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Violência contra jornalistas cresceu 232%
10 de Abril de 2014, 17:42 - sem comentários aindaA violência contra jornalistas cresceu 232% no último ano, segundo levantamento do Conselho de Defesa da Pessoa Humana (CDPH), do governo federal, apresentado nessa terça-feira, 8, durante o seminário “Liberdade de Expressão e Poder Judiciário", no Rio de Janeiro. O número de casos de agressões chegou a 136.
Neto investigava crimes no Vale do Aço e foi assassinado em março de 2013 (Imagem: Arquivo/Comitê Rodrigo Neto) |
Para Tarciso Dal Maso Jardim, membro do CDPH, o aumento aconteceu após os protestos iniciados em junho. Ele apresentou o estudo do órgão, que contabilizou 321 casos de violência desde 2009, sendo 18 assassinatos. “A federalização das investigações do crimes contra jornalistas e comunicadores é, atualmente, a maior demanda do setor”, comentou.
Entre as sugestões para prevenção e proteção dos profissionais, ele sustentou a necessidade de um protocolo de ação policial e citou o caso do assassinato do radialista Rodrigo Neto, em Ipatinga (MG). “É um exemplo emblemático, a morte suscitou a participação da Polícia Militar e Cívil”.
O assessor regional da Unesco, Guilherme Canela, falou sobre as áreas de conflito e lembrou especificamente de Santiago Andrade, cinegrafista morte durante protesto no centro do Rio. "Se o cidadão percebe que nem os jornalistas estão protegidos, ele imagina que ele também não está, bem como o seu direito de se expressar", afirmou, alegando que a agressão a comunicadores é um ataque à liberdade de expressão.
Outra questão apontada durante o debate foi a falta de punição devida para os crimes. “A impunidade retroalimenta a violência. Mesmo em lugares em que há poucos casos de violência, já existe uma autocensura absurda, porque ameaças anteriores deram conta do recado”, explicou Canela.
Entre as sugestões para prevenção e proteção dos profissionais, ele sustentou a necessidade de um protocolo de ação policial e citou o caso do assassinato do radialista Rodrigo Neto, em Ipatinga (MG). “É um exemplo emblemático, a morte suscitou a participação da Polícia Militar e Cívil”.
O assessor regional da Unesco, Guilherme Canela, falou sobre as áreas de conflito e lembrou especificamente de Santiago Andrade, cinegrafista morte durante protesto no centro do Rio. "Se o cidadão percebe que nem os jornalistas estão protegidos, ele imagina que ele também não está, bem como o seu direito de se expressar", afirmou, alegando que a agressão a comunicadores é um ataque à liberdade de expressão.
Outra questão apontada durante o debate foi a falta de punição devida para os crimes. “A impunidade retroalimenta a violência. Mesmo em lugares em que há poucos casos de violência, já existe uma autocensura absurda, porque ameaças anteriores deram conta do recado”, explicou Canela.
(Por Comunique-se)
INFORME: Independente, o Comunica Tudo é mantido por um único autor/editor, com colaborações eventuais de outros autores. Dê o seu apoio a esta iniciativa: clique nas publicidades ou contribua.
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Artigo original do Comunica Tudo por M.A.D..
Ingresso caro no Maracanã: culpa de quem?
9 de Abril de 2014, 11:30 - sem comentários ainda(Por Arthur Muhlenberg)
Em conjunto com Thiago Gonçalves tentei analisar e desvendar alguns números nos borderôs dos jogos do Flamengo, uma observação, apenas. Não conseguimos nos conformar com os públicos e rendas do Flamengo nessa temporada. É assustador o prejuízo nas partidas com clubes de menor porte, no Maracanã. O valor do ingresso é um problema, mas está muito longe de ser o único, tenho CERTEZA. Nos perguntamos constantemente porque o ingresso é tão caro, e aparentemente, os clubes estão de mãos atadas, principalmente o Flamengo.
Analisando aos borderôs dos sete jogos que o Flamengo fez contra times pequenos no Maracanã em 2014, tiramos algumas conclusões. O Thiago analisou os borderôs das partidas contra Audax, Duque de Caxias, Madureira, Nova Iguaçu e Cabofriense pela Taça Guanabara e a 1ª partida da semifinal, novamente contra a Cabofriense. Estatisticamente, a amostragem é relativamente pequena para conclusões definitivas, apenas 6 jogos. Ainda assim, já é possível a observação, a comparação e a percepção do fracasso denominado “Cariocão Guaraviton 2014”, principalmente para os cofres do Flamengo e da FERJ (+ou-). Abaixo, uma tabela:
Um dos pontos surpreendentes na análise foi a “precisão” do ticket médio. Apesar da grande variância de público (de 2.073 pagantes contra o Madureira até 10.185 pagantes contra o Nova Iguaçu), o valor do ingresso médio pouco oscilou: 50,93 – 46,93 – 50,72 – 49,96 – 49,96 – 46,97. Como acreditamos em trabalho e pouco em coincidências, é provável que a diretoria tenha definido que o ingresso médio ficaria próximo de R$ 50,00. Nisso contribuiu a distribuição de ingressos vendidos pelos setores do estádio, talvez baseados em valores do ano passado, a previsão fez com que em média tenha sido atingida.
