Cuidado pra não pagar mico ao fazer a campanha eleitoral na internet
25 de Junho de 2012, 21:00 - sem comentários ainda
Não será
esse o tão esperado ano da internet em campanhas políticas, novamente a
maior parte dos candidatos deixou para montar seus times digitais na última
hora e poucos contam com assessoria profissional.
Como de
costume no meio político, existe uma diferença muito grande no discurso
sobre a importância do uso da internet com os investimentos planejados para
a área digital.
Orçamentos pequenos diante do potencial
O
orçamento de uma campanha completa com foco na prefeitura de São Paulo varia
entre R$ 15 e R$ 30 milhões. Posso estar errado, mas a julgar pelo que já vivi
nesse meio, calculo que a maior campanha digital não tenha recursos na casa
de R$ 1 milhão.
Quando
levamos em consideração que São Paulo tem uma das maiores taxas de conectividade
do
Brasil, o dado fica ainda mais alarmante. Dos quase 12 milhões de
habitantes, pelo menos 6 milhões tem habito regular de uso de ferramentas
digitais. Imagine isso no resto do país.
A maior
parte dos investimentos ficará com a televisão e com a mobilização de rua, que
privilegiam a comunicação em massa, não segmentada.
Estratégias desconexas e contratações equivocadas
A falta
de entendimento dos políticos com o meio digital só não é maior do que a falta
de habilidade na hora de fazer as contratações das equipes, geralmente os nomes são
indicações dos marqueteiros tradicionais com intuito de ter controle sobre o
que acontece no digital.
Na última
campanha presidencial, o grupo de José Serra conseguiu um feito inédito
e até então impensado: contratar um guru indiano, com residência nos
Estados Unidos, para fazer campanha no Brasil.
O guro
ficou um mês aportado em terras brasileiras, e o pior, mesmo tendo apenas 60
conexões no LinkedIn e cerca de mil seguidores no Twitter (a maioria deles são
perfis que seguem seus seguidores de volta), conseguiu colocar um mínimo de
metodologia naquilo que encontrou.
O papel da Monsanto na morte dos camponeses e no golpe contra Lugo
24 de Junho de 2012, 21:00 - sem comentários ainda
Por Idilio Méndez Grimaldi.
Na Carta Maior.
Na Carta Maior.
Quem está por trás desta trama tão sinistra? Os impulsionadores de
uma ideologia que promove o lucro máximo a qualquer preço e quanto mais,
melhor, agora e no futuro. No dia 15 de junho de 2012, um grupo de
policiais que ia cumprir uma ordem de despejo no departamento de
Canindeyú, na fronteira com o Brasil, foi emboscado por
franco-atiradores, misturados com camponeses que pediam terras para
sobreviver.
A ordem de despejo foi dada por um juiz e uma promotora para proteger
um latifundiário. Resultado da ação: 17 mortos, 6 policiais e 11
camponeses, além de dezenas de feridos graves. As consequências: o
governo frouxo e tímido de Fernando Lugo caiu com debilidade ascendente e
extrema, cada vez mais à direita, a ponto de ser levado a julgamento
político por um Congresso dominado pela direita.
Trata-se de um duro revés para a esquerda e para as organizações sociais e campesinas, acusadas pela oligarquia latifundiária de instigar os camponeses. Representa ainda um avanço do agronegócio extrativista nas mãos de multinacionais como a Monsanto, mediante a perseguição dos camponeses e a tomada de suas terras. Finalmente, implica a instalação de um cômodo palco para as oligarquias e os partidos de direita para seu retorno triunfal nas eleições de 2013 ao poder Executivo.
No dia 21 de outubro de 2011, o Ministério da Agricultura e Pecuária, dirigido pelo liberal Enzo Cardozo, liberou ilegalmente a semente de algodão transgênico Bollgard BT, da companhia norteamericana de biotecnologia Monsanto, para seu plantio comercial no Paraguai. Os protestos de organizações camponesas e ambientalistas foram imediatos. O gene deste algodão está misturado com o gene do Bacillus thurigensis, uma bactéria tóxica que mata algumas pragas do algodão, como as larvas do bicudo, um coleóptero que deposita seus ovos no botão da flor do algodão.
O Serviço Nacional de Qualidade e Saúde Vegetal e de Sementes (Senave), instituição do Estado paraguaio dirigida por Miguel Lovera, não inscreveu essa semente nos registros de cultivares pela falta de parecer do Ministério da Saúde e da Secretaria do Ambiente, como exige a legislação.
Campanha midiática
Nos meses posteriores, a Monsanto, por meio da União de Grêmios de Produção (UGP), estreitamente ligada ao grupo Zuccolillo, que publica o jornal ABC Color, lançou uma campanha contra o Senave e seu presidente por não liberar o uso comercial em todo o país da semente de algodão transgênico da Monsanto. A contagem regressiva decisiva parece ter iniciado com uma nova denúncia por parte de uma pseudosindicalista do Senave, chamada Silvia Martínez, que, no dia 7 de junho, acusou Lovera de corrupção e nepotismo na instituição que dirige, nas páginas do ABC Color. Martínez é esposa de Roberto Cáceres, representante técnico de várias empresas agrícolas, entre elas a Agrosan, recentemente adquirida por 120 milhões de dólares pela Syngenta, outra transnacional, todas sócias da UGP.
Trata-se de um duro revés para a esquerda e para as organizações sociais e campesinas, acusadas pela oligarquia latifundiária de instigar os camponeses. Representa ainda um avanço do agronegócio extrativista nas mãos de multinacionais como a Monsanto, mediante a perseguição dos camponeses e a tomada de suas terras. Finalmente, implica a instalação de um cômodo palco para as oligarquias e os partidos de direita para seu retorno triunfal nas eleições de 2013 ao poder Executivo.
No dia 21 de outubro de 2011, o Ministério da Agricultura e Pecuária, dirigido pelo liberal Enzo Cardozo, liberou ilegalmente a semente de algodão transgênico Bollgard BT, da companhia norteamericana de biotecnologia Monsanto, para seu plantio comercial no Paraguai. Os protestos de organizações camponesas e ambientalistas foram imediatos. O gene deste algodão está misturado com o gene do Bacillus thurigensis, uma bactéria tóxica que mata algumas pragas do algodão, como as larvas do bicudo, um coleóptero que deposita seus ovos no botão da flor do algodão.
O Serviço Nacional de Qualidade e Saúde Vegetal e de Sementes (Senave), instituição do Estado paraguaio dirigida por Miguel Lovera, não inscreveu essa semente nos registros de cultivares pela falta de parecer do Ministério da Saúde e da Secretaria do Ambiente, como exige a legislação.
Campanha midiática
Nos meses posteriores, a Monsanto, por meio da União de Grêmios de Produção (UGP), estreitamente ligada ao grupo Zuccolillo, que publica o jornal ABC Color, lançou uma campanha contra o Senave e seu presidente por não liberar o uso comercial em todo o país da semente de algodão transgênico da Monsanto. A contagem regressiva decisiva parece ter iniciado com uma nova denúncia por parte de uma pseudosindicalista do Senave, chamada Silvia Martínez, que, no dia 7 de junho, acusou Lovera de corrupção e nepotismo na instituição que dirige, nas páginas do ABC Color. Martínez é esposa de Roberto Cáceres, representante técnico de várias empresas agrícolas, entre elas a Agrosan, recentemente adquirida por 120 milhões de dólares pela Syngenta, outra transnacional, todas sócias da UGP.
No dia seguinte, 8 de junho, a UGP publicou no ABC uma nota em seis colunas: “Os 12 argumentos para destituir Lovera”. Estes supostos argumentos foram apresentados ao vice-presidente da República, correligionário do ministro da Agricultura, o liberal Federico Franco, que naquele momento era o presidente interino do Paraguai, em função de uma viagem de Lugo pela Ásia.
No dia 15, por ocasião de uma exposição anual organizada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária, o ministro Enzo Cardoso deixou escapar um comentário diante da imprensa que um suposto grupo de investidores da Índia, do setor de agroquímicos, cancelou um projeto de investimento no Paraguai por causa da suposta corrupção no Senave. Ele nunca esclareceu que grupo era esse. Aproximadamente na mesma hora daquele dia, ocorriam os trágicos eventos de Curuguaty.
No marco desta exposição preparada pelo citado Ministério, a Monsanto apresentou outra variedade de algodão, duplamente transgênica: BT e RR, ou Resistente ao Roundup, um herbicida fabricado e patenteado pela transnacional. A pretensão da Monsanto é a liberação desta semente transgênica no Paraguai, tal como ocorreu na Argentina e em outros países do mundo.
Antes desses fatos, o diário ABC Color denunciou sistematicamente, por supostos atos de corrupção, a ministra da Saúde, Esperanza Martínez, e o ministro do Ambiente, Oscar Rivas, dois funcionários do governo que não deram parecer favorável a Monsanto.
Em 2001, a Monsanto faturou 30 milhões de dólares, livre de impostos (porque não declara essa parte de sua renda), somente na cobrança de royalties pelo uso de sementes de soja transgênica no Paraguai. Toda a soja cultivada no país é transgênica, numa extensão de aproximadamente 3 milhões de hectares, com uma produção em torno de 7 milhões de toneladas em 2010.
Por outro lado, na Câmara de Deputados já se aprovou o projeto de Lei de Biossegurança, que cria um departamento de biossegurança dentro do Ministério da Agricultura, com amplos poderes para a aprovação para cultivo comercial de todas as sementes transgênicas, sejam de soja, de milho, de arroz, algodão e mesmo algumas hortaliças. O projeto prevê ainda a eliminação da Comissão de Biossegurança atual, que é um ente colegiado forma por funcionários técnicos do Estado paraguaio.
Enquanto transcorriam todos esses acontecimentos, a UGP preparava um ato de protesto nacional contra o governo de Fernando Lugo para o dia 25 de junho. Seria uma manifestação com máquinas agrícolas fechando estradas em distintos pontos do país. Uma das reivindicações do chamado “tratoraço” era a destituição de Miguel Lovera do Senave, assim como a liberalização de todas as sementes transgênicas para cultivo comercial.
As conexões
A UGP é dirigida por Héctor Cristaldo, apoiado por outros apóstolos como Ramón Sánchez – que tem negócios com o setor dos agroquímicos -, entre outros agentes das transnacionais do agronegócio. Cristaldo integra o staff de várias empresas do Grupo Zuccolillo, cujo principal acionista é Aldo Zuccolillo, diretor proprietário do diário ABC Color, desde sua função sob o regime de Stroessner, em 1967. Zuccolillo é dirigente da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP).
