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Entrevista com Arthur de Faria, colunista do Sul 21
7 de Novembro de 2012, 22:00 - sem comentários aindaEste texto estilo ‘jornalismo Wando’ acaba por aqui e seguem as falas de Arthur de Faria.
ComunicaTudo - O que veio antes, o jornalismo, o rádio ou a música?
Arthur de Faria - A música. Com 12 anos eu já sabia que queria ser músico. Aos 15, quando fui fazer vestibular, já estudava na Escola de Música da OSPA, e achei que era uma boa ter outra profissão que me desse mais dinheiro. Fiquei entre bioquímica e jornalismo. Escolhi jornalismo. Poucas vezes errei tão feio, rererere. Rádio foi um acaso. Nunca fui ouvinte de rádio. Até hoje não sou. Tava desempregado, apareceu o convite, fui ficando, ficando... em maio que vem completo VIN-TE anos no mesmo emprego!
ComunicaTudo - Como surgiu a pesquisa que mapeia a história da música em Porto Alegre? Há quanto tempo está rolando?
Arthur de Faria - Desde guri sempre gostei muito de música brasileira dos anos 1920, 30 e 40. Até hoje um dos meus cantores preferidos é o Francisco Alves. E nem falar nos compositores geniais desses anos, Noel, Caymmi e Ary Barroso na frente, mas poderia te citar uns vinte de que gosto muito. Bom. Aí, em 1989, quando fui trabalhar na Zero Hora, comecei a fazer matérias sobre artistas nascidos na Zona Norte, já que minha primeira editoria foi o efêmero caderno ZH Zona Norte. Fiz um materião sobre o rock do IAPI, outro sobre a Elis, matérias imensas mesmo, entrevistando muita gente. Fui guardando... Em 1991, o Carlos Branco, então coordenador de música da Secretaria Municipal de Cultura, governo Olívio, concebeu uma série de CDs e fascículos sobre a História da Música de Porto Alegre. Eu era do conselho e escrevi o primeiro, sobre as Origens da música da cidade - da fundação até antes do rádio. Aí já tinha um começo e uns meios. Resolvi continuar escrevendo, sempre, meio aleatoriamente. Em 1999 de novo o Branco: vendeu um projeto pra CEEE de lançar um livro com cinco CDs contendo 100 músicas que contava a história da música do RS no Século XX. Eu escrevi. Aí nunca mais parei.
ComunicaTudo - Encontraste algum registro raro durante a pesquisa?
Arthur de Faria - Bah. Centenas, meu. Tou publicando tudo.
ComunicaTudo - Acompanho tua coluna no Sul 21, como surgiu o convite?
Arthur de Faria - Pois então. Os caras me propuseram uma coluna semanal sobre música. Não topei, mas contra-ataquei: vocês não se interessam por publicar meu livro de mil páginas que eu já desisti de ver em papel? Toparam. E te juro que tou achando melhor que um livro físico, pela absoluta liberdade em botar tantas fotos quanto eu quiser, tantos links quanto eu quiser, fazer os soundclouds com as músicas de que estou falando... Já temos 10 horas de música de Porto Alegre, em variados soundclouds, e eu nem cheguei nos anos 1960 ainda...
ComunicaTudo - Tens alguma opinião formada sobre a questão da Ley de Médios e a democratização dos meios de comunicação no Brasil?
Arthur de Faria - Putz. Deveria, mas não. Nem sei o que é a Ley de Médios...
ComunicaTudo - Cara, como ouvinte do Programa Cafezinho, é inevitável de te perguntar sobre a revista do Civita. Sempre que questionado, tu mencionas as capas sobre a morte de Elis Regina ou sobre Cazuza. A Revista Veja tem sido duramente criticada por seus métodos, as ligações com o bicheiro Cachoeira, publicação de declarações ou de entrevistas que não aconteceram e por aí vai, tem como tu contar um pouco de sua experiência de trabalho na Revista Veja?
Arthur de Faria - Foi o que me fez desacreditar no jornalismo. Tinha sido demitido da Zero, onde adorei trabalhar, fiz muita coisa e raríssimas vezes fui censurado, e aí pintou esse free-lancer fixo na Veja/RS, que hoje não existe mais. A gente ia trabalhar todos os dias, mas não era contratado. Bom, aí não cheguei a oito meses e saí fora. Nesses oito meses ganhei inimigos que, alguns, me acompanham até hoje. E tem razão: eu entrevistava os caras e aí saía (MUITAS VEZES), entre aspas, coisas que eles não haviam dito. Nem tampouco eu havia escrito. Isso era praxe. Nas matérias pra Veja nacional então, era ridículo.
ComunicaTudo - Atualmente, como tu vê o cenário jornalístico do país?
Arthur de Faria - Peguei nojo.
ComunicaTudo - Costumas ler blogs jornalísticos? Os ‘blogs sujos’ tem tua leitura?
Arthur de Faria - Putz. Deveria, mas não. Nem os sujos nem os limpos.
