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Blog Comunica Tudo

3 de Abril de 2011, 21:00 , por Desconhecido - | No one following this article yet.
Este blog foi criado em 2008 como um espaço livre de exercício de comunicação, pensamento, filosofia, música, poesia e assim por diante. A interação atingida entre o autor e os leitores fez o trabalho prosseguir. Leia mais: http://comunicatudo.blogspot.com/p/sobre.html#ixzz1w7LB16NG Under Creative Commons License: Attribution Non-Commercial No Derivatives

Blindagem tucana só foi vencida pela Siemens

12 de Agosto de 2013, 19:04, por Desconhecido - 0sem comentários ainda


Blindagem tucana era tão bem sucedida que só foi vencida por uma multinacional alemã, que tomou a decisão de pedir um acordo de leniência junto às autoridades brasileiras, confessando duas décadas de práticas condenáveis, apresentando nomes, cargos e endereços


Ainda é cedo para procurar equivalências entre o esquema financeiro que deu origem ao mensalão petista e o esquema que está por trás dos negócios sombrios que envolvem duas décadas de gestão tucana em São Paulo.

O que já se pode assegurar é que em matéria de autoproteção o esquema tucano mostrou-se muito mais eficiente.

A blindagem tucana era tão bem sucedida que só foi vencida por uma multinacional alemã, a Siemens, que tomou a decisão de pedir um acordo de leniência junto às autoridades brasileiras, confessando duas décadas de práticas condenáveis, apresentando nomes, cargos e endereços.

Foi essa iniciativa, que envolve uma das maiores empresas do mundo, que mudou a história.

As primeiras denuncias sobre o propinoduto tucano remetem a 1998 e, como se vê, jamais foram apuradas nem investigadas como se deveria. Adormeceram em inquéritos que não esclareceram todas as provas e indícios. A imprensa nunca mostrou o mesmo apetite para explicar o que acontecia.

Se há algo realmente novo a ser apurado hoje consiste em perguntar por que havia tantos indícios e pouco se investigou, ao contrário do que se fez no mensalão petista.

Num país que hoje debate até erros e possíveis abusos ocorridos no julgamento do mensalão, que traiam a vontade de punir os acusados de qualquer maneira, ninguém irá acusar o procurador Antônio Carlos Fernandes, nem seu sucessor Roberto Gurgel nem o relator Joaquim Barbosa de fazer corpo mole, certo?

A recíproca não é verdadeira.

Mesmo reportagens pioneiras sobre o propinoduto, como a de Gilberto Nascimento, que em 2009 mostrou tanta coisa que hoje deixa tanta gente boquiaberta em relação ao PSDB paulista, não causaram ruído nem preocupação. Neste período, denuncias parciais sobre o caso entravam e saíam dos jornais, de forma esporádica e superficial.

A situação se modificou quando ISTOÉ permaneceu duas semanas consecutivas nas bancas, com duas capas dedicadas ao assunto. As reportagens de Alan Rodrigues, Pedro Marcondes de Moura e Sergio Pardellas trouxeram revelações importantíssimas e consolidadas sobre as entranhas do cartel de empresas que administrava o esquema.

ISTOÉ faz muito bem em lembrar, na edição que acaba de chega às bancas, a existência de dezenas de inquéritos e investigações iniciadas e encerradas sem maiores consequências. A revista mostra que ninguém pode alegar que não sabia de nada.

O dado político é simples. Se o mensalão petista tivesse sido apurado e investigado no mesmo ritmo do propinoduto tucano, que levou quinze anos para ganhar a estatura atual, apenas em 2020 teríamos uma CPI para ouvir as denúncias de Roberto Jefferson. Em vez de ser retirado à força da Casa Civil, José Dirceu quem sabe tivesse sido promovido a candidato presidencial, em 2010, e em 2013, como sonhavam tantos petistas, pudesse estar sentado na cadeira de Dilma Rousseff. Ou talvez Lula tivesse escolhido Antonio Palocci como sucessor.

Em qualquer caso, a palavra mensalão ainda não faria parte do vocabulário dos brasileiros. Joaquim Barbosa até poderia ter virado ministro do Supremo – afinal, desde a posse Lula queria colocar um ministro negro no STF – mas dificilmente teria acumulado tanta popularidade em função de um julgamento que talvez só fosse ocorrer, quem sabe, em 2027.