O grupo Zuccolillo é sócio principal no Paraguai da Cargill, uma das maiores transnacionais do agronegócio no mundo. A sociedade entre os dois grupos construiu um dos portos graneleiros mais importantes do Paraguai, denominado Porto União, a 500 metros da área de captação de água da empresa de abastecimento do Estado paraguaio, no Rio Paraguai, sem nenhuma restrição.
As transnacionais do agronegócio no Paraguai praticamente não pagam impostos, mediante a férrea proteção que tem no Congresso, dominado pela direita. A carga tributária no Paraguai é apenas de 13% sobre o PIB. Cerca de 60% do imposto arrecadado pelo Estado paraguaio é via Imposto sobre Valor Agregado (IVA). Os latifundiários não pagam impostos. O imposto imobiliário representa apenas 0,04% da carga tributária, cerca de 5 milhões de dólares, segundo estudo do Banco Mundial, embora a renda do agronegócio seja de aproximadamente 30% do PIB, o que representa cerca de 6 bilhões de dólares anuais.
O Paraguai é um dos países mais desiguais do mundo. Cerca de 85% das terras, aproximadamente 30 milhões de hectares, estão nas mãos de 2% de proprietários, que se dedicam à produção meramente para exportação ou, no pior dos casos, à especulação sobre a terra. A maioria desses oligarcas possui mansões em Punta del Este ou em Miami e mantém estreitas relações com transnacionais do setor financeiro, que guardam seus bens mal havidos nos paraísos fiscais ou tem investimentos facilitados no exterior. Todos eles, de uma ou outra maneira, estão ligados ao agronegócio e dominam o espectro político nacional, com amplas influências nos três poderes do Estado. Ali reina a UGP, apoiada pelas transnacionais do setor financeiro e do agronegócio.
Os fatos de Curugaty
Curuguaty é uma cidade na região oriental do Paraguai, a cerca de 200 quilômetros de Assunção, capital do país. A alguns quilômetros de Curuguaty encontra-se a fazenda Morombi, de propriedade do latifundiário Blas Riquelme, com mais de 70 mil hectares nesse lugar. Riquelme provém das entranhas da ditadura de Stroessner (1954-1989), sob cujo regime acumulou uma intensa fortuna. Depois, aliou-se ao general Andrés Rodríguez, que executou o golpe de Estado que derrubou o ditador Stroessner. Riquelme, que foi presidente do Partido Colorado por muitos anos e senador da República, dono de vários supermercados e estabelecimentos pecuários, apropriou-se mediante subterfúgios legais de aproximadamente 2 mil hectares que pertencem ao Estado paraguaio.
Esta parcela foi ocupada pelos camponeses sem terra que vinham solicitando ao governo de Fernando Lugo sua distribuição. Um juiz e uma promotora ordenaram o despejo dos camponeses, por meio do Grupo Especial de Operações (GEO), da Polícia Nacional, cujos membros de elite, em sua maioria, foram treinados na Colômbia, sob o governo de Uribe, para a luta contra as guerrilhas.
Só uma sabotagem interna dentro dos quadros de inteligência da polícia, com a cumplicidade da promotoria, explica a emboscada, na qual morreram seis policiais. Não se compreende como policiais altamente treinados, no marco do Plano Colômbia, puderam cair facilmente em uma suposta armadilha montada pelos camponeses, como quer fazer crer a imprensa dominada pela oligarquia. Seus camaradas reagiram e dispararam contra os camponeses, matando 11 e deixando uns 50 feridos. Entre os policiais mortos estava o chefe do GEO, comissário Erven Lovera, irmão do tenente coronel Alcides Lovera, chefe de segurança do presidente Lugo.
O plano consiste em criminalizar, levar até ao ódio extremo todas as organizações campesinas, para fazer os camponeses abandonarem o campo, deixando-o para uso exclusivo do agronegócio. É um processo doloroso, “descampesinização” do campo paraguaio, que atenta diretamente contra a soberania alimentar, a cultura alimentar do povo paraguaio, por serem os camponeses produtores e recriadores ancestrais de toda a cultura guarani.
Tanto o Ministério Público, como o Poder Judiciário e a Polícia Nacional, assim como diversos organismos do Estado paraguaio estão controlados mediante convênios de cooperação com a USAID, agência de cooperação dos Estados Unidos.
O assassinato do irmão do chefe de segurança do presidente da República obviamente foi uma mensagem direta a Fernando Lugo, cuja cabeça seria o próximo objetivo, provavelmente por meio de um julgamento político, mesmo que ele tenha levado seu governo mais para a direita, tratando de acalmar as oligarquias. O ocorrido em Curuguaty derrubou Carlos Filizzola do Ministério do Interior. Em seu lugar, foi nomeado Rubén Candia Amarilla, proveniente do opositor Partido Colorado, o qual Lugo derrotou nas urnas em 2008, após 60 anos de ditadura colorada, incluindo a tirania de Alfredo Stroessner.
Candia foi ministro da Justiça do governo colorado de Nicanor Duarte (2003-2008) e atuou como procurador geral do Estado por um período, até o ano passado, quando foi substituído por outro colorado, Javier Díaz Verón, por iniciativa do próprio Lugo. Candia é acusado de ter promovido a repressão contra dirigentes de organizações campesinas e de movimentos populares. Sua indicação como procurador geral do Estado em 2005 foi aprovada pelo então embaixador dos Estados Unidos, John F. Keen. Candia foi responsável por um maior controle do Ministério Público por parte da USAID e foi acusado por Lugo no início do governo de conspirar para tirá-lo do poder.
Após assumir como ministro político de Lugo, a primeira coisa que Candia fez foi anunciar o fim do protocolo de diálogo com os campesinos que ocupam propriedades. A mensagem foi clara: não haverá conversação, mas simplesmente a aplicação da lei, o que significa empregar a força policial repressiva sem contemplação. Dois dias depois de Candia assumir, os membros do UGP, encabeçados por Héctor Cristaldo, foram visitar o flamante ministro do Interior, a quem solicitaram garantias para a realização do tratoraço no dia 25. No entanto, Cristaldo disse que a medida de força poderia ser suspensa, em caso de sinais favoráveis para a UGP (leia-se: liberação das sementes transgênicas da Monsanto, destituição de Lovera e de outros ministros, entre outras vantagens para o grande capital e os oligarcas), levando o governo ainda mais para a direita.
Cristaldo é pré-candidato a deputado para as eleições de 2013 por um movimento interno do Partido Colorado, liderado por Horacio Cartes, um empresário investigado em passado recente nos Estados Unidos por lavagem de dinheiro e narcotráfico, segundo o próprio ABC Color, que foi ecoado por várias mensagens do Departamento de Estado dos EUA, conforme divulgado por Wikileaks. Entre elas, uma se referia diretamente a Cartes, no dia 15 de novembro de 2011.
Julgamento político de Lugo
Enquanto escrevia esse artigo, a UGP (4), alguns integrantes do Partido Colorado e os próprios integrantes do Partido Liberal Radical Autêntico (PLRA), dirigido pelo senador Blas Llano e aliado do governo até então, começaram a ameaçar com a abertura de um processo de impeachment de Fernando Lugo para destituí-lo do cargo de presidente da República. Lugo passou a depender do humor dos colorados para seguir como presidente do país, assim como do de seus aliados liberais, que passaram a ameaçá-lo com um julgamento político, seguramente buscando mais espaços de poder (dinheiro) como condição para a paz. O Partido Colorado, aliado a outros partidos minoritários de oposição tinha a maioria necessária para destituir o presidente de suas funções.
Talvez esperassem “os sinais favoráveis” de Lugo que a UGP – em nome da Monsanto, da pátria financeira e dos oligarcas – estava exigindo do governo. Caso contrário se passaria à fase seguinte, de interrupção deste governo que nasceu como progressista e lentamente foi terminando como conservador, controlado pelos poderes da oposição.
Entre outras coisas, Lugo é responsável pela aprovação da Lei Antiterrorista, patrocinada pelos EUA em todo o mundo depois do 11 de setembro. Em 2010, ele autorizou a implementação da Iniciativa Zona Norte, que consiste na instalação e deslocamento de tropas e civis norteamericanos no norte da região oriental – no nariz do Brasil – supostamente para desenvolver atividades a favor das comunidades campesinas.
A Frente Guazú, coalizão das esquerdas que apoia Lugo, não conseguiu unificar seu discurso e seus integrantes acabaram perdendo a perspectiva na análise do poder real, ficando presos nos jogos eleitorais imediatistas. Infiltrados pelo USAID, muitos integrantes da Frente Guazú, que participavam da administração do Estado, sucumbiram ao canto de sereia do consumismo galopante do neoliberalismo. Se corromperam até os ossos, convertendo-se em cópias vaidosas de novos ricos que integravam os recentes governos do direitista Partido Colorado.
Curuguaty também engloba uma mensagem para a região, especialmente para o Brasil, em cuja fronteira se produziram esses fatos sangrentos, claramente dirigidos pelos senhores da guerra, cujos teatros de operações estão montados no Iraque, Líbia, Afeganistão e, agora, Síria. O Brasil está construindo um processo de hegemonia mundial junto com a Rússia, Índia e China, denominado BRIC. No entanto, os EUA não recuam na tentativa de manter seu poder de influência na região. Já está em marcha o novo eixo comercial integrado por México, Panamá, Colômbia, Peru e Chile. É um muro de contenção aos desejos expansionistas do Brasil na direção do Pacífico.
Enquanto isso, Washington segue sua ofensiva diplomática em Brasília, tratando de convencer o governo de Dilma Rousseff a estreitar vínculos comerciais, tecnológicos e militares. Além disso, a IV Frota dos EUA, reativada há alguns anos após estar fora de serviço desde o fim da Segunda Guerra Mundial, vigia todo o Atlântico Sul, caracterizando um outro cerco ao Brasil, caso a persuasão diplomática não funcione.
E o Paraguai é um país em disputa entre ambos países hegemônicos, sendo ainda amplamente dominado pelos EUA. Por isso, os eventos de Curuguaty representam também um pequeno sinal para o Brasil, no sentido de que o Paraguai pode se converter em um obstáculo para o desenvolvimento do sudoeste do Brasil.
