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Ato em defesa dos Guarani-Kaiowá no Rio de Janeiro
29 de Outubro de 2012, 22:00 - sem comentários aindaUma leitora do blogue participou do ato em defesa dos Guarani-Kaiowá. Filmou a manifestação e sugeriu, através de comentário, que o Comunica Tudo divulgasse o vídeo. O depoimento de uma índia, que fala cerca de 1min30 em tupi-guarani, é emocionante. Vale a pena ser visto.Uma análise dos mecanismos de escolha homicida e das carreiras no crime
29 de Outubro de 2012, 22:00 - sem comentários ainda Bruno Paes Manso fala sobre sua tese "Crescimento e queda dos homicídios em São Paulo: Uma análise dos mecanismos de escolha homicida e das carreiras no crime". Defendido no Departamento de Ciências Políticas da USP, sob a orientação de Leandro Piquet Carneiro, o trabalho realiza uma análise qualitativa para demonstrar os mecanismos sociais que causaram o movimento da curva de homicídios na capital e Região Metropolitana de São Paulo entre 1960 e 1999.Por TV Univesp
Superfaturamento no spread é sinal de que juro precisa cair mais
29 de Outubro de 2012, 22:00 - sem comentários ainda O problema dos juros dos bancos privados continua a ser o mesmo: eles ainda estão ganhando demasiado com os títulos públicos. Por isso, seu desinteresse em rebaixar os spreads para emprestarem mais dinheiro a mais gente ou mais empresas. Portanto, é evidente que os juros básicos não chegaram a um limite mínimo. Pelo contrário, ainda estão altos, muito acima do patamar internacional, que se mantém negativo (-0,4%).Bancos privados cobram taxa de spread extorsiva
Matéria publicada no jornal A Hora do Povo
Segundo o Banco Central publicou no último dia 17, os juros que os bancos cobram das empresas por operações de financiamento estão, na média, em 23,1% ao ano (a.a.), enquanto os juros extorquidos (não há outro verbo) dos consumidores estão, também na média ao ano, em 35,6%.
Isto significa que a taxa de juro real (o ganho do banco, descontada a inflação) está em tremendos 17%, no caso das empresas, e colossais 28,8% a.a., no caso das pessoas físicas, considerando uma inflação projetada de 5,24% até o fim de 2012, medida pelo IPCA.
Esses números são médias não somente entre os vários bancos, mas entre as diversas operações: é importante ressaltar que, por exemplo, a taxa de juros para que uma empresa desconte duplicatas está, na média, em 34,36% - e a taxa do cheque especial para pessoas físicas está em 148,64%.
Todos esses números são referentes ao mês de agosto. Podem parecer, ao leitor, algo remotos, mas são os últimos que foram divulgados.
Resumidamente: quase toda a queda de juros que houve no país até agora, desde agosto de 2011, deve-se à baixa nos juros básicos. É desprezível, para essa queda, a contribuição da baixa nos spreads (a diferença entre a taxa que o banco paga para captar dinheiro e aquela que recebe ao emprestar esse mesmo dinheiro), cobrados pelos bancos privados no Brasil, que continuam os maiores do mundo.
A presidente Dilma tem, portanto, toda razão ao insistir tanto na queda dos juros básicos, pelo BC, quanto na queda dos spreads, pelos bancos privados. Os primeiros, em termos reais, nesse período (agosto de 2011/agosto de 2012) caíram de 6,8% para 1,7% - essa queda de 5,1 pontos percentuais significa uma redução de 75%.
No entanto, enquanto isso, os spreads dos bancos caíram em média apenas 19%. Parece uma redução significativa, mas, para que os números não nos iludam, essa queda significa que, em agosto último, sua média estava em 22,5% - e, no caso das pessoas físicas, em 27,7%! Mesmo no caso dos empréstimos a empresas, a redução foi de apenas 3,3 pontos percentuais e está agora em 15,7%.
