mil e um ano de prisão. A pena prevista para quem contratar serviços para atacar adversários políticos é de até quatro anos e multa de R$ 50 mil.

Autor de uma operação que resultou na denúncia contra 20 parlamentares por mau uso da cota parlamentar no Tribunal de Contas da União (TCU), o comerciante brasiliense Lúcio Batista, o Lúcio Big, vê na mudança da lei uma tentativa de calar quem denuncia irregularidades cometidas por políticos.

“Essa infeliz ideia visa na verdade a censurar todos nós, ativistas no combate à corrupção. Nós estamos fazendo um trabalho importantíssimo em favor do controle social. Muitas ações de fiscalização estão partindo da sociedade organizada principalmente através do Facebook e isso tem incomodado muitos daqueles que fazem de seus mandatos uma fonte quase inesgotável de riqueza e poder”, escreve Lúcio Big em sua coluna de estreia no Congresso em Foco.

A emenda foi incluída na minirreforma eleitoral por sugestão do senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB). Eleito em 2010, ele só tomou posse em novembro de 2011, quando a Justiça decidiu que a Lei da Ficha Limpa começaria a valer somente nas eleições de 2012. O tucano foi barrado por ter tido o mandato de governador cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Ele foi afastado definitivamente do cargo em 2009, após ter sido condenado por compra de votos em 2006.

Redes sociais

Na justificativa de sua emenda, Cássio Cunha Lima alega que as redes sociais têm tido seu uso deturpado, principalmente, em períodos eleitorais. Segundo ele, a mudança na lei pretende coibir a contratação de pessoas para promover ataques na internet contra candidatos, partidos ou coligações.

O problema, advertem Lúcio Big e críticos da proposta como o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), é que o texto aprovado não faz distinção entre mensagens verdadeiras e mentirosas. Basta que o conteúdo ofenda a honra ou denigra a imagem do candidato para a ação possa ser movida. Além disso, observa Lúcio, o Código Penal brasileiro já estipula punição para crimes de calúnia e difamação, o que poderia ser aplicado nesses casos.

“Outra coisa que os nobres senhores parecem também ter esquecido ou fizeram questão de não mencionar é qual o procedimento que será utilizado para identificar os internautas apartidários, que não prestam qualquer tipo de trabalho a políticos, daqueles que efetivamente são contratados para ‘denegrir’ a imagem do adversário político”, critica.

“Operação Pega Safado”

Aos 44 anos, Lúcio Big virou um caçador de irregularidades contra a administração pública. Há dois anos, o comerciante tem atuado em movimentos contra a corrupção. O seu principal instrumento de ação é o um canal no YouTube.

Em março deste ano, munido de um computador com acesso à internet, uma filmadora portátil Sony e muita vontade de desmascarar corruptos, ele lançou a “Operação Pega Safado”, à qual deu a sigla OPS. Lúcio elegeu as prestações de contas de deputados e senadores como alvo. A publicação de alguns casos suspeitos no YouTube levou dezenas de pessoas interessadas a entrar em contato com ele.

“Gente do país todo me enviou informações, fotos e documentos. Dessa forma, consegui fechar uma lista com 20 nomes para entregar ao TCU”, conta. O dossiê foi entregue ao Tribunal de Contas da União no início de julho e está em fase de pré-análise. Caso o tribunal entenda que as denúncias são relevantes, iniciará uma investigação.

Mudança na cota

Entre julho e agosto, o Congresso em Foco checou as informações levantadas por Lúcio. Com base nelas, publicou uma série de reportagens sobre irregularidades com aluguel de veículos e outros gastos feitos por meio da cota parlamentar.

Aqui, a lista dos políticos denunciados e o que o Congresso em Foco confirmou em relação a cada um deles

Por causa das denúncias de Lúcio Big e do site, a Câmara abriu investigação para apurar a conduta de quatro deputados. Por sugestão feita pelo deputado Chico Alencar (Psol-RJ), com base nas matérias, a Mesa Diretora aprovou mudanças nas regras que disciplinam a cota parlamentar. De acordo com as novas normas, os deputados deverão pagar no máximo 5% do valor do carro na locação, com o limite total de R$ 10 mil por mês.