Dois outros dados chamaram bastante a atenção: as meias-entradas e as gratuidades. Mesmo com um público pagante baixo, esta excrescência das leis cariocas somadas a imposição do consórcio em detrimento de uma administração conjunta dos clubes, transformam os mesmos em vítimas nesse processo. Os próprios ajudam ao consórcio a definir os valores dos ingressos, meio que forçados a aceitar altas somas para que não tenham deficit. Forçados também a se evitar o prejuízo técnico, mais até do que financeiro jogar longe do Rio nem sempre é bom para o time. Para o clube é ótimo, jogar com torcida em todo lugar (não nos esqueçamos da estranha condução do “caso Engenhão”). O Flamengo em hipótese alguma jogaria em São Januário.
Os valores não atendem as necessidades e as expectativas, então o custo-benefício dos jogos do clube são desfavoráveis, em sua maioria. Os preços altos são praticados por outros clubes, não apenas o Flamengo, em outras cidades, estados. Não há uma diferença grande entre os valores praticados pelo Flamengo ou o Cruzeiro, por exemplo. Ambos dependem de concessionárias que administram os estádios em seus jogos, em Mineirão ou Maracanã. Neste momento não consigo visualizar qual será o caminho adotado no Brasil dos próximos anos, mas sinto que chegamos a um teto. Teremos um novo paradigma relacionado tanto aos valores recebidos, quanto a administração em si, o que refletiria diretamente no preço do ingresso.
Os contratos individuais foram firmados em alta, e estão em um teto, já que a copa é agora. Logo, logo. Sem trabalho específico, os clubes não conseguirão suplantar os valores nos próximos anos. Os impostos terão que ser pagos. Acabou a mamata. Isso também não impede uma lei que “alivie” aos clubes, um Proforte da vida. Diretamente sobre o ingresso, algumas questões se impõem para uma “escassez progressiva” do torcedor. Poderia enumerar algumas, como a violência ou a sensação dela, horário dos jogos, condições em que os jogos são disputados, fórmulas e campeonatos de interesse baixo, a “elitização” e a “remoção” do “torcedor tradicional” com aspas.
Observando a outras realidades, saindo um pouco do campo esportivo, nenhuma instituição em sã consciência aceitaria que em um espetáculo cultural 23% do público entre de graça, sem que essa entrada seja efetuada como distribuição de cortesias comerciais (com ou por parceiros), e/ou até 47% do total das pessoas dentro dos espetáculos entrassem pagando a metade do valor de face. Achariam piada. E das boas. No Brasil, principalmente no Rio de Janeiro, ficou “fácil fazer cortesia com o chapéu alheio”, como diria minha mãe.
Para tentarmos entender o que se passa, a grande dificuldade sentida na leitura dos borderôs foi encontrar uma “lógica comum” para aplicar. Inexplicavelmente, alguns cálculos não seguem um rigor matemático, como seria esperado. A conhecida e malfadada taxa de 10% da FERJ é inserida de formas diferentes em partidas diferentes. Ninguém sabe, é quase um mistério, saber se os 10% se dão sobre a renda bruta ou se depois de descontados os chamados “ingressos promocionais” (onde não ganhamos um centavo). Dá pra decidir e deixar claro, dona FERJ?
Pois é, além do absurdo de cobrar 10% da renda dos clubes, ainda distribuem “ingressos promocionais”. Pior, em alguns jogos calculam estes ingressos, noutros casos, não calculam. Isso joga contra a transparência, que sempre exigimos do Flamengo e que Flamengo Vasco e Fluminense pediram na “cisão”. Não há neste “documento” distribuído pela federação a “transparência” que um borderô sugere. Pior fica quando se constata a inclusão das taxas de transmissão de TV nos borderôs das partidas para “maquiar” prejuízos. Dos clubes. É óbvio. Confesso que foi a primeira vez que olhamos para uma série de borderôs com mais atenção e a lista de itens assusta. Abaixo a listagem de despesas e deduções:
O item “Aluguel do Estádio” não parece ter uma fórmula fixa, variando, provavelmente, de acordo com o público. No entanto, ronda sempre um valor muito próximo da metade dos lucros líquidos (sem contar ainda essa despesa), ou seja, Receitas – Despesas.