Mas, acima de tudo, os mortos de Curuguaty representam um sinal do grande capital, do extrativismo explorador que assola o planeta e aplasta a vida em todos os rincões da Terra em nome da civilização e do desenvolvimento. Felizmente, os povos do mundo também vêm dando respostas a estes sinais da morte, com sinais de resistência, de dignidade e de respeito a todas as formas de vida no planeta.
A história continua: Sem-terras são baleados no Pará
20 de Junho de 2012, 21:00 - sem comentários ainda
Ao menos 16 manifestantes foram alvejados a balas, na manhã
desta quinta (21), por seguranças da fazenda Cedro, pertencente à
Agropecuária Santa Bárbara Xinguara, empresa que tem como acionista o
banqueiro Daniel Dantas, em Eldorado dos Carajás, Sudeste do Pará.
José Batista Afonso, da coordenação nacional da Comissão Pastoral da
Terra em Marabá, afirma que os feridos estavam se reunindo na porteira
da fazenda para um ato contra a grilagem de terras, o trabalho escravo e
o uso excessivo de agrotóxicos, como parte das ações paralelas à
Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a
Rio+20. Nesse momento, os seguranças atiraram contra eles. Segundo
Batista, 12 pessoas até o momento deram entrada no Hospital de Eldorado
dos Carajás, entre elas uma criança.
Procurada, a empresa afirmou que encaminharia uma nota com o seu posicionamento sobre o ocorrido.
A entrada da fazenda se localiza a cerca de 40 quilômetros da curva
do “S” da rodovia PA-150, local onde 19 trabalhadores rurais sem-terra
foram assassinados em 17 de abril de 1996. O Massacre de Eldorado dos
Carajás deixou mais de 60 feridos após uma ação violenta da Polícia
Militar para desbloquear a rodovia. Duas pessoas foram condenadas por
conta da operação: o coronel Mario Colares Pantoja (a 228 anos de
prisão) e o major José Maria Pereira Oliveira (a 154 anos), que estavam à
frente dos policiais. Apenas em 2012, a ordem de prisão para os dois
foi expedida após esgotarem-se todos os recursos.
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra possui um acampamento
na beira da rodovia PA-150, onde 310 famílias ocupam, desde março de
2010, cerca de cinco hectares dos 7 mil da fazenda de gado, que
pertencia a Benedito Mutran Filho e foi vendida à Agropecuária Santa
Bárbara Xinguara.
De acordo com Charles Trocate, da coordenação nacional do MST, que se
encontra no local, está prevista uma audiência com a ouvidoria agrária
nacional nesta sexta, em Marabá. A polícia militar já está no local para
apurar o ocorrido. Segundo a liderança, um grupo de cerca de mil
manifestantes estava fazendo um protesto na sede da Alpa (Aços Laminados
do Pará), que tem a Vale como uma das acionistas. De lá, seguiram para a
frente da fazenda Cedro.
O deputado federal Claudio Puty (PT-PA) está indo para o Pará
acompanhar os desdobramentos do caso e a reunião com a ouvidoria
agrária. Ele afirmou que “esse é mais um capítulo de violência ligada à
propriedade do grupo pertencente à Daniel Dantas. Boa parte dessas
terras são, originalmente, de aforamento para extração de castanha que,
depois, foram apropriadas e revendidas para o grupo Santa Bárbara de
maneira absolutamente irregular”. De acordo com Puty, que também é
presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito sobre Trabalho Escravo,
as terras são objeto de ação da Procuradoria Geral do Estado visando ao
cancelamento do direito ao uso para fins diferentes do original.
Em nota divulgada à imprensa, o MST informa que chegou a ser proposto
um acordo judicial perante a Vara Agrária de Marabá, através do qual os
movimentos sociais desocupariam as fazendas Espírito Santo, Castanhais e
Porto Rico. Com isso, outras três (Cedro, Itacaiunas e Fortaleza)
seriam desapropriadas para o assentamento das famílias. “O Grupo Santa
Bárbara, que administra as fazendas do banqueiro [Daniel Dantas],
concordou com a proposta. Os trabalhadores desocuparam as três fazendas,
mas o Grupo Santa Bárbara tem se negado a assinar o acordo.” O MST
afirma que o Incra (governo federal) e o Iterpa (Instituto de Terras do
Estado do Pará), por falta de coragem política, não enfrentam o problema
e, por isso, terras públicas cobertas de florestas de castanheiras tem
se transformado em pastagem para criação extensiva do gado.
Impactos ambientais - Daniel Avelino, procurador da
República no Pará, lembra que os controladores da Santa Bárbara Xinguara
são réus em ações civis públicas movidas pelo Ministério Público
Federal, em 2009, por conta da situação ambiental nas fazendas de gado
do grupo. Os problemas na Cedro incluíam “fazer funcionar empreendimento
agropecuário sem licença outorgada pelo órgão ambiental competente” e
“impedir a regeneração natural de vegetação nativa em área especialmente
protegida (Bioma Amazônia)”. De acordo com a ação do MPF, 92,22% da
Cedro não possuía cobertura vegetal, sendo que apenas de reserva legal, o
empregador teria que garantir 80% estando na Amazônia.
Com base em um levantamento feito em parceria com o Incra, o
Ministério Público Federal do Pará iniciou duas dezenas de processos
judiciais contra frigoríficos e fazendas (entre elas a Cedro), pedindo o
pagamento de R$ 2,1 bilhões em indenizações pelos danos ambientais no
final de maio de 2009. Dezenas de empresas que compraram subprodutos
desses frigoríficos receberam notificações em que foram informadas que
haviam adquirido insumos obtidos através do desmatamento ilegal da
Amazônia e do trabalho escravo. A partir da notificação, deveriam parar
de comprar desses fazendeiros e frigoríficos ou passariam à condição de
co-responsáveis pelos danos ambientais.
Redes de supermercados acataram as recomendações, pressionando os
frigoríficos. As grandes indústrias processadoras de carne e o governo
do Pará começaram a assinar termos de ajustamento de conduta com o MPF.
Com o tempo, municípios paraenses e frigoríficos menores foram
envolvidos no processo. Os acordos do Pará foram os primeiros e
contribuíram com a diminuição no índice de desmatamento no Estado. Eles
acabaram sendo repetidos em outros Estados a ponto de ser necessária a
criação de um acordo regional. Há dois meses, o Ministério Público
Federal propôs a representantes de frigoríficos e exportadores de carne
bovina um acordo unificado para regularização ambiental e social da
cadeia produtiva em toda a região amazônica, uniformizando as obrigações
e incentivos dados aos produtores rurais.
Outra fazendas, mesmos envolvidos - Trabalhadores
rurais ligados ao MST chegaram a ocupar a fazenda Espírito Santo, também
localizada no Sul do Pará, controlada pela Agropecuária Santa Bárbara.
Integrada por terras públicas, elas estavam cedidas pelo Estado para
Benedito Mutran Filho para colonização e extrativismo e não poderiam ter
sido vendidas a Dantas sem autorização do governo.A fazenda tem uma
história manchada de sangue. Em setembro de 1989, aos 17 anos, o
trabalhador rural José Pereira Ferreira foi atingido por uma bala no
rosto por funcionários da fazenda quando tentava escapar do trabalho
escravo. O caso, que não recebeu uma resposta das autoridades
brasileiras, foi levado à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da
Organização dos Estados Americanos (OEA). Para não ser condenado por
omissão, o governo brasileiro teve que fazer um acordo em que se
comprometia a adotar uma série de medidas para combater o trabalho
escravo e a indenizar José Pereira pela omissão do Estado. Em novembro
de 2003, o Congresso Nacional aprovou um pagamento de R$ 52 mil.
A petição número 11.289 da OEA, relativa à solução amistosa do “Caso
Zé Pereira”, afirma que “o Estado brasileiro assume o compromisso de
continuar com os esforços para o cumprimento dos mandados judiciais de
prisão contra os acusados pelos crimes cometidos contra José Pereira”. O
caso ainda está aberto, aguardando julgamento de acusados, sendo que o
gerente da fazenda, Artur Benedito Cortes Machado, teve extinta a
punibilidade retroativa em 06 de outubro de 1998 devido à prescrição do
crime. Tanto no processo da OEA quanto no que correu na Justiça
brasileira, Benedito Mutran Filho não aparece entre os réus. O
proprietário da fazenda foi arrolado como testemunha pela acusação e
afirmou que raramente ia à fazenda Espírito Santo e que demitiu os
funcionários envolvidos assim que soube do acontecido.
Alfredo Costa, o único pré-candidato escolhido democraticamente
20 de Junho de 2012, 21:00 - sem comentários aindaO PT-Belém inaugurou o processo de prévias para a escolha do candidato que disputará a prefeitura de Belém.
O que isso significa para a sociedade?
Que o Partido dos Trabalhadores exerce democracia em todas as instâncias e instituições que se relaciona, seja internamente ou nas administrações públicas e sindicais. Alfredo Costa entra em campo de forma diferenciada e busca agora a principal aliança política para Belém: O povo!
O que ele disse
19 de Junho de 2012, 21:00 - Um comentário
"O Serra agradece a tendência autofágica da esquerda, que se esquece dele e decarrega toda sua bronca pra cima do Lula."
Emir Sader.
Luiza Erundina: tudo por uma foto
19 de Junho de 2012, 21:00 - sem comentários ainda
Por Luis Nassif.
Tenho um carinho histórico por Luiza Erundina.
Quando foi alvo de uma tentativa de golpe por parte do Tribunal de
Contas do Município (TCM) devo ter sido o único jornalista a sair em sua
defesa. Tinha o programa Dinheiro Vivo, na TV Gazeta, de público
majoritariamente empresarial. Externei minha indignação que teve ter
tido algum peso na decisão do presidente da FIESP (Federação das
Indústrias do Estado de São Paulo) Mário Amato, de visitá-la com uma
comitiva de empresários, hipotecando-lhe solidariedade.
Defendia-a também quando operadores do PT criaram o caso Lubeca. E,
recentemente, o Blog conduziu uma campanha de arrecadação de fundos,
para ajudar Erundina a pagar uma condenação injusta dos tempos em que
foi prefeita.
Sempre admirei sua luta pelos movimentos sociais, das quais sou periodicamente informado por irmãs lutadoras.
Por tudo isso, digo sem pestanejar: ao pedir demissão da candidatura
de vice-prefeita de Fernando Haddad, Erundina errou, pensou só em si,
não nas suas bandeiras políticas nem nos seus movimentos sociais. Foi
terrivelmente individualista.
