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Diógenes Brandão

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Foi a PF, o MP e a PGR que investigaram e denunciaram Eduardo Cunha e não Dilma

22 de Agosto de 2015, 3:03 , por AS FALAS DA PÓLIS - | No one following this article yet.
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Eduardo Cunha diz que está sereno e que foi "escolhido" pela denúncia apresentada pela PGR ao STF por recebimento de propina em esquema investigado pela Polícia Federal e o Ministério Público Federal, na operação Lava Jato.

A blogosfera progressista, a qual este blog faz parte, peca por não saber usar o seu poder de alcance e protagonismo na informação de milhares de seus qualificados e assíduos leitores, de forma mais apimentada e com manchetes mais sugestivas, a sua versão sobre os fatos políticos no Brasil.

Se fosse mais criativa e ao mesmo tempo, menos rígida com os manuais e a prática do bom jornalismo, notícias como a de que Eduardo Cunha encontrou-se em São Paulo, de portas fechadas com o presidente do PMDB e vice-presidente da república, Michel Temer, a nossa versão poderia ganhar uma explosiva e massiva absorvição midiática, tendo como ponto de lançamento, a internet e suas inúmeras mídias digitais, sites e blogs.

Se fosse noticiada com uma certa dose de adivinhação, ilação e carregada de suposições, ou até mesmo com o velho macete das redações jornalísticas: "a fonte não quis se identificar por motivos óbvios", como fazem muitos jornalistas e blogueiros ligados à grande mídia brasileira, poderíamos ter visto circular a informação de que Eduardo Cunha foi se ajoelhar aos pés de Temer, para que este viabilize uma trégua junto ao planalto e assim a presidenta Dilma intervisse junto ao procurador-geral da república, para que este alivie a barra do presidente da Câmara dos Deputados, acusado por Rodrigo Janot ao STF por prática de corrupção e lavagem de dinheiro, conforme apurado pela operação lava jato, comandada pelo juiz Sérgio Moro, o condutor da "operação mãos limpas" no Brasil, festejado pelas manifestações verde e amarelo, como o mais novo 'salvador da pátria'. 

A condição humilhante que Cunha supostamente se apresentou, somente as paredes e móveis do escritório de Michel Temer, localizado na zona leste de São Paulo testemunharam e foi resultado da denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, protocolada nesta quarta-feira (19) no Supremo Tribunal Federal (STF), contra o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Caso o STF aceite a denúncia, Cunha se torna réu e será julgado pelo Supremo Tribunal Federal.  

Na denúncia, Rodrigo Janot, acusa Cunha de ter recebido propina no valor de 5 milhões de dólares, num esquema montado para viabilizar a construção de dois navios-sondas da Petrobras, no período entre junho de 2006 e outubro de 2012. Junto com ele, foi denunciada por corrupção passiva a ex-deputada Solange Almeida, aliada do presidente da Câmara e atual prefeita de Rio Bonito, no Rio de Janeiro. Fernando Collor de Melo, ex-presidente deposto em 1992 através do primeiro e único caso de impeachment no Brasil também foi denunciado e reclamou de Janot, mas não acusou o governo de absolutamente nada do que Eduardo Cunha acusa.

Além da condenação criminal que prega a prisão de Cunha por 184 anos, o procurador-geral pede a "restituição do produto e proveito dos crimes", no valor de 40 milhões, e a reparação dos danos causados à Petrobras e à Administração Pública, no mesmo valor, de 40 milhões de dólares, o que soma uma multa de 80 milhões de dólares.

Diante destes fatos concretos, digamos que outras versões dos fatos surgissem, já que a blogosfera é ampla, diversificada e quase sempre não se tem consenso sobre nada, principalmente sobre política e o PT. Dito isso, suponhamos que a informação fosse de que o encontro serviu para Cunha ameaçar contar todos os podres que sabe dos ministros e chefes das estatais ligados ao PMDB, caso Temer e o resto da direção do seu partido, não o protejam de virar réu no STF, onde a cassação do seu mandato poderia ser sugerida, após as investigações que podem ser realizadas pelos ministros da mais alta corte da justiça brasileira. 