Reparem que só de despesas fixas, temos uma soma de R$50.129,98 + R$11,85 para cada ingresso vendido. São R$ 11,85 DE CADA TORCEDOR dentro do Maracanã. Essa lista esdrúxula que conta com a colaboração de governos, por meio dos impostos e também na IMPOSIÇÃO do consórcio, só reforça uma das minhas bandeiras: O FLAMENGO PRECISA DE SUA CASA! SUA CASA! Não é possível ficar refém de aluguéis, custos fixos, associação dos Escoteiros, dos cronistas profissionais do RJ. Passa do absurdo! Surreal! Sei que com o pagamento das dívidas, só daria para começar a projetar um estádio em 2016 e construir em 2017. Quem sabe? Sonho com uma casa do Flamengo até 2020. Seria espetacular!
Estádio à parte, o Flamengo e o consórcio precisam vender melhor os espetáculos, promover aos eventos. Logicamente, a federação também deveria fazer sua parte e não tem feito. A promoção das partidas é ruim, e ainda há uma clara posição tomada pelos torcedores nesse campeonato estadual, de descontentamento com o produto oferecido (esse estadual é uma porcaria!). Se somarmos todos os clássicos disputados em 2014, a somatória não lotaria UM Maracanã velho. Talvez o novo. Como já descrito acima, são inúmeros os fatores para a majoração do ingresso, como:
• As reformas no Maracanã, de 1999 até 2013, é um fator a qual considero importante para se pensar o aumento do custo. Anteriormente o administrador era o governo do Estado (Suderj), que tentava introduzir um “novo modo de se torcer”, retirando os torcedores que tradicionalmente torcem de pé, com cadeiras por todo o estádio.
• A Suderj tinha como principal receita o aluguel do estádio, reformado para o Mundial de clubes de 2000, os jogos Pan-americanos de 2007. O custo para o clube subiu;
• Para a copa do mundo de 2014, os clubes ganharam um “parceiro” a concessionária do estádio, com seus alugueis, taxas e percentagens correspondentes;
• Alta dos preços do mercado de entretenimento, superior a taxa de Inflação do período. Isso se deve ao “fenômeno” das meias entradas e gratuidades, somadas a própria inflação. Ocorreu também em teatros, parques, cinemas, que tem por si fenômenos específicos de cada setor, como a “shoppinguização” dos cinemas, por exemplo;
• As dívidas dos clubes, preexistentes e as que tem sido construídas no momento, como tem feito o Botafogo que parou propositalmente de pagar seus tributos;
• A “ruindade” e má utilização dos programas de sócio torcedores;
• Novos estádios com maior conforto e gama de serviços, que demandam custo maior para manutenção, tecnologia e instrumentos, entre outros. O que também não significa que estes serviços são prestados de modo satisfatório;
São muitos os motivos, poderia enumerar outros tantos. Os borderôs parecem demonstrar que o maior inimigo do Flamengo, tirando o consórcio e o passado do Flamengo é o próprio ST. Pela falta de fiscalização das carteirinhas de estudante (consórcio e Flamengo) e da própria lei que obriga o clube a dar desconto de “meia pra meia”, a meia entrada para o sócio torcedor. É nítido que nestes jogos o ST comum não é maioria em nenhuma das modalidades. Ou comparece ao Maracanã o torcedor que paga com meia-entrada, o que paga a entrada inteira (o maior “prejudicado) ou o ST-meia (grande beneficiado). LINK COM DADOS DOS BORDERÔS
Calculando com a “tabela do Prejú” (a tabela das taxas, impostos e descontos), para abrir o Maracanã é necessário R$105.000,00 aproximadamente, sem contar com iluminação e taxa de aluguel. Esse é o valor a ser pago pelo contrato vigente do Flamengo, com ZERO PAGANTE E ZERO PRESENTE (obrigado, Cabral). O menor valor que o Flamengo pode cobrar por ST ou qualquer outro torcedor para não tomar prejuízo é de R$ 25,00, mesmo assim colocando 11.000 pagantes no Maracanã (o lucro exato com 11.000 pagantes é de inacreditáveis R$760,00). Nos termos atuais, com o cenário atual é quase impossível que o Flamengo ganhe dinheiro. Esses caras andam fazendo milagre. Para nossa surpresa, o bicho é muito mais feio do que parecia.
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O jornalismo e o capital social
9 de Abril de 2014, 11:01 - sem comentários ainda(Por Carlos Castilho)
Vários leitores têm me escrito perguntando por que escrevo mais sobre temas internacionais e questões teóricas do que sobre problemas diários da imprensa brasileira. O questionamento me levou a uma nova reflexão sobre o que é mais importante no momento para alcançarmos um modelo mais completo de comunicação jornalística.
A crítica do estado atual da imprensa brasileira está sendo feita de forma exemplar pelos meus colegas deObservatório da Imprensa. Minha preocupação é complementar o trabalho que já está sendo desenvolvido, explorando o que pode vir por aí em matéria de transformações no mundo da comunicação jornalística , sacudido por mudanças radicais desde o surgimento das TICs. Ter uma visão mínima do rumo que as coisas estão tomando, nos permite participar do processo de mudança e com isto leva-lo à direção mais próxima possível dos desejos e necessidades da sociedade onde vivemos.