À luz das entrevistas que concedeu ontem, constata-se que os motivos
foram fúteis. Estava informada da aliança do PT com Paulo Maluf;
chocou-se com a foto de Lula e Haddad com ele. Foi a foto, não a
aliança, que a chocou.
A foto tem uma simbologia negativa, de fato. Aqui mesmo critiquei o
lance. Mas apenas simbologia. Não se tenha dúvida de que, eleito Haddad,
Erundina seria a vice-prefeita plena para a periferia, seria os
movimentos sociais assumindo uma função relevante na administração
municipal.
No entanto, Erundina abdicou dessa missão, abriu mão de suas
responsabilidades em relação aos movimentos sociais, devido ao
simbolismo de uma foto. Ela sabia que, eleito Haddad, seria mínima a
participação do malufismo na gestão da prefeitura; seria máxima a
intervenção de Erundina nas políticas sociais.
Poderia ter dado uma entrevista distinguindo essas posições,
externando sua repulsa do malufismo, mas ressaltando a diferença de
poder entre ambos.
Mas Erundina se sentiu preterida, não por Haddad, mas por Lula, que deixou-se fotografar com Maluf e não com Erundina.
Seu gesto foi para punir Lula, pouco importando o quanto prejudicaria
seus próprios seguidores, os movimentos sociais. Ela abriu mão de um
cargo que não era seu, mas de seus representados, para punir Lula.
E quem ela procura para a retaliação? Justamente os órgãos de
imprensa que mais criminalizam os movimentos sociais, que tratam questão
social como caso de polícia. Coloca a bala no revólver e o entrega à
revista Veja. A quem ela fortaleceu? Ao herdeiro direto do malufismo na
repulsa aos movimentos sociais: Serra.
Saiu bem na foto da mídia, melhor do que Lula com Maluf, mas a um
preço muito superior. E quem vai pagar a conta são os movimentos
sociais, pelo fato de sua líder ter abdicado de um cargo que a eles
pertencia.
SINTEPP: Eleição será estratégica para futuras eleições
19 de Junho de 2012, 21:00 - sem comentários ainda
O
Diário do Pará sacou o poder e a interferência que um sindicato com o porte e
intervenção do SINTEPP tem no cenário político, mas infelizmente, muitos ainda
não perceberam isso, e quase nada, fizeram para ajudar a campanha da chapa 04,
ligada à CUT-PA, que recentemente passou por uma eleição interna, elegendo uma
nova direção e planeja reverter o atual quadro político, já que vem perdendo
base sindical para outras centrais.
Informes do 1º dia das eleições, dizem que ouve uma baixíssima presença de eleitores, reflexo da baixa credibilidade que o Sindicato dos Educadores Paraenses goza, depois de tanta contradição, frente à forma de como se comporta como sindicato perante os governos.
Explico: O Governo Jatene humilhou a categoria durante a última greve e hoje tem a tranquilidade de saber que o grupo que o dirige
por décadas, aceitou de forma ridícula a imposição tucana de não pagar o piso unificado e assistiu pacíficamente a junção de diversas bonificações, tudo com o intuíto de enganar a categoria e a opinião pública, encerrando uma greve legítima, com a anuência da política do corpo mole que o PSOL definiu para este governo.
Para quem viu a oposição sistemática e contundente do SINTEPP durante o governo petista, estranhou a forma quase que harmônica com que dirigentes do sindicato negociaram durante o 1º ano de governo tucano. O resultado?
Uma SEDUC cheia de material de propaganda de apenas uma chapa: A Chapa 01, a chapa da direção que há 30 controla o sindicato e faz dele a correia de transmissão dos interesses do partido que disputa preferencialmente a base política do PT e do PCdoB, ambos com chapas de abrangência minoritária, que estão suando a camisa para enfrentar o uso da máquina institucional nestas eleições.
Pra quem quer conhecer a chapa o4 é só acessar o blog http://sinteppchapa04.blogspot.com.br/ e se quiser conhecer as demais acesse o Grupo de Debates sobre as Eleições do SINTEPP no Facebook.
Pra quem quer conhecer a chapa o4 é só acessar o blog http://sinteppchapa04.blogspot.com.br/ e se quiser conhecer as demais acesse o Grupo de Debates sobre as Eleições do SINTEPP no Facebook.
Mais de 6 mil políticos com cargo no serviço público estão inelegíveis, diz TCU
19 de Junho de 2012, 21:00 - sem comentários ainda
No Sul21
No Mais de 6 mil políticos que ocupam algum cargo de gestão no serviço
público já estão inelegíveis por oito anos a contar das eleições
municipais de outubro. Essas pessoas tiveram suas contas julgadas
irregulares pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e, por isso, serão
atingidos pela Lei da Ficha Limpa.
A informação é do presidente do TCU, Benjamim Zymler, que hoje
entrega a lista completa dos gestores, às 17 horas, à presidenta do
Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Cármen Lúcia. “Este é um momento
muito importante porque dá consequência concreta ao julgamento das
contas irregulares do TCU”, destacou o presidente do tribunal.
Zymler acrescentou que além da punição por multas e quitação dos
débitos pendentes por causa de má gestão de recursos públicos, essas
pessoas estarão inelegíveis. O ministro lembrou que todos os gestores
tiveram suas contas julgadas em caráter definitivo, prerrogativa para
que uma pessoa seja enquadrada na Lei da Ficha Limpa.
“Realmente essa é uma consequência importante, e muito bem-vinda a
possibilidade de tornar inelegíveis aqueles que não souberam lidar com o
dinheiro público de forma adequada”, ressaltou Benjamim Zymler. O
presidente do TCU lembrou que esses gestores tiveram direito, até a
última instância, à ampla defesa.
O presidente do TCU entregou hoje (19) ao presidente do Senado, José
Sarney (PMDB-AP), o relatório de análise das contas do governo federal.
As ações da presidenta Dilma Rousseff em seu primeiro ano de gestão
foram aprovadas com 25 ressalvas e 40 recomendações, já encaminhadas ao
Executivo. O relator, ministro José Múcio Monteiro, destacou que todas
as ressalvas estão relacionadas a aspectos de conformidade da receita
pública, da dívida pública, da execução do orçamento e das demonstrações
contábeis.
Com informações da Agência Brasil
Prefeito do Recife ganha na Justiça direito de disputar a reeleição
19 de Junho de 2012, 21:00 - sem comentários aindaNo Blog do Noblat
Francisco Julião de Oliveira Sobrinho, juiz da 3a Vara Civil do
Recife, mandou o Diretório Municipal do PT homologar a candidatura à
reeleição do prefeito João da Costa.
O juiz entendeu que foi
válida a prévia realizada pelo partido em 20 de maio último onde João da
Costa derrotou por quase 600 votos de diferença o deputado federal
Maurício Rands.
A Executiva Nacional do PT anulou a prévia que ela
mesma patrocinara. Alegou que haviam votado militantes que não estavam
aptos. E marcou data para uma nova prévia.
Rands desistiu de enfrentar João da Costa pela segunda vez às vésperas da nova prévia.
A Executiva Nacional do PT então decidiu que o candidato a prefeito seria o senador Humberto Costa.
A candidatura de Humberto foi homologada pelo Diretório Municipal.
O
juiz considerou indevida a interferência da Executiva Nacional. A
prévia, segundo ele, "cumpriu todas as normas do regulamento de prévias
do PT".
Cabe recurso da decisão do juiz. O PT poderá entrar com ação nesse sentido junto ao Tribunal de Justiça do Estado.
Jatene discursa na Rio+20 e diz que Desmatamento zero na Amazônia é possível até 2020
13 de Junho de 2012, 21:00 - Um comentário
No site SUL21.
Desmatamento zero na Amazônia é possível até 2020, disse nesta
quinta-feira (14) o governador do Pará, Simão Jatene (PSDB), durante um
debate sobre políticas públicas de combate ao desmatamento da Amazônia,
no Forte de Copacabana, zona sul da capital fluminense.
“Já assinamos a redução do desmatamento em 80% até 2020, mas acho que
podemos, sim, assumir desmatamento zero líquido. É possível
intensificar a utilização das áreas abertas e modernizar pelo menos
metade da pecuária em um curto espaço de tempo sem grandes custos.”
De acordo com o governador, existem hoje cerca de 33 milhões de
hectares de áreas abertas (desmatadas) da Floresta Amazônica no estado.
Desse total, cerca 1,5 milhão de hectares são usados para a produção
agrícola. Cerca de 31 milhões estariam, segundo ele, ocupados pela
agropecuária, abandonados ou subutilizados.
“O uso dessa área já aberta é muito baixo e podemos elevar a
produtividade, mas precisaremos experimentar o que chamo de tripla
revolução, que é pelo conhecimento, pela produção e por novas formas de
gestão e governança e alguns municípios estão provando que isso é
possível.”
O pesquisador da Fundação Imazon Adalberto Veríssimo acredita que o
desmatamento zero no Pará é possível e, se for concretizado, vai gerar
mais renda e emprego para a região. “Conseguimos reduzir, em três anos,
50% do desmatamento e, hoje, a sociedade está cada vez mais consciente
de que não é preciso desmatar mais para crescer. É possível manter a
floresta e aproveitar bem todas as áreas que já foram desmatadas, que
são muitas.”
O Programa Municípios Verdes (PMV) implantado pelos governos estadual
e federal há pouco mais de um ano foi abordado pelos palestrantes como
ferramenta fundamental para a redução do desmatamento ao auxiliar os
municípios do estado a promover uma economia de baixo carbono e alto
valor agregado, com incentivos para negócios rentáveis e ambientalmente
sustentáveis e criação de pactos entre a iniciativa privada, a população
e o terceiro setor.
“O protagonismo local é o diferencial desse programa. Temos
ambientalistas e pecuaristas participando, pessoas ligadas ao setor
madeireiro florestal, Ministério Público, instituições do estado e
município e a sociedade local. É fundamental que o desenvolvimento
sustentável saia do papel e entre no cotidiano das pessoas”, completou o
governador.
O procurador do Ministério Público, Daniel Azeredo, elogiou o
Cadastro Ambiental Rural que ganhou força com o Programa Municípios
Verdes. “O cadastro realiza o zoneamento das propriedades no Pará e o
controle ambiental da Amazônia tem ajudado como uma ferramenta de gestão
da Amazônia”, comentou o procurador. Ele acrescentou que, por meio de
benefícios aos produtores, o número de propriedades cadastradas subiu de
cerca de 600 em 2009 para 54 mil propriedades em 2012.
