40 dias depois da chacina de Pau D'Arco, mais um trabalhador é assassinado
8 de Julho de 2017, 16:20
Via EBC
Foi assassinado, na noite dessa sexta-feira (7), um dos líderes da ocupação na Fazenda Santa Lúcia, em Pau D'Arco (PA), local onde 10 camponeses foram mortos durante uma operação policial no dia 24 de maio deste ano.
O crime ocorreu em uma cidade próxima, Rio Marias, para onde o líder Rosenildo Pereira de Almeida, de 44 anos e conhecido como "Negão”, havia ido na noite de sexta-feira para se esconder, após reiteradas ameaças de morte. Segundo informações preliminares da Comissão Pastoral da Terra (CPT), ele teria sido executado com três tiros na cabeça por dois motoqueiros.
A informação foi confirmada pela organização não governamental Justiça Global, que presta auxílio social e jurídico ao acampamento. A assessoria da Polícia Civil do Pará também confirmou as circunstâncias do homicídio, mas disse desconhecer se a vítima era uma liderança da ocupação na Fazenda Santa Lúcia.
“O que nós podemos afirmar é que ele era uma liderança lá do acampamento e vinha recebendo ameaças de morte por conta dessa função”, disse José Batista, coordenador jurídico da CPT em Marabá, maior cidade da região.
De acordo com a coordenadora da Justiça Global, Sandra Carvalho, o assassinato expõe a situação de contínua ameaça à qual os integrantes da ocupação na Fazenda Santa Lúcia encontram-se submetidos, especialmente após a Polícia Federal ter sido autorizada, no início de junho, a investigar as mortes em Pau D'Arco.
“Esse processo de investigação e de apuração para desmontar uma farsa de que houve conflito, e não chacina, está deixando as pessoas que cometeram esses crimes preocupadas, fazendo com que continuem a ameaçar”, disse Sandra à Agência Brasil. Ela criticou a Secretaria de Segurança Pública do Pará (SSP-PA), a quem acusou de ignorar os pedidos de proteção às pessoas no local.
A reportagem tentou diversas vezes entrar em contato com a secretaria, por meio do telefone fixo e dos celulares de plantão da assessoria de imprensa do órgão, mas ninguém atendeu às ligações.
A Justiça Global disse ter solicitado a inclusão imediata de outras três lideranças camponesas de Pau D'Arco, cujo paradeiro no momento é desconhecido, no Programa de Proteção a Vítimas e Testemunhas Ameaçadas do Pará e também no Programa de Proteção a Defensores de Direitos Humanos, mantido pelo governo federal.
“Neste exato momento, estamos tentando localizar essas três pessoas para prestem imediatamente depoimento ao delegado da Polícia Federal que investiga a chacina”, disse Sandra.
Nesta semana, lideranças sociais que acompanham o caso realizaram um ato na seccional do Rio de Janeiro da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para pedir que as mortes de camponeses em Pau D'Arco não fiquem impunes.
Em nota, o Comitê Brasileiro de Defensoras e Defensores de Direitos Humanos afirma que o assassinato de Almeida é fruto da “omissão dos governos federal e estadual” e critica a falta de definição do Instituo Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) sobre a área reivindicada pelo grupo. “Após a morte dos dez trabalhadores rurais sem-terra, os camponeses voltaram a ocupar uma área próxima à fazenda Santa Lúcia para que as mortes não tivessem sido em vão. Sua luta pela reforma agrária, todavia, não teve nenhum suporte nem antes nem depois do crime. Almeida, inclusive, havia deixado o local [acampamento] horas antes [de ser assassinado] porque estava sendo ameaçado e perseguido”, denuncia a entidade.
Leia a Nota Pública da CDDH*
Foi assassinado, na noite dessa sexta-feira (7), um dos líderes da ocupação na Fazenda Santa Lúcia, em Pau D'Arco (PA), local onde 10 camponeses foram mortos durante uma operação policial no dia 24 de maio deste ano.
O crime ocorreu em uma cidade próxima, Rio Marias, para onde o líder Rosenildo Pereira de Almeida, de 44 anos e conhecido como "Negão”, havia ido na noite de sexta-feira para se esconder, após reiteradas ameaças de morte. Segundo informações preliminares da Comissão Pastoral da Terra (CPT), ele teria sido executado com três tiros na cabeça por dois motoqueiros.
A informação foi confirmada pela organização não governamental Justiça Global, que presta auxílio social e jurídico ao acampamento. A assessoria da Polícia Civil do Pará também confirmou as circunstâncias do homicídio, mas disse desconhecer se a vítima era uma liderança da ocupação na Fazenda Santa Lúcia.
“O que nós podemos afirmar é que ele era uma liderança lá do acampamento e vinha recebendo ameaças de morte por conta dessa função”, disse José Batista, coordenador jurídico da CPT em Marabá, maior cidade da região.
De acordo com a coordenadora da Justiça Global, Sandra Carvalho, o assassinato expõe a situação de contínua ameaça à qual os integrantes da ocupação na Fazenda Santa Lúcia encontram-se submetidos, especialmente após a Polícia Federal ter sido autorizada, no início de junho, a investigar as mortes em Pau D'Arco.
“Esse processo de investigação e de apuração para desmontar uma farsa de que houve conflito, e não chacina, está deixando as pessoas que cometeram esses crimes preocupadas, fazendo com que continuem a ameaçar”, disse Sandra à Agência Brasil. Ela criticou a Secretaria de Segurança Pública do Pará (SSP-PA), a quem acusou de ignorar os pedidos de proteção às pessoas no local.
A reportagem tentou diversas vezes entrar em contato com a secretaria, por meio do telefone fixo e dos celulares de plantão da assessoria de imprensa do órgão, mas ninguém atendeu às ligações.
A Justiça Global disse ter solicitado a inclusão imediata de outras três lideranças camponesas de Pau D'Arco, cujo paradeiro no momento é desconhecido, no Programa de Proteção a Vítimas e Testemunhas Ameaçadas do Pará e também no Programa de Proteção a Defensores de Direitos Humanos, mantido pelo governo federal.
“Neste exato momento, estamos tentando localizar essas três pessoas para prestem imediatamente depoimento ao delegado da Polícia Federal que investiga a chacina”, disse Sandra.
Nesta semana, lideranças sociais que acompanham o caso realizaram um ato na seccional do Rio de Janeiro da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para pedir que as mortes de camponeses em Pau D'Arco não fiquem impunes.
Em nota, o Comitê Brasileiro de Defensoras e Defensores de Direitos Humanos afirma que o assassinato de Almeida é fruto da “omissão dos governos federal e estadual” e critica a falta de definição do Instituo Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) sobre a área reivindicada pelo grupo. “Após a morte dos dez trabalhadores rurais sem-terra, os camponeses voltaram a ocupar uma área próxima à fazenda Santa Lúcia para que as mortes não tivessem sido em vão. Sua luta pela reforma agrária, todavia, não teve nenhum suporte nem antes nem depois do crime. Almeida, inclusive, havia deixado o local [acampamento] horas antes [de ser assassinado] porque estava sendo ameaçado e perseguido”, denuncia a entidade.