ComunicaTudo - Tens algum posicionamento político declarado (partido, ideologia)?
Arthur de Faria - Olha, sou um cara de esquerda. Metodologicamente, marxista. Fui petista muito tempo, até o Alencar entrar de vice do Lula. Hoje sou Oliviodutrista e Fláviokoutzista. Como ambos, ao que parece, jogaram a toalha de concorrer a qualquer preço, tou meio solitário. Sobrou a Luciana Genro. Ah, essa também não tem concorrido a nada. Xiiii, acho que tou MUITO solitário.
Mas acredito num Estado Social Democrata como o melhor dos mundos possíveis. Mais que isso a história já provou que não dá certo, infelizmente.
ComunicaTudo - Certa feita, em teu Facebook publicastes um e-mail da assessoria de uma candidata a prefeitura de Porto Alegre, tem como contar aos leitores este episódio?
Arthur de Faria - O pessoal da campanha da Manuela, que eu nem sei quem são, e não tem culpa disso - certamente não a pobre da guria que me mandou o mail, o resto eu não sei -, entrou em contato pra eu gravar um video QUE NÃO ERA DE APOIO À CAMPANHA, mas sim em homenagem ao Dia do Rock. Ah, tá. Se tivessem me convidado a gravar um video de apoio à campanha, eu teria dito que não, porque não seria ela minha candidata, e ficaria por isso. Mas subestimar a gente nesse nível eu achei um desaforo. Copiei, tirei o nome da guria, e colei no facebook. Com a minha resposta: "Olha, se tiver um video de campanha CONTRA a Manuela, me chama que eu vou". Ou algo parecido.
ComunicaTudo - Arthur tu reciclou/aboliu a TV da tua casa, transformando-a em monitor de PC e em cama para teus gatos, cara, chega a ser tipo uma desintoxicação da agulha hipodérmica da programação?
Arthur de Faria - É desinteresse mesmo. E só pode ser assim, obviamente, porque a minha amada mulher tem o mesmo nível de desinteresse que eu. Mas minha filha, ainda que hoje seja 90% youtube e 10% TV tá neste momento vendo a tal novela boa essa que todo mundo fala, junto com a minha mãe, que veio visitar a gente. Acho que deve ter coisa boa na TV, mas não vou pagar cabo de novo nem fodendo. Tu troca 60 canais em três minutos e não tem bosta nenhuma que te prenda a atenção. Faz quatro anos que a gente não vê NENHUMA TV, eu e a Áurea. E sentimos ZERO falta.
ComunicaTudo - Como é ser um gaúcho ‘fora do eixo Gre-Nal’? Esse posicionamento já gerou alguma história tragicômica?
Arthur de Faria - Não, acho que não...
ComunicaTudo - Gostas de futebol?
Arthur de Faria - Poucas coisas na vida eu acho mais aborrecidas que futebol. Uma delas é a histeria patética de homens adultos discutindo sobre qual dos times escolhidos pra "torcer" joga mais bola. Não consigo fazer sinapse com a possibilidade disso ser um assunto para alguém com mais de sete anos de idade. Tou falando sério.
ComunicaTudo - E do Maradona?
Arthur de Faria - Figuraça!
ComunicaTudo - Sei que tu és um puta fã do cineasta Emir Kusturica, já assistiu ao filme ‘Maradona Par Kusturica’?
Arthur de Faria - SIM! Sen-sa-cio-nal. E eu resisti bravamente, mas não pulei as partes em que ele joga bola, rererere.
ComunicaTudo - Cara, e o ECAD? Dá pra fazer uma grana com esse modelo? Ou o modelo digital com ‘reconhecimento de música’ que deve ser implementado pelo Governo Federal será melhor? Ou será apenas ‘menos pior’?
Arthur de Faria - Cara, é um assunto que eu preciso estudar melhor. Mas só o que eu garanto é que, a cada três meses, recebo da minha entidade arrecadadora, a UBC, um dinheirinho arrecadado pelo ECAD. Re-lo-gio-sa-men-te. Às vezes são dezenas de reais, já aconteceu de ser milhares. NÃO TEM que acabar com o ECAD. Tem de fazer funcionar cada vez melhor.
ComunicaTudo - Cara, tuas andanças com a música te levaram do Rio Grande do Sul, passando por São Paulo, sertão, Acre, Argentina Uruguay e Leste Europeu, tem algum lugar que ainda não foste que gostaria de ir tocar?
Arthur de Faria - Bah, MUUUUUITOS. Dos estados brasileiros, toquei no máximo na metade. Da América Latina, só Buenos Aires e Montevideo. Da Europa, só Barcelona, Viena e Praga. E nunca toquei em Novo Hamburgo!!!
Mas acho que onde mais queria tocar, se fosse escolher, entre os lugares onde não estive, é no Japão. Todo mundo que vai tocar lá dos meus amigos volta pasmo com a recepção dos caras.
