Livros: o longo caminho da criação, impressão, publicação até um Audiobook
2 de Março de 2021, 8:31
Viver de literatura no Brasil não é fácil, mas não é impossível. Desde a criação de um livro, passando pela publicação digital ou impressa, até chegar em uma plataforma que vem ganhando espaço, o AudioBook, é um longo caminho.Aliás, um livro em áudio é acessível para deficientes visuais e para quem gosta de aproveitar o tempo no trânsito, por exemplo.
Para dar um exemplo de percurso, compartilho uma de minhas experiências. Escrevo este texto em 2021, mas a história começou em 2006, quando morava no Rio de Janeiro. Lembro-me até hoje: estava aguardando a esposa voltar na praia de Botafogo e com um caderno em mãos, comecei a manuscrever o que se tornaria o livro "Aos Pés do Redentor".
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Marcelo D'Amico: autor de "Aos Pés do Redentor" |
Semanas se passaram até eu criar a história de Jorge, o personagem que marcou um encontro com o pai desaparecido aos pés do Cristo Redentor. Com o livro escrito, chegava a hora de digitar o conteúdo. E soava aquela pergunta: o que fazer com isso? Primeiro publiquei em formato digital, um eBook gratuito. Houve pequena repercussão, mas eu queria mais: desejava tocar e cheirar meu livro impresso. Leio livros digitais, mas amo os impressos.
Busquei inúmeras editoras e, naquela época, não fiquei animado. O livro impresso ficaria guardado por alguns anos, quando as editoras on-demand ficaram mais populares e acessíveis. Então fiz testes de impressão e, sinceramente, algumas me decepcionaram. Mas encontrei uma que se adequava e tinha bastante qualidade. O problema era a venda: só se fazia através do site da editora e isso pode afastar um pouco o público.
Continuei buscando opções até que recebo a notícia de que a editora onde meu livro estava sendo vendido fechou esquema de Market Place com 5 dos maiores sites de vendas do país: Amazon, ShopTime, Americanas, Submarino e Magazine Luiza. Estava feliz porque meu pequeno livro havia alcançado maior espaço e possibilidades. Mas ainda faltava algo.
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Versão impressa do livro à venda |
No final de 2020, durante a pandemia mundial da Covid-19, meu amigo e diretor de teatro, Gerê Canova, faz contato comigo. Após longo tempo de conversa eis que surge a ideia de transformar "Aos Pés do Redentor" em um AudioBook, afinal ele tem uma produtora que já lançou mais de 50 títulos, a Imagina Som. Amei a ideia e pensei: que imenso trabalho isso deve dar, mas fiquei muito animado.
Tempos depois recebo a primeira prova do livro todo narrado e ambientado em formato de áudio. Que experiência incrível ouvir na voz de outra pessoa aquela história escrita cerca de 15 anos atrás. E agora, minha felicidade e motivação para escrever este texto, é meu livro atingir um público ainda maior, desta vez, em áudio.
Felizmente ou infelizmente, a carreira de músico/compositor e outros afazeres profissionais têm me tomado muito tempo, o que me impede por hora de escrever novos livros. Mas o que mais desejo realmente dizer a você, autor, escritor ou artista em geral é: nunca desista de seus sonhos. Os primeiros passos costumam ser difíceis e talvez os próximos também, mas uma caminhada se faz assim mesmo, um passo após o outro. Siga adiante e transforme seus sonhos em realidade e compartilhe comigo suas conquistas. Ficarei muito feliz!
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O livro disponível em AudioBook pela Ubook |
Aos Pés do Redentor - https://www.ubook.com/audiobook/1101117
Ubook - plataforma com mais de seis milhões de usuários onde você encontra livros em todos os formatos: para ler ou ouvir. São milhares de audiolivros, e-books, podcasts, revistas e jornais em áudio. O serviço é pago através de assinatura mensal.
Marcelo D'Amico é músico, compositor, multi-instrumentista, produtor musical e jornalista. Lança suas músicas em 45 plataformas de streaming em mais de 200 países. Para ouvir, acesse: mad.marcelodamico.com
Imagina Som - produtora de AudioBook, histórias narradas e mais. Produção e direção de Gerê Canova. E-mail: imaginasomm@gmail.com WhatsApp: (19) 992351210
AI-5 para leigos: saudosistas incendiários do terror alheio
23 de Fevereiro de 2021, 9:19
Eu ficarei debruçado e quieto sobre as bravatas oriundas da "boca de chorume" do Deputado Federal, Daniel Silveira. Este texto irá apenas destacar a referência ao Ato institucional n. 5, de 13 de dezembro de 1968, mais conhecido também pela sigla AI-5.