“O acesso ao crédito rural só é dado para aqueles que estão no
cadastro, além disso, o produtor ganha segurança jurídica, regularização
fundiária e com os Municípios Verdes houve uma adesão maciça.”
“Temos condições de devolver para a floresta de 20% a 30% das áreas
hoje abertas que têm baixa produtividade para a agropecuária e que foram
abertas equivocadamente”, comentou o presidente do Sindicato dos
Produtores Rurais de Paragominas, Mauro Lucio, município paraense que
esteve, até 2010, no primeiro lugar da lista negra de desmatamento do
governo federal e hoje é o que mais faz reflorestamento no estado. O
município também tem apresentado os melhores resultados na queda do
desmatamento da Amazônia. “Mas isso só foi possível porque investimos em
tecnologia e melhoria de vida. Sem melhorar a qualidade de vida das
pessoas da região, falar em sustentabilidade é conversa fiada. Crédito
sem conhecimento é jogar dinheiro fora, por isso, investir em
conhecimento é o que vai mudar os padrões de vida.”
SERPRO Cidadão: 10 anos de Responsabilidade Social e Inclusão Digital
13 de Junho de 2012, 21:00 - sem comentários aindaJaqueline é monitora do Programa que atende gratuitamente cerca de 800 pessoas por ano. |
Com apenas 17 anos,
Jaqueline Barrozo já concluiu o ensino médio e sonha cursar a faculdade de
Odontologia ou Fisioterapia, mas por enquanto é monitora do Programa SERPRO de
Inclusão Digital há 04 meses e trabalha 04 dias por semana, 04 horas por dia e
um dia por semana participa de aulas em cursos profissionalizantes do Programa
Jovem Aprendiz do Governo Federal, que lhe concede uma bolsa-salário de R$
250,00 em dinheiro, mais R$ 220,00 em Ticket Alimentação e R$ 80,00 em vale-transporte
digital.
Segundo a adolescente, a
remuneração garante uma boa ajuda à renda familiar, já que é órfã do pai e mora
com a avó (pensionista), a mãe e a tia (desempregadas) e um irmão menor de
idade, em uma pequena casa no bairro da Terra-firme, apontado com um dos
bolsões de miséria mais violentos e populosos de Belém.
Servidores de outras empresas participam de cursos de qualificação profissional. |
O Programa SERPRO de Inclusão
Digital - da qual a adolescente Jaqueline Barrozo é monitora, junto com mais
outros quatro adolescentes, indicados por entidades comunitárias do bairro da
Terra-firme - atende cerca de
800 pessoas por ano, nos três projetos que desenvolve: Espaço Cidadão, Oficina
de Inclusão Social e Telecentros Comunitário e nesta quinta-feira (14),
comemora 10 anos de existência, com uma série de atividades voltadas à comunidade e entidades parceiras, tais como Palestras,
Oficinas na área da informática e uma atraente programação cultural, que
contará com a participação especial de Alan Carvalho e Ronaldo Silva (Arraial do
Pavulagem), seguida de um coquetel que será oferecido ao público presente.
Sede do SERPO Cidadão, acesso gratuíto à internet e cursos de informática à comunidade. |
O representante
regional do programa, José Ricardo de Carvalho, conclui: “Com a ajuda de
parceiros com entidades comunitárias, ONGs e o Centro de
Referência de Assistência Social (CRAS) do Bairro da Terra Firme, conseguimos capacitar e oferecer
serviços através do Espaço SERPRO Cidadão para milhares de pessoas que nos
procuram, sem cobrar nada e oferecendo conforto, bons equipamentos e assistência
profissional para a Inclusão Social e Digital da comunidade, que conta inclusive
com cursos de Educação à Distância”.
Serviço:
Comemoração
dos 10 anos do Espaço SERPRO Cidadão.
Programação:
08 às 12h - Oficinas de
Stop Motion, Manutenção de Micros/Tablets
e Internet.
16: 30 - Programação
Cultural com Coquetel e shows com artistas da terra. Participação especial de
Alan Carvalho e Ronaldo Silva (Arraial do Pavulagem).
Local: SERPRO – Serviço
Federal de Processamento de Dados - Av. Perimetral da Ciência, nº 2010, bairro da Terra Firme.
Informações: Ricardo Carvalho - 9207-7393.
A história viva: 25 anos do assassinato de Paulo Fonteles
10 de Junho de 2012, 21:00 - sem comentários ainda
Enviado por Paulo Fonteles Filho.
11 de Junho, vigésimo-quinto aniversário
do assassinato do advogado de posseiros do Sul do Pará, Paulo Fonteles
No
transcurso do vigésimo-quinto aniversário do assassinato do ex-deputado e
advogado de posseiros do Sul do Pará, Paulo Fonteles, ocorrido em 11 de Junho
de 1987 é, mais do que nunca necessário avaliar suas ideias e legado para atual
fase da luta pela terra no Brasil. E isso num momento de franca expansão do
Agronegócio, particularmente na Amazônia e a odiosa tentativa de criminalização
dos movimentos sociais brasileiros, praticadas pela grande mídia e reacionários
de todas as espécies.
A vida de combates de Paulo Fonteles atravessou mais de três décadas de profundo compromisso com questões concernentes aos temas mais urgentes da nação brasileira como a democracia, as liberdades políticas, a reforma agrária e o socialismo.
A saga daquele que seria uma das mais contundentes vozes da luta contra o latifúndio iniciou a atividade política quando o Brasil estava encarcerado pela quartelada de 31 de Março de 1964 que submeteu o país a infame ditadura e a submissão aos interesses externos, notadamente estadunidenses.
Como muitos jovens de sua geração iniciou sua militância no ambiente da igreja católica quando a juventude do Brasil e do mundo davam passos insurgentes naqueles longínquos anos de 68 na qual Zuenir Ventura ensina-nos que jamais acabou porque fora um marco, verdadeiro divisor de águas e, ainda é referência tanto na cultura, no comportamento e na política pelo que introduziu na vida brasileira. Eram os generosos anos das figuras heroicas de Che Guevara, da passeata dos 100 mil a enfrentar a dura ditadura hasteando o sangue paraense do estudante Edson Luís assassinado pela repressão no restaurante Calabouço, como uma emergência para mudar os destinos nacionais através de um poderoso movimento de massas.
Eram tempos da rebelião juvenil francesa e da primavera de Praga, de mudanças tecnológicas e da incerteza da guerra fria, da guerra do Vietña, da estreia na Broadway do musical "Hair", do lançamento do "Álbum Branco" dos Beatles, do acirramento da luta pelos direitos civis nos Estados Unidos e também do assassinato de Martin Luther King e do engendramento do Apartheid na África do Sul. As mulheres, historicamente, proibidas de atuar na vida pública queimaram sutiãs e a juventude passou a ter, na sociedade uma presença social autônoma. No Brasil de 68 Chico Buarque estreia "Roda-Viva" e logo os artistas da peça sofrem atentado patrocinado pelo Comando de Caça aos Comunistas (CCC), Caetano Veloso e Gilberto Gil lançam o manifesto onde apresentam a "Tropicália", do contundente discurso do jornalista Márcio Moreira Alves contra a ditadura, estopim para o Ato Institucional 5 (AI-5). É por essa época que o General Costa e Silva promove torpe censura contra o cinema e o teatro e é criado o Conselho Superior de Censura.
O jovem Paulo Fonteles tomou parte nas manifestações que eclodiram naquele período na qual a cidade de Belém, que por ser terra de legado cabano não poderia ficar de fora, tendo como referência a necessidade de derrubar os direitistas de fardas instalados no poder na qual a juventude brasileira ganhou pessoa e postura.
Militando na Ação Popular Marxista-Leninista (APML) e disposto a radicalizar muda-se com a mulher Hecilda Veiga para Brasília.
Estudante do curso de História da UNB e professor de cursinho adquire o codinome de "Peixoto" e é um dos principais dirigentes de juventude universitária da APML que o levou, junto com a esposa, grávida, em outubro de 1971 a conhecer toda selvageria e barbárie da repressão política quando fora preso e severamente torturado. Seus relatos daquele período, pela força da sua poesia, revelam a permanente luta pela vida na forma da denúncia da bestialidade dos torturadores que alcunhava como "cães febrentos". Ali, no famigerado Pelotão de Investigações Criminais (PIC), um dos maiores centros de tortura do país onde os algozes foram adestrados pela Escola do Panamá de inspiração norte-americana, tomou, a partir do contato com camponeses presos na guerrilha do Araguaia a decisão de ingressar, mesmo no calvário dos porões, no Partido Comunista do Brasil.
Em Brasília militou com Honestino Guimarães, contribuiu para fortalecer a União Nacional dos Estudantes (UNE) e na prisão conheceu o campesino Zé Porfírio, líder de Trombas e Formoso.
Enquadrado pelo 477, terrível instituto criado pelo coronel Jarbas Passarinho, então Ministro da Educação, que proibia estudantes insubmissos de retornarem aos estudos por três anos depois de presos, Paulo Fonteles vai trabalhar nas fazendas dos irmãos e ao cumprir tal período e sem nenhuma vocação para capataz retorna a Universidade e, concomitantemente para a luta popular.
Formado em Direito pela UFPa vai, a convite do Poeta Rui Barata, ter seu primeiro teste na defesa dos camponeses envolvidos na luta da Fazenda Capaz. Aquele convite marcaria dali para frente sua opção e militância.
É por esse tempo que, junto com outros companheiros, como Iza e Humberto Cunha, Hecilda Veiga, Paulo Roberto Ferreira, Jaime Teixeira, João Marques, Egidio Salles Filho, Rui Barata, Luís Maklouf de Carvalho e tantos outros organizam a Sociedade Paraense de Direitos Humanos e lança, naquele período o Jornal "Resistência", verdadeiro ícone da imprensa de combate à ditadura militar. É uma pena que na historiografia brasileira, quando tratam da imprensa alternativa, o "Resistência" não tenha tido até hoje o reconhecimento merecido, seja pela ousadia da linha editorial e formato diferente de tudo que havia na época.
Paulo Fonteles é eleito o primeiro presidente da SPDDH e nesse ambiente se coloca à disposição da Comissão Pastoral da Terra (CPT) para advogar para os camponeses do Sul do Pará.