Foto de Fernanda Female |
Arthur de Faria - Parado, mas em hibernação. Se pintar alguma oportunidade, a gente se reúne de novo. Mas este ano tivemos um baque tristíssimo: o Osvaldo morreu, depois de três batalhas contra o câncer. Ganhou duas. Quando a gente se encontrar de novo, a gente vai sentir muita falta dele. Eu passei dias tristíssimo. Ele era uma pessoa e um músico muito, muito, muito especial.
ComunicaTudo - O teu projeto Duo Deno trocou mesmo de nome?
Arthur de Faria - Ainda tamos atrás, mas não é meu. É meu e do Pezão!
ComunicaTudo - Descrito no You Tube como: “Uma produção Black Maria concebida, roteirizada e dirigida por Gustavo Fogaça, o Guffo, em homenagem à pujança e a variedade da mulher gaúcha. E valorizando tudo que havia de melhor no pornô brasileiro dos anos 80. Menos o sexo.”
O clipe de Prenda Minha do Arthur de Faria e Seu Conjunto é frenético e dá ao espectador a oportunidade de, mentalmente, completar a ação da cena. Como surgiu a ideia pra esse conceito que funcionou tão bem?
Arthur de Faria - Os méritos são todos do Guffo! Uma graaaaande sacada!
ComunicaTudo - Além de radialista, pesquisador, músico, jornalista, mestrando em letras e arranjador, ainda tu é produtor musical. Teu trabalho mais recente nesta área, o álbum ‘It’s a Clown Music! Bandinha Di Da Dó’, que tal a experiência de trabalhar com a vertente circense sem perder a essência da rua?
Arthur de Faria - Foi um dos trabalhos mais prazerosos da minha vida. A idéia foi tentar compensar o que o disco não tem - a incendiária performance deles - com coisas que eles não podem ter sempre: muitos convidados colorindo tudo. Acho que deu certo.
ComunicaTudo - Como surgiu o ‘título’ o ‘Bregovic'*** dos Pampas’?
Arthur de Faria - Surgiu!?!?!? Bah, quem me dera!
ComunicaTudo - O Blog Comunica Tudo já derrotou a Rainha dos Baixinhos no prêmio Top Blog, alguma mensagem em especial?
Arthur de Faria - Queria mandar um beijo pra voxêis!!!!
ComunicaTudo – Ôtro.
* Combo que reúne músicos de Montevideo, Buenos Aires, Porto Alegre e São Paulo.
** Duo de Arthur com o baterista Fernando Pezão.
***Músico e compositor sérvio-bósnio que mistura ritmos tradicionais da Sérvia e arranjos modernos e pop.
Links dos trabalhos de Arthur de Faria:
Arthur de Faria pode ser ouvido na Pop Rock FM (www.poprock.com.br/) nos programas Vitrola Minha Vitrola (DOM 12hs), Cafezinho (SEG-SEX 12hs), Café das Cinco (SEG-SEX 17hs) e, ocasionalmente, no esportivo/futebolístico Refri, Cerveja e Água (SEG-SEX 13hs).
Facebook: https://www.facebook.com/ArthurdeFaria
Site Arthur de Faria & Seu Conjunto: http://www.seuconjunto.com.br/
MySpace do Duo Deno: http://www.myspace.com/duoduodeno
MySpace do Surdo Mundo Impossible Orchestra: http://www.myspace.com/surdomundo
Coluna de Arthur no Sul21: http://sul21.com.br/jornal/category/colunas/arthur-de-faria/
PS: Esta entrevista não existiria sem as mãos de Diego Pignones, colunista do Comunica Tudo.
Crise? A estratégia da Globo para o futuro
7 de Novembro de 2012, 22:00 - sem comentários ainda A saída da Globo do controle da NET Serviços deve ser analisada com muito cuidado. Segundo a visão deste blog, trata-se praticamente da conclusão de um processo que se iniciou há mais de dez anos, quando a Globo entrou em crise, incapaz de pagar suas dívidas. A decisão, então, foi manter o controle familiar do grupo (sem ceder participação patrimonial aos credores), mas vender quase tudo o que não estivesse relacionado diretamente com a produção de mídia.Por Gustavo Gindre, no Observatório do Direito à Comunicação
Foram vendidas fazendas, uma financeira (Roma), uma construtora (São Marcos) e vários outros negócios, muitos deles ligados à comunicação. A Globo deixou o controle da subsidiária da NEC no Brasil, praticamente encerrou as atividades de sua gravadora Som Livre, fechou a distribuidora Globo Vídeo e o varejo da Globo Disk, saiu da Teletrim, da TV portuguesa SIC e da Maxitel (atualmente parte da TIM), vendeu a empresa de telecomunicações Vicom e a gráfica Globo Cochrane e liquidou o sonho de uma operadora de parques temáticos.