Leia a Nota Pública da CDDH*
Pouco mais de 40 dias após o Massacre de Pau D’Arco (PA), que tirou a vida de 10 trabalhadores rurais, Rosenildo Pereira de Almeida, conhecido como Negão, de 44 anos, foi executado a tiros na noite de ontem, na cidade de Rio Maria, cerca de 60km de Pau D´Arco. Ele era uma liderança do acampamento da fazenda Santa Lúcia, palco da chacina, e havia deixado o local horas antes porque estava sendo ameaçado e perseguido.
Esse novo assassinato é fruto da omissão do governo federal e do governo do Pará em relação ao Massacre de Pau D`Arco. Após a morte de dez companheiros, os camponeses voltaram a ocupar área próxima a fazenda Santa Lúcia exatamente para que as mortes não tivessem sido em vão. Sua luta pela reforma agrária, todavia, não teve nenhum suporte nem antes e nem depois do crime. O Estado do Pará até hoje não tomou nenhuma medida no sentido de garantir a vida de trabalhadoras e trabalhadores rurais ou para superar o conflito. Foi necessária a entrada da Polícia Federal para a realização de uma investigação mais isenta e rigorosa, já que as mortes ocorreram em uma ação de policiais militares e civis.
Devemos lembrar que desde de 2016 o Estado do Pará aprovou a Lei 8444/16 que institui o Programa Estadual de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos. No entanto, o Programa ainda não foi implementado, deixando em extrema vulnerabilidade defensoras e defensores de direitos humanos do Estado.
O governo federal, por sua vez, continua sem uma política de reforma agrária nacional. Há anos, o número de assentamentos despenca, enquanto o de conflitos aumenta. Mesmo com o massacre na Fazenda Santa Lúcia, até hoje o Incra não se manifestou sobre o uso daquela terra para assentar as famílias acampadas. A inoperância do instituto é certamente uma das principais causas da vulnerabilidade daquelas pessoas e, agora, da morte de Rosenildo.
De acordo com a Comissão Pastoral da Terra (CPT) , 2016 teve 1079 conflitos por terra no país, um crescimento de 40% comparado a 2015, quando foram 771. Nesses conflitos o que se vê também é a certeza da impunidade, seja na destruição ilegal de acampamentos de trabalhadores rurais, ou nos casos de assassinatos. E o Pará é um destaque negativo nesse quadro. De 1995 a 2010 foram registrados 408 casos (cerca de 35% dos incidentes no Brasil), com 61 vítimas, segundo a CPT. Apenas 15 tiveram julgamentos, com 11 mandantes e 13 executores condenados.
De acordo com o Comitê Brasileiro de Defensoras e Defensores de Direitos Humanos, em 2016, as regiões Norte e Nordeste figuraram como as mais perigosas para a atuação das defensoras e defensores de direitos humanos, concentrando quase a totalidade (56) dos 66 assassinatos registrados. Os estados mais violentos contra os defensores foram Rondônia, com 19 assassinatos, Maranhão, com 15, e Pará, com seis. Os dados de 2017 já indicam 45 defensores assassinados no primeiro semestre.
É urgente que o governo federal e o do Pará adotem medidas efetivas para garantir a vida e a integridade das trabalhadoras e trabalhadores rurais acampados da Fazenda Santa Lúcia, bem como garanta uma investigação isenta e rigorosa da chacina dos 10 de Pau D`Arco e a de Roseildo, ocorrida na noite de ontem, 7 de julho de 2017.
*Comitê Brasileiro de Defensoras e Defensores de Direitos Humanos com todas as organizações que o compõe
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Amazônia em chamas: Ruralistas suspeitos de tocar fogo em 8 pickups do Ibama. E se fosse o MST?
8 de Julho de 2017, 4:25O crime segue impune sem ninguém preso. A terra sem-lei se chama Pará. |
No G1 Pará, com o título "Carros a serviço do Ibama são queimados no sudeste do Pará"
Ibama anunciou o bloqueio de serrarias da área após o crime ocorrido na BR-163, próximo à Flona Jamanxim. Ruralistas protestam há 3 dias na região contra veto à MP que reduziria área de proteção.
Veículos a serviço do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) que estavam sendo transportados em um caminhão cegonha foram incendiados na BR-163 nesta quinta-feira (6). O crime ocorreu perto da Floresta Nacional do Jamanxim, na região de Cachoeira da Serra, no município de Altamira – a 1.824 quilômetros de Belém. A floresta, no Sudeste do Pará, é alvo constante de fiscalizações contra o desmatamento ilegal e garimpos irregulares.
Segundo o Ibama, foram incendiadas oito caminhonetes que seriam entregues à sede do instituto em Santarém, no oeste do Pará, com o objetivo de renovar a frota nas bases do órgão na rodovia BR-163, como parte de um contrato de locação dos veículos que prevê a substituição dos mesmos a cada dois anos.
Em resposta ao ocorrido, a presidente do Ibama, Suely Araújo, determinou o bloqueio preventivo de todas as serrarias da região de Novo Progresso, município do sudoeste paraense, no sistema do Documento de Origem Florestal (DOF), com o objetivo de garantir a ordem e assegurar a atuação dos agentes de fiscalização ambiental na região.
O Ibama informou ainda que encaminhou à PF áudios e mensagens em que criminosos incitam a destruição de veículos e helicópteros do Instituto. "Foi um atentado contra ação legítima do Estado brasileiro", disse o diretor de Proteção Ambiental do Ibama, Luciano Evaristo.
Uma equipe da Polícia Federal será deslocada de Itaituba, que fica a 595 km da localidade de Cachoeira da Serra, para investigar o caso. O inquérito deve ser aberto na Polícia Federal de Santarém.
Protestos
A Floresta Nacional do Jamanxim é uma área disputada e, recentemente, esteve no centro de uma polêmica sobre a ocupação da Amazônia devido à uma medida provisória (MP) que poderia mudar suas fronteiras.
O projeto reduziria a área da Flona Jamanxim e transformaria 37% da floresta em uma APA, menos protegida e onde poderia haver exploração de terras. A MP foi muito criticada por ambientalistas e, no dia 19 de junho, foi vetada pelo presidente Michel Temer.
O veto resultou em protestos de produtores rurais da região, que já duram três dias e causam bloqueios na rodovia. Nesta quinta, toras de madeira foram colocadas no meio da BR-163, além de um carro-som e de pneus usados para bloquear a passagem de veículos.
Protestos
A Floresta Nacional do Jamanxim é uma área disputada e, recentemente, esteve no centro de uma polêmica sobre a ocupação da Amazônia devido à uma medida provisória (MP) que poderia mudar suas fronteiras.
O projeto reduziria a área da Flona Jamanxim e transformaria 37% da floresta em uma APA, menos protegida e onde poderia haver exploração de terras. A MP foi muito criticada por ambientalistas e, no dia 19 de junho, foi vetada pelo presidente Michel Temer.
O veto resultou em protestos de produtores rurais da região, que já duram três dias e causam bloqueios na rodovia. Nesta quinta, toras de madeira foram colocadas no meio da BR-163, além de um carro-som e de pneus usados para bloquear a passagem de veículos.
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E quando os escândalos de corrupção envolvem o meu candidato ou partido?