Notemos que essas taxas estúpidas, predatórias do conjunto da economia, são cobradas, pelos bancos, de empresas e consumidores numa conjuntura de baixo crescimento, em especial da indústria. É verdade que o governo, em resposta, baixou os juros dos bancos públicos – hoje, mais de 45% do dinheiro emprestado no Brasil, o foi por bancos públicos. Porém, isso quer dizer que um pouco menos de 55% do estoque de crédito do país está nas mãos de bancos privados que cobram juros extorsivos numa situação em que o país necessita urgentemente alavancar seu crescimento.
O principal componente do spread é o lucro do banco. No último Relatório de Economia Bancária e Crédito (REBC) publicado pelo BC, referente a 2010, a “margem bruta” dos bancos constituía 57,03% do spread dos bancos privados e a “margem líquida” era 34,15% (cf. REBC, 2010, pág. 20).
Há, portanto, ao contrário do que dizem os porta-vozes da banca, uma relação direta entre os lucros astronômicos, e predatórios, dos bancos (no primeiro semestre de 2012 – Itaú/Unibanco: R$ 6,73 bilhões; Bradesco: R$ 5,63 bilhões; Santander: R$ 3,23 bilhões) e seus altíssimos spreads.
Da mesma forma, são risíveis aqueles supostos noticiários de TV onde alguma besta fala nos “maus pagadores” que são responsáveis pelos juros altos – a inadimplência nos empréstimos, em agosto, foi apenas 5,9%.
O problema dos juros dos bancos privados continua a ser o mesmo: eles ainda estão ganhando demasiado com os títulos públicos. Por isso, seu desinteresse em rebaixar os spreads para emprestarem mais dinheiro a mais gente ou mais empresas.
Portanto, é evidente que os juros básicos não chegaram a um limite mínimo. Pelo contrário, ainda estão altos, muito acima do patamar internacional, que se mantém negativo (-0,4%).
Guarani Kaiowá - À Sombra de um Delírio Verde
28 de Outubro de 2012, 22:00 - sem comentários aindaNa região Sul do Mato Grosso do Sul, fronteira com Paraguai, o povo indígena com a maior população no Brasil trava, quase silenciosamente, uma luta desigual pela reconquista de seu território.
Expulsos pelo contínuo processo de colonização, mais de 40 mil Guarani Kaiowá vivem hoje em menos de 1% de seu território original. Sobre suas terras encontram-se milhares de hectares de cana-de-açúcar plantados por multinacionais que, juntamente com governantes, apresentam o etanol para o mundo como o combustível “limpo” e ecologicamente correto.
Sem terra e sem floresta, os Guarani Kaiowá convivem há anos com uma epidemia de desnutrição que atinge suas crianças. Sem alternativas de subsistência, adultos e adolescentes são explorados nos canaviais em exaustivas jornadas de trabalho. Na linha de produção do combustível limpo são constantes as autuações feitas pelo Ministério Público do Trabalho que encontram nas usinas trabalho infantil e trabalho escravo.
Em meio ao delírio da febre do ouro verde (como é chamada a cana-de-açúcar), as lideranças indígenas que enfrentam o poder que se impõe muitas vezes encontram como destino a morte encomendada por fazendeiros.
À Sombra de um Delírio Verde from Midiateca Copyleft on Vimeo.
À Sombra de um Delírio Verde
Tempo: 29 min
Países: Argentina, Bélgica e Brasil
Narração: Fabiana Cozza
Direção: An Baccaert, Cristiano Navarro, Nicola Mu
thedarksideofgreen-themovie.com
Mensalão e PT: a retórica do ódio na mídia
28 de Outubro de 2012, 22:00 - sem comentários ainda Por Jaime Amparo AlvesOs brasileiros no exterior que acompanham o noticiário brasileiro pela internet têm uma impressão de que o país nunca esteve tão mal. Explodem os casos de corrupção, a crise ronda a economia, a inflação está de volta e o país vive imerso no caos moral. Isso é o que querem nos fazer crer as redações jornalísticas do eixo Rio-São Paulo. Com seus gatekeepers escolhidos a dedo, Folha de S.Paulo,Estado de S.Paulo,Veja e O Globo investem pesadamente no caos com duas intenções: inviabilizar o governo da presidenta Dilma Rousseff e destruir a imagem pública do ex-presidente Lula da Silva. Até aí, nada novo. Tanto Lula quanto Dilma sabem que a mídia não lhes dará trégua, embora não tenham – nem terão – a coragem de uma Cristina Kirchner de levar a cabo uma nova legislação que democratize os meios de comunicação e redistribua as verbas governamentais para o setor. Pelo contrário, a Polícia Federal segue perseguindo as rádios comunitárias e os conglomerados de mídia Globo e Abril celebram os recordes de cotas de publicidade governamentais. O PT sofre da síndrome de Estocolmo (aquela em que o sequestrado se apaixona pelo sequestrador) e o exemplo mais emblemático disso é a posição de Marta Suplicy como colunista de um jornal cuja marca tem sido o linchamento e a inviabilização política das duas administrações petistas em São Paulo.