Seguindo nessa pequena ficção científica, também seria curioso perguntar quais, entre os líderes do PSDB, quais teriam sido levados ao banco dos réus.

Teriam direito a um julgamento isento ou teríamos aplicado a teoria do domínio do fato? Ou, a exemplo do mensalão PSDB-MG, teriam sido todos levados a um tribunal de primeira instância? Os juízes se divertiriam fazendo piadinhas sobre os tucanos e seus discursos éticos?

Basta colocar rostos e nomes nos dois escândalos para compreender que nunca teriam o mesmo desfecho, certo?

Até agora, nem a Assembléia Legislativa nem o Congresso conseguiram assinaturas para abrir uma CPI. É um recorde, quando se lembra que, entre 2005 e 2006, funcionavam três CPIs para tratar do mensalão.

O governador Geraldo Alckmin decidiu montar uma comissão para acompanhar as investigações. Imagine se Lula tivesse feito a mesma coisa, em 2005. No mínimo teria sido acusado de usar o “aparelho petista” para influenciar os trabalhos do Congresso e da Justiça, certo?

A semelhança entre os escândalos não se encontra nos personagens, nem em seus compromissos políticos.

A semelhança reside no caráter do Estado brasileiro, na sua fraqueza para se proteger de interesses privados que procuram alugar e controlar o poder político.

É um drama que está na origem do mensalão petista e ajuda a entender a prolongada e impune existência do propinoduto tucano.

Depois de ensinar que a história ocorre uma vez como tragédia e uma segunda, como farsa, Karl Marx nos lembrou que os homens não atuam sob condições ideais, que aprendem nos livros de boas maneiras nem nos cursos de civismo, mas atuam sob condições dadas, que herdaram de seus antepassados.

O discurso moralista gosta de atribuir a corrupção à falta de escrúpulos de nossos políticos, o que é uma visão ingênua e perigosa.

Não há dúvida de que pessoas inescrupulosas podem enriquecer com o dinheiro dos esquemas políticos. (Também há pessoas inescrupulosas que enriquecem na iniciativa privada, na próxima esquina, no primeiro botequim e até em aniversário de criança, vamos combinar).

Mas o dinheiro dos partidos, que circulou nos dois casos, é fruto da natureza distorcida e abrutalhada de nosso regime político, onde a democracia foi acompanhada por uma libertinagem de alta tolerância nas regras financeiras, sob medida para que o Estado pudesse ser capturado e alugado pelas potencias privadas.

Numa sociologia rápida, pode-se dizer que, com o fim da ditadura militar, a turma do alto da pirâmide passou a utilizar o sistema privado de financiamento de campanha como um contrapeso para enfrentar demandas populares.

Num regime democrático, a questão social não pode ser um caso de cadeira de dragão no DOI-CODI, não é mesmo? Tenta-se, então, amaciar o pessoal de cima.

É por isso, e não por outra coisa, que sempre se tratou com palavras de horror fingido todo esforço para regulamentar verbas de campanha e mesmo para impedir que eleitores de R$ 1 bilhão de votos pudessem se impor sobre um regime que, no papel, prevê a regra de que l homem = 1 voto.

Neste aspecto, as confissões dos executivos da Siemens contém ensinamentos úteis a todos.

Um dos mais preciosos é o diário de um gerente, que detalha as negociações para a construção da linha 5 do metrô paulista. Fica claro, ali, que as empresas privadas são senhoras da situação. Negociam acordos, partilham obras, serviços e, é claro, verbas. Interessado no metrô, uma obra mais do que necessária, tanto para a população como para seus planos políticos, o governo – o titular, na época, era Mário Covas – está reduzido a impotência absoluta.

Não tem força política para impor aquilo que a lei manda, que é a concorrência impessoal e absoluta entre as partes. Não lhe passa pela cabeça denunciar suas práticas à Justiça.

Em tempos de privatização acelerada, novidade que o PSDB ajudava a trazer ao país na época, junto com controles de gastos que proibiam qualquer gasto maior, não se cogita a possibilidade de entregar um investimento tão grandioso ao Estado.