7 de Julho de 2017, 20:46Pela manutenção de nossas crenças é fácil compreender o porquê de sermos tão céticos quando tomamos conhecimento de informações que nos contrariam. |
Por Ruiz Ritter, no Justificando
Acreditar espontaneamente nos escândalos de corrupção envolvendo nossos candidatos ou partidos políticos é, sem dúvida, um desafio. Afinal, ainda que ninguém se auto considere intolerante de modo geral (e aqui mais especificamente no que diz respeito àquilo que contraria o que previamente acreditamos), a verdade é que somos, sim, naturalmente céticos em relação a tudo que desafia nossas crenças, valores e ações passadas ou planejadas. E isso pode não ser bom. Principalmente, levando em consideração que a persistência em crenças, valores e ações equivocados, costuma nos custar caro nos mais variados contextos.
Uma teoria que aborda com precisão esse fenômeno e que deve ser aqui mencionada é a teoria da dissonância cognitiva, desenvolvida no âmbito da psicologia social pelo psicólogo norte-americano Leon Festinger e que trata essencialmente da cognição e do comportamento humano.[1]
Fundamentada na premissa de que o indivíduo tende sempre a buscar um estado de coerência (consonância) entre seus conhecimentos (opiniões, crenças e atitudes), desenvolve-se no sentido de comprovar que há um processo involuntário, por isso inevitável, para se chegar a essa “correlação”, admitidas naturais exceções. Assim, atenta às situações em que há o rompimento desse estado e o indivíduo se encontra diante de incontestável incoerência (dissonância) entre seus próprios pensamentos, ou entre sua ação e sua razão (sujeito que fuma habitualmente – ação – toma conhecimento de que a nicotina é extremamente nociva para sua saúde – razão -, e permanece com o hábito), identifica e apresenta reflexos cognitivo-comportamentais decorrentes desse contexto antagônico e inquietante.
O âmago da teoria em questão pode ser sintetizado em duas hipóteses:
(a) existindo dissonância cognitiva haverá também uma pressão involuntária e automática para reduzi-la; e,
(b) quando há essa dissonância, além da busca pela sua redução, há também um processo de evitação ativa de contato com situações que possam aumentá-la.
É dizer que, admitindo-se que o indivíduo tenta sempre estabelecer uma harmonia interna entre suas opiniões, ações, crenças e etc., havendo dissonância entre essas cognições, dois efeitos subsistirão imediatamente: uma pressão para a eliminação dessa “incoerência” entre os “conhecimentos” ou “entre a ação e a razão”; e, um afastamento ativo de possíveis novas fontes de aumento dessa incongruência; cenários responsáveis pelo desencadeamento, no indivíduo, de comportamentos involuntários direcionados à recuperação desse estado de consonância plena que tanto é favorável.
Sendo assim, sem adentrar em tais processos involuntários, repita-se, que se desencadeiam a partir daí (em busca da retomada da consonância cognitiva), o que particularmente interessa aqui, é que se há, de fato, uma preferência de nosso sistema psíquico pela manutenção de nossas crenças, é fácil compreender o porquê de sermos tão céticos quando tomamos conhecimento de informações que as contrariam: elas geram dissonância cognitiva e estamos sempre tentando evitá-la ou eliminá-la.
Daí não ser surpresa alguma vermos eleitores do Partido dos Trabalhadores (PT) descartarem de plano e refutarem com veemência notícias de possíveis práticas criminosas envolvendo o ex-Presidente Lula, de forma idêntica à que vemos eleitores do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) contestarem notícias dessa natureza ligadas ao senador Aécio Neves, para dar apenas dois exemplos.
Enfim, tencionar nossas próprias crenças e valores dando espaço para opiniões divergentes pode ser um bom exercício de tolerância, além de muito contribuir para a diminuição da polarização estúpida que domina o cenário político do País e impede um debate sério e enriquecedor capaz de nos tirar desse buraco.
Ruiz Ritter é advogado criminalista, Mestre e Especialista em Ciências Criminais pela PUCRS.
[1] FESTINGER, Leon. Teoria da dissonância cognitiva. Trad. Eduardo Almeida. Rio de Janeiro: Zahar Ed., 1975.
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Edsel: "O círculo é real, o Marco Civil é ficção"
7 de Julho de 2017, 19:52O Marco Civil da Internet tão comemorado, durante uma árdua batalha entre a sociedade e as companhias telefônicas, no Brasil, virou lenda. |
Por Edsel Ferri, no Tribuna de Debates
O cineasta James Ponsoldt é o idealizador do filme “O Circulo”, que utiliza a ficção para fazer uma critica ao crescente monopólio das redes sociais. Esses canais digitais, além de invadir a privacidade das pessoas, as induzem a fazerem coisas, com o pretexto de ser para “o seu bem”, ou enquadrar-se em tipos socialmente aceitos.
Na vida real, o Facebook e o Google já ganham mais em anúncio do que todos os jornais e rádios juntos. Segundo o prestigiado site Bluebus, somados chegam a quase US$ 130 bilhões, por ano, sem esquecer que, ainda vendem seus dados de navegação e preferências de consumo ao mercado, em total desrespeito à privacidade e ao anonimato.
No caso do buscador, chegou a ser multado, recentemente, pela União Européia, por infringir as regras de antimonopólio; Facebook e Twitter não são diferentes, seus algoritmos são segredos de estado e mudam a todo o momento, dificultando a vida de quem utiliza essas ferramentas para distribuição de conteúdo.
Agrega-se tudo isso ao fato de que o Telegram, principal concorrente do Whattsapp, que pertence ao Facebook como o Instagram, vem sendo ameaçado de bloqueio, com o pretexto de ser a ferramenta utilizada pelos “terroristas”, haja vista sua impenetrabilidade ou melhor segurança e privacidade dos usuários.
Agora, vamos a tragédia anunciada à rede progressista no último dia 30/06 (e já sentido de forma amarga pelo movimento ativista de esquerda, que está assistindo as audiências de seus blogs despencarem). O Facebook de forma ilegal, arbitrária e com intuito comercial e de monopólio da distribuição acaba de catalogar como “spammer ” os perfis de ativistas que distribuem mais de 50 links por dia, links não anunciantes , claro; ou seja, de agora em diante seremos punidos por postar em quantidade no facebook, enquanto o poder econômico abusa de anúncios e “cordialidades” de Zuckerberg.
O editor, do influente blog Falando Verdades, desabafou que a audiência de sua página despencou de 100 para 10 mil views, em um único dia praticamente, inviabilizando os custos de manutenção da página. O futuro, que parece se desenhar para os blogs independentes, é o mesmo que ocorreu para as antigas páginas de memes, que se extinguiram, quando o facebook resolveu limitar o alcance de postagens baseadas em imagens (memes).
E o Marco Civil da Internet tão comemorado, durante uma árdua batalha entre a sociedade e as companhias telefônicas, no Brasil, virou lenda. Letra morta não aplicada, não fiscalizada, não garantista. Está ali, esperando para ser revogado por desuso e dar lugar a última fronteira do monopólio da narrativa: a franquia de dados.
Espera-se que o Ministério Público e o Congresso Nacional atentem-se a essa agressiva violação de direitos, em um momento tão efervescente da sociedade, e que sigam o exemplo da União Européia, penalizando pesadamente tais práticas.
*Edsel Ferri é Gremista, Ativista, Ayuhasqueiro e militante da paz e das causas humanitárias.
