Assim como em 2011, Dilma privilegia o jornal Folha de São Paulo e despreza a poderosa rede de voluntários na internet. |
Por Diógenes Brandão
Duas horas após os fogos de artifícios, brindes e abraços anunciarem a virada do ano de 2015 para o de 2016, o jornal Folha de São Paulo publicou com exclusividade, mas sem nenhuma foto, o artigo com a primeira mensagem do ano, enviada pela presidenta Dilma ao povo brasileiro, sob o título "Um feliz 2016 para o povo brasileiro".
Como já havia dito ontem, este meticuloso blogueiro, mesmo controlando sua ansiedade ainda não conseguiu entender o motivo de tamanho privilégio concedido ao impresso da família Frias. Dilma sabe, ou deveria saber, que tem uma gama de mais de 10.817 outros veículos - como já foi dito aqui - pagos com verbas publicitárias estatais, sem falar das centenas de milhares de blogues e redes sociais de ativistas digitais que compartilham e reproduzem os conteúdos de seu governo voluntariamente.
Mais estranho ainda é o fato do Blog do Planalto, veículo oficial do governo só ter feito a publicação da mesma mensagem da presidente, às 13:39 da sexta-feira (1), ou seja, 12 horas depois do jornal da família Frias ter publicado o conteúdo exclusivamente para seus leitores assinantes.
Ambos os fatos causaram um tremendo mal estar entre blogueiros e ativistas digitais que já sentiram o mesmo embrulho no estômago, quando Dilma compareceu na festa de aniversário dos 90 anos da Folha de São Paulo, em 2011. Naquela oportunidade única de não ir, Dilma foi e fez um discurso que deixou blogueiros como eu, de cabelo arrepiado.
Em um trecho de seu discurso, Dilma chegou a elogiar a qualidade do jornalismo da Folha. "A mesma Folha que estampou uma ficha falsa da atual presidenta em sua primeira página, dando início a uma campanha oficial que pretendia estigmatizá-la, às vésperas da campanha eleitoral de 2010, como terrorista, assaltante de banco e assassina. A ela e a seus companheiros de luta, alguns mortos no combate à ditadura. Ditadura, aliás, chamada de “ditabranda". A Folha jamais pediu desculpas (nem a seus próprios leitores, diga-se de passagem) por ter ostentado uma ficha falsa fabricada por sites de extrema-direita e vendida, nas bancas, como produto oficial do DOPS. Jamais", conforme o jornalista Leandro Fortes lembrou à época, em seu artigo Dilma na cova dos leões, publicado na Carta Capital.
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