Por Caíto Aragão*
BILLIE HOLIDAY:
NEGRA, DIVA;
PRESA, VIVA;
ESCAPA, MORTA!
Há 57 anos o mundo da música e do Jazz perdia BILLIE HOLIDAY, em Nova York, na manhã de 17 de julho de 1959.
ELEANORA FAGAN GOUGH, (seu nome original) morreu com apenas 44 anos de idade.
Seu organismo já estava debilitado pelo uso contínuo e descontrolado de drogas e álcool.
Billie Holiday, era a voz negra norte americana mais pungente e emocionante como intérprete da história do jazz.
Internada mais uma vez para se tratar do vício em heroína, do qual nunca conseguiu se livrar, Billie morreu sob vigilância policial e, segundo alguns biógrafos, algemada na cama, depois de denunciada à polícia por uma enfermeira que a teria surpreendido consumindo entorpecentes no hospital. Durante a necropsia, os médicos encontraram US$ 750 escondidos dentro de uma meia de seda que ela usava, o último dinheiro de Billie.
As condições degradantes em que a intérprete morreu são o último capítulo de uma biografia singular do show business.
Negra, pobre, nascida numa América preconceituosa e repressora, Billie Holiday passou fome, se prostituiu ainda adolescente, descobriu na música o caminho para superar as dificuldades, tornou-se uma estrela e, depois, mergulhou no desespero do vício que a destruiu.
Uma vida sem regras, forjada no desequilíbrio entre talento e sofrimento, ambos em doses nada homeopáticas, ingredientes mais que suficientes para transformar a cantora em um mito.
E é como mito que Lady Day (apelido carinhoso que recebeu do saxofonista Lester Young) permanece, passados 57 anos do fim melancólico naquele hospital do Harlem.
Não apenas como a dona de uma voz única, que misturava melancolia, rouquidão e sensualidade, mas também como a artista que influenciou os rumos do jazz, despertou admiração e se tornou um símbolo impossível de ser substituído.
No palco, era uma diva, que aprendeu a fazer da voz um requintado instrumento, que nunca cantava uma música da mesma forma duas vezes.
Bela, talentosa, geniosa e dona de um instinto afinado para se envolver com cafajestes, entre eles o primeiro marido, JOHNNIE MONROE. Depois de Monroe viriam mais dois casamentos, com JOE GUY e LOUIS MCKAY.
Monroe lhe fornecia drogas e era violento. Guy a convenceu a montar sua própria orquestra e lhe tirou uma bela quantia. McKay também era violento. Além dos maridos, Billie, de acordo com as fofocas da época, teria se envolvido com CLARK GABLE e com o ator e cineasta ORSON WELLES.
Apesar do preconceito, extorsões e machismo, exacerbados em plena década de 50,
permanece em nossa memória apenas o talento, a ousadia e a resistência dessa mulher negra e corajosa, que, com unhas, dentes e voz enfrentou a indiferença das elites brancas da América do Norte.
O ódio sucumbiu à sua voz, e sua música ecoou para a posteridade das novas gerações.
ONDE ECOA O SOM DO JAZZ, BILLIE NÃO JAZ JAMAIS!
*Caíto Aragão é professor e historiador.
(Fonte: "Billie, uma breve biografia - 1985 - Amc)
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