O que chama a atenção na nova onda conservadora é o time de intelectuais e artistas com uma retórica que amedronta. Que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso use a gramática sociológica para confundir os menos atentos já era de se esperar, como é o caso das análises de Demétrio Magnoli, especialista sênior da imprensa em todas as áreas do conhecimento. Nunca alguém assumiu com tanta maestria e com tanta desenvoltura papel tão medíocre quanto Magnoli: especialista em políticas públicas, cotas raciais, sindicalismo, movimentos sociais, comunicação, direitos humanos, política internacional… Demétrio Magnoli é o porta-voz maior do que a direita brasileira tem de pior, ainda que seus artigos não resistam a uma análise crítica.
Jornalismo lombrosiano
Agora, a nova cruzada moral recebe, além dos já conhecidos defensores dos “valores civilizatórios”, nomes como Ferreira Gullar e João Ubaldo Ribeiro. A raiva com que escrevem poderia ser canalizada para causas bem mais nobres se ambos não se deixassem cativar pelo canto da sereia. Eles assumiram a construção midiática do escândalo, e do que chamam de degenerescência moral, como fato. E, porque estão convencidos de que o país está em perigo, de que o ex-presidente Lula é a encarnação do mal, e de que o PT deve ser extinto para que o país sobreviva, reproduzem a retórica dos conglomerados de mídia com uma ingenuidade inconcebível para quem tanto nos inspirou com sua imaginação literária.
Ferreira Gullar e João Ubaldo Ribeiro fazem parte agora daquela intelligentsia nacional que dá legitimidade científica a uma insidiosa prática jornalística que tem na Veja sua maior expressão. Para além das divergências ideológicas com o projeto político do PT – as quais eu também tenho –, o discurso político que emana dos colunistas dos jornalões paulistanos/cariocas impressiona pela brutalidade. Os mais sofisticados sugerem que, a exemplo de Getúlio Vargas, o ex-presidente Lula se suicide; os menos cínicos celebraram o “câncer” como a única forma de imobilizá-lo. Os leitores de tais jornais, claro, celebram seus argumentos com comentários irreproduzíveis aqui.
Quais os limites da retórica de ódio contra o ex-presidente metalúrgico? Seria o ódio contra o seu papel político, a sua condição nordestina, o lugar que ocupa no imaginário das elites? Como figuras públicas tão preparadas para a leitura social do mundo se juntam ao coro de um discurso tão cruel e tão covarde já fartamente reproduzido pelos colunistas de sempre? Se a morte biológica do inimigo político já é celebrada abertamente – e a morte simbólica ritualizada cotidianamente nos discursos desumanizadores – estaríamos inaugurando uma nova etapa no jornalismo lombrosiano?