Esta preocupação levou à pergunta sobre qual o papel futuro da notícia num ambiente onde a geração de conhecimento e de capital social passam a ser fatores essenciais num novo modelo econômico que os especialistas chamam de produção comunitária colaborativa. Alguns leitores podem achar que estou “viajando na maionese” mas o volume cada vez maior de trabalhos e pesquisas de profissionais sérios nos obriga a, no mínimo, pensar sobre a questão.
Trabalhos como os dos norte-americanos Yochai Benkler, Jeremy Rifkin e Henry Jenkins, do belga Michel Bawnes, do italiano Alberto Melucci e do espanhol Manuel Castells mostram que o surgimento de um novo modelo econômico, que não é baseado nem no mercado e nem no centralismo estatal , deixou de ser apenas um sonho para ganhar cada vez mais ares de possibilidade real.
Este novo paradigma econômico tem como componente básico a informação, o que incorpora a notícia ao processo porque é a partir dela que muitos chegam à produzir informação. A notícia jornalística é um dado (fato,evento, número ou objeto) desconhecido por quem a recebe. Ao tomar conhecimento de um dado desconhecido, o leitor de jornal, ouvinte, telespectador ou internauta, na maioria dos casos, fica intrigado, curioso ou inseguro.
É que a notícia recebida alterou o universo cognitivo do individuo levando-o a procurar mais dados para poder contextualizá-la na perspectiva individual para identificar causas, consequências, prejudicados e beneficiados. Também pode discutir com parentes, amigos, colegas de trabalho e vizinhos para trocar ideias, preocupações, temores ou esperanças. As duas iniciativas geram informações, ou seja, dados contextualizados e que passam a ter significado, representar algo para o indivíduo, ou grupo de indivíduos.
Tanto a busca de novos dados como a troca de ideias com outras pessoas geram conhecimento, ou de maneira genérica, decisões sobre o que fazer ou não fazer. E o conjunto destes conhecimentos acumulados dentro de um grupo social, ou comunidade, tornou-se conhecido pelo nome de capital social, um termo já consagrado pelos economistas do Banco Mundial como um fator obrigatório na análise do grau de desenvolvimento de países e zonas geográficas.
Tudo isto começou com a notícia publicada num jornal, na rádio, TV ou página na Web. E para que a notícia jornalística cumpra a sua função ela passa a ter um papel determinado pela sua utilidade ou interesses sociais e não pelo potencial que ela tem de atrair público capaz de consumir produtos oferecidos pela publicidade impressa ou áudio-visual.
Isto não quer dizer que a publicidade em meios jornalísticos deixará de existir, afinal ela é um elemento importante na sustentação financeira de uma empresa jornalística. O importante e novo, é que os jornalistas deixarão de avaliar uma notícia apenas em função de seu potencial de venda e poderão dar mais relevância ao papel que ela tem na produção de capital social, que no final das contas é o que garante o bem estar material e imaterial de uma comunidade.
Esta é uma mudança de perspectiva profissional que não acontecerá da noite para o dia, porque implica alterar padrões de comportamento, rotinas e valores entranhados há muito tempo nas redações de empresas jornalísticas. Mas quanto antes começarmos a pensar e conversar sobre a nova perspectiva da notícia num ambiente digital, mais chances teremos de que os seus resultados apareçam o mais cedo possível.
Esta é a minha preocupação e a minha contribuição para este grande “papo de botequim” sobre a notícia jornalística.
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Bitcoins e a subversão do sistema financeiro. Entrevista especial com João Carlos Caribé
9 de Abril de 2014, 10:50 - sem comentários ainda“Um 'maluco' inventou um processo de criação de uma moeda que seria com a dinâmica da transação financeira que seja confiável, impossível de fraudar e ao mesmo tempo universal e digital”, explica o publicitário.
“Bitcoin é uma criptomoeda, uma moeda que funciona com base em um algoritmo de criptografia, mas se me perguntarem exatamente como funciona, não sei dizer qual a dinâmica. Entretanto, sei que um 'maluco' inventou um processo de criação de uma moeda que seria com a dinâmica da transação financeira que seja confiável, impossível de fraudar e ao mesmo tempo universal e digital”, explica João Carlos Caribé, em entrevista por telefone à IHU On-Line.
Ao tentar compreender, exatamente, o funcionamento doBitcoin, Caribé considera que não há muitas relações entre a moeda digital e o mercado financeiro. “A única relação direta é que você tem que transferir o dinheiro para o exchanger, mas só isso, não tem nada de especial. Então o que acontece, o grande truque do Bitcoin é que se tem uma moeda que pode ser usada para qualquer coisa; tem gente que, com o Bitcoin, compra carro, apartamento, e não tem que dar satisfação nenhuma, é irrastreável, como se você fizesse uma prestação em dinheiro vivo, porque dinheiro vivo é algo irrastreável”, explica.