Frei Ivo me disse quando o conheci, há alguns anos em Belém, que na época a CPT havia convidado vários advogados para a tarefa e apenas o advogado comunista havia topado o desafio, contando com a ajuda, sempre generosa do amigo, também advogado Egidio Salles Filho no sentido de resolver intrincados processos onde tudo conspirava contra o interesse camponês, desde o judiciário marcado pelo interesses dos poderosos até a polícia que "jagunçava" para os donos das grandes extensões de terra . Em grande parte a sua decisão fora tomada pela experiência da Fazenda Capaz e a comovente relação estabelecida com os camponeses e a dura realidade encontrada como também pela enorme curiosidade de saber dos acontecimentos da Guerrilha do Araguaia.
Todo esse ambiente do final da década de setenta fora de muita luta e no mesmo momento em que os operários paralisavam no ABC paulista que revelou para a cena brasileira o metalúrgico Luís Inácio Lula da Silva, os camponeses dos sertões paraenses ocupavam 250 mil hectares de terras no Baixo-Araguaia, numa verdadeira guerra de guerrilhas contra o poderio dos latifundiários.
Esse momento foi de militarização da política fundiária, com o engendramento do Grupo Executivo Araguaia-Tocantins (Getat) que, a bem da verdade estava ali por conta dos vultosos e alienígenas projetos para a Amazônia no sentido de conter a luta dos lavradores. Porque tanto naquela época quanto na atualidade os trabalhadores do campo sempre ofereceram destemida oposição à entrega das riquezas nacionais. .
Enfrentando o poder dos coronéis das oligarquias rurais, Paulo Fonteles logo é reconhecido pelos homens e mulheres simples do campo e por eles é carinhosamente chamado de “advogado-do-mato”.
E nesse momento que seu nome começa a figurar nas tenebrosas listas de marcados para morrer, muito em função de sua atuação como advogado da oposição sindical nas contendas contra o pelego Bertoldo, preposto dos militares, na luta para retomar para as mãos dos lavradores o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Conceição do Araguaia. Naquela época tal município englobava Rio Maria, Xinguara e Redenção.
A chapa de Bertoldo era apoiada abertamente por gente de triste estirpe como os famigerados Major Curió e o Ministro Jarbas Passarinho. Todos os instrumentos repressivos do regime atuaram para derrotar a oposição e até a Rádio Nacional de Brasília fazia campanha para os caudatários do militarismo.
Nesse contencioso é assassinado Raimundo Ferreira Lima, o "Gringo". O candidato à presidência da oposição sindical fora a primeira liderança camponesa assassinada no Sul do Pará quando retornava de longa viagem onde percorreu o país amealhando apoio político e financeiro para o contencioso eleitoral. A oposição vence os caudatários do regime e a eleição é empastelada pelo Ministério do Trabalho.
Daquela chapa, de 1980, participaram ainda João Canuto de Oliveira, Belchior e Expedito Ribeiro de Souza, além de Paulo Fonteles e todos, sem exceção, foram mortos pelo latifúndio nos anos que iriam se seguir.
É também neste período que procura sistematizar os acontecimentos dos combates da Guerrilha do Araguaia e certamente foi seu primeiro pesquisador. Conhece gente como o "Velho Doza", antigo militante das Ligas Camponesas onde fora citado como exemplo de combatividade e inteligência no livro de memórias de Gregório Bezerra, publicado em 1947. Militante comunista Bezerra fora eleito em 1946 Deputado Federal Constituinte na lendária bancada do Partido Comunista do Brasil que contava com Luís Carlos Prestes, primeiro senador eleito pelo PC, além de figuras legendárias como João Amazonas, Maurício Grabois, Carlos Marighela, Jorge Amado, dentre outras. Conhece, também, Amaro Lins, ligado às Forças Guerrilheiras do Araguaia.
Cumpre importante papel de advogado de familiares de mortos e desaparecidos que, em histórica caravana percorrem a região por mais de dez dias em fins de 1980. Tal caravana é um marco da luta dos direitos humanos no Brasil. Dessa atividade escreve um conjunto de artigos para a "Tribuna da Luta Operária" onde afirma que no Araguaia a luta fora de massas, tomando a posição contrária de que nas matas da Amazônia a mais contundente oposição ao regime militar teria sido um "foco" que, na linguagem política é o mesmo que atuar sem o povo, como uma espécie de seita. Compreendeu, como poucos que a luta é um problema científico do ponto de vista de entender as necessidades populares.
Em 1982 é eleito Deputado Estadual sob a consigna de "Terra, Trabalho e Independência Nacional" e no curso de sua atuação parlamentar é constantemente ameaçado e por diversas vezes denuncia da tribuna da Assembleia Legislativa do Pará as macabras listas de marcados para morrer onde figurava. Em 1985, um Coronel do Exército e latifundiário, Eddie Castor da Nóbrega anuncia num dos principais jornais paraenses que iria atentar contra a vida do então Deputado. Fonteles no mesmo jornal responde que "se um Coronel tem a ousadia de ameaçar de morte um Deputado abertamente, o que este senhor não faz com os trabalhadores rurais de sua fazenda", concluiu.
Um dos aspectos de sua passagem pelo parlamento fora a denúncia contra a ditadura militar e a necessidade histórica de passarmos para um regime democrático, onde as liberdades políticas pudessem estar asseguradas no altar da vida pública brasileira.
Denunciava, também, o entreguismo do governo militar com sua subserviência aos poderosos internacionais e os projetos do imperialismo para a Amazônia. Atuava com um pé no Plenário e outro nas ruas, aliado não apenas dos camponeses, mas também da juventude e dos trabalhadores urbanos.
Na luta de ideias fazia fogo contra o revisionismo contemporâneo soviético, da era Gorbachev e afirmava que a Revolução Bolchevista de 1917 havia sofrido um duro golpe "por dentro" e que logo o regime da Perestroika iria agudizar o fim da experiência socialista o que seria uma histórica derrota para povos e para toda a humanidade. Afinal, o fim da Rússia socialista marcou o início de uma Nova Ordem Mundial que, através do malsinado "Consenso de Washington" engendrou tempos neoliberais de profunda ofensiva do capital contra o mundo do trabalho. A vitória do pensamento dos grandes financistas construiu uma realidade mundial belicista, unipolar e cada vez mais vai revelando, na atualidade, o caráter sistêmico da crise do capitalismo que nos dias atuais enfrenta profunda deterioração.
Em 1986 é candidato à Deputado Federal Constituinte, porém não conseguiu êxito eleitoral.
Fora do parlamento cria o Centro de Apoio ao Trabalhador Rural e Urbano (CEATRU) e apoia, como advogado, a luta contra os pelegos no Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil que baniu o interesse patronal do seio do sindicato e da categoria.
Em 11 de Junho de 1987 todas as ameaças se confirmam e no final da manhã daquele dia é assassinado à mando da União Democrática Ruralista (UDR) na região metropolitana de Belém. A ação que atentou contra a vida de Paulo Fonteles ocorreu no mesmo momento em que se votava, no âmbito da constituinte, o capítulo da terra.
Os latifundiários para obter êxito nesse contencioso utilizaram a tática de comprar parlamentares, um deles, paraense, até então comprometido com a questão da reforma agrária sumiu misteriosamente da votação.
Outro aspecto da agenda política dos donos do poder no campo era intimidar o movimento camponês através da covardia da pistolagem e o alvo fora uma das mais combativas lideranças e Paulo Fonteles fora o escolhido. Tanto que seu desaparecimento mereceu a atenção de dirigentes nacionais da UDR como o do funesto Ronaldo Caiado que, indiretamente pelo fato de presidir tão demoníaca organização deve ter tido, pelo controle estabelecido, relação com os mandantes do tão sórdido acontecimento.
Tramada na Fazenda Bamerindus, hoje chamada de "Palmares" porque fora ocupada pelo MST, entre Xinguara e Paraoapebas, a ação que vitimou tão brilhante vida teve como intermediário e executores gente do antigo regime que vieram para a Amazônia organizar milícias no sentido de proteger a grande propriedade rural da "ameaça" camponesa. O fato é que os latifundiários instalados na Amazônia utilizaram largamente, com a derrota do regime, de gente do SNI que promoveram uma espécie de "diáspora" para o norte do Brasil. Esse é o caso, por exemplo, de James Vita Lopes, julgado e condenado como intermediário da ação que vitimou Fonteles e que pertenceu aos quadros da Operação Bandeirantes de São Paulo como também do Serviço Nacional de Informações (SNI).
Até hoje os mandantes do assassinato de Paulo Fonteles não foram levados a julgamento e, como centenas de casos da pistolagem perpetradas pelo latifúndio seu crime permanece impune o que revela o caráter do judiciário paraense e brasileiro.
Mais do que nunca, diante do recrudescimento da violência do latifúndio, as forças vivas da sociedade paraense e brasileira devem travar o combate contra a impunidade e criar ambiente propício, mesmo com o recalcitrante judiciário local, para punir os históricos crimes do latifúndio e passar a ofensiva na luta contra os violentos que tudo resolvem na intimidação e na liquidação física de lideranças camponesas e seus apoiadores. Uma das importantes saídas para a impunidade é a federalização dos crimes praticados pelos poderosos do campo.
O advogado comunista Paulo Fonteles era um homem de partido e suas ideias continuam atuais porque a luta pela reforma agrária e pelo socialismo são absolutamente atuais, desta quadra histórica, deste momento brasileiro que, mais do que nunca é preciso exemplos para reforçar o caráter das mudanças para o desenvolvimento, com valorização do mundo do trabalho para o futuro de progresso social da nação brasileira.
Sua vida de combates continua inspirando até os nossos dias a luta histórica dos trabalhadores no sentido de sua emancipação social.
A vida de combates de Paulo Fonteles atravessou mais de três décadas de profundo compromisso com questões concernentes aos temas mais urgentes da nação brasileira como a democracia, as liberdades políticas, a reforma agrária e o socialismo.
A saga daquele que seria uma das mais contundentes vozes da luta contra o latifúndio iniciou a atividade política quando o Brasil estava encarcerado pela quartelada de 31 de Março de 1964 que submeteu o país a infame ditadura e a submissão aos interesses externos, notadamente estadunidenses.
Como muitos jovens de sua geração iniciou sua militância no ambiente da igreja católica quando a juventude do Brasil e do mundo davam passos insurgentes naqueles longínquos anos de 68 na qual Zuenir Ventura ensina-nos que jamais acabou porque fora um marco, verdadeiro divisor de águas e, ainda é referência tanto na cultura, no comportamento e na política pelo que introduziu na vida brasileira. Eram os generosos anos das figuras heroicas de Che Guevara, da passeata dos 100 mil a enfrentar a dura ditadura hasteando o sangue paraense do estudante Edson Luís assassinado pela repressão no restaurante Calabouço, como uma emergência para mudar os destinos nacionais através de um poderoso movimento de massas.