Essa redução implicou, também, em desistir do mercado internacional. Embora importante como estratégia de divulgação, o lucro com a venda de novelas para outros países sempre foi residual no faturamento da Globopar. Ao mesmo tempo, a Globo International jamais ambicionou ser nada além de um canal para brasileiros vivendo fora do seu país.
Concorrentes nacionais
Na crise a Globo não esteve sozinha. Praticamente todos os grandes grupos de mídia brasileiros também reduziram suas ambições neste mesmo período. Hoje, a Globo tem receita líquida anual maior do que a soma de Record, SBT, Grupo Bandeirantes, RedeTV, Folha de São Paulo, Grupo OESP, UOL, RBS e Abril. Adversários como JB e Manchete ficaram pelo caminho. Some-se à fragilidade e incompetência dos outros grupos brasileiros de mídia, a atuação dos sucessivos governos, que, seja como regulador ou como fomentador, jamais demonstraram vontade de encarar o poderio da família Marinho.
Concorrência estrangeira
Mas, o cenário é completamente diferente quando se analisa os adversários estrangeiros.
Enquanto vendia a NET Serviços para Carlos Slim, a Globo assistiu a Televisa impedir o mesmo Slim de entrar no mercado mexicano de TV a cabo ao mesmo tempo em que investia no mercado de telefonia celular (Lusacell) e nos consumidores hispânicos que vivem nos Estados Unidos. Mas, os maiores temores da Globo não estão na América Latina.
A família Marinho teve forças para impedir que a TV aberta brasileira se tornasse interativa (mesmo tendo que praticamente banir o uso do middleware brasileiro conhecido como Ginga). Mas, ela não pode lutar contra o fenômeno das smartTVs e da chegada do video on demand. Com isso, empresas como Samsung, LG, Sony, Google, Apple e Amazon, que até então atuavam em outros mercados, passaram a disputar a audiência brasileira, em um fenômeno que só tende a crescer nos próximos anos.
Mas, há dois outros adversários ainda mais próximos. Se é poderosa no mercado nacional, a Globo não tem porte para enfrentar as operadoras de telecomunicações e os estúdios de Hollywood. Incapaz de derrotá-los em próprio solo brasileiro, a Globo partiu para uma estratégia defensiva-ofensiva.
Por pressão da Globo, a Lei 12.485 praticamente excluiu as operadoras de telecomunicações do mercado de mídia. Elas não podem ter mais do que 30% de produtoras e programadoras de TV paga e emissoras de TV aberta. E também não podem contratar os direitos de eventos de “interesse nacional” (como o Campeonato Brasileiro de futebol, a Copa do Mundo, as Olimpíadas e o carnaval da Sapucaí) ou “talentos” brasileiros (como artistas, diretores e roteiristas – exceto quando for para publicidade). Ao mesmo tempo em que constrói uma barreira contra as teles, a Globo segue associada ao grupo DirecTV (na Sky brasileira) e à America Movil (na NET).
A mesma estratégia foi adotada diante das majors norte-americanas. A Globosat mantém uma associação com Universal, Paramount, Fox, MGM e Disney nos canais Telecine, além de servir de segunda janela para a Sony-Columbia no Megapix. Mas, mantém poder de veto aos canais estrangeiros na Sky e na NET.
Com isso, a Globo busca ser um ponto de passagem obrigatório no mercado brasileiro, tentando se manter como o parceiro ideal para esses grupos transnacionais, ao mesmo tempo em que lhes dificulta a concorrência.
Futuro
A estratégia é inteligente e por enquanto vem dando certo. Mas, até quando? Ao mesmo tempo, ela é sintoma de um duplo fracasso das políticas (ou da falta delas) para as comunicações brasileiras. Exceto pela Globo (e em parte por causa dela), o país não foi capaz de criar grupos fortes de comunicação. E nossa “campeã nacional” precisa lançar mão de uma série de expedientes para impedir a concorrência estrangeira.
Não se trata nem de demonizar a Globo nem, muito menos, de uma tentativa de salvá-la dos gigantes internacionais. Mas, de reconhecer que, com Globo ou sem ela, o futuro não é nada animador para a comunicação brasileira.
Ficha limpa, ficha suja e o exército de um homem só
7 de Novembro de 2012, 22:00 - sem comentários ainda
Um homem acampa, sozinho, diante do TSE em Brasília para fazer valer a ficha limpa na sua cidade, a segunda mais rica do Amazonas
É na história bíblica de José, o personagem que foi vendido pelos próprios irmãos para ser escravo no Egito, que Joel de Souza Rocha, de 42 anos, natural de Coari, no interior do Amazonas, busca inspiração. “A gente sabe o tamanho da força que tem quando temos de lutar dentro de nossa própria casa”, diz.
Há quase vinte dias, Joel, solteiro e pai de uma menina, emprestou dinheiro de quatro amigos da cidade de 77 mil habitantes para, escondido da família, viajar sozinho para Brasília.
Até hoje está acampado em um canteiro à frente da sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE): “Eu vim para dar voz a Coari”, explica.
