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Diógenes Brandão

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População desenterra carne que prefeito de Soure mandou enterrar

25 de Setembro de 2017, 21:36 , por AS FALAS DA PÓLIS - | No one following this article yet.
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A cena de populares retirando peças de carne de dentro de um buraco, após ser descartada pela prefeitura chocou diversos internautas que comentam o fato nas redes sociais.

Por Diógenes Brandão.

Um caminhão frigorífico pertencente à prefeitura de Soure, município do Marajó (PA), sofreu um acidente na manhã desta segunda (25). O veículo teve uma das paredes de sua lateral rompida e toda a carga - dezenas de peças de carnes bovinas e suínas, dos animais abatidos no Matadouro Municipal - caiu na estrada por onde passava em direção aos açougues da cidade, onde seria vendida à população. 

No chão, a carne e a parede lateral do caminhão frigorífico que transportava a carne do abatedouro municipal de Soure.

A lateral do caminhão rompeu e cai deixando 30 mil reais de carne no chão.
Depois de ser levada de volta ao matadouro e ter passado por uma avaliação técnica da vigilância municipal, a carne recebeu um laudo que atestou que o produto estava em plenas condições para o consumo, mas segundo fontes do blog, o prefeito de Soure, Guto Gouvêa (PR) deu ordens para enterrar a carne. Ao saberem do fato, a população foi até o local e retirou todas as peças do buraco cavado por uma máquina da prefeitura. O prejuízo está estimado em volta de R$ 30.000.00 (Trinta mil reais). 

O blog tentou entrar em contato com o prefeito de Soure, que segundo fontes está em Belém, para que ele possa apresentar sua versão sobre o ocorrido, mas até o fechamento desta matéria ele não havia sido localizado. 

Em uma matéria do jornal Diário do Pará, publicada em Julho de 2013, percebe-se a dura realidade que Soure e demais municípios do Marajó atravessam.

Leia abaixo alguns trechos e aqui, a matéria completa:

IDH expõe abandono em que vive o Marajó

Segundo o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal, o IDHM, estudo realizado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), revela que a qualidade de vida é um termo que passa longe da realidade do povo marajoara.

Para se ter ideia do quadro de miséria existente na região, 16 municípios da ilha, oito estão entre os 50 piores IDHs do Brasil. O IDH mede o nível de desenvolvimento humano de determinada região com base nos dados do Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Utiliza como critérios indicadores de educação (alfabetização e taxa de matrícula), longevidade (esperança de vida ao nascer) e renda (PIB per capita).  O índice varia de zero (nenhum desenvolvimento humano) a um (desenvolvimento humano total). Países com IDH até 0,499 têm desenvolvimento humano considerado baixo, os países com índices entre 0,500 e 0,799 são considerados de médio desenvolvimento humano e países com IDH superior a 0,800 têm desenvolvimento humano considerado alto.  Abaixo de 0,499 são considerados Muito Baixos. 

O estudo divulgado ontem faz parte do trabalho “Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013”, elaborado pelo Pnud, que realiza este levantamento no Brasil pela terceira vez. Os primeiros foram divulgados em 1998 e 2003. Os dados deste ano foram feitos com base no Censo 2010. 

Além de Melgaço, os piores resultados do Marajó foram: Chaves (453), Bagre (471), Portel (483), Anajás (484), Afuá (489), Curralinho (502) e Breves (503). Estes estão na lista dos 50 piores resultados por municípios do Brasil.  

A baixa renda da população nesses municípios paraenses que ficaram entre os 50 piores do Brasil também influenciou na composição do índice. Para se ter uma ideia, o Atlas 2013 revelou que 90% dos municípios do Norte do Brasil estão na categoria de Baixo e Médio IDH. Apenas quatro municípios entre 449 tem IDHM Renda acima da média do Brasil.  