Nessa situação o governo é forçado a ceder ao cartel de falsos concorrentes e adversários de araque, sob o risco de enfrentar ações judiciais, protestos e investigações que irão paralisar os investimentos.

É assim que o governador, chamado de “cliente” no diário, manda dizer que quer que “eles se entendam”. O “cliente” também avisa que após o acordo entre os concorrentes, irá recusar reclamações e queixas futuras.

Num artigo sobre o caso, a colunista Maria Cristina Fernandes, do Valor, recorda que, com o passar dos anos, os governos petistas também fizeram a mesma coisa, instalando no ministério dos Transportes – armazém de gastos de vulto — partidos com “notória especialização nos contratos da política.”

Essa situação cinzenta tem uma finalidade. Quer-se impedir o surgimento de novos entraves a investimentos necessários ao país.

Bobagem querer enxergar o que se passa nos bastidores com olhares simplórios do simples moralismo.

O país necessita de investimentos para criar empregos e se desenvolver. As obras de infraestrutura, como metrô, se destinam a superar uma omissão histórica. A questão é política e envolve a definição de regras que permitam a democracia brasileira recuperar sua soberania, mantendo o dinheiro dos interesses privados longe da política e dos políticos. Seu lugar é a economia e não o Estado.

Nós sabemos que a necessidade de uma reforma política é apoiada por 85% dos brasileiros. Ela pode proibir o uso de dinheiro privado no financiamento político, cortando o laço material que se encontra na origem de tudo. Um escândalo desse tamanho pode ser de grande utilidade neste debate.

Quem dizia que o debate sobre reforma eleitoral era desculpa do adversário tem a oportunidade de assumir uma postura honesta e encarar a discussão. Não se trata de uma guerra de propineiros x mensaleiros mas de um esforço para emancipar a democracia de outros interesses além da soberania popular.

Artigo original do Comunica Tudo por M.A.D..



Anistia Internacional cobra desfecho do caso Amarildo

11 de Agosto de 2013, 21:56, por Desconhecido - 0sem comentários ainda



Rio de Janeiro - A Anistia Internacional promove na manhã de hoje (11), na comunidade da Rocinha, um ato de solidariedade à família do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, cujo desaparecimento vai completar um mês, no próximo dia 14. Amarildo desapareceu no dia 14 de julho, quando foi levado por policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha, e nunca mais foi visto.

A assessora de Direitos Humanos da Anistia Internacional, Renata Neder, disse à Agência Brasilque ações e atividades de mobilização são feitas normalmente pela organização não governamental. As ações de solidariedade são promovidas em apoio a famílias ou pessoas que são vítimas de violência, estão em situação de risco ou têm seus direitos violados. Na segunda-feira passada (5), a Anistia lançou um apelo para que todos os seus membros, no mundo inteiro, escrevam cartas fazendo uma demanda. “Nesse caso, a gente lançou uma ação urgente, pedindo investigação sobre o paradeiro do Amarildo”.

Renata informou que a decisão de fazer o ato de solidariedade hoje (11), quando se comemora o Dia dos Pais, objetiva “brincar que, neste domingo, seremos todos filhos e filhas do Amarildo, esperando ele voltar para casa. É um ato de solidariedade com a família, mas também reforçando esse pedido de investigação do caso”.

A assessora destacou a importância de se começar a discutir, também, outros fatos que permanecem sem resposta até hoje. Um deles é que, se Amarildo foi detido para averiguação por ser parecido com algum traficante para o qual havia um mandado de prisão, por que ele foi levado para a UPP e não para uma delegacia de polícia, como seria o correto, indagou Renata Neder. “Foi um procedimento que não é o correto”.

É preciso indagar também as autoridades, segundo ela, para saber por que o aparato de segurança instalado em área de UPP “e, inclusive, na Rocinha”, não funcionou naquele dia. “As câmeras que vigiariam a entrada e a saída da sede da UPP na Rocinha não estavam funcionando e, portanto, é impossível ver a imagem do Amarildo saindo pela porta, como os policiais dizem que aconteceu”.