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Lulinha paz e amor é coisa do passado. Agora o lema é: "A maior defesa é o ataque", diz Lula
7 de Julho de 2017, 13:53Lula disse que o PT precisa reagir além defender seu legado, o partido precisa defender os interesses da população. |
Por Diógenes Brandão
Em vídeo gravado com o deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP), eleito como o novo líder do PT na Câmara dos Deputados, durante o intervalo da primeira reunião do novo diretório nacional do PT, o ex-presidente Lula fez uma análise sobre a conjuntura política do Brasil e deu sinais de mudanças para o partido em que ele é o presidente de honra.
Com Gleisi Roffman empossada como presidenta nacional do partido, Lula convocou o PT para ir pra cima dos adversários e inicia sua fala dizendo que é bem possível que Temer consiga sustentar-se no poder, sobretudo no STF, mesmo diante das denúncias e todas as provas apresentadas pelo MPF. E foi adiante dizendo que é preciso explicar a diferença entre as razões do PT querer tirar Temer do poder e os interesses da Globo de fazer o mesmo.
Para o ex-presidente, o PT quer as eleições diretas e não quer as reformas da previdência e trabalhista; não quer as Medidas Provisórias que retiram direitos e quer a retomada democrática, recuperando as políticas públicas que vinham sendo desenvolvidas e estavam trazendo desenvolvimento, emprego, renda, assim como o protagonismo do Brasil no cenário mundial e a soberania do nosso país, diferente da Globo, que segundo Lula, quer encontrar um candidato para 2018.
O ex-presidente enumerou todas as mazelas que Temer trouxe ao país, ao desmantelar todos os programas sociais, educacionais e demais ações que vinham sendo implantadas. Ao relatar a principal diferença entre o atual governo e os do PT, Lula foi emblemático:
"Nós precisamos mostrar que tem solução, nós já provamos que tem solução. Nós mostramos que o pobre não é problema neste país, o pobre é a solução. Nós provamos que quando o pobre é incluído na economia, que ele arruma emprego, que ele recebe benefícios sociais, que o governo tem que dar sim, sabe? Porque no Brasil é engraçado, quando você dá dinheiro pro empresário é investimento, quando você dá pro pobre é gasto".
E continuou: É preciso que a gente diga que comer é investimento, que saúde é investimento, que estudar é investimento, que o Bolsa Família é investimento. Olha, quando a gente tá dando comida para uma criança é investimento".
Lembrando que a legenda foi a mais massacrada e fez questão de dizer que agora é preciso reagir, afirmando que 2017 é o ano dele ser recuperar. Para ele, pobre não pode ser visto como gasto e sim como investimento e criticou os ataques ao PT.
"Eles tentaram distruir o PT. Eu acho que na história do Brasil, eu não sei se na história do mundo, um partido foi tão atacado como o PT tem sido nestes últimos anos. Da forma assim desrespeitosa, achincalharam o PT. (...) e o PT parece que adotou a tese do Lulinha paz e amor, o PT as vezes não reagia".
Usando mais uma metáfora futebolística, Lula disse que agora é hora de ir pra cima, dizendo: Só tem um jeito da gente vencer esse jogo: Para o PT, a maior defesa é o ataque".
E foi adiante: "Nós temos autoridade moral, porque nós temos legado. Nós temos autoridade moral porque tudo que foi feito para combater a corrupção neste país é graças ao PT, é graças ao que nós fizemos na Polícia Federal, nas mudanças das leis. A lei da Delação premiada é nossa! A liberdade que nós demos pro Ministério Público, o que nós fizemos na inteligência da Polícia Federal".
No entanto, Lula diz que tudo isso não pode ser usado para cometer abusos e punir previamente as pessoas sem provas. "A pessoa tem que ser julgada, tem que ser investigada, tem que ter provas concretas. (...) Não se pode prender alguém pra torturá-lo por 3 ou 4 anos uma pessoa pra pessoa confessar coisas que não estão fazendo".
Confira:
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Petista diz que nem sempre atentam para propostas oriundas de outros deputados e vai retirar assinatura de PL em prol de João Doria
6 de Julho de 2017, 9:26Deputado petista disse que vai chegar se assinou e caso tenha feito, vai retirar a assinatura do PL que dá título de Cidadão do Pará ao prefeito João Doria (PSDB), que nunca sequer esteve no Estado. |
Por Diógenes Brandão
O deputado estadual Airton Faleiro disse que vai averiguar e caso tenha assinado, vai retirar sua assinatura do Projeto de Lei que visa oferecer o título de "Cidadão do Pará", ao prefeito de SP, João Doria, sem que o mesmo tenha colocado algum dia os pés no Estado.
A reação do parlamentar foi uma resposta à postagem que repercutiu nas redes sociais e muitos petistas cobraram coerência do deputado petista, já que Dória foi responsável pela perda da principal prefeitura do PT no país e tornou-se desde então, pré-candidato do PSDB à presidência da república e um dos principais adversários de Lula.
Sem saber dizer que assinou ou não o pedido para agraciar o prefeito tucano com tal honraria, o deputado petista justificou: "É comum as assessorias de um parlamentar procurarem outro parlamentar, solicitando que subscreva um Projeto de Lei, para que este tenha o número mínimo de assinaturas, para dar entrada na mesa diretora. Quando se trata de indicação de homenageados, como a indicação é de iniciativa do parlamentar, nem sempre atentamos muito para quem está sendo indicado.
Mas em se tratando de tal indicação, se eu confirmar que subscrevo o Projeto, vou solicitar a retirada de meu nome. Não que isso altere a indicação, pois como disse anteriormente, não é de minha iniciativa e sim de um outro parlamentar, no entanto, se trata de uma personalidade que considero não merecer que um petista subscreva sua indicação", concluiu.
Logo em seguida, o advogado Ricardo Corrêa, disparou: "É o nível de políticos que temos na ALEPA. Deputado Airton Faleiro assina sem ler o que está assinando?
Leia abaixo a publicação que motivou a resposta do parlamentar petista e a reação de dezenas de internautas:
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Padre mitou ao falar em plena novena da cumplicidade do eleitor que vende seu voto e chamar Temer de safado
5 de Julho de 2017, 18:44Em seu sermão, pároco de uma tradicional igreja católica de Macapá-AP diz que o povo tem culpa em eleger os malvados e covardes que roubam o povo brasileiro e finaliza chamando Temer de safado. |
Padre Benedito: "Não sei com que cara de pau o Temer vai visitar outros países. Oh, 'cabocô' safado!"
Por Diógenes Brandão
O mais novo vídeo que vem circulando nas mídias sociais é do Padre Benedito, pároco da Igreja de N.S. do Perpétuo Socorro de Macapá-AP. O discurso foi feito durante a preleção da novena, nesta penúltima terça-feira (27/06).
Ele inicia sua pregação dizendo: "Joguemos fora o medo. Deixemos o medo para os malvados, para os covardes que roubam com cara mais lambida, o povo brasileiro.
Clamemos pela justiça e coloquemos esse bando de canalhas na cadeia, que devolvam os milhões e milhões que roubaram da saúde, da educação, do transporte, do saneamento básico".
Nesse momento, os aplausos ecoam na igreja.
E continuou: "Nós brasileiros, precisamos dizer isso pra todo mundo.
Estamos indignados!
Somos brasileiros honestos, trabalhadores e trabalhadoras.