Marajó está abandonado pelo Estado

O baixo índice de Desenvolvimento Humano dos municípios do Marajó não chegou a surpreender. Há anos, a região, famosa pela riqueza da biodiversidade e pela belíssima paisagem, ocupa postos vergonhosos quando o assunto são os indicadores da qualidade de vida. “Esses dados refletem a carência total de políticas públicas para a região”, afirma o economista e professor da UFPA, Eduardo Costa.  

O destaque negativo desta vez ficou com Melgaço, que teve o pior IDHM do Brasil. Apenas 0,418 em um índice que vai de zero a um. De um modo geral, o Pará fez feio no ranking do IDHM, em especial no que diz respeito à educação. Entre os 52 piores indicadores nesse quesito, 12 são do Estado e desses, sete ficam no arquipélago.  

O economista destaca que desde 2008 está em discussão o Plano de Desenvolvimento do Marajó, mas as ações que poderiam mudar os indicadores da região não saíram do papel. “Para desenvolver o Marajó seriam necessários esforços dos três entes federados: União, Estado e municípios”, diz, afirmando que o principal alvo desse esforço deveriam ser os investimentos em educação.   Em Melgaço, os dados são assustadores. Metade da população de 24 mil habitantes não foi alfabetizada. No ensino médio, havia apenas 681 matriculados em 2010 quando os dados foram levantados. “É uma população que não tem projeto, expectativa de empregabilidade”.   

SEM PROJETOS  

Para o presidente da Federação das Associações dos Municípios Paraenses (Famep), Hélder Barbalho os números reforçam que há um equívoco no atual modelo de desenvolvimento econômico e social do Estado que tem promovido a concentração de renda e deixado regiões à margem. “Não existem projetos de desenvolvimento local”, diz. A Famep reúne prefeitos dos 144 municípios do Estado.  

O que falta para o plano para o Marajó fosse implantado? 

“Apenas alguns itens do plano foram contemplados, mas ainda existem muitas ações aguardando atendimento”, diz o presidente da entidade, para quem deveria ser criada uma Secretaria Estadual Extraordinária do Marajó para reunir todas as políticas voltadas para a região. “Os desiguais precisam ser tratados de forma diferenciada, com uma estratégia clara de melhorar a qualidade de vida no Marajó. Até quando o poder público ficará adiando uma solução sem apresentar resultados?”, indaga.  

Sem recursos, municípios vivem círculo da exclusão  

Também professor da Universidade Federal do Pará, Agenor Sarraf é de Melgaço e foi secretário de Educação do município. Ele diz que a falta de recursos condena o município a um círculo vicioso. “Não estou querendo isentar o poder público, mas há uma realidade difícil. Há baixa densidade demográfica e mais de 85% da população está no espaço rural. Então, seria necessária uma estrutura de barcos para reunir as crianças em uma escola e faltam recursos para barcos e combustível. Com isso, muitos chegam à adolescência e à idade adulta sem frequentar a sala de aula. As pessoas começam a trabalhar cedo, não conseguem estudar. O poder público precisa fazer frente a essa realidade”.  Em nota enviada à redação, a Secretaria de Educação do Estado (Seduc), responsável pelo ensino médio, informou que ampliará o número de vagas com a construção de uma nova escola. Hoje o número de alunos matriculados chega a 951 estudantes.   

Também seriam oferecidas 101 vagas em quatro localidades mais distantes por meio do Sistema Organizado Modular de Ensino (Some). O município com metade da população que não sabe ler nem escrever aderiu ao Programa Nacional de Alfabetização na Idade Certa (Pnaic), coordenado pela Rede Estadual de Ensino, executado pela Universidade Federal do Pará (UFPA).  