A pedido de Eduardo Cunha, o encontro com Michel Temer foi de portas fechadas e sem testemunhas. Clima fúnebre no PMDB.


Não seria difícil imaginar que outra coisa pode ter acontecido no encontro entre Eduardo Cunha e Michel Temer: Cunha teria dito que está prestes a se tornar novamente aliado do governo, caso seja inocentado pelo STF, ou melhor, que este nem aceite a denúncia de Janot e seu caso seja arquivo por falta de provas.

Em todos os casos hipotéticos, a manipulação ainda sim estaria sendo exercida, afinal quem investigou e denunciou o envolvimento de Eduardo Cunha no desvio de verbas e recebimento de propinas na Petrobras, não foi nem o Procurador-Geral da República (acusado de servir aos interesses do planalto para se manter no cargo) e muito menos Dilma, que por mais que seja a chefa da União, não interfere no Ministério Público e na Polícia Federal, órgãos propagados como autônomos, quando a grande imprensa quer tirar a responsabilidade da presidência sobre as investigações, que finalmente são realizas no Brasil, contra a corrupção nas grandes empresas estatais e obras da União.

Após longas investigações, delações de réus e a contribuição de testemunhas, o Ministério Público Federal e Polícia Federal puderam denunciar e prender altos empresários e políticos ligados e partidos, mas agora a grande mídia brasileira finge esquecer disso, provavelmente para que pareça que Eduardo Cunha é vítima do PT e do governo Dilma e não mais um corrupto e político que usou seu poder para se dar bem no mar de lama que a imprensa diz existir na polícia brasileira.

Haja paciência com tamanha hipocrisia, manipulação da informação e falta de honestidade por parte de profissionais da imprensa que interpretam as informações ao seu bel prazer e/ou orientação dos patrões e assim aponta para os demais como sendo eles que fizessem isso, entre eles, os chamados "blogueiros sujos", acusados pelo jornalismo limpinho da Veja, Folha, Estadão, da Globo, entre outros, como recebedores de verbas do governo para defender o PT e o governo federal, como se isso não fosse certo e nem ético, para quem não seja ligado aos veículos de comunicação oriundos da riqueza, da tradição e das sete (07) famílias de "bens", que controlam as principais empresas de mídia no Brasil. Só eles podem receber verbas para propaganda em seus veículos, e mais ninguém.



Enquanto isso, o PSDB e seu candidato derrotado nas últimas eleições e sempre ávidos em aparecer na imprensa criticando a corrupção e pregando as boas práticas na política, parece que comeram abil, dado o silêncio que fizeram após a decisão da PGR. Só mesmo o patético Paulinho da Força, que convidou Eduardo Cunha para ser aplaudido por sindicalistas anti-petistas que dirige como bem entende e foi isso que acabou ganhando notoriedade na grande mídia. 

Na evento planejado por Paulinho, o ex-sindicalista e atual deputado federal montou uma platéia de sindicalistas liberados para saudar  Eduardo Cunha com as palavras de ordem que a CUT historicamente usa para Lula: "Cunha guerreiro do povo brasileiro". Além disso, Paulinho disse para Cunham, diante dos microfones e câmeras da imprensa: “Você é a pessoa mais correta que eu já encontrei na vida”.

Tirando as três hipóteses do que possa ter acontecido no encontro entre Cunha e Temer, tudo isso que você leu nos parágrafos acima está noticiado em diferentes jornais, sites e portais de notícias, bem como nos blogs 'sujos' e 'limpinhos' da vida, principalmente, os mais lidos, aqueles que são escritos por pessoas que moram na região mais 'rica' do país, ou seja, no eixo Rio-São Paulo e talvez por isso, muita gente não dará muita importância ao que um blogueiro, liso e com traços indígenas, morador de uma oca, conectada via fibra ótica de 30mb/s, escreveu de Belém do Pará, mas o importante é que fique tudo bem registrado.

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Fonte: http://diogenesbrandao.blogspot.com/2015/08/foi-pf-o-mp-e-pgr-que-investigaram-e.html

Diógenes Brandão