O espetáculo da punição
Para além da nossa condenação aos crimes cometidos por dirigentes dos partidos políticos na era Lula, os textos de Demétrio Magnoli, Marco Antonio Villa, Ricardo Noblat, Merval Pereira, Dora Kramer, Reinaldo Azevedo, Augusto Nunes, Eliane Cantanhêde, além dos que agora se somam a eles, são fontes preciosas para as futuras gerações de jornalistas e estudiosos da comunicação entenderem o que Perseu Abramo chamou apropriadamente de “padrões de manipulação” na mídia brasileira. Seus textos serão utilizados nas disciplinas de deontologia jornalística não apenas como exemplos concretos da falência ética do jornalismo tal qual entendíamos até aqui, mas também como sintoma dos novos desafios para uma profissão cada vez mais dominada por uma economia da moralidade que confere legitimidade a práticas corporativas inquisitoriais vendidas como de interesse público.
O chamado “mensalão” tem recebido a projeção de uma bomba de Hiroshima não porque os barões da mídia e os seus gatekeepers estejam ultrajados em sua sensibilidade humana. Bobagem. Tamanha diligência não se viu em relação à série de assaltos à nação empreendida no governo do presidente sociólogo. A verdade é que o “mensalão” surge como a oportunidade histórica para que se faça o que a oposição – que nas palavras de um dos colunistas da Veja “se recusa a fazer o seu papel” – não conseguiu até aqui: destruir a biografia do presidente metalúrgico, inviabilizar o governo da presidenta Dilma Rousseff e reconduzir o projeto da elite “sudestina” ao Palácio do Planalto.
Minha esperança ingênua e utópica é que o Partido dos Trabalhadores aprenda a lição e leve adiante as propostas de refundação do país abandonadas como acordo tácito para uma trégua da mídia. Não haverá trégua, ainda que a nova ministra da Cultura se sinta tentada a corroborar com o lobby da Folha de S.Paulo pela lei dos direitos autorais, ou que o governo Dilma continue derramando milhões de reais nos cofres das organizações Globo e Abril via publicidade oficial. Não é o PT, o Congresso Nacional ou o governo federal que estão nas mãos da mídia. Somos todos reféns da meia dúzia de jornais que definem o que é notícia, as práticas de corrupção que merecem ser condenadas e, incrivelmente, quais e como devem ser julgadas pela mais alta corte de Justiça do país. Na última sessão do julgamento da Ação Penal 470, por exemplo, um furioso ministro-relator exigia a distribuição antecipada do voto do ministro-revisor para agilizar o trabalho da imprensa (!). O STF se transformou na nova arena midiática onde o enredo jornalístico do espetáculo da punição exemplar vai sendo sancionado.
Coragem de enfrentar o monstro
Depois de cinco anos morando fora do país, estou menos convencido por que diabos tenho um diploma de jornalismo em minhas mãos. Por outro lado, estou mais convencido de que estou melhor informado sobre o Brasil assistindo à imprensa internacional. Foi pelas agências de notícias internacionais que informei aos meus amigos no Brasil de que a política externa do ex-presidente metalúrgico se transformou em tema padrão na cobertura jornalística por aqui. Informei-os que o protagonismo político do Brasil na mediação de um acordo nuclear entre Irã e Turquia recebeu atenção muito mais generosa da mídia estadunidense, ainda que boicotado na mídia nacional. Informei-os que acompanhei daqui o presidente analfabeto receber o título de doutor honoris causa em instituições europeias e avisei-os que por causa da política soberana do governo do presidente metalúrgico, ser brasileiro no exterior passou a ter uma outra conotação. O Brasil finalmente recebeu um status de respeitabilidade e o presidente nordestino projetou para o mundo nossa estratégia de uma América Latina soberana.
Meus amigos no Brasil são privados do direito à informação e continuarão a ser porque nem o governo federal nem o Congresso Nacional estão dispostos a pagar o preço por uma “reforma” em área tão estratégica e tão fundamental para o exercício da cidadania. Com 70% de aprovação popular e com os movimentos sociais nas ruas, Lula da Silva não teve coragem de enfrentar o monstro e agora paga caro por sua covardia. Terá Dilma coragem com aprovação semelhante, ou nossa meia dúzia de Murdochs seguirão intocáveis sob o manto da liberdade de e(i)mpre(n)sa?
(*) Jaime Amparo Alves é jornalista e doutor em Antropologia Social, Universidade do Texas, Austin. Matéria reproduzida do Observatório da Imprensa.