Já chega de roubalheira!
Cadeia nesse bando de bandidos!
Por isso, nós precisamos dizer pra esse bando de gente safada, que nós não queremos mais eles no nosso meio. (Aplausos!)
São indignos da nossa presença.
(Mais aplausos!)
Não merecem nosso apoio, são indignos.
Não tenha medo de dizer isso não, irmãos!
O nosso problema é a nossa conivência também. Ano que vem, vem eleição. Eles vão bater, elas vão bater na nossa porta.
É uma tristeza grande e uma grande humilhação pra nós, quando nós nos vendemos por 50 reais, por 20 reais, por 30 reais, até por uma bola ou por uma camisa.
Que responsabilidade tem aqueles que nós elegemos, se ele já nos pagou? Se ele já nos deu aquilo que nós achávamos que tínhamos direito?
Eis aí o resultado! Nós temos uma parcela de culpa por toda essa bandalheira que nós estamos vivendo aqui no Brasil".
Depois do sermão, o padre então resolve citar o nome de um dos que ele se referia, dizendo:
"Desculpem a franqueza, mas eu não sei com que cara de pau, esse tal de Temer vai visitar outros países do mundo. Oh, cabôco safado!"
Ovacionado pela platéia ele conclui: "É cara de pau! Espero que amanhã a polícia não esteja na minha casa me procurando.
Amém!"
Os fiéis respondem: "Amém!"
Assista.
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Pesquisa ao governo: Helder Barbalho e Ana Júlia lideram a preferência e a rejeição do eleitor paraense
5 de Julho de 2017, 0:22
Por Diógenes Brandão, com informações do Instituto Paraná Pesquisas
Pesquisa realizada pelo Instituto Paraná Pesquisas revela que se as eleições para o governo do Pará fossem hoje, Helder Barbalho (PMDB) e Ana Júlia (PT) venceriam o primeiro e disputariam o segundo turno.
Clique no gráfico abaixo e veja os resultados do cenário, onde os nomes dos pré-candidatos Helder Barbalho (PMDB), Ana Júlia Carepa (PT), Manoel Pioneiro (PSDB), Úrsula Vidal (REDE), Márcio Miranda (DEM), Sidney Rosa PSB), Marinor Brito (PSOL) e de Adnan Demachki (PSDB) foram apresentados aos entrevistados:
No segundo cenário, onde incluiu-se o nome do prefeito de Ananindeua, Manoel Pioneiro (PSDB), o resultado é o seguinte:
No terceiro e último cenário, onde foi incluso o nome do secretário de Estado do governo Simão Jatene, Adnan Demachki (PSDB), os números ficaram assim:
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Violência no campo segue mapa de expansão do agronegócio, diz dirigente do MST
4 de Julho de 2017, 16:47
Por Lílian Campelo para a Brasil de Fato
Ulisses Manaças, dirigente nacional do MST no Pará, acompanha as investigações da morte de dez sem-terra ocorridas em Pau D'Arco em maio. Lílian Campelo/Brasil de Fato. |
Violência no campo segue mapa de expansão do agronegócio, diz dirigente do MST
Para Ulisses Manaças, o golpe que o país vive sob o comando de Michel Temer fortalece latifundiários e grileiros
A violência no campo brasileiro se intensificou nos últimos meses.
Para Ulisses Manaças, dirigente nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Pará, a explicação está na expansão do agronegócio e na “instabilidade política” que o país vive após o golpe da base aliada de Michel Temer (PMDB). Ele avalia que esse contexto fortaleceu grileiros e latifundiários, acirrando os conflitos fundiários.
O Pará é o estado com maior número de mortes em conflitos no campo, segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT). No mês de maio foram registradas 18 mortes na região. O número inclui as dez mortes de trabalhadores rurais ocorridas em Pau D’Arco.
A chacina foi a maior dos últimos 20 anos, fica atrás apenas de Massacre de Eldorado dos Carajás, quando 21 sem-terra foram assassinados em 1996. Nos dois casos, os acusados são policiais militar.
Em entrevista ao Brasil de Fato, Manaças fala sobre a atual conjuntura de violência no campo e argumenta que a democratização do acesso à terra é a única medida para solucionar o caos fundiário e a violência no campo.
Brasil de Fato: Qual a sua análise sobre essa escalada de violência dos últimos meses, não só no Pará, mas em outras partes do país?
Ulisses Manaças: A análise que a gente tem feito é que essa explosão de violência nos últimos meses demonstra uma espacialização de onde o poder do capital do agronegócio avança. Ele traz no seu lastro um conjunto de violações de direitos humanos. Basta ver o caso dos Gamela [indígenas] no interior do Maranhão, onde mais de 20 indígenas ficaram feridos. Era uma disputa territorial. Se você pegar o caso de Colniza, no Mato Grosso, também a disputa fundiária é o elemento central. O caso do massacre de Pau D'Arco também demonstra uma disputa territorial e um conjunto de outras violações que acontecem com os indígenas e os camponeses no interior da Amazônia. Demonstram também o avanço da fronteira agrícola promovido pelo grande capital, pelo agronegócio, patrocinado pelo Estado brasileiro. No nosso entendimento, essa é a grande força que arrasta os conflitos no campo no Brasil.
Outro elemento importante é a situação de instabilidade política que o Brasil vive com este governo golpista [de Michel Temer]. Então esse governo corrupto, que não tem moral diante das instituições públicas, deixa o país desgovernado. Essa situação de instabilidade no campo da política deu força para latifundiários, grileiros de terras e empresas multinacionais cometerem um conjunto de crimes e violações por conta da ausência de um poder efetivo do Estado no Brasil no atual cenário.
Brasil de Fato: O Pará é apontado como o estado que lidera esse ranking de violência. Por que esse estado apresenta índices tão alarmantes?
Ulisses Manaças: São vários elementos, primeiro que quando a CPT [Comissão Pastoral da Terra] começa a fazer a contabilização dos conflitos e dos casos de violência no campo é na década de 1980. Nesse período você teve a abertura democrática, mas, ao mesmo tempo, você vivia sob a Ditadura Militar, que patrocinou para as grandes multinacionais o acesso aos territórios da Amazônia brasileira.
O Pará é campeão porque é o estado da Amazônia brasileira com vultosos recursos naturais em aberto: ouro, minerais, madeira, água em abundância e tem o melhor acesso da região Amazônica. Se você pegar na década de 1950 foi aberta a [rodovia] Belém - Brasília, na década de 1960 e 1970 a Transamazônica [BR230] e a Santarém - Cuiabá [BR-163], então onde passaram as estradas na região Amazônica dando acesso ao grande latifúndio para chegar nos territórios e nos recursos naturais aumentou também o conjunto de conflitos e violações no campo.
O Pará, da Amazônia, é o estado que tem o melhor acesso, portanto, é a fronteira agrícola a ser explorada pelo grande capital. A Amazônia está nessa situação de campeão nacional de violência porque a fronteira agrícola do Brasil se arrasta para essa região. Outros biomas do Brasil, como o cerrado, pampas, mata Atlântica, foram completamente destruídos pelo agronegócio.
Brasil de Fato: Que medidas o Estado deveria adotar para evitar esses conflitos?