Militares radicais sagazes pelo poder e o senso de uma falsa segurança nacional. O AI-5 foi o balde de água fria para quem restava alguma esperança da volta da democracia após cinco anos do golpe de 1964. A lei que vigorou no país por uma década, deliberava e centralizava todo o poder nas mãos de uma pessoa: o presidente da república. O presidente tinha o poder absoluto da situação e nada escapava dele, "O Grande Irmão", o Estado patrulhado entrava mais uma vez em ação.
Estudiosos historiadores do tema não divergem sobre a lei. Há outro debate que se pode ou não afirmar que o AI-5 foi ou não o golpe do golpe. Não vejo essa interpretação por aí. O regime militar endureceu as leis que davam legitimidade ao golpe de 64. Citar um exemplo: o pós golpe, havia quem saía as ruas para se manifestar, mesmo apanhando depois da polícia. Com a lei em vigor em final do ano de 68, os direitos às manifestações foram proibidos. Isto era um exemplo.
A norma resultou no fechamento do congresso nacional e das assembleias estaduais e municipais. Estados e municípios perderam suas autonomias. Os governadores e prefeitos da época eram chamados de "biônicos", escolhidos e moldados pelo governo central. Havia o que ficou conhecido como censura prévia. Artigos de jornais, composições, peças teatrais, filmes, entretenimento em geral, tinham que passar pelo crivo da censura. O Brasil posicionou-se de vez ao Estado de terror.
Meios de comunicações, o entretenimento, os livros ou qualquer outra manifestação cultural seria liberada após o visto da censura prévia ou liberada com inúmeras restrições que mutilavam as obras. Vivíamos o terror.
Qualquer motivo era 'justificável' para ser preso e não havia mandado de prisão, o arbítrio tinha perdido sentindo. O Habeas Corpus....... nem pensar. Com o AI5, o cidadão comum, se dependesse do regime, se tornaria terrorista.
Observo o romantismo que há sobre o tema de pessoas inocentes, sendo manipuladas por formadores de opinião, afirmar que o país vivia numa perfeita harmonia. Quem de fato conhece o que foi o AI5 e bate palma, no mínimo é sadomasoquista.
Gostaria de saber desses sadomasoquistas se gostariam de sentir introduzido na área anal ratos ou bichos peçonhentos? Ou levar choques elétricos na parte escrotal próximo ao pênis? Uma mulher violentada seria normal?
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Foi durante o governo de Artur Costa e Silva (1967-69) que o Ato Institucional nº 5 foi emitido |
O AI5 desnudava todo e qualquer sentimento humano que ainda podia existir dentro dele.
O atual mandatário do país já provou que não é simpático à democracia. Várias vezes, em falas registradas para quem quiser ouvir, vários de seus simpatizantes que não são pessoas de má formação intelectual, seguem o mesmo desejo do senhor presidente.
O filósofo e professor aposentado, Paulo Ghiraldelli, afirma em seu canal no Youtube que não há risco de o presidente dar o golpe. Pode ser que sim ou não. Estranho que suas leis reduzem a quase zero a cobrança de impostos sobre armas e tiram da responsabilidade do exército o controle e registro de armas. Tem o desejo de retirar o poder dos Estados sob policias civil e militar. Tudo estranho para quem sabe que a constituição federal dá o direito autônomo aos Estados e municípios para comandar seus seguranças.
Em tempos de saudosismo, os que defenderam o golpe e depois o AI5 tornaram-se algozes do regime e depois vieram iguais "Madalenas arrependidas" chorar suas lágrimas em defesa da democracia. As searas que clamam a volta da AI5 poderão ter o mesmo destinos e podem terminar igual ao deputado marombeiro pedindo justiça e direitos humanos .
Referências :
1964 - História do regime militar brasileiro PAG.173
NAPOLITANO,Marcos
ed. Contexto
1968_ o ANO que não terminou.
VENTURA,Zuenir
(Texto escrito por Fabio Nogueira, estudante de história e professor voluntário de pré vestibular comunitário.)