No dia 20 de novembro, o Congresso concluiu a votação do projeto da minirreforma eleitoral. Inicialmente concebida para diminuir o custo das campanhas políticas, a proposta acabou criando polêmica entre os parlamentares, que pediam medidas mais eficazes para diminuir os gastos durante as eleições. Uma das novidades aprovadas é a limitação para a contratação de cabos eleitorais. O texto ainda proíbe o uso de cavaletes e cartazes em vias públicas. Cartazes, placas e muros pintados em bens particulares também estão proibidos.

Artigo original do Comunica Tudo por M.A.D..



Pesquisa mostra desinformação, machismo e homofobia entre jovens

3 de Dezembro de 2013, 9:49, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

Pouco mais de 9% dos entrevistados concordam ou são indiferentes ao fato de um homem agredir uma mulher porque ela não quis fazer sexo
Pouco mais de quatro em cada dez jovens entre 18 e 29 anos concordam, total ou parcialmente, com a ideia de que mulheres que se vestem de forma insinuante não podem reclamar se sofrerem violência sexual e pouco mais de 10% são indiferentes a esse tipo de violência.

É o que mostra a pesquisa Juventude, Comportamento e DST/Aids, encomendada pela Caixa Seguros. Os resultados mostram alto grau de desinformação, preconceito de gênero e contra homossexuais.

Para o coordenador da pesquisa, Miguel Fontes, que é doutor em saúde pública, o machismo ainda está muito presente entre os jovens, “principalmente os homens”. Pouco mais de 9% dos entrevistados concordam ou são indiferentes ao fato de um homem agredir uma mulher porque ela não quis fazer sexo e pouco mais de 11% têm a mesma opinião com relação a homens que batem na parceira que o traiu.

Para a socióloga do Centro Feminista de Estudos e Assessoria (Cfemea) Jolúzia Batista, essa geração de jovens sofreu um avanço conservador nos últimos anos. Na sua opinião, uma educação não sexista nas escolas é fundamental para mudar esse cenário. “Nós vemos que hoje a violência surge como uma forma de colocar a mulher nos trilhos, de corrigi-la. É preciso investir em educação para mudar isso“, defende.

Para a pesquisa foram entrevistados 1.208 jovens entre 18 e 29 anos em 15 estados e no Distrito Federal, sendo 55% mulheres. Os critérios da coleta de dados, feita em 2012, são semelhantes aos adotados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. O trabalho foi concebido e analisado pela John Snow Brasil Consultoria, e a coleta de dados foi feita pela Opinião Consultoria.

Entre os jovens entrevistados, apenas 30% estudam e 56% já foram reprovados no colégio. Mais da metade são católicos e quase um terço, evangélicos. De cada dez, seis acessam a internet com frequência e cinco navegam pelo menos duas horas por dia. A maioria perdeu a virgindade entre os 14 e os 18 anos, 10% ainda não tiveram relação sexual, 95% se declararam heterossexuais, 3% disseram ser bissexuais e os 2% restantes, homossexuais.

(Reportagem de Aline Valcarenghi, publicada por Agência Brasil)
Artigo original do Comunica Tudo por M.A.D..



Reputação será moeda no mundo pós-financeiro

3 de Dezembro de 2013, 9:33, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