Para Caribé, é importante levar em conta os apontamentos de especialistas que fazem uma crítica ao capitalismo como “sistema operacional da atualidade”, pois, como qualquer outro produto, pode ser substituído. Por isso ele defende que devemos estar atentos de como o Bitcoin está sendo percebido. “Acredito que em 2014-2015 ele ganhará mais visibilidade; talvez ele venha a entrar nas pautas do Legislativo a partir da discussão sobre as criptomoedas e as suas regulamentações, ou seja, vai haver uma tentativa de querer regulamentar algo que não dá para regulamentar”, destaca.
João Carlos Caribé é publicitário, pós-graduado em Mídias Digitais e atua como consultor e ativista pelos direitos e inclusão digital. Seu blog é entropia.blog.br.
Confira a entrevista.
Foto: Facebook |
IHU On-Line - O que são os Bitcoins?
João Carlos Caribé - Os Bitcoins são criptomoedas. Quando os Bitcoins surgiram, eu achava aquilo uma brincadeira de nerds, foi o meu filho quem me apresentou. Na época ele tinha 16 anos e me disse que iria “minerar bitcoins”; eu apenas concordei. Na ocasião ele 'minerou' 170 Bitcoins, hoje ele seria um cara “riquinho”. Atualizando o valor de referência para 170 Bitcoins, que hoje vale R$ 1,5 mil cada um, daria uma grana, daria até para comprar um apartamento.
IHU On-Line – E como funciona?
João Carlos Caribé - Bitcoin é uma criptomoeda, uma moeda que funciona com base em um algoritmo de criptografia, mas se me perguntarem exatamente como funciona, não sei dizer qual a dinâmica. Entretanto, sei que um 'maluco' inventou um processo de criação de uma moeda que seria com a dinâmica da transação financeira que seja confiável, impossível de fraudar e ao mesmo tempo universal e digital. Então o que os caras fazem de 'mineração', na verdade, são máquinas que são usadas para o processamento de validação do Bitcoin. Tem que ter uma pictografia bastante arrojada, então é preciso que valide.
Quando você pega um Bitcoin, cada carteira tem um código hexadecimal gigante (a carteira existe e aquela carteira tem “x” Bitcoins), é algo bem atual. O que eu achei legal — e gosto muito dessas coisas da Internet, pois ela subverteu a ordem estabelecida —, é que permitiu eliminar os intermediários em quase todas as áreas. Hoje, com a internet, nós não precisamos de gravadora para fazer música; não precisamos de editora para publicar livros; não precisamos de mídia para se informar; e agora com o Bitcoin não precisamos de bancos para fazer transações financeiras.
Isso tem preocupado bastante establishments, não somente os bancos, porque é todo o sistema capitalista que gira em torno dos bancos. Por quê? Porque o sistema financeiro hoje tem o Banco Central, os caras têm controle, e noBitcoin ninguém tem controle de nada.
Trata-se de uma moeda caótica, uma moeda peer-to-peer, uma moeda que não tem Banco Central e nem tem como ter, porque para ela ter isso não faz sentido. Não existe só Bitcoin, há vários “coins”, como o Litcoin, por exemplo, mas o Bitcoin ainda é a mais conhecida delas.
Então você pensa o seguinte: se a pessoa comprar o Bitcoin agora, neste minuto, usando um exchanger de Bitcoins no Brasil, ela tem uma moeda Bitcoin. Eu mesmo fiz isso, comprei Bitcoins aqui no Brasil, depois transferi meusBitcoins para o MTGox, que fica no Japão.
Não se transfere dinheiro de um país para o outro com grande facilidade sem identificar de quem é o dinheiro, e nesse caso apenas identifica a transação, especifica somente que aquela carteira transferiu tantos Bitcoins de um lugar para o outro. Então se iniciam as críticas: “Bitcoin vai servir para lavar dinheiro”, “Bitcoin vai servir para evasão de divisas”. Também acho que vai servir para isso tudo, sem dúvida. Mas será que só para isso?
IHU On-Line - Não existe nenhuma relação direta entre Bitcoins e o mercado financeiro?
João Carlos Caribé - Não tem. A única relação direta é que você tem que transferir o dinheiro para o exchanger, mas só isso, não tem nada de especial. Então o que acontece, o grande truque do Bitcoin é que se tem uma moeda que pode ser usada para qualquer coisa; tem gente que, com o Bitcoin, compra carro, apartamento, e não tem que dar satisfação nenhuma, é irrastreável, é como se você fizesse uma prestação em dinheiro vivo, porque dinheiro vivo é algo irrastreável. Se você comprar um apartamento por um milhão de reais à vista e não colocar no seu nome, ninguém vai saber que aquele apartamento é seu, nem que você gastou esse dinheiro; a mesma coisa com qualquer outro bem que você adquira, e o Bitcoin permite essas coisas. O Bitcoin também não atende as regras do mercado.