Com apenas R$ 120 no bolso, Joel ganhou hospedagem de graça da dona de uma pensão para sua estadia em Brasília. Porém, o coariense, que fez uma única refeição desde o dia em que chegou – não pelo parco dinheiro mas por protesto – ficou mesmo acampado, munido de uma faixa e alguns CDs.
A faixa traz um pedido que não está à margem da lei: “Por favor, TSE. Faça valer a lei da Ficha Limpa na minha cidade. Coari/Amazonas”.
Já os CDs contêm dados sobre o personagem que levou o coariense a dormir na rua, passar frio e fome: Adail Pinheiro.
DOSSIÊ ‘VORAX’
São cópias de documentos e reportagens contendo gravações que a Polícia Federal fez durante a “Operação Vorax”, realizada entre 2004 e 2008, que desarticulou um esquema de corrupção, fraudes em licitações e falsificação de documentos que envolviam, entre 28 acusados, o prefeito recém-eleito de Coari, Adail Pinheiro (PRP). Pela acusação, Adail – que já administrou a cidade entre 2001 e 2008 – chegou a ter prisão preventiva decretada em 2009 – ele não havia informado à Justiça sua mudança de Coari para Manaus.
Após ser preso e recorrer a todas as instâncias possíveis – Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) e Superior Tribunal de Justiça (STJ) –, Adail acabou ganhando a liberdade pelas mãos do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em 28 de dezembro de 2009.
Acusado de abuso de poder econômico e desvio de dinheiro público, entre outros crimes, o então ex-prefeito de Coari permaneceu menos de três meses preso. Antes da prisão, a prestação de contas da sua administração foi rejeitada pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
O material que Joel Rocha reúne também conta com as gravações que apontam envolvimento de Adail e dois ex-secretários municipais – Adriano Salan e Maria Lândia dos Santos – em facilitação à prostituição de menores, abuso sexual e pedofilia. Nas reportagens, algumas delas exibidas em rede nacional, é possível ouvi-los negociar, com uso de ‘códigos’, a prostituição de meninas de 15, 14 e até 13 anos de idade. Adail e os dois servidores chegaram a prestar depoimento à CPI da Pedofilia do Senado, onde negaram as acusações.
Mas o que quer o coariense Joel? Apresentar o material ao José Antonio Dias Toffoli, do TSE, relator de um recurso especial (veja aqui) do Ministério Público Eleitoral do Amazonas (MPE) contra Adail Pinheiro. O MPE tenta reverter do tribunal regional eleitoral que liberou o prefeito a concorrer – e vencer – as eleições deste ano.
“Não é possível que ele, depois de ter sido condenado, depois de haver provas de corrupção na cidade de Coari, que ele possa concorrer nas eleições. Ele não é ficha limpa”, afirma Joel.
FICHA SUJA
O imbróglio envolvendo o nome de Adail Pinheiro nas eleições deste ano começou pouco depois do registro de sua candidatura, que foi deferido pela Justiça Eleitoral em Coari.
O MPE recorreu da candidatura com base na Lei da Ficha Limpa, citando duas condenações do ex-prefeito no Tribunal de Contas estadual (TCE-AM), duas no Tribunal de Contas da União (TCU), e outra pelo Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE-AM) – nesta, Adail foi tornado inelegível por três anos.
O TCE julgou irregulares as contas municipais de 2002 e 2006. No primeiro caso, Adail foi condenado a devolver aos cofres R$ 1,2 milhões e pagar multa R$ 32.267,08; no segundo, a sanção foi de R$ 9 milhões, entre multas e ressarcimento de dinheiro público.
No TCU, Adail foi condenado por irregularidades na aplicação de recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) e por “malversação do dinheiro público” em convênio com o Ministério do Meio Ambiente.
A condenação na Justiça Eleitoral ocorreu por abuso de poder político e econômico nas eleições de 2000.
Mas a juíza da 8ª Zona Eleitoral de Coari, Sabrina Ferreira – a mesma que aprovou a candidatura – negou o recurso de impugnação proposto pelo MPE. Ela alegou que ambas as condenações no TCE estavam suspensas por ordem judicial e que as condenações pelo TCU não comprovavam “ato doloso de improbidade administrativa”.
A juíza também descartou a condenação pela Justiça Eleitoral do Amazonas, em 2009, como impeditivo uma vez que, de acordo com a juíza, os fatos irregulares ocorreram antes da redação da Lei nº 135/2010, a lei da Ficha Limpa. Além disso, sustenta a magistrada, Adail já cumpriu os três anos de inegibilidade determinados pelo julgamento do TRE, contando a partir de 2008.
REVIRAVOLTAS
Após o indeferimento do recurso de impugnação, o MPE voltou a recorrer da candidatura, desta vez ao Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas. Em julgamento no dia 20 de junho, o pedido foi rejeitado.