Não há comparação entre presente e passado: foi golpe e agora não sabem dominar a serpente que criaram
2 de Fevereiro de 2021, 9:51
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Artista finaliza grafite contra Bolsonaro no Rio |
Em três décadas de redemocratização, o Brasil caminhava num processo para subirmos mais alguns degraus para alcançar a plena democracia. O ano de 2016 foi crucial para quebrar a reconstrução democrática. Dali em diante, o ovo da serpente foi rompido. Esse ovo que tinha sido colocado em junho de 2013.
O impeachment de quatro anos atrás, teve amplo apoio de setores influentes da política, mídia e empresariado. O resultado foi que o filhote da serpente cresceu, tornou-se perigosa e sem controle. O veneno está a introjetar-se e causando mortes, traumas e dores irreparáveis às vítimas. O efeito Bolsonaro-tóxico contamina pessoas que até então nunca pensaríamos que iriam concordar com a falta de razão, ética e humanidade. Para ser oposição ao desgoverno basta ter uma dose de indignação e valor humanitário.
De modo direto e indireto, esses setores citados têm em grau maior a responsabilidade de ter ajudado o ocupante da cadeira do Palácio do Planalto: a serpente. Agora, não admitindo e esquivando-se da situação em que colocaram o país, agora pregam que não tinham ideia de onde chegaríamos. Na boa: não precisa ter bola de cristal ou ser um gênio futurista para prever que este governo seria governado por apedeutas e acéfalos. Na política não há amadores, todos são cobras criadas.
Miriam Leitão (por quem tenho consideração e admiração) ao lado de outros jornalistas como José Nêumanne Pinto, José Datena, Joice Hasseiman e Boris Casoy, são os porta-vozes que levaram o ódio contra o PT e os partidos de esquerda em geral. A FIESP tem o seu quinhão de culpa e distribuindo carne de primeira aos manifestantes do MBL e Vem pra rua. A história cobra a verdade que foi roubada dele. O afastamento de Dilma Rousset foi uma farsa. Ela errou em não admitir que o país estava numa crise, omitiu.
O impeachment do presidente Jair Messias Bolsonaro é um assunto que está sendo muito comentado ultimamente, seja na mídia, nas redes sociais, pela oposição e pela população que está promovendo nos últimos dias carreatas em prol do impeachment.
Uma nova doença surgiu ano passado, a Covid-19, sendo confirmada como uma pandemia em 11 de março de 2020, pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Dias após, houve medidas que decretaram o fechamento do comércio, no qual o presidente Bolsonaro sempre foi contrário a esse movimento, reclamando que governadores e prefeitos tinham esse poder em relação a população. A consequência de fechar o comércio (ou reduzir seu horário de funcionamento) é uma questão de diminuir o fluxo de pessoas e aglomerações, porém, com trabalhos parados, a população com rendas mais baixas, sentiram mais esse “baque”, ficando sem salários, pois contratos foram suspensos, e trabalhadores informais não podiam transitar atrás da compra e venda de suas mercadorias. Com isso, chegou o auxilio emergencial, proposto pelo presidente, uma renda mensal de (apenas) R$ 200,00 para cada pessoa que atendesse aos critérios exigidos, porém a oposição pressionou esse valor e ele subiu para R$ 600,00 e R$ 1.200,00 para mães que viviam com seus filhos e são solteiras (desde que se encaixassem dentro dos critérios estabelecidos). Houve nove parcelas, sendo cinco de R$ 600,00 e as quatro últimas vieram no valor de apenas R$300,00.
A corrida para a cura da Covid-19 fez com que pesquisadores e cientistas de muitos países se juntassem para encontrar a cura. O aceleramento para fazer (ou encontrar) um medicamento eficaz fez com que criassem vacinas em tempo recorde. Nesse caso, Bolsonaro apostava em medicamentos não comprovados cientificamente, como o uso da hidroxicloroquina para o combate da Covid-19, e não levava a sério assuntos da vacinação e recomendações básicas da saúde, como o distanciamento social e uso de máscara em público.
Motivos não faltam para o pedido do impeachment, como a negligência de seu governo em relação a saúde pública não só com a pandemia, mas em outubro de 2020 havia realizado um decreto no qual as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) estariam incluídas no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI). O PPI realiza privatizações de projetos, incluindo de empresas estatais à setores de logística, como ferrovias. Não demorou muito para haver oposição a esse decreto, pois conforme a Constituição (1988) não pode haver a privatização de serviços de saúde em relação ao Sistema Único de Saúde (SUS) e as UBSs pertencem ao SUS.