Então o que está acontecendo agora com o Bitcoin é que ele está em evidência, ele vinha devagarinho e de uma hora para outra deu uma supervalorizada, triplicou em uma semana — quando eu comecei a comprar Bitcoins. Descobrimos que na China saiu uma matéria falando dos Bitcoins e que era uma alternativa interessante para poupança, daí os chineses começaram a comprar Bitcoin como se não houvesse manhã. Então o negócio disparou, é a lei da oferta e da procura. Os caras querem comprar, outros querem vender, e cada vez que você compra o mercado vai subindo.
Controle
De repente, de uma hora para outra alguém do governo chinês proíbe os Bitcoins, então a moeda despenca. Depois um senador norte-americano diz que o Bitcoin tem que ser uma moeda reconhecida, daí o Bitcoin sobe. Então oBanco Federal Americano diz que o Bitcoin tem que ser um banco central, daí o Bitcoin cai. Então eu falei: “Gente, essas notícias não estão soltas, não, é um propósito mais profundo. Eles estão (bancos, grandes países, corporações) testando o Bitcoin”. Eles querem saber como vão controlar uma moeda que é incontrolável. Então estão testando a capacidade da moeda, a possibilidade da moeda de valorizar e desvalorizar. E agora, como o MTGoxfechou, perdi uma “grana” que eu tinha ali, o dinheiro ficou preso, vou virar acionista de uma empresa que não tem dinheiro. É o que vai acontecer com quem tinha dinheiro no MTGox, e isso gerou um problema sério porque ele era o maior exchanger de Bitcoins do mundo. Fazia transações com muita gente, com o mundo todo. Então já está em descrédito, vamos dizer assim. Existe uma estratégia, uma coisa que é testada, mas também existem várias tentativas de valorizar a moeda.
A estratégia do Bill Gates — abraçar, incrementar e destruir (embrace, enhance and destroy) —, ele começou para elevar a sua tecnologia a abraçar Bitcoins. Quem faz muito isso é o Mark Zuckerberg: ele compra as empresas concorrentes dele, que podem de alguma forma ameaçar o Facebook, e acaba com elas. Eu tinha um aplicativo no celular que era excelente, permitia que se usassem todas as redes sociais em um aplicativo só, então o Facebookcomprou e o aplicativo simplesmente acabou. Tenho medo do que ele possa fazer com o Whatsapp, é muito luxo o cara gastar bilhões de dólares para acabar com o produto, mas não duvido que isso possa acontecer.
IHU On-Line - Os Bitcoins podem ser considerados uma moeda do futuro? Em que consistem as transações dessa moeda?
João Carlos Caribé - Quando eu tinha Bitcoin, me divertia muito. Ele funciona como um mercado financeiro igual a um mercado de ações. Ou seja, o comportamento de venda funciona igualzinho ao sistema de ações e você aprende a perceber quando vai ter uma baixa ou uma alta no mercado e como pode ganhar com isso. Eu, por exemplo, quase dobrei o valor que eu tinha, comprando na alta e vendendo na baixa. Muita gente faz isso e ganha bastante dinheiro. Mas a proposta do Bitcoin não é fazer investimento, é ser uma moeda alternativa mesmo, uma moeda digital.
IHU On-Line - Quais as vantagens e desvantagens dessa tecnologia para o mercado?
João Carlos Caribé - A desvantagem é que nem todos aceitam essa moeda, e hoje em dia você depende ou de um exchanger (trocador) para comprar Bitcoins ou de uma relação de confiança, porque existem muitos golpes em casos de compra e venda de Bitcoins. Na hora de transferir o dinheiro para a conta, por exemplo, a pessoa que comprou ou vendeu acaba não transferindo o dinheiro. Esse é um dos riscos.
Outro risco é o que aconteceu comigo: comprei Bitcoins no Brasil e transferi para o MTGox, mas o MTGox fechou e eu perdi meus Bitcoins. Desde fevereiro estou tentando recuperar as moedas, mas não estou conseguindo. Já posso prever meus prejuízos, mas mesmo assim valeu o aprendizado. Acho que casos como esse não vão afetar o Bitcoincomo um todo, porque a moeda, depois do MTGox, apesar de ter tido uma queda — ela estava em quase 900 dólares, passou para 600 dólares —, estabilizou. Isso significa que o Bitcoin está firme e estável. Nessa perspectiva, acho que ele vai continuar e faço votos de que vá em frente, porque talvez essa seja a moeda do futuro. Todo o sistema bancário e financeiro que temos hoje foi construído no início do século XVIII e XIX e atendia a demanda da época da Revolução Industrial.