Na primeira etapa, o relator do caso, o juiz Marco Antônio Costa, usou a mesma argumentação da juíza Sabrina Ferreira, da comarca de Coari: não haveria “ato doloso” nas irregularidades detectadas e julgadas pelo TCU. Para torná-lo inelegível este ano, diz o magistrado, “a condenação deveria ser, por exemplo, uma ação civil pública”.
Com todos os votos a seu favor, no dia seguinte, Adail estava livre para concorrer ao pleito. Mas o seu então candidato a vice, José Henrique de Oliveira, teve a candidatura impugnada por ter sido cassado do mandato de vereador e declarado inelegível pelo TRE-AM, no dia 9 de julho de 2009.
Em maio de 2008, ele e outros políticos – incluindo Adail – participaram de uma ação chamada “Comemoração do Dia das Mães” em que R$ 4 milhões do dinheiro público foram distribuídos à população em forma de brindes. O valor e os preparativos da ação foram interceptadas em gravações durante a “Operação Vorax”.
Ao longo do período entre a candidatura e a briga do MPE para impugná-lo, Adail obteve vitórias e derrotas. No começo de junho, o TCE acatou recurso contra a condenação das contas de 2002, em que o ex-prefeito alegava não ter tido direito à ampla defesa por não ter sido notificado. Já no mês de julho, Adail obteve liminar do presidente do TRE, o desembargador Flávio Pascarelli, que suspendeu a reprovação das contas de 2006. Em agosto, porém, a liminar foi cassada pelo Tribunal de Justiça do Amazonas.
No fim de julho, outra vitória: o (então) ex-prefeito conseguiu anular uma decisão de 2009 a respeito de irregularidades na aplicação de recursos do SUS. Mas, em outubro, o Supremo Tribunal Federal (STF), indeferiu um pedido de suspensão da outra condenação do TCU, também de 2009, por verbas do MMA.
Mas o Ministério Público do Amazonas não se deu por satisfeito, e ajuizou recurso especial solicitando encaminhamento do seu pedido de impugnação da candidatura ao TSE, em Brasília.
Enquanto isso, Adail Pinheiro, que teve apoio declarado do senador Eduardo Braga (PMDB), líder do Governo Federal no Senado, e do governador do Amazonas, Omar Aziz (PSD), venceu o pleito com 42,83% dos votos válidos, quinze pontos à frente do segundo lugar.
CLIQUE AQUI, E LEIA A REPORTAGEM COMPLETA, NO SITE DA PÚBLICA.
Veja e Ibope flagrados: os talibãs da desinformação
5 de Novembro de 2012, 22:00 - sem comentários aindaBrasil 247, a revista Veja aprontou mais uma de suas canalhices: teria incitado participantes do Enem a fotografarem as provas e enviarem pelo Instagram para publicação em seu site, com a seguinte chamada: "Compartilhe fotos do Enem no Instagram: #VEJAnoEnem . As melhores serão exibidas em VEJA goo.gl/e2wq1 ".Esta convocação ao desrespeito das normas estabelecidas no edital do concurso foi feito no twitter institucional da revista e demonstra, mais uma vez, o tipo de jornalismo que esta publicação se dispõe a fazer.
Resultado: dezenas de participantes foram desclassificados por atenderem ao pedido criminoso da Veja.
Paulo César Pereio em seu twitter foi feliz ao classificar o ato do grupo Abril como delinquência, segundo suas próprias palavras: "Veja partiu para a delinqüência. Inventa matéria contra Lula, frauda prova do Enem... É a talibã da imprensa, o PCC da comunicação."
Prejudicou a terceiros, com o intuito delituoso de criar um fato que prejudicasse o MEC e desmoralizasse o exame.
Veja atola-se na lama que produz em sua redação, efeito do jornalismo chafurdado no lodaçal das faltas de ética e compromisso com a verdade.
Total sintonia com a manipulação dos fatos, somado a irresponsabilidade de prejudicar a terceiros para atingir seus rasos objetivos político-editoriais.
Última pesquisa Ibope para o primeiro turno em Curitiba colocava o prefeito eleito, Gustavo Fruet, em terceiro lugar, sem qualquer chances de chegar ao segundo turno... |
No mesmo Brasil 247, outra matéria dá conta de que o Ibope está sendo denunciado por um grupo de ex-pesquisadores sobre irregularidades cometidas durante as últimas pesquisas eleitorais.
Um denunciante, que pediu demissão do instituto de pesquisa, apresentou a seguinte justificativa para sua saída: "Trabalho no IBOPE realizando as pesquisas de eleição. Realmente os resultados são bem diferentes em relação à pesquisa que fazemos e o que é divulgado na mídia. Pedi minha demissão hoje, 14/09, por este e outros motivos!!".
Nesta mesma matéria são apontadas várias irregularidades cometidas pelo Ibope, como uso de formulários falsos, dirigismo da pesquisa sobre a vontade do pesquisado, interferências políticas, balcão de negócios. Estas e outras mais denúncias servem para comprovar o pouco que resta de credibilidade aos institutos de pesquisa no país.
