PARÁ DE HOJE: CHICAGO? - Charge da capa do "Jornal Pessoal" de 2007, ilustra a guerra entre os dois barões da mídia paraense e até hoje permanece atual. |
“A disputa entre os Maiorana e Jader Barbalho se transformou numa guerra suja. Os dois contendores perderam o próprio controle e descambaram para uma agressão tão rasteira que passou a ofender o decoro público. Se não pararem, como será aproxima batalha?”
Lúcio Flávio Pinto em seu “Jornal Pessoal” em fevereiro de 2007.
É incrível, mas o segundo maior Estado do país, o mais populoso da Região Norte e com mais de 7 milhões de habitantes, o Pará possui apenas duas grandes empresas de comunicação, as quais controlam as maiores emissoras de rádio, tv, portais na internet e jornais impressos.
A rivalidade das duas famílias que controlam estas empresas não se limita às disputas comerciais, que são naturais no mercado capitalista. A influência destes poderosos empresários nos processos eleitorais tem proporcionado uma verdadeira guerra, onde acusações diárias entre si e seus aliados, geram uma polarização que impede que o povo paraense escolha com mais qualidade seus governantes. A promiscuidade partidária, o estelionato eleitoral e o fisiologismo político, imperam nas eleições e repercute nos contratos de repasse de verbas publicitárias e nos acordos com conglomerados empresarias interessados em contratos governamentais.
O Estado Republicano é contaminado por interesses escusos e o vale-tudo torna a sociedade refém das escolhas e do resultado de acordos tão bem estruturados financeira e politicamente falando, que não resta outra opção aos demais grupos políticos e empresariais a não ser aliarem-se a esta ou aquela família para terem visibilidade midiática, capilaridade social e viabilidade política.
Com isso, a população perde com a baixa qualidade do jornalismo praticado, já que o lado irracional da disputa impera na produção de matérias que deveriam noticiar os fatos, informando de forma imparcial e com critérios técnicos, mas tornam-se panfletários, ou contra ou favoráveis à parlamentares, gestores e empresários, sejam eles honestos ou corruptos.
As premissas do jornalismo ético são ignoradas diariamente pelos profissionais que para manterem-se empregados, aceitam serem submissos e anulados em seu discernimento crítico, passando a agir com as orientações expressas dos patrões que violam a liberdade de expressão para além das linhas editorias de suas empresas.
O jornalista Lúcio Flávio Pinto, em uma das edições de seu “Jornal Pessoal” em 2013, nos chamava a atenção para uma das piores vertentes desta escravidão:
“O domínio autocrata do proprietário sobre os veículos de comunicação aprisiona o seu contratado. Ele pode noticiar a greve de todas as categorias profissionais, menos a sua. Pode servir de condutor para o protesto de trabalhadores superexplorados por seus patrões, desde que não inclua o seu, que paira em espaço criado, acima do bem e do mal”.
Com isso, todos perdem e o Pará torna-se cada vez mais provinciano e considerado uma terra longínqua do centro do poder, pois pouco produz para o pensamento crítico da nação, com raríssimas exceções que se aventuram em outros ramos como o pensamento acadêmico, a literatura e outras as artes, menos no trato da opinião e crítica política e sobre os fatos cotidianos que esperamos dos jornais, telejornais, programas de rádio e os novos portais e sites na internet.
Mesmo assim, não podemos desistir de lutar por um contraponto permanente entre estes barões da mídia local e a insistência para que a democratização da mídia brasileira acabe com esse tipo de domínio é condição sine qua non para novos tempos.
Por isso, a chamada: Comunicadores, políticos e trabalhadores, uni-vos em torno de uma saída para este estado sofrível.
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