Hoje existe um sistema bancário complexo, e se você começar a fazer contas para entendê-lo, entrará em parafuso. Por exemplo, veja quantos carros e apartamentos novos existem em Porto Alegre. Desses, a maioria ainda não é das pessoas que os compraram, mas do banco, que financia o carro ou o imóvel até a pessoa terminar de pagá-lo. Então, se você parar para fazer uma conta de quanto os bancos são donos de Porto Alegre, você ficará horrorizado.
Alguns especialistas falam de como é a vida “S.A.” e fazem uma crítica ao capitalismo, dizendo que ele é o sistema operacional da atualidade, e como qualquer computador, como qualquer sistema operacional, pode ser substituído. Por isso, é muito importante estarmos atentos ao que estão percebendo em relação ao Bitcoin. Acredito que em2014-2015 ele ganhará mais visibilidade; talvez venha a entrar nas pautas do Legislativo a partir da discussão sobre as criptomoedas e as suas regulamentações, ou seja, vai haver uma tentativa de querer regulamentar algo que não dá para regulamentar. Vai ser curioso. Nesse sentido, a internet é um espaço muito bom para a sociedade, porque inclui um espaço de rebeldia; tecnicamente, nós conseguimos fazer essas coisas devido à internet.
(Por IHU)INFORME: Independente, o Comunica Tudo é mantido por um único autor/editor, com colaborações eventuais de outros autores. Dê o seu apoio a esta iniciativa: clique nas publicidades ou contribua.
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A ditadura perdeu pero no mucho
8 de Abril de 2014, 12:26 - sem comentários aindaNão podemos jamais deixar que digam que a ditadura venceu. A ditadura perdeu. Foi derrotada, destituída, colocada de joelhos. E não perdeu por causa da conjuntura internacional. Não foram os choques do petróleo, nem as mudanças de panorama da guerra fria, nem qualquer movimento cíclico ou anticíclico da economia, que derrubou a ditadura. Ela tampouco caiu porque, desde o início, teria matado os filhos da classe média, incomodando os donos do capital. Ninguém morre de contradição e o capital não tem filhos. A ditadura poderia não ter acabado e poderia ter durado muito mais. Basta olhar nossos vizinhos.
A ditadura foi derrotada por causa da mobilização social. Foram as lutas na virada de 1970 para 80 que tornaram a ditadura politicamente insustentável. O dispositivo da crise foi apropriado e protagonizado segundo outra política: o PT, o MST, a CUT, o MNU, o movimento indigenista, participativista, sindicalista de novo tipo, movimentos estudantil, das mulheres e pela reforma urbana. Éder Sader, em seu Quando novos personagens entram em cena; experiências, falas e lutas dos trabalhadores da Grande São Paulo (1970-1980), é testemunha desse tempo de transformações na composição política das lutas no Brasil.
A derrota da ditadura foi também o naufrágio do nacional-desenvolvimentismo. O 2º PND, governado por E. Geisel, tinha reestruturado as bases da industrialização do país partir de um estado planificador e centralizado. E conseguiu, ao término, dominar o inteiro ciclo do aço, da mineração à siderurgia, passando pela matriz energética. Contudo, ao contrário do que alguns dizem, o mais bem sucedido programa industrial do capitalismo de estado brasileiro não fracassou por causa do endividamento externo. Isso seria uma falsa explicação dentro de um regime capitalista. Neste, a dívida mede a confiança na capacidade de mobilizar o trabalho futuro e extrair fluxos de valor. Estar com débitos, em si mesmo, nada significa.
A ditadura faliu não porque tenha se endividado demais, o que nada quer dizer. Mas porque, com um pacto social desigual e autoritário, não conseguiu regular o trabalho na base do sistema produtivo. Falhou, assim, em responder às expectativas implacáveis do capital, que apostava num desenvolvimento além da métrica desenvolvimentista. A ditadura não conseguiu organizar o trabalho vivo. Não podia mesmo reorganizá-lo com base na lógica estatal e planificadora. Por isso, passou completamente ao largo das mutações que já relegavam o aço a segundo plano, diante da terceira revolução industrial e do ciclo do silício.
Nesse sentido, novamente, a ditadura foi derrotada. Ela não só faliu, comofoi falida, diante de uma mobilização produtiva, em nível global, que solapava a própria lógica de valorização adotada pelo nacional-desenvolvimentismo, atrasado em tudo. A intensa mobilização social, o sindicalismo de tipo novo e a uma forte crítica à cultura estatista — na figura do socialismo real ou da raiz pecebista do marxismo brasileiro, — tudo isso convergiu para inaugurar no Brasil outro modelo abrangente de sociedade. O que o filósofo Marcos Nobre, em Imobilismo em movimento, chama de social-desenvolvimentismo, que vai culminar nas conquistas de direitos sociais dos últimos 15 anos. Os marcos desta opção político-econômica estavam presentes, em estado embrionário, na franja de inovação democrática dos movimentos da virada dos 1970 para os 80. A derrota qualitativa da ditadura, igualmente, pode ser explicada pela formulação coletiva doutra forma de mobilização e regulação do trabalho, além das insuficiências do nacional-desenvolvimentismo.