No real, a ideologia bolsonariana ficou nas cabeças manipuladoras dos formadores de opinião e incautos. Acreditarão em teorias conspiratórias, inimigos imaginários, terror, quem é contra o governo são comunistas e assim vai.
Sendo eleito ou não, a serpente bolsonarista continuará a colocar mais e mais ovos da sua espécie. Se o mal não for extirpado o quanto antes, será tarde demais.
Referências
AFONSO, Nathália. Verificamos: Artigo removido da revista The Lancet não prova eficácia da hidroxicloroquina contra Covid-19. Lupa. 21 de jan. 2021. Disponível em: <https://piaui.folha.uol.com.br/lupa/2021/01/25/verificamos-hidroxicloroquina-lancet/> Acesso em: 26 jan. 2021.
GOMES, Pedro Henrique; CASTILHOS, Roniara. SUS: Bolsonaro revoga decreto sobre privatização de unidades básicas de saúde. G1 e TV Globo. Brasília, 28 de out. de 2020.
Disponível em: <https://g1.globo.com/politica/noticia/2020/10/28/bolsonaro-anuncia-revogacao-de-decreto-sobre-privatizacao-de-postos-de-saude-do-sus.ghtml> Acesso em: 26 jan. 2021.
LEITÃO, Míriam. Impeachment pelo passado e futuro. Oglobo. 24 de jan. de 2021. Disponível em: <https://blogs.oglobo.globo.com/miriam-leitao/post/impeachment-pelo-passado-e-futuro.html> Acesso em: 26 jan. 2021.
(Escrito por Fabio Nogueira e Gabriel Luiz)
Hilda Hilst em ciclo de leituras online: projeto reúne obra teatral completa
28 de Janeiro de 2021, 10:46A obra teatral completa de Hilda Hilst (1930-2004) é apresentada em 8x Hilda, ciclo de leituras online com participação dos atores Lavínia Pannunzio, Joca Andreazza, Flávia Couto e Kiko Rieser, entre os dias 7 de fevereiro e 28 de março. A curadoria é de Fábio Hilst e a direção se alterna, semanalmente, entre os próprios atores.A transmissão é ao vivo e grátis, aos domingos, às 18 horas, pelo canal YouTube/CuradoriaHilst. As sessões serão gravadas e disponibilizadas com tradução em Libras no mesmo canal, sempre na quarta-feira seguinte a cada leitura, às 20 horas.
8x Hilda comemora os 90 anos de nascimento da escritora paulista, completados em 2020, trazendo à cena suas oito peças, escritas entre os anos de 1967 e 1969: A Empresa (A Possessa) (7/2), O Rato no Muro (14/2), O Visitante (21/2), Auto da Barca de Camiri (28/2), As Aves da Noite (7/3), O Novo Sistema (14/3), O Verdugo (21/3) e A Morte do Patriarca (28/3).
O projeto propõe um jogo cênico virtual que celebra e explora a dramaturgia hilstiana, criada em pleno período da ditadura militar brasileira. Segundo o idealizador Fábio Hilst, “a dinâmica consiste no mergulho dos quatro atores/encenadores no universo de Hilda, desvendando os textos - e subtextos - e os mais de 60 personagens da obra, para mostrar ao público o processo de estudo de uma peça e o início da construção de personagens e cenas”. A ideia de encenar o teatro completo de Hilda Hilst é uma iniciativa que Fábio, pela produtora Três no Tapa, já havia colocado em andamento, em 2020, com a montagem de As Aves da Noite, cuja estreia foi adiada em decorrência da quarentena imposta pela pandemia do coronavírus.
A produção dramatúrgica de Hilda Hilst - criada no momento em que o teatro e os artistas viviam sob os mandos e desmandos da censura do regime militar - é considerada um ensaio para sua obra em prosa da década de 1970, mais livres nos artifícios da linguagem e nas tramas do cotidiano. Seus textos teatrais traduzem a atmosfera claustrofóbica de opressão e os questionamentos ao sistema, representado pela igreja, pelo Estado ou pela ciência, para se comunicar com as pessoas de forma "urgente" e "terrível". Os personagens, vítimas ou algozes, aparecem em situações limite, presos às estruturas que escravizam e alienam - celas, porões, colégios religiosos ou locais de julgamento e execução de prisioneiros. As máscaras sociais (juiz, carcereiro, monsenhor, papa, madre superiora) são arrancadas por Hilda, que mostra também personagens dotados de almas, tolhidas do seu verdadeiro voo.