E não somente em pesquisas eleitorais!
O instituto de Carlos Augusto Montenegro foi condenado na 32ª Vara Cível de São Paulo a ressarcir a Rede Record em R$ 326 mil por ter sido levada a erro por falha em equipamento real time do instituto.
Este erro causou prejuízos à emissora na definição de estratégia em sua grade de programação.
O Ibope mede a audiência da TV brasileira em tempo real nas principais capitais brasileiras, os índices auferidos e publicados definem, por exemplo, a distribuição da verba publicitária. Hoje a Globo arrecada cerca de 60% de todo este montante, ganhos baseados na audiência medida pelo instituto que monopoliza este serviço no país.
Ibope e Veja, cada um em sua área de atuação, comprometem-se com aquilo que está além de seus papéis e, desta maneira, agem deliberadamente para desinformar, manipular e intervir, de forma vil, em processos que, ao contrário, deveriam conferir legitimidade com procedimentos imparciais e transparentes.
Nestes dois casos perde a sociedade com a flagrante mutilação da verdade em nome de interesses nada nobres que estes dois grupos defendem despudoradamente.
Não é mais possível crer no que publicam ou pesquisam, a desconfiança ronda números e letras destes agentes da manipulação de fatos e dados.
(Publicado em Palavras Diversas)
A crônica da morte anunciada de Furreco
4 de Novembro de 2012, 22:00 - sem comentários aindaTudo começou com o cercamento de espaços públicos de Porto Alegre por parte da Prefeitura MunicipalPor Diego Pignones
O início da morte anunciada de Furreco começou com a privatização (processo ao qual foi dado o nome de ‘Parceria Público Privada) e cercamento do Auditório Araújo Vianna. Os motivos do cercamento do Araújo Vianna não são claros. Setores responsáveis pelas áreas da cultura e patrimônio de Porto Alegre afirmam que a cerca foi aprovada por eles, uma vez que o local foi tombado como patrimônio histórico e por conta do novo projeto arquitetônico do auditório que exporia a segurança de artistas e equipamentos.
O arquiteto responsável Moacyr Moojen afirma que a cerca foi uma exigência do edital lançado pela Prefeitura Municipal de Porto Alegre e que, inclusive, a medida compromete visualmente seu projeto para o auditório. Mas a polêmica maior envolve os taludes que margeiam o Araújo Vianna. Os taludes serviam de espaço de convivência social para os transeuntes do Parque Farroupilha e Redenção. Ali era comum ver a gauchada de todas as idades tomar um sol e um mate. Os taludes eram ponto de encontro e em dias de shows no Auditório Araújo Vianna, o pessoal que não ia entrar no auditório sentava-se para ouvir o som.
Agora os taludes são ‘protegidos’ por um gradil verde, que o torna inacessível ao público e para os não-pagantes em dia de apresentações.
O projeto inicial era mais nefasto, se podemos dizer assim. Consistia no uso de chapas para tapar completamente a visão do local histórico.
(Fim do 1º ato)
Era noite. O Auditório Araújo Vianna estava lotado. O show de Tom Zé encerrava uma série de apresentações culturais do 19º Porto Alegre Em Cena. Os postos de vendas de ingressos esgotaram os ingressos.
Durante a apresentação de Tom Zé, manifestantes seguravam cartazes e protestavam contra as grades colocadas no espaço, reaberto no dia 20 de setembro (feriado estadual Dia da Revolução Farroupilha).
Provocador, no final de sua apresentação, mais precisamente no bis, Tom Zé segurou um cartaz dos manifestantes onde se lia em letras maiúsculas “PRAÇAS VENDIDAS”. O tumulto estava se formando. Acabado o show, alguns dos manifestantes sentaram nos taludes ao lado do prédio e foram retirados por seguranças.
A segurança da detentora dos direitos de exploração do auditório tentava dispersar o público utilizando aparelhos de choques, truculência e xingamentos. Os homens eram chamados de “maconheiros” e as mulheres de “puta” ou “vagabunda”.
A truculência da equipe de segurança foi a senha para um grupo de jovens arrastar um inflável da Coca-Cola para a rua, que fora patrocinadora da reforma do auditório.
O protesto ganhou repercussão e força nas redes sociais onde era divulgada a imagem da lata de Coca-Cola inflável incendiada na Rua Osvaldo Aranha.
O 9º Batalhão de Polícia Militar, que atende à região do Auditório, afirmou que não registrou nenhuma ocorrência sobre o protesto ou a queima do inflável em via pública.
(Fim do 2º ato)
Já era aberta a contagem regressiva para a morte de Furreco.
Nas redes sociais se articulava um protesto pacífico em defesa da alegria. Os manifestantes passaram o final da tarde e da noite na Praça Montevidéu, a uns 50 metros do mascote patrocinado pela Coca-Cola colocado no largo Glênio Peres.
Os manifestantes avançaram para onde estava o boneco inflável.