Eram tempos da rebelião juvenil francesa e da primavera de Praga, de mudanças tecnológicas e da incerteza da guerra fria, da guerra do Vietña, da estreia na Broadway do musical "Hair", do lançamento do "Álbum Branco" dos Beatles, do acirramento da luta pelos direitos civis nos Estados Unidos e também do assassinato de Martin Luther King e do engendramento do Apartheid na África do Sul. As mulheres, historicamente, proibidas de atuar na vida pública queimaram sutiãs e a juventude passou a ter, na sociedade uma presença social autônoma. No Brasil de 68 Chico Buarque estreia "Roda-Viva" e logo os artistas da peça sofrem atentado patrocinado pelo Comando de Caça aos Comunistas (CCC), Caetano Veloso e Gilberto Gil lançam o manifesto onde apresentam a "Tropicália", do contundente discurso do jornalista Márcio Moreira Alves contra a ditadura, estopim para o Ato Institucional 5 (AI-5). É por essa época que o General Costa e Silva promove torpe censura contra o cinema e o teatro e é criado o Conselho Superior de Censura.
O jovem Paulo Fonteles tomou parte nas manifestações que eclodiram naquele período na qual a cidade de Belém, que por ser terra de legado cabano não poderia ficar de fora, tendo como referência a necessidade de derrubar os direitistas de fardas instalados no poder na qual a juventude brasileira ganhou pessoa e postura.
Militando na Ação Popular Marxista-Leninista (APML) e disposto a radicalizar muda-se com a mulher Hecilda Veiga para Brasília.
Estudante do curso de História da UNB e professor de cursinho adquire o codinome de "Peixoto" e é um dos principais dirigentes de juventude universitária da APML que o levou, junto com a esposa, grávida, em outubro de 1971 a conhecer toda selvageria e barbárie da repressão política quando fora preso e severamente torturado. Seus relatos daquele período, pela força da sua poesia, revelam a permanente luta pela vida na forma da denúncia da bestialidade dos torturadores que alcunhava como "cães febrentos". Ali, no famigerado Pelotão de Investigações Criminais (PIC), um dos maiores centros de tortura do país onde os algozes foram adestrados pela Escola do Panamá de inspiração norte-americana, tomou, a partir do contato com camponeses presos na guerrilha do Araguaia a decisão de ingressar, mesmo no calvário dos porões, no Partido Comunista do Brasil.
Em Brasília militou com Honestino Guimarães, contribuiu para fortalecer a União Nacional dos Estudantes (UNE) e na prisão conheceu o campesino Zé Porfírio, líder de Trombas e Formoso.
Enquadrado pelo 477, terrível instituto criado pelo coronel Jarbas Passarinho, então Ministro da Educação, que proibia estudantes insubmissos de retornarem aos estudos por três anos depois de presos, Paulo Fonteles vai trabalhar nas fazendas dos irmãos e ao cumprir tal período e sem nenhuma vocação para capataz retorna a Universidade e, concomitantemente para a luta popular.
Formado em Direito pela UFPa vai, a convite do Poeta Rui Barata, ter seu primeiro teste na defesa dos camponeses envolvidos na luta da Fazenda Capaz. Aquele convite marcaria dali para frente sua opção e militância.
É por esse tempo que, junto com outros companheiros, como Iza e Humberto Cunha, Hecilda Veiga, Paulo Roberto Ferreira, Jaime Teixeira, João Marques, Egidio Salles Filho, Rui Barata, Luís Maklouf de Carvalho e tantos outros organizam a Sociedade Paraense de Direitos Humanos e lança, naquele período o Jornal "Resistência", verdadeiro ícone da imprensa de combate à ditadura militar. É uma pena que na historiografia brasileira, quando tratam da imprensa alternativa, o "Resistência" não tenha tido até hoje o reconhecimento merecido, seja pela ousadia da linha editorial e formato diferente de tudo que havia na época.
Paulo Fonteles é eleito o primeiro presidente da SPDDH e nesse ambiente se coloca à disposição da Comissão Pastoral da Terra (CPT) para advogar para os camponeses do Sul do Pará.
Frei Ivo me disse quando o conheci, há alguns anos em Belém, que na época a CPT havia convidado vários advogados para a tarefa e apenas o advogado comunista havia topado o desafio, contando com a ajuda, sempre generosa do amigo, também advogado Egidio Salles Filho no sentido de resolver intrincados processos onde tudo conspirava contra o interesse camponês, desde o judiciário marcado pelo interesses dos poderosos até a polícia que "jagunçava" para os donos das grandes extensões de terra . Em grande parte a sua decisão fora tomada pela experiência da Fazenda Capaz e a comovente relação estabelecida com os camponeses e a dura realidade encontrada como também pela enorme curiosidade de saber dos acontecimentos da Guerrilha do Araguaia.
Todo esse ambiente do final da década de setenta fora de muita luta e no mesmo momento em que os operários paralisavam no ABC paulista que revelou para a cena brasileira o metalúrgico Luís Inácio Lula da Silva, os camponeses dos sertões paraenses ocupavam 250 mil hectares de terras no Baixo-Araguaia, numa verdadeira guerra de guerrilhas contra o poderio dos latifundiários.
Esse momento foi de militarização da política fundiária, com o engendramento do Grupo Executivo Araguaia-Tocantins (Getat) que, a bem da verdade estava ali por conta dos vultosos e alienígenas projetos para a Amazônia no sentido de conter a luta dos lavradores. Porque tanto naquela época quanto na atualidade os trabalhadores do campo sempre ofereceram destemida oposição à entrega das riquezas nacionais. .
Enfrentando o poder dos coronéis das oligarquias rurais, Paulo Fonteles logo é reconhecido pelos homens e mulheres simples do campo e por eles é carinhosamente chamado de “advogado-do-mato”.
E nesse momento que seu nome começa a figurar nas tenebrosas listas de marcados para morrer, muito em função de sua atuação como advogado da oposição sindical nas contendas contra o pelego Bertoldo, preposto dos militares, na luta para retomar para as mãos dos lavradores o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Conceição do Araguaia. Naquela época tal município englobava Rio Maria, Xinguara e Redenção.
A chapa de Bertoldo era apoiada abertamente por gente de triste estirpe como os famigerados Major Curió e o Ministro Jarbas Passarinho. Todos os instrumentos repressivos do regime atuaram para derrotar a oposição e até a Rádio Nacional de Brasília fazia campanha para os caudatários do militarismo.
Nesse contencioso é assassinado Raimundo Ferreira Lima, o "Gringo". O candidato à presidência da oposição sindical fora a primeira liderança camponesa assassinada no Sul do Pará quando retornava de longa viagem onde percorreu o país amealhando apoio político e financeiro para o contencioso eleitoral. A oposição vence os caudatários do regime e a eleição é empastelada pelo Ministério do Trabalho.
Daquela chapa, de 1980, participaram ainda João Canuto de Oliveira, Belchior e Expedito Ribeiro de Souza, além de Paulo Fonteles e todos, sem exceção, foram mortos pelo latifúndio nos anos que iriam se seguir.
É também neste período que procura sistematizar os acontecimentos dos combates da Guerrilha do Araguaia e certamente foi seu primeiro pesquisador. Conhece gente como o "Velho Doza", antigo militante das Ligas Camponesas onde fora citado como exemplo de combatividade e inteligência no livro de memórias de Gregório Bezerra, publicado em 1947. Militante comunista Bezerra fora eleito em 1946 Deputado Federal Constituinte na lendária bancada do Partido Comunista do Brasil que contava com Luís Carlos Prestes, primeiro senador eleito pelo PC, além de figuras legendárias como João Amazonas, Maurício Grabois, Carlos Marighela, Jorge Amado, dentre outras. Conhece, também, Amaro Lins, ligado às Forças Guerrilheiras do Araguaia.
Cumpre importante papel de advogado de familiares de mortos e desaparecidos que, em histórica caravana percorrem a região por mais de dez dias em fins de 1980. Tal caravana é um marco da luta dos direitos humanos no Brasil. Dessa atividade escreve um conjunto de artigos para a "Tribuna da Luta Operária" onde afirma que no Araguaia a luta fora de massas, tomando a posição contrária de que nas matas da Amazônia a mais contundente oposição ao regime militar teria sido um "foco" que, na linguagem política é o mesmo que atuar sem o povo, como uma espécie de seita. Compreendeu, como poucos que a luta é um problema científico do ponto de vista de entender as necessidades populares.
Em 1982 é eleito Deputado Estadual sob a consigna de "Terra, Trabalho e Independência Nacional" e no curso de sua atuação parlamentar é constantemente ameaçado e por diversas vezes denuncia da tribuna da Assembleia Legislativa do Pará as macabras listas de marcados para morrer onde figurava. Em 1985, um Coronel do Exército e latifundiário, Eddie Castor da Nóbrega anuncia num dos principais jornais paraenses que iria atentar contra a vida do então Deputado. Fonteles no mesmo jornal responde que "se um Coronel tem a ousadia de ameaçar de morte um Deputado abertamente, o que este senhor não faz com os trabalhadores rurais de sua fazenda", concluiu.
Um dos aspectos de sua passagem pelo parlamento fora a denúncia contra a ditadura militar e a necessidade histórica de passarmos para um regime democrático, onde as liberdades políticas pudessem estar asseguradas no altar da vida pública brasileira.
Denunciava, também, o entreguismo do governo militar com sua subserviência aos poderosos internacionais e os projetos do imperialismo para a Amazônia. Atuava com um pé no Plenário e outro nas ruas, aliado não apenas dos camponeses, mas também da juventude e dos trabalhadores urbanos.
Na luta de ideias fazia fogo contra o revisionismo contemporâneo soviético, da era Gorbachev e afirmava que a Revolução Bolchevista de 1917 havia sofrido um duro golpe "por dentro" e que logo o regime da Perestroika iria agudizar o fim da experiência socialista o que seria uma histórica derrota para povos e para toda a humanidade. Afinal, o fim da Rússia socialista marcou o início de uma Nova Ordem Mundial que, através do malsinado "Consenso de Washington" engendrou tempos neoliberais de profunda ofensiva do capital contra o mundo do trabalho. A vitória do pensamento dos grandes financistas construiu uma realidade mundial belicista, unipolar e cada vez mais vai revelando, na atualidade, o caráter sistêmico da crise do capitalismo que nos dias atuais enfrenta profunda deterioração.
