Acusado de receber propina e de práticas corruptas, Paulo Rocha se defende das acusações de um militante do PT. |
No jornal Diário do Pará
Uma bomba política estourou nas mídias sociais esta semana, com a divulgação de um vídeo gravado por Josué Carvalho Costa, militante do PT, com denúncias contra o senador Paulo Rocha (PT/PA). Entre as acusações, estavam o suposto uso de tráfico de influência, direcionamento de licitações e divisão de propina, entre 2008 e 2010. Envolve programas do Governo Federal, merenda escolar na Secretaria de Estado de Educação, lobby na Companhia Docas do Pará e cartão-alimentação para uma empreiteira de Belo Monte. O delator diz que praticou atos ilícitos e que foi aconselhado a vender uma casa, para pagar dívidas de campanha do senador. O DIÁRIO procurou o senador Paulo Rocha para falar sobre o assunto.
P - Josué Carvalho, que está fazendo acusações contra o senhor, foi seu assessor, já prestou serviços ao senhor?
R Não. Nunca. Conheço Josué como um filiado do PT que sempre circulou em nosso meio. Nunca pedi nada a ele e nem o autorizei a tratar de qualquer coisa em meu nome.
P - Como o senhor explica a acusação de que ele era uma das pessoas responsáveis por arrecadar dinheiro para suas campanhas?
R É pura invenção dele. As contas das minhas campanhas, desde 1990, quando disputei a primeira eleição para a Câmara Federal, foram todas aprovadas pela Justiça Eleitoral.
P - Josué cita uma pessoa como lobista, a senhora Tiana Marques, que teria operado como mediadora entre empreiteiras de obras e as prefeituras onde deveriam ser construídas casas do programa Minha Casa, Minha Vida.
R O Minha Casa, Minha Vida tem regras claras. Quem gerencia o programa é a Caixa Econômica Federal. Essa história é mais um delírio de Josué. Vou fazer uma representação à Procuradoria Geral da República (PGR) para que Josué apresente provas de todas as acusações que fez contra mim.
P - Mas Tiana Marques é sua lobista?
R. Não tenho lobistas. Tiana é minha amiga. Sou uma pessoa que dialoga com todo mundo. Recebo no meu escritório, em Belém, e no meu gabinete, em Brasília, do cidadão comum a qualquer autoridade, representantes de movimentos sociais, empresários. Estou sempre aberto para a formulação de ações legislativas, de mediação de conflitos e na busca de solução para os interesses do Pará.
P - E o envolvimento da senhora Socorro Pirâmide, diretora-financeira da Companhia de Docas do Pará (CDP), acusada de articular um esquema chamado de “mensalinho” a seu favor?
R - É outro desatino do meu acusador. A senhora Socorro Pirâmide é uma servidora íntegra, que sempre agiu com muita lisura na diretoria da CDP.
P - Josué também lhe acusa de receber propina de um conluio sobre merenda escolar na Seduc, cujo beneficiado seria o empresário do ramo de alimentação Paulo Góes.
R - Não tenho nada a ver com a Seduc ou merenda escolar. Tenho o maior interesse no esclarecimento dessa gravíssima e irresponsável acusação. É por isso que estou entrando com uma representação na PGR. Segundo tomei conhecimento, o Ministério Público Estadual no Pará já instaurou um procedimento que certamente vai convocar o senhor Josué, que terá de apresentar provas das denúncias.
P - Ele acusa os mesmo personagens, Tiana Marques e Paulo Goés, de serem beneficiados na contratação, pela empresa Andrade Gutierrez, de cartão-alimentação para as obras da usina hidrelétrica de Belo Monte. Como o senhor reage a isso?
R - Quando eu assisti ao vídeo com essas acusações, percebi que as tais “denúncias” são inconsistentes. Não têm data, valor, não informa os critérios de contratação de uma empresa privada, se houve disputa, quem participou e se houve fraude. Mais uma vez, vou repetir: quero que ele apresente as provas do meu envolvimento.
P - O denunciante também cita dois coronéis da Polícia Militar que, juntos com o seu assessor, Albertinho Leão, teriam arrecadado dinheiro para o senhor.
R Mais uma mentira. Pra começo de conversa, Albertinho Leão não era meu assessor no período a que ele se refere. Creio que os dois oficiais da PM e mais o Albertinho Leão também devem ter o maior interesse que a verdade venha à tona.
P - O que o senhor tem a dizer a respeito da denúncia de arrecadação de R$ 1 milhão para que o senhor adquirisse um apartamento em Brasília?
R - Isso demonstra que determinadas pessoas não têm limite quando se trata de atingir a honra alheia. Em Brasília, minha esposa (que é de lá) tem um apartamento, adquirido através de financiamento, pago mensalmente. Quem me conhece sabe que não tenho casa em Belém, onde ocupo um apartamento alugado há mais de 15 anos. O espaço onde funciona o meu escritório também é alugado. Por isso, essa é uma das acusações que mais me magoa, pois nunca fiz política visando qualquer ganho pessoal. Meu trabalho está voltado ao interesse coletivo. Quem quiser que investigue a minha produção em mais de 25 anos de atuação no parlamento brasileiro.
P - A última acusação de Josué Carvalho foi de que o senhor mandou que ele vendesse a casa dele para pagar dívidas da sua campanha.
R - Outra mentira. Isso me deixou indignado. Eu jamais agiria dessa maneira. Qualquer pessoa inteligente raciocina que só um cidadão insano é capaz de vender a casa que abriga a sua família para pagar uma dívida que não é sua. Aqui está, provavelmente, a causa desse amontoado de acusações contra mim. Nunca contratei nada com o senhor Josué e nem o autorizei a usar meu nome para qualquer tipo de negociação com quem quer que seja. Por isso, recorro ao único caminho que me resta, a via judicial, para provar que não procedem nenhuma das acusações contra mim.
P - O senhor descarta motivações políticas por trás do ato de Josué?
R - Não quero acreditar que possa haver outra motivação além da chantagem, mas não descarto. Suponho que movido por pressão de algum credor, que o chantageia, Josué se desfez de seu único imóvel e agora precisa arranjar um culpado para justificar a sua situação.
P - O poder mudou a sua vida pessoal?
R - Não. E é por isso que fico indignado com essa tentativa de enlamear a minha vida. Mantenho os mesmos hábitos simples de quando atuei no movimento sindical. Meu empenho foi sempre dedicado à luta por conquistas sociais e não me deixei seduzir pelos encantos do poder. Não acumulei bens, nem ostento um padrão de vida diferente da minha condição de servidor público. Então, é inaceitável que tentem me atingir naquilo que é mais sagrado para mim: a minha integridade moral no trato com a coisa pública.
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