Ulisses Manaças: A reforma agrária é a principal medida para solucionar os conflitos do campo. Também seria importante equipar o sistema de segurança pública de forma que a inteligência haja muito antes que a força. A criminalização das lutas e dos movimentos sociais promovidos pelo Estado, para nós, é uma demarcação clara de que o Estado tem partido e tem suas preferências nessa disputa. O Estado precisa ser imparcial e se colocar a serviço daqueles que são os menos favorecidos.
Outra medida necessária nessa situação é você democratizar amplamente o acesso à terra e às políticas públicas. As populações da Amazônia e do Pará sempre viveram, historicamente, à margem de qualquer política pública, os ribeirinhos vivem aqui há centenas de anos e nunca tiveram a acesso às políticas públicas. É preciso democratizar o acesso à terra e também às políticas públicas para resolver o conflito que está na raiz dessa disputa territorial.
Edição: Camila Maciel
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Professor vence primeira batalha contra a Vale
4 de Julho de 2017, 12:09Queixa-crime foi julgada improcedente e justiça absolveu o denunciado pela VALE. |
Após pouco mais de um ano, o professor universitário Evandro Costa de Medeiros venceu uma das batalhas judiciais contra a mineradora Vale e foi absolvido da acusação de “fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite”, conforme artigo 345 do Código Penal, que tem como pena detenção de 15 dias a um mês ou multa.
A sentença foi exarada em maio pela juíza Adriana Divina da Costa Tristão, da 1ª Vara do Juizado Especial Cível e Criminal de Marabá, e divulgada hoje (4) no Diário Oficial do Tribunal de Justiça do Estado do Pará. O processo é referente a um ato público realizado na entrada do Bairro Araguaia, onde passa a Estrada de Ferro Carajás (EFC), em 20 de novembro de 2015, por professores, estudantes e moradores da região. Apenas o professor foi denunciado.
De acordo com a sentença, a Vale alega que Evandro Medeiros, do corpo docente da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), liderou invasão e interdição da EFC, sob o pretexto de promover ato de solidariedade ao povo de Mariana, em Minas Gerais. No dia 5 de novembro de 2015, ocorreu o pior acidente da mineração brasileira no município, em decorrência do rompimento de uma barragem da mineradora Samarco, controlada pela Vale e pela BHP Billiton.
A juíza avaliou, por meio das provas, que a intenção do agente ativo era de manifestação e não de defesa de interesse, pelas próprias mãos, ainda que para tanto o denunciado tenha contado com auxílio de outras pessoas (alunos, outros professores e atingidos). “O fato de ir às ruas e manifestar nas linhas férreas, em apoio às vítimas do desastre de Mariana, não configura pretenso de satisfazer interesse que poderia ser resolvido judicialmente, mormente porque não representante daquelas vítimas”.
Avaliou, ainda, por meio dos depoimentos e documentos juntados aos autos, que o ato não foi feito apenas por uma pessoa, mas por várias, o que “dificulta a individualização da conduta e indivisibilidade da ação privada “. Para a juíza, a conduta pode até configurar outro tipo de crime, mas não o apontado pela mineradora.
A magistrada acrescenta que a manifestação não durou muito tempo e que não há provas efetivas de que tenha atrasado o transporte de cargas e/ou passageiros feito pela Vale e, muito menos, que o ato seria capaz de interferir na atuação da Vale S/A ou da Samarco frente a um possível processo judicial. Por fim, a juíza afirma entender que os atos praticados pelo autor não se enquadram na definição legal do crime imputado, julgando improcedente a acusação e absolvendo o professor.
“Alívio”
Procurado pelo Correio de Carajás, Evandro Medeiros comemorou a decisão. “Que bom que a Justiça prevaleceu, mais que um alívio bate um sentimento de que ainda é possível acreditar que as instituições não estão todas corrompidas e há a possibilidade de prevalecer a Justiça neste país”.
Destacou ter passado momentos difíceis em 2016, enquanto respondia ao processo. “Me criou um ano cheio de tensões, não por medo de ser condenado ou ser preso, disso não me cabe o medo, mas tensão pelo sentimento de indignação e de revolta, de injustiça. Essa indignação só aumentava a cada notícia de um novo crime ou violação de direito da Vale cometido contra as pessoas da região e a cada notícia nacional sobre Mariana e como a empresa vinha sendo beneficiada por órgãos públicos. Foi um ano de revolta muito grande e de expectativa em saber o que iria acontecer".
O professor diz esperar que a decisão sirva também para pautar novas decisões em favor da população e daqueles que “são criminalizados e processados continuamente pela Vale”, além de servir de exemplo para a população local e para aqueles que lutam por direitos. “Para mostrar que não podem baixar a cabeça jamais, não podem se vender, se acovardar, se entregar e nem ter medo dessa empresa e da violência praticada de maneira simbólica contra as pessoas”, diz, acrescentando que o “esforço da Vale nesse caso” foi para “criar um processo de criminalização das pessoas que lutam por direitos”.
Evandro Medeiros também é cineasta e no ano em que foi processado vinha realizando um documentário, junto da companheira Alexandra Duarte, junto aos atingidos pela EFC no Bairro Araguaia. Em decorrência da mesma manifestação, ele foi indiciado também criminalmente pela Polícia Civil em dois artigos do Código Penal: 260 (impedir ou perturbar serviço de estrada de ferro) e 286 (incitar, publicamente, a prática de crime), cujo processo ainda está em andamento. As penas dos crimes, caso somadas em concurso material, podem chegar a mais de cinco anos e meio de privação da liberdade.
Mineradora
Procurada a assessoria de comunicação da Vale, esta afirmou que a mineradora tomou ciência da sentença absolutória e informou que, no prazo legal, adotará as providências cabíveis para a reforma da decisão. (Luciana Marschall)
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LULA LIDERA PESQUISA NO PARÁ COM 28,1% DOS VOTOS; BOLSONARO TEM 16,8%. TEMER É REJEITADO POR 82,4%
4 de Julho de 2017, 9:50O resultado da checagem foi divulgado nesta segunda-feira (03), pela TV Record. |
Via Diário do Poder
Levantamento do Paraná Pesquisas no Pará mostra que o ex-presidente Lula (PT) lidera a corrida pela disputa presidencial com 28,1% das intenções de voto contra 16,8% do deputado Jair Bolsonaro (PSC). Em terceiro aparece Marina Silva (Rede) com 12,7%, seguida pelo ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa com 10,6% e pelo prefeito de São Paulo, João Dória (PSDB), com 8,3%. Ciro Gomes (PDT) aparece em sexta com 5,7% e o senador Alvaro Dias (PV) teria 2,4%, em sétimo. Para 10,4% dos eleitores, nenhum dos candidatos deveria ser votado e 5,1% não souberam responder.
Em um segundo cenário, com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, como candidato do PSDB, Lula teria 28,4% contra 18,2% de Bolsonaro. Marina apareceria em terceiro com 12,6%, seguida por Barbosa (11,5%), Ciro (5,7%), Alckmin (5,1%) e Dias (3,1%). Nesse caso, 10,6% não votariam em nenhum dos candidatos e 4,7% não souberam responder.