As primeiras encenações ocorreram na cena universitária, na Escola de Artes Dramáticas, com O Rato no Muro e O Visitante, no final dos anos 60. O Verdugo teve a primeira montagem profissional, em 1973, sendo a única peça hilstiana editada na época. As quatro primeiras peças de Hilda Hilst foram publicadas, em 2000, pela Editora Nankin (Teatro Reunido). Em 2008, quatro anos após sua morte, a Editora Globo publicou seu teatro completo em volume único.
FICHA TÉCNICA: Textos: Hilda Hilst. Curadoria / idealização: Fábio Hilst. Elenco / direção: Lavínia Pannunzio, Joca Andreazza, Flávia Couto e Kiko Rieser. Produção: Três no Tapa Produções Artísticas. Assistência de produção: Fernanda Lorenzoni. Técnico de transmissão: Gustavo Bricks e Henrique Fonseca. Design / gerenciamento de mídia: Ton Prado. Sinopses: Hilda Hilst - Teatro Completo (L&PM / Leusa Araujo). Realização: ProAC Expresso LAB, da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo. As leituras contam com participação de atores convidados, conforme a demanda de personagens de cada texto.
PROGRAMAÇÃO
Ciclo de leituras: 8x Hilda
Quando: 7 de fevereiro a 28 de março/2021
Horário: Domingos, às 18h
Onde: Youtube/CuradoriaHilst
Grátis. Duração estimada: 120 min. Classificação: 14 anos.
Com tradução em Libras (gravado): 10/02 a 31/03 – Quartas, às 20h
7 de fevereiro: A Empresa (A Possessa)
A Empresa (inicialmente, A Possessa) foi o texto de estreia de Hilda Hilst na dramaturgia, em 1967. Trata-se de uma crítica ao trabalho alienado, com o qual se busca mais a eficiência que a criatividade. América é uma adolescente questionadora que se rebela contra a tradição representada pelo colégio religioso e terá de prestar contas ao Monsenhor e ao Superintendente. Esse inconformismo é medido por certos “robôs eletrônicos" (personagens Eta e Dzeta) criados pela própria América que, depois, são utilizados pela instituição para conter as “asas do espírito” e a imaginação. Ou seja, os dirigentes do colégio/empresa impõem às Postulantes e a América um trabalho alienante, o que desencadeia a morte da protagonista. 7 personagens. Direção: Flávia Couto.
14 de fevereiro: O Rato no Muro
O ambiente do colégio religioso, recorrente na obra da autora, aparece em O Rato no Muro (1967) ainda mais estreito. Tudo se passa numa capela, onde a Superiora está cercada por nove irmãs, identificadas por letras de A a I. Estão ajoelhadas, e ao lado de cada uma delas, o “chicote de três cordas”. Cada uma das religiosas expressa visões diferentes, a partir de pequenos abalos ao austero cotidiano do claustro. Irmã H (alter ego da autora) é a mais questionadora e lúcida. Tenta em vão mostrar às outras a necessidade de libertação, representada pelo desejo de ser o rato, único capaz de ultrapassar os limites do muro da opressão e do pensamento único. 10 personagens. Direção: Kiko Rieser.
21 de fevereiro: O Visitante
Peça mais poética de Hilda Hilst, O Visitante (1968) gira em torno do conflito entre Ana e Maria – mãe e filha. Ana, encantadora e meiga, descobre-se grávida. Mas a filha, estéril e parecendo mais velha, levanta suspeitas sobre a paternidade, já que seu marido, genro de Ana, é o único homem da casa. A chegada de um visitante, o Corcunda, provoca uma distensão sem, no entanto, apagar o conflito que, de um lado tem o apelo da vida, do sexo e do amor e, do outro, a aspereza de um mundo sem prazer. 4 personagens. Direção: Lavínia Pannunzio.
