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Deixar de trabalhar aos 30 anos? Yes, we can
13 de Março de 2017, 23:09Joe e Ali Olson eram professores, ele de filosofia, ela de inglês. Hoje viajam pelo mundo. Conheça esta história de investimento e poupança.
Escrito por: Joana Rebelo Morais
Joe e Ali conheceram-se na universidade, casaram ainda antes de terminarem os cursos e passaram a partilhar o apelido Olson. Ele estudou filosofia, ela inglês, duas profissões com pouca saída nos Estados Unidos, além do ensino. Durante oito anos deram aulas. Sentiam-se felizes, mas tinham outros planos. Queriam viajar pelo mundo, ter filhos e ser pais presentes. E acharam que a concretização desses sonhos não se coadunava com um trabalho a tempo inteiro. Para poderem deixar de trabalhar, precisavam de independência financeira. E conseguiram. “Reformaram-se” quando Joe tinha 31 anos e Ali 30. O segredo? Imobiliário.
O Dinheiro Vivo falou com o casal norte-americano – que agora viaja pelo mundo na companhia da filha Annabelle, de um ano – sobre esta história que não é só de investimento, mas também de poupança. Escolheram o imobiliário pela elevada e rápida rentabilidade. Começaram a investir em 2007 e a primeira experiência não foi a melhor. O primeiro imóvel que compraram, por 114 mil euros, chegou a desvalorizar para 76 mil. Mas à medida que o mercado imobiliário continuou a afundar, arrastado pela crise financeira, continuaram a comprar. Hoje têm 15 imóveis, no valor de quase 950 mil euros. Têm um rendimento mensal superior a 12 mil euros e gastam menos de dois mil em hipotecas.
Deixar os empregos foi a parte mais assustadora. Joe explicou que tinham definido uma série de objetivos necessários parar dar este passo, mas que acabaram por deixá-los cair e despediram-se antes do planeado. “Decidimos arriscar. Podíamos sempre arranjar forma de ganhar dinheiro, mas o tempo perdido nunca recuperaríamos. Não nos arrependemos por um segundo e devíamos tê-lo feito antes.” Ali explica que “preferiram a possibilidade de ter que voltar a trabalhar do que continuar, ano após ano, para garantir que nunca mais iam precisar de dinheiro”.
Diz a sabedoria popular que o dinheiro não é de quem o ganha, é de quem o poupa. E Joe e Ali conseguiram poupar 75% do rendimento. Joe conta que os grandes cortes foram feitos “na habitação, nas deslocações e na alimentação”. Mudaram-se para um apartamento de 38 metros quadrados e uma hipoteca de menos de 475 euros mensais. Tinham só um carro e faziam todas as refeições em casa. “Os nossos amigos e família perguntavam quando nos mudaríamos para uma das nossas propriedades com três quartos e 170 metros quadrados. Mas éramos felizes assim e nunca sentimos que estávamos a privar-nos de nada”, contou. Ali acrescentou que o melhor conselho para quem quer poupar mais é que “não é preciso muito para ser feliz”. Planos para o futuro? “Está em aberto”. Para já, uma viagem de autocaravana pelo Canadá e pelo México e, quem sabe, “mais filhos”. Pode acompanhá-los através do blog Adventuring Along.
Luís Lima, presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP), não se surpreende com a história de Joe e Ali: “Quem comprou ativos nos anos que se seguiram à bolha imobiliária de 2008 comprou muito bem.” No estado da Florida, os preços caíram entre 80% e 90% depois de 2008 e “houve muitos pequenos investidores a comprar ativos e a realizar mais-valias, como o casal”. O mesmo aconteceu em Portugal, diz. “Os bancos venderam por valores de que hoje, acredito, se arrependem. Com o receio da bolha imobiliária, reduziram-se muito os preços.” De acordo com Luís Lima, “quem comprou na altura seis ou sete ativos hoje podia estar reformado”, graças à grande valorização do mercado imobiliário português. “Para quem tem dinheiro não há nada em Portugal, neste momento, mais tentador e que dê mais rentabilidade do que o imobiliário”, afirma.
Embora seja um investimento rentável, o imobiliário não é para todas as carteiras. E, ao contrário do que aconteceu em 2008, hoje “há muita procura e pouca oferta, o que leva a que os preços subam”, diz Luís Lima, justificando este facto com o normal funcionamento do mercado. Além disso, importa lembrar que, no início da crise, houve uma “desvalorização forçada” e que a valorização que depois ocorreu não deverá repetir-se. “Neste momento, aconselho as pessoas a serem cautelosas”, diz o presidente da APEMIP.
A localização do imóvel ainda representa, de acordo com Luís Lima, mais de 50% da decisão de compra, mas não devia ser assim: “O mais importante é saber se temos dinheiro para comprar.” Luís Lima desaconselha altamente que “se esteja 100% dependente do financiamento para cobrir o valor total do ativo”. O investidor deve ter “uma capacidade muito boa de aforro para não estar dependente do financiamento e reagir emocionalmente, sobretudo com a pressão dos bancos, quando começam a alterar spreads e taxas. E a Euribor vai voltar a valores normais”.
Além disso, o investidor tem de se informar, estudar o investimento e fazer um plano: “Não é só comprar, porque nem todo o mobiliário valoriza.” Além disso, “o tempo de comprar ao desbarato, porque as pessoas estavam pressionadas a vender e estavam sufocadas pela crise, já não existe, ou pelo menos não tanto, porque as coisas melhoraram”, afirma o especialista.