A pesquisa também questionou em quem o eleitor não votaria "de jeito nenhum". Nesse quesito, Lula é rejeitado por 46,5% dos eleitores, Alckmin aparece em segundo com 22,4% e Bolsonaro 20%. Marina Silva é rejeitada por 19,7% dos parenses, seguida por Ciro (16,9%), Dória (13,1%), Dias (12%) e Barbosa (10,8%). Apenas 3,8% dos entrevistados disseram que poderiam votar em qualquer dos candidatos e 6,4%.
Governo Temer
Questionados se aprovam ou desaprovam o governo do presidente Michel Temer, 82,4% dos entrevistados disseram desaprovar a administração do peemedebista e 14,5% aprovam a maneira de Temer governar o país. Apenas 3,1% não souberam ou não quiseram opinar.
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Bombou! No mesmo dia, Gretchen estréia clipe de Katy Perry e vídeo da Netflix
4 de Julho de 2017, 2:41Cena do vídeo de "Swish Swish", música de Katy Perry e Nicki Minaj, que tem Gretchen como estrela. |
Por Diógenes Brandão
Gretchen viveu o apogeu de seu carreira internacional, nesta segunda-feira (04), depois que foi a protagonista escolhida pela popstar norte-americana Katy Perry, para o lançamento simultâneo em todas as suas redes sociais, do clip lyric video (vídeo com letra) de "Swish Swish", música de Katy Perry em parceria com Nicki Minaj.
A força da internet mostrou-se de forma avassaladora e em menos de 24 horas já são quase 4 milhões de visualizações no Youtube, cerca de 2 milhões no VEVO e milhares de comentários, tanto de fãs brasileiros, quanto de diversos outros países. A maioria dos internautas não entendeu a participação da "Rainha do Bumbum", que fez sucesso apenas no Brasil, ainda na década de 80.
"Quem é essa mulher?" foi um dos maiores questionamentos entre os fãs de fora do Brasil.
Como se não bastasse, Gretchen é a estrela de novo vídeo da Netflix
Além do clip internacional, a cantora é o destaque no material de divulgação da série 'Glow', produzida pela própria Netflix. Rita Cadillac também participou do vídeo comercial lançado também nesta segunda-feira (03). Ambas foram dançarinas do programa do Chacrinha, na década de 80 e fizeram filmes pornôs.
Um dia de retomada do sucesso
Pelo Twitter, a NetFlix Brasil disse "Quem vê Gretchen participando de clipes internacionais não imagina o quanto ela já lutou (literalmente) pra chegar até aqui...".
Internautas até agora se perguntam o motivo do ressurgimento repentino de Gretchen
"Ela é famosa ou o quê? Juro que nunca a vi antes", comentou um fã de Katy Perry, em inglês. Aí os brasileiros entraram explicando em inglês que Gretchen é um ícone dos anos 80 e, mais recentemente, ficou famosa por causa dos milhares de memes com sua imagem que povoam as redes sociais. Foi assim, inclusive, que Katy Perry chegou até ela.
A hashtag #SwishSwishGretchen foi rapidamente para o topo dos assuntos mais comentados no Brasil e ficou em segundo lugar entre os mais comentados do mundo. Ciente do potencial dos brasileiros, a própria Katy Perry começou com um com um "o lyric video que vocês não pediram, mas que a internet precisava", dando espaço para a criatividade dos fãs, informou o portal UOL Música.
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As incertezas e a falta de projeto da esquerda paraense
2 de Julho de 2017, 18:59
Por Diógenes Brandão
"Se o PT vai mesmo romper com o PMDB e formar uma aliança com partidos de esquerda no Pará, por que os caciques do partido ainda mantém cargos de confiança no governo Temer, como na SUDAM e Ministério da Cultura, ambos com o aval do ministro Helder Barbalho?".
Foi com essa pergunta que uma ex-petista me fez no Whatsapp, depois de ler a postagem "PT descarta PMDB e constrói aliança eleitoral com PSOL, REDE e PCdoB", que me motivei a sair da NETFLIX e aprofundar o assunto.
Primeiramente #ForaTemer! Depois é imperioso dizer que qualquer pessoa que conheça um pouco a realidade política e o cenário em que se encontram alguns partidos paraenses, sabe que é muito difícil que o PSOL e a REDE topem apoiar um candidato do PT, na disputa eleitoral para o governo do Estado.
Acusando de "mensaleiros", o PSOL sempre rejeitou aliar-se aos petistas no Pará e fez de tudo para que o partido deixasse o governo do Estado, quando através de sindicatos fortes, como o SINTEPP, os militantes do partido fizeram uma oposição implacável ao governo Ana Júlia (PT) e esta não conseguiu se reeleger.
Em 2016, esse antagonismo ficou muito claro, quando o PSOL não aceitou formalizar o recebimento do apoio do PT e recebeu "seus" votos naturalmente. Mesmo com o apoio da maioria da militância petista, assim como de outros partidos que também disputaram o primeiro turno, como o PMDB, REDE e PCdoB, Edmilson Rodrigues acabou derrotado pela segunda vez por Zenaldo Coutinho.
Tem mais, as maiores tendências do PSOL-PA não cogitam arriscar perder sua única cadeira em Brasília e Edmilson deve lutar para manter-se como deputado federal. A racionalidade tem sido tão considerada pelo partido, que até mesmo a vereadora Marinor Brito, que estava sendo cogitada para disputar um das duas vagas ao senado, hoje já pensa em disputar uma cadeira na ALEPA, onde teria mais chances, obviamente.
Há quem considere que Úrsula Vidal (REDE) seja um bom nome para unificar os partidos da esquerda paraense em torno de um projeto político mais progressista, mas ela precisaria percorrer o Estado, dialogar com prefeitos de diversos partidos, empresários e produtores rurais, assim como, com a diversidade de setores da sociedade paraense, que vão muito além dos ambientalistas e do metiê cult, que Úrsula é bem mais chegada e assídua.
Em uma conversa com um empresário recém filiado ao partido, ele me confessou: "A REDE não tem estrutura financeira e nem pessoal para tocar uma campanha eleitoral com a envergadura necessária para um projeto tão ousado. Talvez, o melhor seja plantar o partido pelos municípios e arriscar uma ou duas vagas na ALEPA", concluiu o amigo que pediu para manter sua identidade reservada.
Outra coisa que merece ser considerada é que a conjuntura de hoje, pode ser totalmente diferente daqui há um ano, quando realmente consolidam-se as alianças e suas candidaturas.
Com Lula como candidato a presidente, o PT restabelece sua força, mas pode afastar o PSOL e a REDE do seu palanque no Pará, haja vista que os dois partidos devem apresentar nomes para a disputa presidencial. Marina, por exemplo, mantém-se como forte candidata e não deve ser tão abalada pelos inquéritos que perturbam a vida de outros pré-candidatos.
Por isso, caros leitores, o anúncio de que o PT está dialogando com outros partidos, não significa que vá acabar em casamento. Diante de um quadro tão incerto, a única certeza é de que hoje o PMDB continua como o principal aliado dos petistas, mesmo que alguns queriam esconder, ou fingir que não sabem disso.
Para muitos petistas que não abrem mão de que o partido tenha candidatura própria, pode ser considerado até uma ofensa sugerir que o partido reveja sua desgastada pauta quase única de só pensar em eleições e retome sua relação com os movimentos sociais, para aí sim se recuperar das sucessivas derrotas que vem tendo no Estado, sobretudo nos municípios da RMB, como em Belém, onde o partido perdeu de forma vexatória, as duas últimas eleições, quando terminou com 3% (Alfredo Costa/2012) e (Regina Barata/2016) 1,5% dos votos válidos, respectivamente.