28 de fevereiro: Auto da Barca de Camiri
Baseado em fatos reais, Auto da Barca de Camiri é a quarta peça de Hilda Hist, escrita em 1968. Em julgamento encontra-se o revolucionário argentino Ernesto Che Guevara, morto em Camiri, na Bolívia - ainda que seu nome não seja mencionado e que sua figura, na peça, seja confundida com a de Cristo. Sob a tensão permanente dos ruídos de metralhadora soando do lado de fora e com o desconforto do cheiro dos populares que desagradam os julgadores, Hilda introduz elementos grotescos e inovadores. A severidade da Lei é representada pelos juízes (vistos de ceroulas antes de vestirem as togas com abundantes rendas nos decotes e mangas). Há também o Prelado e o Agente. A condenação está decidida, a despeito do depoimento do Trapezista e do Passarinheiro que, assim como os demais humildes, serão executados pelas metralhadoras. 7 personagens. Direção: Joca Andreazza.
7 de março: As Aves da Noite
Escrita em 1968, As Aves da Noite é baseada na história real do padre franciscano Maximilian Kolbe, morto em 1941, no campo nazista de Auschwitz. Ele se apresentou voluntariamente para ocupar o lugar de um judeu pai de família sorteado para morrer no chamado “porão da fome” em represália à fuga de um prisioneiro. No porão da fome, a autora coloca em conflito os prisioneiros – o padre, o carcereiro, o poeta, o estudante, o joalheiro –, visitados pelo comandante da SS, pela mulher que limpa os fornos e por Hans, o ajudante da SS. O processo de beatificação do padre Maximilian Kolbe, iniciado em 1968, resulta na canonização em 1982, pelo papa João Paulo II. Hoje São Maximiliano é considerado padroeiro dos jornalistas e radialistas e protetor da liberdade de expressão. 7 personagens. Direção: Kiko Rieser.
14 de março: O Novo Sistema
O Novo Sistema, escrita em 1968, volta ao tema da privação da liberdade e da criatividade por regimes totalitários. O personagem central, o Menino prodígio em física, não se conformará com a execução dos dissidentes em praça pública nem com a opressão – desta vez exercida pela ciência – à evolução espiritual do indivíduo. Assim como em A Empresa, é evidente a afinidade com a literatura distópica de George Orwell e Aldous Huxley. 12 personagens. Direção: Joca Andreazza.
21 de março: O Verdugo
O Verdugo foi escrito em 1969 e, no mesmo ano, recebeu o prêmio Anchieta. Conta a história do carrasco que se recusa a matar o Homem, um agitador inocente, condenado pelos Juízes e amado por seu povo. Temendo reações contrárias, os Juízes tentam - em vão - subornar o verdugo para que este realize a tarefa o mais rápido possível. Apenas o jovem filho entende a recusa do pai. A mulher, ao contrário, aceita a oferta em dinheiro e toma o lugar do marido ao pé do patíbulo, com a concordância da filha e do genro. No final, o verdugo reaparece, desmascara a mulher e conta ao povo o que se passara após sua decisão. O povo reage violentamente matando a pauladas o carrasco e o Homem. O filho sobrevive e foge com os Homens-coiotes, símbolos de resistência. Direção: Flávia Couto.
28 de março: A Morte do Patriarca
Em A Morte do Patriarca (1969) podemos reconhecer o humor ácido e o tom de escárnio de Hilda. Um Demônio com “rabo elegante” e de modos finos discute os dogmas da religião e o destino humano com Anjos, o Cardeal e o Monsenhor, ante a visão dos bustos de Marx, Mao, Lenin e Ulisses, de uma enorme estátua de Cristo e da tentativa do Monsenhor de colocar asas na escultura de um pássaro. O Demônio seduzirá o Cardeal a tomar o lugar do Papa; posteriormente, o próprio Papa é morto pelo povo. 9 personagens. Direção: Lavínia Pannunzio.
Hilda Hilst (1930-2004, Jaú/SP) – Hilda Hilst foi ficcionista, cronista, dramaturga e poeta, considerada uma das maiores escritoras em língua portuguesa do século XX, com traduções em países como Itália, França, Portugal, Alemanha, Estados Unidos, Canadá e Argentina. Iniciou sua produção literária em São Paulo, com o livro de poemas Presságio (1950). Em 1965, mudou-se para Campinas e iniciou a construção de seu porto de criação literário, a Casa do Sol, espaço que a abrigou durante a realização de 80% de sua obra. Autora de linguagem inovadora, na qual atemporalidade, realidade e imaginação se fundem, a estreia de Hilda na dramaturgia foi em 1967 e, três anos depois, na ficção com Fluxo-floema. Em cerca de 50 anos, ela escreveu mais de 40 títulos, muitos com edições esgotadas, incluindo poesia, teatro e ficção, que lhe renderam prêmios literários importantes no Brasil. Em sua obra nos deparamos com a fragilidade humana que nos surpreende com personagens em profundos questionamentos na viagem de entender e descobrir o essencial. A partir dos anos 2000, a Globo Livros reeditou sua obra completa e, em 2016, os direitos de publicação foram para a Companhia das Letras. Mais recentemente, a L&PM Editores lançou em livro toda a sua dramaturgia. O acervo deixado pela escritora encontra-se na Sala de Memória Casa do Sol e no Centro de Documentação Cultural Alexandre Eulálio da Unicamp.