Publicado originalmente em: https://www.dinheirovivo.pt/economia/galeria/deixar-de-trabalhar-aos-30-anos-yes-we-can/
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Artigo original do Comunica Tudo por M.A.D..
ONG cobra mudanças em leis que punem PMs de forma desproporcional
11 de Março de 2017, 14:52Em relatório, a organização não governamental Human Rights Watch diz que a legislação atual impõe punições desproporcionais a PMS que façam reclamações públicasTânia Rêgo/Arquivo Agência Brasil
O policial militar do estado do Ceará Darlan Abrantes teve a carreira destruída depois de publicar um livro, de forma independente, afirmando que a Polícia Militar (PM) deveria ser desmilitarizada. Na publicação, ele afirmava que o Brasil tem uma Polícia Militar medieval e que “ao policial de baixa patente não é permitido pensar”. Em função da publicação do livro, ele foi condenado a dois anos de prisão e acabou expulso da corporação em 2014. O comando-geral no estado alegou que a publicação continha “graves ofensas” e que, ao publicá-lo, Darlan demonstrava “total indisciplina e insubordinação”.
O caso de Darlan – que tinha um comportamento considerado excelente – não é exceção e integra relatório divulgado esta semana pela organização não governamental Human Rights Watch (HRW) cobrando das autoridades brasileiras a reforma de leis. Para a ONG, a legislação atual impõe punições desproporcionais a PMs que se manifestem politicamente ou façam reclamações públicas.
“Aqueles que enfrentam diariamente o crime nas ruas podem oferecer perspectivas valiosas sobre as políticas de segurança e reforma policial e devem ter o direito de expressar suas opiniões sem o receio de serem punidos arbitrariamente”, disse a diretora do escritório Brasil da Human Rights Watch, Maria Laura Canineu, em nota. Ela defende que o país considere novas abordagens à segurança.
Por serem consideradas forças auxiliares do Exército, os policiais militares estão submetidos ao Código Penal Militar. O documento é de 1969 e teve origem no Ato Institucional número 5 – um dos mais duros instrumentos do regime militar.
Controverso, por anteceder a Constituição, o código é alvo de projetos de lei que cobram a sua atualização, junto com os regimentos disciplinares – leis estaduais que também datam da ditadura.
O autor de uma das propostas, deputado federal Subtenente Gonzaga (PDT-MG), diz que a medida pode frear punições exageradas como a prisão administrativa e assegurar o direito de defesa em casos de “insubordinação”.
De acordo com a Human Rights, leis internacionais permitem aos países impor restrições à liberdade de expressão de integrantes das forças de segurança, em nome da segurança nacional. Porém, não autorizam sanções desproporcionais à gravidade das infrações. A organização também defende que os policiais brasileiros tenham acesso a uma defesa justa com análises imparciais dos recursos.
Ex-chefe do Estado-Maior da PM fluminense o coronel Robson Rodrigues da Silva, atualmente na reserva, vem alertando para a questão. Estudioso de políticas de segurança, ele avalia que os códigos disciplinares estão atrasados e permitem decisões subjetivas.
“Muitas vezes, o policial fica ao sabor de desejos, às vezes, até sádicos, dos superiores”, critica. “Punir por punir, por orgulho de superior em relação ao subordinado, só para autoafirmação, para confirmação da hierarquia, é anacrônico e equivocado”, afirmou o coronel, que, após 31 anos na PM, se dedica ao doutorado na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
Desobediência
No Rio, a Defensoria Pública do Estado, responsável por defender policiais e bombeiros processados com base no Código Penal, denuncia ainda que a maioria dos crimes na Justiça Militar é por desacato à autoridade e indisciplina. Farda mal passada e a participação em movimentos políticos são atitudes consideradas crimes.
Em dezembro de 2016, o subtenente do Corpo de Bombeiros Mesac Eflain ficou detido no quartel após denunciar à imprensa condições precárias nos refeitórios da corporação. A instituição argumentou que o militar causou uma “percepção de insegurança em toda a população”.
Eflain foi solto dez dias depois, por meio de um mandado de segurança apresentado à Vara de Fazenda Pública, órgão civil, que referendou o direito à liberdade de expressão do bombeiro. Na Justiça Militar, todos os recursos foram negados. “A prisão de Mesac foi um claro caso de perseguição e de retaliação ao direito de expressão, prova que as leis militares precisam ser recepcionadas pela Constituição”, disse, à época, o defensor público Thiago Belotti.
De acordo com a Human Rights Watch, o código penal militar e os códigos estaduais não especificam quais ações constituem incitação à desobediência e indisciplina, por exemplo. “Isso confere aos promotores ampla margem de interpretação para criminalizar manifestações de opiniões críticas”, disse a entidade no relatório.
Com a interdição do debate nas corporações, a ONG alerta para a dificuldade de enfrentar abusos cometidos pela PM. Em entrevistas à entidade, policiais criticaram a estrutura e o treinamento militares que “perpetuam a visão de policiais como heróis” e podem levar ao uso excessivo da força em comunidades pobres, além de alto nível de estresse entre os policiais.
O governo federal, em 2010, recomendou que os estados reformassem regulamentos militares e garantissem aos policiais o direito de se manifestar, além de participar da elaboração das políticas públicas de segurança. O Ministério da Justiça, no entanto, não informou à Agência Brasil como tem monitorado a convocação e apoiado o trâmite de leis nesse sentido.
Via Agência Brasil
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Artigo original do Comunica Tudo por M.A.D..