Faltando um ano para que as campanhas eleitorais comecem de fato, as condições práticas e reais apontam para outros nomes e partidos e quem tem acumulado força é um bloco formado pelo DEM, PTB, PSC, PP, PSD, PSB entre outros partidos, que hoje se mantém na base do governador Simão Jatene, mas se preparam para o desembarque inevitável e que pode eleger o seu sucessor, sem os nomes do PMDB e do PSDB, tal como aconteceu na polarização das eleições de 2014.
Não vou tecer comentários sobre o PSTU, PCB, PCO e PDT por desconhecer por completo suas pretensões.
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PT descarta PMDB e constrói aliança eleitoral com PSOL, REDE e PCdoB
2 de Julho de 2017, 15:00Segundo o presidente estadual do PT-PA, as conversas entre os partidos estão sinalizando uma aliança para 2018. |
Por Diógenes Brandão
O deputado federal Beto Faro (PT-PA) desistiu de disputar o governo do Estado nas eleições de 2018 e disse que o PT tem força política para fazer com que Paulo Rocha e Zé Geraldo tenham condições de serem vitoriosos nas eleições de 2018.
Beto Faro também disse que o partido precisa investir mais na região metropolitana e lançou o nome de Evaldo Cunha, ex-prefeito de Ipixuna do Pará, como pré-candidato ao governo do Estado.
“O PT é assim, cheio de movimentos, cheio sempre de renovação e esperança”, disse João Batista, presidente do PT-PA, que também admitiu que está se formando uma aliança eleitoral para 2018, com o PSOL, Rede e PCdoB.
As falas foram feitas no Ato de Posse Coletiva dos diretórios municipais do PT de Ananindeua, Belém, Benevides, Marituba e Santa Izabel, além dos diretórios distritais de Belém, realizado na manhã deste domingo (02), na Câmara Municipal de Benevides, que embora tenha sido esvaziada, encheu de esperança os poucos petistas que participaram do evento.
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Solto e no exercício do mandato, Aécio pode acabar com a Lava Jato, diz Deltan Dallagnol
1 de Julho de 2017, 19:51Aécio diz ser vítima de uma armação e que jamais atentou contra a Lava Jato. Foto: George Gianni/PSDB. |
O coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba, o procurador Deltan Dallagnol, criticou a decisão do ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), de determinar a volta do senador Aécio Neves (PSDB-MG) ao exercício do mandato e de negar o pedido de prisão feito pela Procuradoria-Geral da República contra ele. Para Dallagnol, solto e no exercício de suas atividades parlamentares, Aécio poderá articular o fim da Lava Jato.
“Havia razões para estar preso, mas influenciará leis que governam nosso país. Livre inclusive para articular o fim da Lava Jato e anistia”, escreveu Dallagnol em sua conta no Twitter.
O pedido de prisão contra Aécio foi feito pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, responsável por solicitar a abertura de investigações de parlamentares e outras autoridades federais que só podem ser julgadas no Supremo. Já a força-tarefa em Curitiba, de Dallagnol, apura casos na primeira instância, de investigados sem foro privilegiado. Para Janot, a prisão do senador era “imprescindível” porque ele continuou a articular politicamente mesmo sem direito a exercer o mandato.
O afastamento de Aécio das funções parlamentares foi determinado no dia 18 de maio pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato. A decisão ocorreu logo após a divulgação dos áudios gravados pelo empresário Joesley Batista, da JBS, que resultaram na abertura de inquérito contra o senador, o presidente Michel Temer e o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), por corrupção, obstrução da Justiça e lavagem de dinheiro. Mas o Senado só o afastou das prerrogativas, de fato, quase um mês depois.
Atuação nos bastidores
Marco Aurélio relata a denúncia apresentada pela PGR contra Aécio e Andrea Neves, sua irmã, também com base na Operação Patmos, derivada da Lava Jato. No pedido de abertura de ação penal, Janot sustenta que o parlamentar tentou embaraçar as investigações da Lava Jato ao “empreender esforços” para interferir na distribuição de inquéritos dentro da Polícia Federal.
Para o procurador-geral, Aécio atuou “intensamente” nos “bastidores” do Congresso Nacional com o objetivo de aprovar propostas legislativas para atrapalhar a “efetiva punição de infrações penais que envolvam a organização criminosa”. Entre os exemplos citados por Janot, estão a lei da anistia ao caixa dois, que acabou não sendo aprovada, e o projeto de lei de abuso de autoridade, aprovado pelo Senado no fim de abril. O senador também é acusado de receber R$ 2 milhões em propina da JBS, sob pretexto de pagar advogado.
Além de rejeitar o pedido de prisão e garantir a volta de Aécio ao Senado, Marco Aurélio determinou a devolução do passaporte ao senador e o autorizou a manter contato com outros investigados da Lava Jato, além de viajar ao exterior.
“Em síntese, o afastamento do exercício do mandato implica esvaziamento irreparável e irreversível da representação democrática conferida pelo voto popular. Como, então, implementá-lo, em ato individual, sequer de colegiado, no início de investigação voltada a apurar possível prática a consubstanciar tipo penal?”, alegou Marco Aurélio.
Carreira política elogiável
Em seu despacho, o ministro ainda fez elogios ao presidente licenciado do PSDB. “No tocante ao recolhimento do passaporte, surgem ausentes elementos concretos acerca do risco de abandono do país, no que saltam aos olhos fortes elos com o Brasil. O agravante é brasileiro nato, chefe de família, com carreira política elogiável”, escreveu. E ainda se referiu às eleições presidenciais de 2014, quando Aécio foi o segundo colocado, como “ditas fraudadas”.
Primeiro relator do caso do senador tucano, Fachin aceitou o pedido da PGR para afastá-lo do mandato, mas rejeitou que ele fosse preso. Em seguida, o caso foi parar nas mãos de Marco Aurélio, que anunciou, inicialmente, que submeteria os pedidos de revisão das decisões de Fachin à Primeira Turma do Supremo, composta por cinco ministros. Havia dois recursos pendentes que questionavam as posições do primeiro relator – Aécio pedia a retomada de seus direitos no Senado, e Janot, que o senador fosse preso.
Marco Aurélio disse que resolveu tomar a decisão sozinho, e não mais submetê-la à Primeira Turma, por causa do início do recesso do Judiciário, na próxima segunda-feira (3). O senador comemorou a decisão do ministro: “Sempre confiei na Justiça do meu país”. O senador afirma ainda ser vítima de uma armação e que jamais tentou prejudicar a Lava Jato, operação que tem seu apoio desde o início, segundo ele.
As complicações de Aécio se agravaram com a divulgação da gravação em que o tucano pede R$ 2 milhões a Joesley. O dinheiro, de acordo com a delação, foi repassado a um primo de Aécio, que foi preso na Operação Patmos – mas já está em prisão domiciliar por decisão do Supremo. A entrega foi registrada em vídeo pela Polícia Federal, que rastreou o caminho da encomenda e descobriu que o montante foi depositado na conta de uma empresa do filho do senador Zezé Perrella (PMDB-MG), aliado de Aécio na política mineira.
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