Outra pergunta se refere ao equipamento de GPS (Sistema de Posicionamento Global, por satélites) dos carros da polícia que, segundo informações, estavam também desligados no dia do desaparecimento do ajudante de pedreiro. “Afinal de contas, todos esses instrumentos, as câmeras, por exemplo, não podem servir somente para vigiar a população da Rocinha. Têm que ser para garantir segurança e, inclusive, garantir transparência à ação da própria polícia. Afinal, a polícia está ali agindo em nome do estado e deve existir total transparência em relação ao que a polícia está fazendo”, disse.

Outra coisa que preocupa a Anistia Internacional é a tentativa de se criminalizar de alguma forma a família do Amarildo, disse a assessora de Direitos Humanos da organização. Segundo ela, o relatório apresentado pelo ex-delegado adjunto da 15ª Delegacia Policial (DP) da Gávea, na zona sul da cidade, Ruchester Marreiros, aponta envolvimento do pedreiro Amarildo de Souza e da mulher dele com o tráfico de drogas da comunidade. O delegado titular da 15ª DP, Orlando Zaccone, contesta essa avaliação. Zaccone assegura que o material colhido durante as investigações não garantem o indiciamento da mulher e de Amarildo nem comprovam o envolvimento deles com o tráfico. Marreiros foi transferido para a Delegacia de Repressão a Crimes de Informática.

“Esse relatório insinuando o envolvimento da família de Amarildo com o tráfico é muito grave por dois motivos. Nem que a família de Amarildo tivesse envolvimento com o tráfico, não seria justificável que ele sumisse. A gente vive em um Estado Democrático de Direito e existe um devido processo legal de investigação, de indiciamento, julgamento e aplicação das penas cabíveis”. O segundo ponto, disse Renata, é que essas acusações “não procedem”. Ela acredita que as insinuações feitas parecem ser “uma tentativa de criminalizar a vítima para desviar o foco do que deveria ser de fato a investigação sobre o paradeiro do ajudante de pedreiro”. O Estado tem que dar um desfecho para esse caso, ser capaz de investigar e dizer o que ocorreu e punir os responsáveis pelo desaparecimento do Amarildo, declarou Renata.
(Por EBC)
Artigo original do Comunica Tudo por M.A.D..



TV Cultura e a instrumentalização político-partidária do jornalismo

11 de Agosto de 2013, 20:35, por Desconhecido - 0sem comentários ainda


A instrumentalização político-partidária do jornalismo da TV Cultura é apenas a superfície mais notável de um sucateamento progressivo que há anos atinge toda a programação do veículo. E não existe melhor evidência da contaminação ideológica da emissora pelo governo estadual demotucano do que os rumos tomados recentemente pelo programa Roda Viva.

Além das bancadas quase exclusivamente compostas por funcionários da mídia corporativa e por outros personagens do conservadorismo nacional, os mediadores são escolhidos através de critérios “misteriosos”, que não coadunam com o âmbito da excelência. Pois, dentre tantos jornalistas qualificados no país, é possível acreditar que a volta de Augusto Nunes se deve à sua competência profissional?

Basta ouvir as bobagens do cidadão para compreender o tamanho do retrocesso que ele representará na louvável história do Roda Viva. O episódio deveria provocar um escândalo na categoria, uma rápida mobilização dos conselheiros da Fundação Padre Anchieta e até alguma iniciativa judicial.

Mas ninguém nos bastidores da política ou da imprensa paulista vai se debruçar agora sobre o assunto. Como sabemos, as últimas coisas que interessam ao PSDB nesses tempos ruidosos são a independência editorial e a ética jornalística.

Artigo original do Comunica Tudo por M.A.D..



Por que as versões alternativas da chacina da família de PMs não se sustentam

9 de Agosto de 2013, 20:01, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

As teorias conspiratórias em torno do caso são fruto da nossa necessidade de explicar o extraordinário

As pessoas que estão colocando em dúvida a versão oficial de que não teria sido o garoto Marcelo o autor dos disparos que mataram seus pais, Luís Marcelo Pesseghini e Andréia Regina Bovo Pesseghini, e mais dois parentes, têm divulgado versões ainda mais lacunosas, típicas de teorias conspiratórias.

Em matéria de crime, estamos sempre esperando a hipótese ordinária e fechamos os olhos para o extraordinário. No âmbito do processo penal, isso pode levar a erros graves, simplesmente porque não se cogita uma situação extravagante.