A derrota da ditadura forçou os donos do capital a continuar a dominação de classe noutros termos. Foi preciso frear as energias de transformação, amortecer o levante do trabalho, reestruturar os mecanismos de controle. É aí que nasce a “democracia racionada” (Lincoln Secco) ou a “república pemedebista” (Marcos Nobre): uma estrutura de classe que passa a exercer a violência mediada pela democracia formal, seu modelo jurídico-normativo, seu sistema político obcecadamente avesso ao dissenso, pronto para declarar tabu sobre qualquer questão estrutural — reforma agrária, reforma urbana, racismo, aborto, drogas, tributação.
Não é que, com a redemocratização pós-1985, vivamos uma aparência de democracia encobrindo a perseverança da ditadura. Mas, sim, que continuamos a viver a própria ditadura, agora entranhada na democracia representativa, uma ditadura molecularizada, convertida em princípio interno de reprodução das relações sociais desiguais, nos mais diferentes níveis (renda, origem, racial, gênero, sexualidade), por dentro da democracia representativa.
A ditadura perdeu, sim, isto é preciso dizer sempre. Mas no instante seguinte de sua derrota, passou a labutar para que a vitória das lutas se convertesse em vitória de Pirro. A maior artimanha da ditadura hoje é convencer-nos de seu próprio passado, enquanto continua a gerar efeitos no presente sem que possamos sequer nomeá-la. A maior artimanha da ditadura é colocar-se como o outro de nossa democracia limitada, até o ponto de ser invocada para sustentar os regimes de verdade de quem era e nunca deixou de ser a própria ditadura.
A Rede Globo, por exemplo, para quem liberdade de expressão é continuar veiculando a verdade da ditadura, que é a verdade do inquérito, a verdade arrancada de corpos baleados, eletrocutados, lacerados e sumidos — dos subversivos de outrora, dos Amarildos, Cláudias e Douglas de hoje. Liberdade de imprensa, na boca da Globo, é o mesmo que liberdade de torturar, matar e sumir com os corpos. A tortura é repetida diariamente nos jornais e telejornais, na fórmula ultracondensada dos fatos e notícias.
A memória viva da ditadura continua em disputa. De um lado, a verdade do poder, que é a guerra como violência organizada de classe contra pobres, negros, mulheres, manifestantes. De outro lado, a verdade gerada pela luta, o poder de constituir seu próprio destino apesar da estrutura desigual da sociedade brasileira. Tudo continua em disputa e a Comissão da Verdade não está mexendo num vespeiro por acaso.
Hoje, 50 anos depois do golpe, é preciso continuar afirmando as vitórias da mobilização social, mesmo diante de tantas derrotas anunciadas no noticiário. A luta não pode ser melancólica. Não temos o direito de apagar as histórias de alegria, criação e vida de luta dos que nos precederam. A vergonha diante das vítimas — diante delas e não por elas, quem tem de se envergonhar por elas é a própria ditadura, seus torturadores, chefetes, apoiadores e meninos de recado — nos impõe uma ética pertinaz e dissensual, um imediato agir político contra todas as formas pemedebistas e figuras da pacificação.
A mobilização social e produtiva continua atenta e forte, como se pode ver nos rolezinhos, no levante de 2013, nas muitas culturas afirmativas de resistência que se espraiam pelas cidades. A ditadura hoje se vê constrangida a conviver com os primeiros brotos do social-desenvolvimentismo. Não pode sair do armário com tanto despudor e desenvoltura, como em 1964. Precisa invocar a pacificação, precisa amalgamar-se com modelos de inclusão social, com o lulismo e com o PT, que com ela se relaciona cada vez mais organicamente, em nome da estratégia.
Mas as soluções arbitrais que definem o pacto classista hoje estão sob contestação em múltiplos frontes, tirando a tranquilidade de gabinetes e palacetes. A ditadura está novamente ameaçada. Está com medo, e com medo perde as estribeiras revelando-se em suas ramificações empresariais, financeiras, televisivas, jornalísticas, acadêmicas. Então é isso, a tarefa se repõe. Temos de derrotá-la de novo. Quantas vezes for preciso, vamos derrotá-la.
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(Por Bruno Cava, graduado e mestre em direito pela UERJ, escreve no quadradodosloucos.com.br e outros sites, autor de A multidão foi ao deserto)
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Artigo original do Comunica Tudo por M.A.D..