Recentemente o site Tecmundo publicou artigo baseado na tradução de uma entrevista concedida por Peter Sande, co-fundador do PirateBay ao site de The Next Web onde ele afirma categoricamente "perdemos a internet para os capitalistas"
Praticamente na mesma época das declarações de Sande, o pesquisador brasileiro Marcos Dantas1, elaborou a Comunicação A internet realmente existente: entre o capital financeiro e a regulação público-estatal apresentada no Painel "Capitalismo financiero y Comunicación", durante o X Congresso Internacional da União Latina de Economia Política da Informação, da Comunicação e da Cultura (ULEPICC), Quito (Equador) em 13/07/2017, onde demonstra com dados concretos o tamanho da dominação e concentração capitalista existente na internet atual.
Dantas nos mostra que o valor de mercado "das mais importantes plataformas de internet atingiu USD 3,9 trilhões (COM 2016). Esses números mostram que a internet já se tornou definitivamente um grande negócio. Se, até alguns anos atrás, ainda se visualizava essa emergente tecnologia como um novo espaço aberto para a construção de uma democrática esfera pública cidadã, hoje em dia já não deveria mais haver dúvidas de que a internet tornou-se mesmo, acima de tudo, uma grande praça de mercado (ou "marketplace" como se pode ler em diversos relatórios e estudos político-econômicos internacionais sobre a sua recente evolução), com os problemas ou soluções daí decorrentes.
Esse mercado é basicamente dominado por um punhado de grandes corporações estadunidenses, identificadas pela sigla GAFA: Google, Amazon, Facebook, Apple. No entanto, também tem-se observado a crescente presença nele de corporações chinesas, a exemplo da Alibaba, não esquecendo a liderança japonesa e coreana nas plataformas de videojogos."
Dentre os vários aspectos pesquisados por Dantas, tais como a praça de mercado, os aplicativos para celulares, a remuneração da plataformas, propriedade dos dados, privacidade, liberdade, controle. concentração, etc nos chamou atenção o fato de, praticamente, as mesmas empresas do setor financeiro controlarem parte significativa das empresas e plataformas de internet.
Segundo Dantas, a Verisign, empresa privada gestora do computador-raiz do registro de domínios ponto com, empregando pouco mais de mil pessoas, em 2014, obteve receita total de USD 1 bilhão e seu lucro líquido foi de USD 355,3 milhões. "Pouco mais de 61% do capital dessa empresa estão nas mãos de seis instituições financeiras: T. Rowe Price (16,5%), Capital World Investors (14,2%), o muito conhecido Warren Buffet (11,9%), The Vanguard Group (7,6%), BlackRock (5,9%), New Perspective Fund (5,3%). Ou seja, gerir a internet é um negócio altamente lucrativo para o capital financeiro."
Não bastasse isso, Dantas demonstra que "A VeriSign não é exceção mas regra no mundo da internet. No Facebook, 1.435 instituições financeiras, fundos mútuos de investimento ou outros investidores institucionais ou individuais detém 68% do capital social. Quase 30% estão nas mãos da T. Rowe Price (3,1%); Vanguard (6,4%); FMR, LLC (5,6%); State Street (3,9%); Morgan Stanley (1,2%); Fidelity (2,17%). No Google, somam-se 1.701 instituições e investidores que detém 73,1% do capital social. Mas os nomes dominantes, com cerca de 28% do capital total, quase se repetem: T. Rowe Price (2,94%); Vanguard (5,5%); FMR, LLC (4,1%); State Street (3,5%); Capital Research (1,3%); Fidelity (1,3%) etc."
"O típico dessa época já não são empresas que se entregam a uma "livre" concorrência, no interior de cada país e também entre os diferentes países; são sindicatos de empresários, trustes detentores de monopólios. O "soberano" de hoje já é o capital financeiro, particularmente móvel, e flexível , cujos fios se emaranhamtanto no interior de cada país como no plano internacional , que é anônimo e não tem vínculo direto com a produção, que se concentra com umafacilidade extraordinária - e que já é extremamente concentrado, visto que algumas centenas de multimilionários e de milionários detêm positivamente, em suas mãos, a sorte atual do mundo inteiro" 2
Infelizmente, muita gente de boas intenções e índole, ainda acredita que as chamadas redes socio-digitais norteamericanas sejam praças de democracia e liberdade de expressão, quando há muito tempo se tornaram praças de mercado onde o produto é o usuário e o (des)conhecimento deste a moeda de troca entre as corporações financeiras.
E como conclui Peter Sande "Nós estamos fumando nossas vidas em produtos de Big Data, e agora não conseguimos parar".
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1 Professor Titular da Escola de Comunicação da UFRJ. Doutor em Engenharia da Produção pela COPPE-UFRJ, professor e pesquisador dos Programas de Pós Graduação em Comunicação e Cultura (PPGCOM) da ECO-UFRJ e em Ciência da Informação (PPGCI) do IBICT/ECO-UFRJ. É membro do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br).
2 Deixe nos comentários abaixo sua resposta a estas duas questões:
a) quem é o autor deste trecho?
b) em que ano foi escrito?
Dica, não é do Marcos Dantas nem do autor do presente artigo.
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