Joshua Klein, 39, se descreve como "hacker" de tudo. Mestre em tecnologia interativa pela Universidade de Nova York, está lançando nos EUA "Reputation Economics"(economia da reputação, em tradução livre; Palgrave Macmillan), em que prenuncia a substituição das moedas por um comércio em plataformas com sistemas de troca que passam longe das finanças.
Nesse mundo pós-financeiro, em que a privacidade é comercializada, afirma o consultor de firmas como Microsoft eOracle, a reputação atestada por pares ou por especialistas ganha, cada vez mais, valor de dinheiro - cobiçada por aqueles que querem vender ou trocar mercadorias, serviços ou interesses.
A entrevista é de Nelson de Sá, publicada no jornal Folha de S. Paulo, 02-12-2013.
Eis a entrevista.
O sr. diz que a privacidade não é mais um direito e que há formas de lucrar abrindo mão dela. Como vê as revelações do ex-técnico de segurança do governo americano Edward Snowden sobre vigilância governamental?
 É interessante ver a reação das pessoas ao volume de informações monitoradas. De muitas formas, o que o governo faz é uma extensão do que tínhamos permitido às empresas fazer.
Se você usa Gmail, já deu ao Google o direito de analisar todos os seus e-mails: com quem você fala, com que frequência, sobre o quê, que palavras usa, quantos pronomes ou adjetivos emprega, todos os documentos.
Todos os "serviços gratuitos" fazem isso - o Facebook faz, o Twitter, a Amazon - porque permite que vendam de forma mais eficaz. O problema é que as pessoas não são realmente conscientes de que fizeram esse acordo.
Há possibilidade de voltarmos ao tempo em que as pessoas ainda tinham privacidade?
Estamos num momento de virada como sociedade. Sabíamos que havia algo estranho nesse acordo: estávamos ganhando quantidades imensas de tecnologia de graça - ou que pensávamos ser de graça - em troca de nos dispormos a ver publicidade.
Mas esse não é o acordo de fato. O acordo é que as pessoas nos dão essas coisas e, em retribuição, temos que comprar outras. E essas empresas farão tudo para serem o mais eficazes possível e nos venderem o que puderem.
Acredito que as pessoas começaram a tomar consciência ao verem o governo fazê-lo, pois se ergueu o espectro doGrande Irmão. Vender é algo com contornos bem definidos. O problema é que esses dados podem ser usados para outras coisas.
Não há como mudar a forma de agir na internet?
Se as pessoas admitirem que fizeram um contrato faustiano e começarem a usar criptografia e forem mais cuidadosas com os contratos de licença que assinam... Se gente o bastante fizer isso, as empresas começarão a pensar: "Para termos acesso aos dados, temos que fazer um acordo aberto, mais claro".
Se isso acontecer, então, sim, vamos ver mudança. As empresas vão aceitar que os indivíduos tenham mais responsabilidade e controle sobre suas coisas. Mas acho que o mais provável é que uma minoria de pessoas faça isso - e elas terão acesso a menos serviços ou terão de pagar mais caro por eles.
E veremos mais abusos dos dados coletados.
Há uma frase de Andrew Lewis, no blog comunitário MetaFilter, sobre a internet: "Se você não está pagando pelo produto, você é o produto que está sendo vendido".
[Risos] Sim. O objetivo da grande maioria dos serviços on-line hoje não é fornecer algo divertido ou interessante. Isso é acessório. O objetivo real é vender de forma eficaz.
"Reputation Economics" também reflete isso?
Um dos pontos do livro é que estamos estabelecendo plataformas, hoje, que possibilitam sistemas de troca livre das finanças. Por outro lado, as empresas grandes são cada vez mais eficientes em ganhar nosso dinheiro.
Daí a precificação hiperdinâmica: você entra on-line para comprar queijo, a empresa que vende o queijo reconhece que você tem um blog sobre isso e dá um desconto de 30%, na esperança de que você compre e depois diga algo bom do queijo.
Os indivíduos precisam agora escolher: Querem só ficar com o que é dado? Ou querem ferramentas e tecnologias que permitem que gerenciem seu valor? Creio que veremos mais da última, mas não estou certo se ocorrerá.
A edição registra que você fez trabalhos para a comunidade de inteligência. O que foi?
Foi sobretudo pelo Escritório do Diretor de Inteligência Nacional, que fez um programa tipo "think tank" [centro de estudos] em que muitos colaboramos, num retiro de um mês. Foi interessante por permitir contato com algumas das mentes mais brilhantes da NSA [agência de segurança nacional], CIA [agência de inteligência dos EUA] e um "insight" sobre as capacidades que têm ou tinham.
Desde então, todos ganhamos uma consciência muito maior do que se trata [devido às revelações de Snowden].