China: a nova rota da seda, de Mao a Jinping
19 de Janeiro de 2021, 9:26
A economia chinesa, começou em seus primórdios através da agricultura, artesanato e o comércio de peças feitas em bronze e ferro, isso nos anos 3.000 a. C., pois de fato não chega a ser surpreendente em relação à história da China, a qual foi uma das primeiras civilizações que surgiram, existindo desde 4.000 a. C.
Atualmente a economia chinesa é a segunda maior do mundo, possuindo um Produto Interno Bruto (PIB) de US$ 15 trilhões. A China só está atrás dos Estados Unidos (EUA), que possui um PIB próximo de US$ 29 trilhões. A economia do país chinês chegará a ser a maior do mundo antes de 2030, conforme o Centro de Pesquisa em Economia e Negócios (CEBR, sigla em inglês).
A sua economia é um reflexo do modelo de governo, através de seu partido político, o Partido Comunista Chinês (PCCh), com mais de 9 milhões de filiados, esteve na revolução chinesa, no ano de 1949, com a proclamação e a formação da República Popular da China (RPC). No qual se baseia nos ideais marxistas.
As reformas agrárias que deram início no ano de 1950, com incentivo do PCCh, foi redistribuir as terras a pequenos e médios camponeses e depois agrupá-los em cooperativas. Atualmente as terras agrícolas chinesas alimentam 19% da população mundial.
Na década de 70, na China, houve o encontro do presidente dos EUA, Richard Nixon, com o presidente chinês, Mao Tse-tung. Foi um momento importante em plena Guerra Fria para frear uma possível e especulativa terceira guerra mundial, no qual acabou promovendo uma negociação econômica, pois fecharam acordos em torno de fluxo comercial entre os países. Na década seguinte, anos 80, a China promoveu uma abertura em sua economia, promovendo adentrar o mercado estrangeiro e bancos em seu território.
Nos anos de 1980 à 2020, a China aumentou 51 vezes seu PIB e os EUA 8 vezes, o PIB per capta chinês aumentou 36 vezes e dos EUA 5 vezes. Isso mostra a potência econômica que a China vem se tornando.
Esses fatores fazem que alguns especialistas afirmem que a economia chinesa é capitalista, pois há um incentivo ao mercado externo. Uma economia capitalista está voltada ao livre comércio, sem a interferência do estado e o enriquecimento através da meritocracia, no qual todos podem conseguir cargos e trabalhos melhores através do próprio esforço, assim subindo de nível na pirâmide social. A economia socialista, ou conhecida como Comunismo, prega a equidade social e a melhor redistribuição de renda, no qual não há classes sociais, pois isso promoverá a não desigualdade social e criará oportunidades iguais a todos, no qual os trabalhadores e operários são os responsáveis pelo governo, havendo a centralização da economia pelo estado, além dos serviços de saúde e educação serem gratuitos.
Os especialistas chineses definem seu mercado e economia como o socialismo chinês, que dá abertura ao mercado privado, além de oferecer empréstimos e subsídios de energia a essas empresas (podendo ser as multinacionais), porém é necessário que haja um comitê (o PCCh) dentro da empresa para a organização e debates internos.
A população chinesa é de aproximadamente 1, 393 bilhão (2018, Banco Mundial), no qual desde de 2013, 93 milhões de pessoas saíram da extrema pobreza (pessoas que viviam com menos de US$1,52 por dia) erradicando-a.
No Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é levado em conta três fatores: renda, educação e saúde, e a sua nota é de 0 à 1, que é dividido em IDH baixo: países com IDH abaixo de 0,500; IDH médio: entre 0,501 e 0,799; IDH alto: entre 0,800 e 0,899; IDH muito alto: 0,900 acima. A China aparece atrás do Brasil, em 85º, com 0,761 (IDH alto), porém com o aumento de sua economia e de investimento em pesquisas na China, não será surpreendente eles passarem o Brasil e países próximos/acima na escala do IDH.
A China é a maior parceira comercial do Brasil, nos últimos anos a balança comercial está a favor do Brasil.
O agronegócio, a carne bovina, a avicultura, o aço e outros produtos da chamada Commodities são as pérolas brasileiras para chegarem ao território Chinês . O leitor talvez creia que a China seja dependente dos produtos brasileiros e por acaso os volumes de venda possam diminuir, e os chineses possam não achar outro parceiro comercial igual ao nosso.
A questão foi levantada porque nos últimos tempos, ministros e deputados da base do governo tem usado a China como base de seus ataques no campo político, ideológico e diplomático. Se depender desse desgoverno e seus ministros trapalhões, o acordo comercial da China vai afundar.
Talvez os leitores devem estar perguntando: “quer dizer que a China é dependente do Brasil para se abastecer?” A resposta não é simples assim. Países africanos estão fechando acordos bilaterais com o país asiático, bem diferente do Brasil. Esses acordos são espécies de troca-troca.
Sabemos que o continente africano é riquíssimo em recursos naturais, o solo é fértil e onde planta tudo cresce. Etiópia, Moçambique, Angola, Quênia e outros, firmaram parcerias bilionárias. São fabricas, mineradoras, agricultura , hidrelétricas é diamantes. Esses recursos os africanos tem em abundância . O preço do silêncio para que o governo não seja criticado é a moeda de troca desse acordo que de certa forma tem fortalecido o desenvolvimento desses países.
Fica a pergunta: seria isso uma nova forma de colonização? Isso só o tempo responderá.
A China mostra para o mundo que sem políticas de inclusão sociais, não há economia que se sustente por muitos séculos. A economia chinesa não cresceu da noite para o dia. Erraram e erraram muitas vezes. Foi preciso abrir a economia para mercado capitalistas e com tempo, passou a desenvolver característica própria de comércio mundial. Investiu na educação, nas infraestruturas dos portos, aeroportos, estradas e ferrovias. Na crise de 2008, enquanto o mundo estava desesperado contabilizando os prejuízos, o governo fortalecia os setores acima citados para se fortalecer. Uma lição para o Brasil.
Referências
CHINA: IDH – Índice de Desenvolvimento Humano. Actualix. Acesso em: 12 jan. 2021. Disponível em: <https://pt.actualitix.com/pais/chn/china-indice-de-desenvolvimento-humano.php>
FREIRE, Diego. Veja o ranking completo dos 189 países por IDH. CNN. São Paulo, 15 de dez. de 2020. Acesso em: 12 jan. 2021. Disponível em: <https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/2020/12/15/veja-o-ranking-completo-de-todos-os-paises-por-idh>
GARCÍA, Juan Gonzáles. Causas, evolución y perspectivas de la guerra comercial para China. Análisis Económico, vol. XXXV, núm. 89, mayo-agostode 2020, pp.91-116. Acesso em: 12 jan. 2021. Acesso em: 12 jan. 2021. Disponível em: < http://www.scielo.org.mx/pdf/ane/v35n89/2448-6655-ane-35-89-91.pdf>
GEROMEL, Ricardo. O poder da China: O que você deve saber sobre o país que mais cresce em bilionários e unicórnios. Editora Gente, Caieiras – SP, outubro de 2019
HERRERA, Rémy; LONG, Zhiming. O Enigma do Crescimento Chinês. Revista Pesquisa e Debate, v. 29, n. 1(53), p. 8-22, 2018. Acesso em: 12 jan. 2021. Disponível em: < file:///C:/Users/julio/Downloads/38266-106646-1-PB.pdf>
SMINK, Veronica. A China é comunista ou capitalista?. BBC News Mundo. 1º de outubro de 2019. Acesso em: 12 jan. 2021. Disponível em: < https://www.bbc.com/portuguese/internacional-49877815>
Texto escrito por:
Fabio Idalino Alves Nogueira: Estudante/professor de História. Leciona em Pré vestibular comunitário
Gabriel Luiz Campos Dalpiaz Graduação: Educação Física - Licenciatura/Bacharelado da Universidade Unigran