Em 1986 é candidato à Deputado Federal Constituinte, porém não conseguiu êxito eleitoral.
Fora do parlamento cria o Centro de Apoio ao Trabalhador Rural e Urbano (CEATRU) e apoia, como advogado, a luta contra os pelegos no Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil que baniu o interesse patronal do seio do sindicato e da categoria.
Em 11 de Junho de 1987 todas as ameaças se confirmam e no final da manhã daquele dia é assassinado à mando da União Democrática Ruralista (UDR) na região metropolitana de Belém. A ação que atentou contra a vida de Paulo Fonteles ocorreu no mesmo momento em que se votava, no âmbito da constituinte, o capítulo da terra.
Os latifundiários para obter êxito nesse contencioso utilizaram a tática de comprar parlamentares, um deles, paraense, até então comprometido com a questão da reforma agrária sumiu misteriosamente da votação.
Outro aspecto da agenda política dos donos do poder no campo era intimidar o movimento camponês através da covardia da pistolagem e o alvo fora uma das mais combativas lideranças e Paulo Fonteles fora o escolhido. Tanto que seu desaparecimento mereceu a atenção de dirigentes nacionais da UDR como o do funesto Ronaldo Caiado que, indiretamente pelo fato de presidir tão demoníaca organização deve ter tido, pelo controle estabelecido, relação com os mandantes do tão sórdido acontecimento.
Tramada na Fazenda Bamerindus, hoje chamada de "Palmares" porque fora ocupada pelo MST, entre Xinguara e Paraoapebas, a ação que vitimou tão brilhante vida teve como intermediário e executores gente do antigo regime que vieram para a Amazônia organizar milícias no sentido de proteger a grande propriedade rural da "ameaça" camponesa. O fato é que os latifundiários instalados na Amazônia utilizaram largamente, com a derrota do regime, de gente do SNI que promoveram uma espécie de "diáspora" para o norte do Brasil. Esse é o caso, por exemplo, de James Vita Lopes, julgado e condenado como intermediário da ação que vitimou Fonteles e que pertenceu aos quadros da Operação Bandeirantes de São Paulo como também do Serviço Nacional de Informações (SNI).
Até hoje os mandantes do assassinato de Paulo Fonteles não foram levados a julgamento e, como centenas de casos da pistolagem perpetradas pelo latifúndio seu crime permanece impune o que revela o caráter do judiciário paraense e brasileiro.
Mais do que nunca, diante do recrudescimento da violência do latifúndio, as forças vivas da sociedade paraense e brasileira devem travar o combate contra a impunidade e criar ambiente propício, mesmo com o recalcitrante judiciário local, para punir os históricos crimes do latifúndio e passar a ofensiva na luta contra os violentos que tudo resolvem na intimidação e na liquidação física de lideranças camponesas e seus apoiadores. Uma das importantes saídas para a impunidade é a federalização dos crimes praticados pelos poderosos do campo.
O advogado comunista Paulo Fonteles era um homem de partido e suas ideias continuam atuais porque a luta pela reforma agrária e pelo socialismo são absolutamente atuais, desta quadra histórica, deste momento brasileiro que, mais do que nunca é preciso exemplos para reforçar o caráter das mudanças para o desenvolvimento, com valorização do mundo do trabalho para o futuro de progresso social da nação brasileira.
Sua vida de combates continua inspirando até os nossos dias a luta histórica dos trabalhadores no sentido de sua emancipação social.
Lúcio Flávio Pinto chuta o balde - VEJA: O suicídio pela palavra
6 de Junho de 2012, 21:00 - sem comentários ainda
Publicado em Cartas da Amazônia por Lúcio Flávio Pinto no portal Yahoo!
"Veja",
uma das cinco revistas semanais de informações mais importantes do
mundo, levou 2.272 edições, em 44 anos de circulação, para cometer o
maior "nariz de cera" da sua história, do jornalismo brasileiro em
muitos anos e talvez da imprensa mundial. Sua matéria de capa do último número, do dia 6, abre com 98 linhas da mais medíocre "encheção de linguiça", como se diz "no popular".
Se tivessem mesmo que sair, esses quatro enormes parágrafos, numa
matéria de apenas oito períodos, tirando boxes e penduricalhos outros
para descansar a vista (e relaxar a cabeça), caberiam na Carta ao
Leitor, espaço reservado à opinião do dono. Mas lá já estava o devido
editorial da "casa", repleto de adjetivações e subjetividades, conforme o
estilo.
A tarefa do repórter Daniel Pereira não era competir em fúria
acusatória com a voz do dono, mas dar-lhe — se fosse o caso — suporte
informativo. Sua matéria devia conter fatos, que constituem a arma de combate do repórter, infalível diante de qualquer assunto sob sua investigação.
Ao invés disso, metade da sua falsa reportagem, com presunção de
trazer novidades e gravidades suficientes para merecer a capa da edição,
é um rosário de imprecações opiniáticas, no mais grosseiro e primário
estilo, num desabamento de qualidade em relação à Carta ao Leitor.
Em tom professoral digno de um sábio de almanaque Capivarol, o editor
da sucursal de Brasília, distinto e ilustre desconhecido (ainda,
claro), faz gracejo insosso com o fracasso da estratégia de Lula de usar
a "CPI do Cachoeira" como manobra diversionista para tirar o foco do
julgamento dos integrantes da "quadrilha do mensalão".
Tentando reparar o efeito inverso gerado pela iniciativa, Lula
procurou o ministro Gilmar Mendes, do STF, para um acerto, "movimento
tão indecoroso que, ao contrário do imaginado pela falconaria petista,
se voltou contra o partido", sentencia o jornalista.
Não sou petista. Nunca fui. Também não sou nem nunca serei filado a
qualquer partido político, enquanto minha profissão me conceder um
espaço para opinar e interpretar. É onde faço política: tentando armar o
meu leitor para ter sua agenda atualizada aos grandes temas ao alcance
da sua vontade.
Votei uma única vez em Lula para presidente da República, na primeira
tentativa dele, contra Collor, em 1989. Ninguém encontrará um artigo de
louvor a ele no meu Jornal Pessoal. Como não moro em Brasília,
São Paulo, Rio de Janeiro ou Belo Horizonte, mas em Belém do Pará,
distante dois mil quilômetros da capital federal, não me atrevo a
escrever reportagens a respeito dele.
Para isso, precisaria estar em contato com pessoas do centro do
poder, testemunhar acontecimentos, criar fontes com acesso às
informações diretas. Mas minhas análises, feitas à distância, não
ultrapassam o limite da possibilidade de demonstrar com fatos o que
digo. E só digo o que os fatos me autorizam.
Ao autorizar um repórter, encarregado de produzir uma reportagem, que
requer tudo que está fora do meu alcance, justamente porque não
disponho dos recursos ao alcance de Daniel Pereira, "Veja" mostra que
não respeita a si, aos seus jornalistas e ao leitor. Desrespeita a
própria história, que a fez ocupar um lugar tão destacado na imprensa
mundial e ter-se estabilizado há muitos anos em 1,2 milhão de exemplares
de tiragem.
O respeito e a admiração que as pessoas tem hoje pelos jornalistas da
TV Globo era o mesmo, com outra substância, do início dos anos 1970,
quando "Veja" se consolidou como a mais importante novidade na imprensa
brasileira. Antes de passar a trabalhar na revista, via-me diante de
humilhação partilhada por repórteres das outras publicações, como as
minhas. Depois de dar entrevista coletiva, o personagem da reunião se
desculpava e atendia à parte o representante de "Veja", que costumava
assistir calado ao pingue-pongue de perguntas e respostas entre os
colegas e o entrevistado.
Mas não ficávamos furiosos ou nos revoltávamos pelo privilégio dado
ao concorrente. Veríamos, quando a revista circulasse, que o tratamento
diferenciado tinha uma motivação fundamentada na qualidade do trabalho
da revista. Por opção editorial, as matérias não eram assinadas. Mas
tanto os profissionais que iam às ruas atrás das notícias eram bons como
ótimos eram aqueles que reescreviam tudo na redação, estabelecendo uma
homogeneidade de alto nível em todos os textos, do primeiro ao último.
Essa boa novidade levou ao exagero da padronização, logo corrigido
pela liberação dos freios da centralização: cada jornalista pode
desenvolver seu estilo e as matérias começaram a sair assinadas.
Muitas das matérias que forniram as páginas da revista eram do melhor
jornalismo, vizinho dos textos de autores da melhor literatura. Tanto
pelo domínio do vernáculo como pela consciência de que jornalismo é a
vida pulsando todos os dias em sua materialização factual, sempre
sujeita ao humano, demasiado humano (o que serviu de halo para o "novo
jornalismo" americano).
Com a sucessão de textos do tipo que agride a essência do jornalismo
já há bastante tempo, "Veja" está prestando um grave desserviço ao
Brasil, a pretexto de brecar o avanço do "lulismo" tirânico e
irresponsável. Está fazendo o país retroceder a um jornalismo praticado
até seis décadas atrás, quando o Diário Carioca introduziu o lide no manual de redação jornalística. Sucederam-se a partir daí os aperfeiçoamentos que "Veja" consolidou.
A começar pelo curso de formação que deu aos seus futuros integrantes
antes de começar a circular, uma revolução em matéria de recrutamento
de quadros. E pelo elevado padrão de profissionalismo que estabeleceu,
tornando-se uma meta para todos aqueles que queriam avançar no seu
ofício e ter uma vida digna, decente e confortável — conquistas das
quais só a última era frequente, à custa da venda da alma ao diabo; até
"Veja" demonstrar que jornalista também pode ganhar bem sem se
prostituir.
É profundamente lamentável que essa mesma revista esteja agora, num
paroxismo editorial difícil de explicar e mais difícil ainda de
entender, renunciando a todas essas conquistas para se entregar a uma
voragem de apoplexia palavrosa, se a tipologia cabe nessa forma
surpreendente de patologia. Lula pode sobreviver a esse tipo de vírus. O
jornalismo, não.
Querendo ser a coveira de um líder político esquivo e ambíguo, "Veja" está,
na verdade, cometendo um haraquiri patético, capaz de arrastar consigo
muito mais gente do que a que sucumbiu sob outro desses líderes em
transe: Jim Jones.
(Saio da bitola amazônica nesta carta jornalística pela
necessidade de desabafar, que partilho com meus leitores. Quase meio
século de jornalismo autorização a quebra da bitola, I presume.)