O prefeito do Melgaço, Adiel Moura de Souza, e o secretário de Educação, Onilson Nascimento, foram procurados, mas na tarde de ontem ninguém atendeu os telefones na sede da prefeitura e na secretaria.  Pará tem piores índices em educação e renda  Segundo o levantamento, de acordo com as faixas de desenvolvimento humano municipal adotadas pelo Atlas 2013, o Brasil, atualmente com Alto Desenvolvimento Humano, melhorou sua classificação em relação às edições anteriores. Em 2000, registrava Médio Desenvolvimento Humano e, em 1991, Muito Baixo Desenvolvimento Humano.  Cerca de 74% dos municípios brasileiros se encontra nas faixas de Médio e Alto Desenvolvimento. O restante, 25%, está entre aqueles que apresentaram Baixo ou Muito Baixo Desenvolvimento Humano, um total de 1.431. A região Nordeste ainda é a que concentra o maior número de municípios no grupo de Baixo Desenvolvimento Humano (61,3%). No Norte do país, estes somam 40,1%.  Entre as que registram o maior número de municípios na Faixa de Alto Desenvolvimento Humano estão as regiões Sul (64,7%) e Sudeste (52,2%). O Centro-Oeste e o Norte aparecem como as regiões com maior número de municípios classificados com Médio Desenvolvimento Humano. Registraram, respectivamente, 56,9% e 50,3% nesta categoria.  

EDUCAÇÃO  

Para a avaliação da educação, o cálculo do IDH municipal considera dois indicadores com pesos diferentes. A taxa de alfabetização de pessoas acima de 15 anos de idade tem peso dois e a taxa bruta de frequência à escola peso um. O primeiro indicador é o percentual de pessoas com mais de 15 anos capazes de ler e escrever um bilhete simples, considerados adultos alfabetizados. O calendário do Ministério da Educação indica que, se a criança não se atrasar na escola, ela completará esse ciclo aos 14 anos de idade, daí a medição do analfabetismo se dar a partir dos 15 anos.  O segundo indicador é resultado de uma conta simples: o somatório de pessoas, independente da idade, que frequentam os cursos fundamental, secundário e superior é dividido pela população na faixa etária de 7 a 22 anos da localidade.   Estão também incluídos na conta os alunos de cursos supletivos de primeiro e segundo graus, de classes de aceleração e de pós-graduação universitária. Apenas classes especiais de alfabetização são descartadas para efeito do cálculo.  

LONGEVIDADE  

Para a avaliação da longevidade, o IDH municipal considera o mesmo indicador do IDH de países: a esperança de vida ao nascer. Esse indicador mostra o número médio de anos que uma pessoa nascida naquela localidade no ano de referência (no caso, 2000) deve viver. O indicador de longevidade sintetiza as condições de saúde e salubridade do local, uma vez que, quanto mais mortes houver nas faixas etárias mais precoces, menor será a expectativa de vida.  

RENDA  

Para a avaliação da renda, o critério usado é a renda municipal per capita, ou seja, a renda média de cada residente no município. Para se chegar a esse valor, soma-se a renda de todos os residentes e divide-se o resultado pelo número de pessoas que moram no município (inclusive crianças ou pessoas com renda igual a zero).  No caso brasileiro, o cálculo da renda municipal per capita é feito a partir das respostas ao questionário expandido do Censo - um questionário mais detalhado do que o universal e que é aplicado a uma amostra dos domicílios visitados pelos recenseadores. Os dados colhidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) são expandidos para o total da população municipal e então usados para o cálculo da dimensão renda do IDH-M.  

Com os piores índices de educação e renda, o resultado na análise do IDH por unidade da federação não poderia ser diferente: o Pará é o 24º colocado entre os 27, com índice de 0,646. O pior desempenho foi no indicador Educação, com 0,528. Os estados de Alagoas e do Maranhão são os dois piores.  Na outra ponta, o Distrito Federal registra os melhores índices, sendo o IDH mais alto do Brasil, com 0,824, índice considerado muito alto de desenvolvimento humano. A capital do país registrou, em 2010, 0,863 no indicador renda, 0,742, no de educação (alto) e 0,873 no de longevidade. São Paulo aparece logo depois do Distrito Federal, com 0,783 no IDH-M geral.  

(Diário do Pará)


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Fonte: http://diogenesbrandao.blogspot.com/2017/09/prefeito-de-soure-manda-enterrar-carne.html

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