Se acontece com a VEJA, uma das "maiores" revistas de circulação nacional, imagine outras iniciativas que se aventuram em ter sites, blogs, redes sociais e canais de vídeo na internet, sem o devido tratamento e planejamento para a área.
O mundo digital ainda é um terreno onde publicitários, jornalistas, e empresários da comunicação em geral, ainda não pisam com firmeza e por isso, não alcançam seus objetivos como pretendem. Ou não querem gastar nessa área, ou investem sem perceber os 'cases' de sucesso, e por isso vão ficando cada mais para trás.
Enquanto a pré-candidata Hillary Clinton anuncia que sua campanha irá priorizar as redes sociais e demais canais na Internet, no Brasil o papel e as velhas fórmulas de atração do eleitorado persistem na cabeça dos marqueteiros, que desconhecem a intimidade e confiança geradas entre o público eleitor e seus candidatos, através das novas mídias digitais.
O resultado não pode ser outro se não o retratado no artigo "O monumental fiasco que é a TVeja" de Paulo Nogueira, no Diário do Centro do Mundo.
Achei estranho, e fui verificar.
Li, num texto sobre as demissões na Veja, que havia uma área da revista “bombando”.
Foi exatamente esta a expressão usada: “bombando”. Essa área poderia, li, representar o futuro da Veja.
A TVeja.
Quem disse isso foi uma fonte da Veja.
Bem, fui verificar, porque poucas vezes vi um projeto editorial tão disparatado como a TVeja.
O que encontrei confirmou minhas suspeitas.
Trata-se de um monumental fracasso.
Você pode inflar a circulação de uma revista com diversos métodos. Continuar a enviar exemplares para quem não renovou a assinatura é um desses métodos.
Mas na internet cada clique é registrado. E o Youtube, que paga por boas audiências, não se deixa ludibriar por truques.
No YouTube está a verdade da TVeja.
A parte 1 de uma entrevista com Serra, por exemplo, teve 714 visualizações.
Outra com o senador Eduardo Amorim ficou em 80.
Uma mesa redonda com Augusto Nunes, Felipe Moura Brasil e Caio Blinder estacionou em 95.
Uma conversa com Marco Antônio Villa sobre um delator teve 712.
Ronaldo Caiado rendeu 249 cliques.
Nem Beto Richa, tão comentado pelos problemas com os professores, saiu do chão. Sua entrevista teve 795 visualizações.
Isso na parte 1. Na parte 2, foram 367.
Alguns vídeos foram um pouco adiante. Um no qual Reinaldo Azevedo elogiou Olavo de Carvalho registrou 4 524 cliques.
Um vídeo em que Reinaldo Azevedo instou o Senado a reprovar Fachin teve 8 837 acessos.
Bem, por aí vai.
Não fiquei em nada surpreso com os números que encontrei.
A TVeja é um símbolo da extraordinária dificuldade que dinossauros da mídia têm para se adaptar ao novo ambiente.
Vídeos, na Era Digital, devem ser curtos, diretos, e capturar o espectador rapidamente, ou ele zarpa.
Os da TVeja são o extremo opostos. As conversas são intermináveis: muitas vezes, ultrapassam 40 minutos.
É muita pretensão imaginar que alguém na internet vai suportar a apresentadora Joice Hasselman dissertando interminavelmente sobre o mesmo assunto – os pecados do PT — com diferentes interlocutores.
Fica evidente que o projeto foi concebido sem a presença de ninguém do mundo digital.
E é esse fracasso que alguém da Veja disse que está “bombando”.
É o autoengano tão comum em empresas em declínio. Algumas semanas atrás, numa entrevista ao Valor, Roberto Irineu Marinho conseguiu dizer que não está caindo a audiência da tevê aberta.
Isso com o Ibope de toda a programação da Globo – das novelas aos telejornais — desmoronando. Na semana passada, um levantamento de um colunista de tevê do UOL mostrou que a Globo perdeu 35% do público de domingo de 2005 para cá.
O que aconteceu com as carruagens quando os carros apareceram?
O mesmo que vai acontecer com grandes companhias de mídia tradicional com o advento da internet.
Não poderia haver melhor imagem para esse processo de extinção do que a calamitosa TVeja.
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