Por Altamiro Borges, no blog do Miro.
“Em respeito aos critérios anteriormente fixados pela Folha em função do período eleitoral, escrevo hoje a minha última coluna”. Com esta notícia alvissareira, publicada nesta segunda-feira (16), Aécio Neves, o cambaleante presidenciável do PSDB, despediu-se dos seus leitores do jornal da famiglia Frias. Lógico que a despedida é puro jogo de cena, já que a Folha tucana não vai abandoná-lo durante a difícil jornada eleitoral deste ano. Além do mais, caso seja derrotado nas urnas, ele poderá retornar ao diário golpista para seguir escrevendo as suas platitudes. O termo platitude, esclareço, decorre de uma crítica da própria ex-ombudsman da Folha, Suzana Singer.
Em setembro de 2011, após analisar alguns textos do senador mineiro no jornal, ela escreveu: “De 11 artigos do ex-governador tucano, pelo menos seis pareciam discurso de Congresso, com críticas nada originais ao governo federal e a promoção de iniciativas de Minas Gerais”. Na prática, antes mesmo da permissão legal da propaganda eleitoral, o pré-candidato já usava a Folha como seu palanque. Do que escreveu nestes anos, porém, nada sobrou de muito útil. O texto de “despedida”, nesta segunda-feira, confirmou esta trajetória de platitudes, com certa dose de egocentrismo.
“Sei que corro o risco de ser mal interpretado, num país em que, lamentavelmente, sobram motivos para o descrédito da ação política, mas a cada dia me convenço mais do acerto da decisão que tomei há 30 anos, quando entrei na vida pública... Nunca tive dúvidas sobre a escolha que fiz, nem nas horas de dificuldades. Nunca as tive nos momentos de frustração quando fui confrontado com a impossibilidade de realizar tudo o que gostaria, nem nos momentos em que sou atacado de forma covarde por calúnias e difamações”, choraminga a pobre vítima. E ele ainda garante, no maior cinismo, que defende a verdade e repudia “a manipulação e a hipocrisia”.
Ao final, Aécio Neves afirma que “fiz desta coluna um testemunho de meu compromisso com a política voltada ao bem comum e do meu compromisso com os brasileiros. Busquei refletir sobre o Brasil, consciente de que escrever para um jornal como a Folha é sonhar em voz alta... Encerro a minha coluna surpreso com a velocidade com que o tempo tem passado. Foram três anos. Meu agradecimento à Folha pelo convite. A você, meu agradecimento pela companhia, meu abraço e desejo de que o tempo seja generoso com cada um dos nossos sonhos”.
Pelo bem do Brasil, que não pode retroceder ao passado neoliberal, o melhor é que o tempo não seja generoso com o sonho presidencial do cambaleante candidato!
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