Ir para o conteúdo

Diógenes Brandão

Voltar a Blog
Tela cheia

FGV: Facada não gerou comoção nem aumentou apoio a Bolsonaro. Ataque foi recebido com deboche e descrença

9 de Setembro de 2018, 18:14 , por AS FALAS DA PÓLIS - | No one following this article yet.
Visualizado 36 vezes
As discussões sobre o ataque também mencionam outros atores políticos, especialmente Lula.


Ataque com faca a Bolsonaro provoca mais de 1,4 milhão de menções no Twitter em 4 horas


Vídeos que mencionam o presidenciável tiveram 3,6 milhão de visualizações entre as 16h as 20h no Youtube; Os quatro atores políticos mais mencionados no debate sobre o ataque são da esquerda: Lula, Haddad, Boulos e Ciro.


Após o atentado com faca ao candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) em Juiz de Fora (MG), o volume de referências a ele chegou a mais de 1,4 milhão, entre as 16h e as 20h desta quinta-feira (06). Entre as hashtags mais utilizadas nas postagens, destacam-se #forçabolsonaro (1,2%), #bolsonaropresidente17 (0,7%), #forcabolsonaro (0,6%), #bolsonaro (0,4%), #eleições2018 (0,4%) e #urgente (0,3%).



Vídeos do momento em que Bolsonaro recebe a facada também ganharam projeção nas redes minutos após o ataque ser noticiado. No Youtube, os vídeos com menções a Bolsonaro obtiveram 3,6 milhões de visualizações, 221.697 likes, 12.716 dislikes e  54.801 comentários em apenas 4 horas (das 16hs às 20hs desta quinta-feira).  

Pouco depois de a imprensa divulgar as primeiras notícias sobre o ataque, por volta das 16h30, o termo “facada” figurava nos Trending Topics do Brasil, de acordo com dados fornecidos pela API do Twitter e, portanto, sem um filtro de personalização como é exibido para usuários da plataforma. Às 18h, entre os dez termos mais mencionados no Brasil, quatro faziam referência ao episódio: violência (216 mil menções), arma (123 mil), Juiz de Fora (88 mil) e facada (83 mil).  

Até as 18h, o tópico Jair Bolsonaro esteve presente nos TTs de 12 países, chegando a um pico de 123 mil menções: Argentina, Chile, Vietnã, Porto Rico, México, Estados Unidos, Venezuela, Bahrein, Colômbia, Bielorússia, Reino Unido e Espanha. Argentina e Chile foram os primeiros países a terem entre os assuntos mais mencionados a referência ao nome do candidato.  

Trending Topics  

A análise sobre os termos mais mencionados no Brasil, entre 16h40 e 19h30, mostra ainda que após a divulgação do ataque passaram a ser utilizados no debate termos como “House of Cards”, em referências tanto às reviravoltas políticas da série da Netflix quanto ao protagonista que é baleado durante campanha presidencial, e “Kennedy”, em menções que relembram o atentado contra o presidente dos Estados Unidos John F. Kennedy e citam, em alguns casos, a liberação do porte de armas.



As discussões sobre o ataque também mencionam outros atores políticos, especialmente Lula. As principais menções sobre o ex-presidente no debate lembram o atentado sofrido por apoiadores do petista em março, e afirmam que a divisão entre direita e esquerda estaria adoecendo o Brasil. Neste sentido, citam outros eventos recentes envolvendo casos de violência na política, como o assassinato da vereadora Marielle Franco. Há, também, especulações sobre um possível envolvimento do PT no ataque a Bolsonaro. Tal afirmação, no entanto, é mais forte nas menções ao partido e a Fernando Haddad.  

Guilherme Boulos e o PSol aparecem associados à filiação do suspeito ao partido, em mensagens que trazem acusações à esquerda. A militância do acusado também aparece relacionada a Ciro Gomes, com publicações que afirmavam que o suspeito de ser o autor do ataque seria filiado ao PDT, informação que foi checada pela Agência Lupa — parceira da FGV DAPP na Sala de Democracia Digital #observa2018 — e considerada falsa. Entre as menções a Ciro Gomes, tiveram maior repercussão aquelas que trazem as declarações do candidato sobre o ataque a Bolsonaro.


Mapa de Interações  

A partir da análise de 259.438 retuítes coletados entre 17h e 18h30 desta sexta-feira (06) sobre o ataque a Bolsonaro, é possível observar que cinco grupos se formaram nas discussões.


Grupo laranja 

O maior grupo, com 43,4% dos perfis engajados no debate, une-se por questionar a veracidade do ataque. O principal tuíte do grupo classifica o ataque como uma “fake facada”. Os perfis também afirmam que o candidato pode ter planejado o próprio ataque e dizem temer que o caso facilite a sua eleição. Outras postagens se aproveitam da situação para criticar a pauta de porte de armas defendida por Bolsonaro e que, segundo os usuários, geraria atos de violências ainda piores do que a sofrida pelo candidato  Grupo azul Com 17% dos perfis em interação, o grupo demonstra solidariedade e apoio a Bolsonaro e culpa a esquerda pelo atentado. 

O suspeito de esfaquear o candidato é classificado pelo grupo como um “ativista comunista”. Os perfis também criticam a visão de que Bolsonaro teria “provocado” o ataque e demonstram preocupação com a atual conjuntura da política brasileira, uma vez que um atentado ao líder das pesquisas no primeiro turno é uma situação muito séria.  

Grupo verde 

O terceiro maior grupo agregou 11,8% dos perfis e demonstra extrema preocupação com a atual conjuntura política do país. Os perfis criticam veementemente aqueles que desejam a morte de Bolsonaro e comemoram o ataque. Para o grupo, este tipo de pessoa não se difere em nada do deputado federal. Um dos tuítes mais populares no grupo é do presidenciável João Amoedo, que classifica como inaceitável o ataque a Bolsonaro. Muitas postagens também comparam o ato com o ataque à caravana de Lula em março deste ano e enfatizam a ideia de que, independente da posição política, tais atitudes são inaceitáveis.  

Grupo rosa  

O grupo agregou 9,1% dos perfis em interação. Os principais tuítes são de candidatos à Presidência que criticam o ataque. No entanto, aparece também tuíte que relembra a falta de posicionamento de Bolsonaro sobre o assassinato de Marielle Franco, uma vez que sua opinião a respeito seria “polêmica demais”, segundo ele. Outro tuíte popular do grupo também classifica a facada como “fake”. Apesar disso, o grupo também apresenta postagens que apoiam a ideia de que o ataque deve ser recriminado independentemente do candidato ou da ideologia política defendida.  

Grupo azul claro 

Foi o grupo menos representativo em termos de perfis agregados (5,5%). O principal tuíte demonstra solidariedade a Bolsonaro a despeito de o autor não gostar do candidato, e diz esperar que o ataque faça o candidato repensar seu posicionamento sobre desarmamento, como também fazem outras postagens do grupo. Outro assunto popular no grupo foi que o ataque a Bolsonaro será responsável por sua eleição ao transformá-lo em um mártir.

Receba atualização do Blog no seu email.

Fonte: http://diogenesbrandao.blogspot.com/2018/09/fgv-facada-nao-gerou-comocao-nem.html

Diógenes Brandão