Após tantos casos recentes de homicídios contra policiais executados pelo PCC, se uma família de PMs é dizimada em sua casa, é natural que todos imaginem o ordinário, que as vítimas foram mortas a mando da facção criminosa. Quando as investigações indicam que provavelmente tenha sido uma criança de 13 anos, que matou sua família e suicidou-se, nossas expectativas são frustradas. Talvez fantasiemos um fato como esse e apenas esperamos que as investigações confirmem essas fantasias.

As críticas feitas à versão oficial não são insuperáveis. As objeções sobre a capacidade para atirar e dirigir foram superadas pelos depoimentos de que o garoto atirava com o pai e diariamente retirava o veículo da garagem, pois já sabia dirigir.

Os comentários de familiares de que o garoto seria incapaz de cometer essa atrocidade é mais do que óbvio, pois jamais se suspeita de algo assim, sobretudo se a pessoa suspeita é amada. É estarrecedor, mas uma criança de 13 anos é capaz de um ato tresloucado desses, de matar seus pais e cometer suicídio.

Além disso, quais seriam as outras hipóteses? Inicialmente, falou-se em agentes do PCC. No entanto, sabemos todos que os membros da facção são toscos, normalmente matam com muitos tiros, de modo mais violento que estratégico. Basta lembrar das execuções cometidas em 2006 e no ano passado, todas truculentas e nas ruas. Nunca houve um crime com essas características.

Cogita-se também que poderia ser um membro da própria polícia, insatisfeito com um dos colegas. Mas, convenhamos, também não se conhece que a polícia militar tenha treinamento para esse tipo de execução. Que existe na polícia militar gente capaz de matar é indiscutível e tenho criticado muito isso em vários artigos. Contudo, tais execuções são feitas também com truculência, simulando troca de tiros, e não há registros de casos semelhantes no Brasil.

A versão de que a mulher teria denunciado policiais não ficou claro. A primeira versão do Cel. Wagner Dimas foi muito vaga, pois não teria propriamente delatado, mas no “contexto que nós estávamos levantando, ela confirmou alguns detalhes”. Ou seja, ele não afirmou precisamente que ela tivesse delatado. Depois, a PM divulgou nota afirmando que não há qualquer procedimento na Corregedoria que tenha Andréia Pesseghini como testemunha.

Afirma-se que há lacunas na versão oficial. No entanto, como seria possível que alguém entrasse na casa sem arrombar, sem deixar vestígios, não fosse ouvido por ninguém, pegasse a arma da mulher, e desse um tiro em cada vítima? E como o menino teria ido à escola depois da morte do casal e regressado para ser morto? Alguém teria esperado o garoto? Ele sabia da morte?

De qualquer modo, o que parece certo é que, se não foi o menino, foi alguém com acesso à residência. Claro que pode haver uma reviravolta no caso. Mas até o presente momento, todas as versões alternativas tem o figurino de teorias conspiratórias e possuem muito mais perguntas que a versão oficial.

Artigo original do Comunica Tudo por M.A.D..



O velho papo do 'fim do jornalismo'

9 de Agosto de 2013, 19:18, por Desconhecido - 0sem comentários ainda



Ultimamente tenho visto alguns interlocutores das “novas redes abertas” decretando o “fim do jornalismo” e o fortalecimento de “novas narrativas”, que teriam decretado o fim da mídia tal como a conhecemos.

Como muitos sabem, eu sou um dos maiores entusiastas das tecnologias de informação e comunicação abertas e horizontais — mas vamos tentar entender melhor isso.

O jornalismo é uma técnica de organização da informação que tem, no barato, na forma que o conhecemos, uns 300 anos. Sempre se renovando.

Para quem não lembra, o jornalismo é hoje uma das formas mais efetivas que conhecemos de receber informações precisas e relevantes: política, economia, cultura, sociedade em geral. Tente parar de consumir mídia, por um tempo, para entender melhor (não vale “Eu leio Internet”, onde grande parte das informações passaram pelo crivo de um produtor de informação).

Por ser a forma predominante, está também no centro do poder e é, portanto, uma narrativa disputada diariamente por quem deseja ter poder, dinheiro etc. Parte da imprensa comercial, por exemplo, fala sobre qualquer coisa, exceto sobre interesses contrários aos 6 ou 7 maiores anunciantes daquele meio, ou contra algum político que mantenha este mesmo meio politicamente.