Armou-se o conflito.
As versões para a confusão são contraditórias. Policiais asseguram que os manifestantes avançaram sobre o boneco e que o destacamento que vigiava o quadrante agiu para evitar a depredação. Participantes do ato afirmam que iriam fazer uma ciranda em volta do mascote quando teriam sido atacados pelos soldados que defendiam um plástico com ar com uma logomarca.
De súbito, o mascote da Copa do Mundo de 2014 tombou.
A informação era de que o inflável tinha sido cortado com faca, lâmina, ou facão e perfurado por paus e pedras arremessadas contra ele.
Ao final do conflito, o saldo de vários feridos e 6 manifestantes presos, a abertura de inquérito pela Polícia Civil, informações desencontradas e vídeos do confronto no You Tube.
Furreco morreu. E fora assassinado.
A pergunta não respondida: Como pode uma publicidade inflável ser considerada patrimônio público e gozar de proteção policial?
(Fim do 3º ato)
Durante a semana, as informações vinham de todos os lados.
A imprensa repercutia o triste fim de Furreco. Esfaqueado, apedrejado e morto à pauladas.
Até que o impensado aconteceu.
Furreco poderia ser ressucitado.
A empresa detentora dos direitos de do boneco, a Opus Promoções (a mesma que detém os direitos de exploração do Auditório Araújo Vianna) entregou o boneco para ser periciado e não foi encontrada nenhuma ruptura no plástico ou perfuração.
Durante o conflito, alguém desligou da tomada o injetor de ar e só esvaziou Furreco.
Cogitava-se pedir outro boneco. Agora o prefeito de Porto Alegre cogitava reutilizar o Furreco esvaziado.
Mas, foi batido o martelo: Porto Alegre não teria mais Furreco nenhum.
(Fim do 4º ato)
O Furreco colocado irregularmente na Esplanada dos Ministérios em Brasília era morto à facadas durante a noite.
A FIFA anuncia restrições à venda de acarajés em Salvador.
O Governo do Estado do Rio Grande do Sul e a Brigada Militar (PM do Rio Grande do Sul) reconheceram que houveram excessos por parte dos policiais e, inclusive, o governador Tarso Genro emitiu uma nota oficial na qual reconhece os excessos, explica qual é a postura que o governo espera de sua força policia e ressalta que determinou ao secretário da Segurança Pública convidar os "cidadãos e cidadãs" que se sentiram vitimas para que façam suas denúncias à Ouvidoria da Segurança Pública.
(Fim do 5º ato)
O Furreco é atacado em São Paulo. O ataque aconteceu por volta das 17horas em um evento do grupo “A Cidade é Nossa”. O grupo, deixou a favela do Moinho (que pegou fogo em setembro) rumo ao centro de São Paulo, onde, segundo a organização, promoveria uma "roda de conversa sobre direito à cidade, especulação imobiliária e poder popular", além de atrações culturais.
A Fifa volta atrás na questão da venda do acarajé em Salvador.
(Fim do 6º ato)
A questão fundamental dos casos de homicídio contra o Furreco é a invasão dos espaços públicos com infláveis da iniciativa privada que gozam de segurança proporcionada pelos aparatos de segurança pública. Além disso, a Copa do Mundo 2014 não é nossa. Ela é da FIFA e de seus contratos corporativos de exploração comercial.
Nossas leis são ignoradas para que a Budweiser possa vender cerveja no entorno e dentro dos estádios. Nossas conquistas sociais são abolidas para que o consumidor que sinta-se lesado não possa recorrer ao Código de Defesa do Consumidor.
E a lei em que exige que na abertura de eventos públicos seja tocado o hino nacional? Será abolida. Ignorada.
A Copa é um evento privado. Em que uma pretensa entidade escolhe um país para fazer sua festa, leva os convidados VIPs, bebe até vomitar nas ruas, emporcalham o local e vão embora sem pagar a conta. Para agradar ao público, o refrigerante lança um mascote. Cujo nome deverá ser uma das três horrendas opções. A “maior festa do futebol” é a festa com o chapéu dos outros e o orgasmo com a genitália alheia.
Soy contra el fútbol moderno.
Anotação na Margem:
- Já escrevi antes sobre a Copa aqui mesmo no Comunica Tudo, Copa do Mundo 2014... Soy Contra http://comunicatudo.blogspot.com.br/2011/10/copa-do-mundo-2014-soy-contra.html
- Segue a previsão de que o Brasil será compensado com o caneco em virtude de ter perdido a Copa de 1950. Por isso, soy celeste!
- Entre Amijubi, Fuleco e Zuzeco, o melhor ainda é o Furreco.
- Ignore o slogan e não beba Coca-Cola.
- Post escrito ao som de Butoki Paradize Orchestra
Diego
Pignones
Publicitário
e pesquisador em Comunicação Social.
Twitter: @diegopignones
Tumblr: http://lavalanga.tumblr.com/