O mais importante foi ver que aquilo tinha enorme potencial, não totalmente conhecido. Em relação ao trabalho de consultoria que presto para empresas, ficou claro que o mercado baseado em "big data" se tornaria cada vez maior. A questão já era, então, qual o efeito disso sobre o indivíduo.
O livro destaca que "quem você conhece" vale mais, hoje, do que "o que você possui".
O que isso aponta é que, cada vez mais, as plataformas on-line estão permitindo obter informações de reputação sobre as pessoas. Se eu quiser descobrir se devo emprestar meu carro a você, posso dar um Google e ver se você é digno de confiança.
Esse tipo de informação de reputação levou ao surgimento de uma economia de reputação on-line, que está mudando como os indivíduos compartilham valor.
Ou seja, o compartilhamento não é mais só financeiro. A economia de reputação me permite descobrir a pessoa para quem a troca é útil. Esse tipo de situação agora está disponível por todas essas plataformas on-line.
Esse é um aspecto. Outro é que as pessoas têm cada vez menos capacidade de alavancar suas finanças. Os sistemas financeiros vêm com problemas há muito tempo, as maiores economias do mundo estão se debatendo, então as pessoas começam a perceber: "Ei, posso entrar no Skillshare, começar a ensinar as pessoas este hobby de mergulho e conseguir dinheiro".
Ou: "Só uso meu carro nos fins de semana, eu posso inscrevê-lo no [site] Rideshare e ter pessoas que me paguem para usá-lo na semana".
Você entende "hacking" como quebrar regras, em geral. O novo livro reflete essa ideia?
Sim e não. Uma das coisas que abordo é o "momento Napster" das finanças. Há um bocado de mudanças tecnológicas acontecendo agora, algumas beneficiam indivíduos, outras, empresas e outras concorrem entre si.
Onde entra a palavra "hacking"? Por exemplo, quando o Napster foi derrubado pela RIAA [Associação Americana da Indústria Fonográfica], a internet como um todo não se convenceu de uma hora para outra de que não podia mais baixar músicas de graça.
Em vez disso, foi inventado o protocolo BitTorrent [para transferência de grande volume de dados entre usuários].
Quando a RIAA começou a derrubar sites de BitTorrent, surgiram clubes de compartilhamento de arquivos e uma criptografia melhor. Essas são forças de "hacking" que sempre tivemos: as mudanças serão apoiadas e reforçadas pelas comunidades on-line, sejam ou não legais ou desejáveis pelo ambiente regulatório e financeiro.
Em "Hacking Work", de 2010, você apoia romper regras para alcançar resultados melhores nas empresas privadas.
Em todas as empresas às quais dei consultoria sobre inovação e como usar tecnologia de maneira mais eficaz e mudar modelos de negócio, via que implantar mudança ou evolução numa organização é quase impossível, porque a cultura é reativa.
Com o passar do tempo, a empresa vai ganhando uma série de regras que limitam as pessoas. Parte do que você encontra nas "start-ups" [empresas iniciantes] que as torna tão eficientes é não terem, ainda, regras. Elas fazem tudo o que for necessário para serem eficientes.
O livro não sugere jogar tudo que se sabe fora. Ele propõe encontrar instâncias específicas em que você está sendo impedido de ser mais efetivo e focar métodos alternativos para quebrar o molde e termais sucesso, ajudando a empresa e até sua carreira.
Sua série de TV para o National Geographic, "The Link", de 2012, é transmitida aqui. Ela explora conexões entre diferentes saltos tecnológicos pela história. Qual é o vínculo entre a série e o novo livro?
O programa influenciou o livro, no sentido de estarmos num momento incomum da história em que algumas mudanças terão efeitos enormes e inesperados. Estamos começando a desenvolver modelos pré-financeiros para comércio, como [a moeda virtual obtida com a cessão de poder de processamento do seu computador] Bitcoin ou o [site para aluguel e sublocação direta de apartamentos para temporadas] Airbnb.
Nos próximos 5 ou 20 anos, veremos boa parte dos dois terços da humanidade que ainda não estão na internet aparecerem on-line, e eles vão querer usar métodos mais flexíveis de comércio. Essas pessoas estão hoje em grande parte no chamado "mercado negro", que gira US$ 10 trilhões.
Nos próximos 20 anos, esse será o método majoritário de comércio do planeta.
O que acontece quando a economia do mundo é ocupada, de uma hora para outra, por uma população que não usa instrumentos financeiros tradicionais? Ela vai alavancar uma série de plataformas que, hoje, são bonitinhas e divertidas. Não sabemos como será, mas sabemos que pode ser muito desestabilizador.
Artigo original do Comunica Tudo por M.A.D..