No entanto, que eu saiba, o jornalismo — principalmente o tradicional, o comunitário, o alternativo e o independente — ainda é a nossa grande referência.

Por exemplo: quem cobra do poder público e privado denúncias de corrupção é quem trabalha sistematicamente com esse tema. Eu só fico sabendo dessas informações porque há profissionais chatos o suficientes para ficar na cola de políticos e empresários corruptos e nos informar sobre os desvios. Tenho amigos assim em todos os tipos de jornalismo, incluindo — pasmem — na mídia comercial. E não são poucos não.

Outro exemplo: Onde está o Amarildo e quem o matou? No barato, 80% da checagem sobre o caso vem de fontes tradicionais do jornalismo — vem de jornalistas profissionais e cidadãos-comunicadores! Porque são eles, no final das contas, que sistematicamente trabalham com a informação. Repórteres especiais, blogueiros, ativistas etc. E eles sempre fizeram isso, historicamente. Basta estudar a História da mídia (ou das mídias, ou da comunicação etc).

As novas narrativas são narrativas — dão evidências, inovam, são ótimas, porém não substituem o jornalismo.

Quantos meios de comunicação estão efetivamente na linha de frente das informações no campo da comunicação popular, por exemplo? Eu conheço de cabeça quatro: Brasil de Fato, Vírus Planetário, Jornal A Nova Democracia e Núcleo Piratininga NPC. Estes meios possuem profissionais e cidadãos que trabalham com informação e fazem disso sua vida.

Tem mais, claro. São dezenas de meios que, a seu modo, contribuem com etapas do processo de jornalismo. Mas é preciso deixar claro algo, mesmo que seja muito duro para muitos que não são da área: jornalismo é caro. Custa dinheiro. Tem que ter profissional/cidadão dedicado, estrutura pra trabalhar, equipamento, tempo para checar fontes e informações. Não é tanto assim, mas custa. Hoje em dia um empresário de um site de vendas pode comprar um jornal da grande mídia, por exemplo. A crise tá foda, mas ainda assim tem gente e estrutura aí.

É no mínimo curioso ver pessoas extremamente bem pagas, com seus contracheques garantidos pela estrutura de uma empresa ou do Estado, defender a precariedade de um setor que já sufoca em uma profunda crise, com dezenas de jornais sendo fechados anualmente em todo o mundo. Por que? Socialismo no dos outros é refresco, não é mesmo? A disputa política e social, no entanto, ocorre num ambiente que existe, a vida real, onde as pessoas têm que morar e criar filhos.

O fim do jornalismo — que eu não vejo como “constatação”, e sim como desejo mesmo — será o fim de toda uma organização social que busca promover maior transparência pública e, portanto, contribuir para a democracia. É por isso que os povos lutaram — e em parte conseguiram — por liberdade de expressão.

Uma organização como o Wikileaks só pôde sobreviver por tanto tempo porque existem países como a Suécia ou a Islândia, onde os servidores livres são intocáveis, conforme rezam as respectivas Constituições locais. A legislação sobre o tema tem mais de 200 anos na Suécia, por exemplo.

As novas narrativas em nada anulam o passado. É uma forma convivendo com a outra, como nos ensina a História.

Decretar o “Fim da História” a partir de uma ideologia liberal não é — espero eu — o desejo daqueles que, nas ruas, pedem por uma mídia mais democrática e cidadã. Esta fórmula já foi testada, e deu merda.

Dito isto, as novas narrativas estão aí para nos ensinar que um outro jornalismo pode ser possível, é desejável e em grande parte já está acontecendo. Jornalista que não vê isso tende a perder o bonde da História. De outro lado, novas narrativas sempre existiram e não representam necessariamente o novo (ou seja, o meio NÃO é a mensagem). O telégrafo, o rádio, a TV ou o email, por exemplo, não promoveram nenhuma revolução por si só, porém certamente tiveram influência nos processos sociais — tanto nos “conservadores” quanto nos “progressistas”.

Sem um olhar atento para o legado que as tecnologias nos deixou — incluindo as tecnologias sociais –, estamos fadados a repetidamente cometer novos velhos erros.

Artigo original do Comunica Tudo por M.A.D..