Por Dornélio Silva*
A última pesquisa do Ibope publicada nesta quinta (17) comparada com a pesquisa de março mostra alterações no tabuleiro pré-sucessório. Analiso a pesquisa por duas variáveis que o Ibope vem medindo nas duas últimas pesquisas e que a grande imprensa não mostra: Potencial de voto e Sentimento de mudança. O potencial de voto é medido pelas seguintes variáveis: 1) Com certeza votaria; 2) Poderia votar; 3) Não votaria de jeito nenhum; 4) Não o conhece o suficiente para opinar. O potencial de voto é a somatória da variável “Com Certeza” e “Poderia Votar”, significando o potencial de crescimento de cada candidato. A rejeição é o fator fundamental ao confrontar-se com o potencial de voto. O pré-candidato Aécio Neves (PSDB) tinha um potencial de voto em março de 33%, em abril sobe para 35%; a sua rejeição que era de 41% cai para 39%. A presidente Dilma é que mais perde na comparação entre as duas pesquisas. Em março seu potencial era de 55%, caindo em abril para 51%; a sua rejeição que era de 38% em março, no levantamento de abril sobe para 40%. Seu saldo positivo que era de 17% em março, agora é de 11%. Eduardo Campos (PSB) teve uma pequena subida em seu potencial, passando de 26% em março para 28% em abril; a sua rejeição permanece inalterada. No entanto, o nível de conhecimento de Eduardo melhora nesse levantamento. Em março 29% não o conheciam o suficiente para votar; no último levantamento, esse desconhecimento cai para 25%. A grande novidade foi Marina Silva, o seu potencial subiu de 37% para 46%, e sua a rejeição caiu de 39% em março para 36% em abril, tendo portanto um saldo positivo de 10% que era negativo em março em 2%. O levantamento foi realizado após o aparecimento de Eduardo e Marina em programa nacional de TV.
SENTIMENTO DE MUDANÇA
O sentimento de mudança é analisado pelas seguintes variáveis: 1) “Mudasse totalmente o governo do país”; 2) “Mantivesse só alguns programas, mas mudasse muita coisa”; 3) “Fizesse poucas mudanças e desse continuidade para muita coisa”; 4)”Desse total continuidade ao governo atual”. As primeiras duas variáveis caracterizam o sentimento de mudança; as duas outras caracterizam continuidade. Comparando as duas pesquisas, o sentimento de mudança em março era de 64%; em abril esse sentimento subiu para 68%. A pesquisa foi mais além, quis saber qual o pré-candidato que tem mais condições de implementar as mudanças que o país ainda necessita. Em março, 14% dos entrevistados consideravam Aécio; já em abril subiu para 19%. Marina Silva, em março 10% a consideravam com mais condições de empreender as mudanças, agora em abril subiu para 15%. Quanto ao nome de Eduardo Campos houve pouca mudança. A queda se deu com a presidente Dilma Rousseff, em março 41% achavam que Dilma era a pessoa com mais condições de implementar as mudanças; agora, esse nível de confiança caiu para 24%, queda de 17%.
Soma-se a essa análise o fato da aprovação do governo Dilma ter caído 9 pontos percentuais em quatro meses, de 43% (dezembro/2013) para 34% (abril/2014). Além da queda da aprovação da maneira como a presidente vem administrando o país, que saiu de 51% em março para 47% em abril. Faz-se necessário olhar o nível de confiança na presidente medido nesta última pesquisa: os que não confiam (51%) superam os que confiam (44%). O que se apreende dos números apresentados que não é uma simples oscilação dentro da margem de erro das pesquisas, há, de fato, mudanças sendo implementadas no imaginário da população eleitora do país. A questão econômica é um fator preocupante na mudança da concepção político-eleitoral. O aumento no preço da gasolina e da energia elétrica ainda vão criar impactos negativos ao governo que serão percebidos nos próximos levantamentos.
*Dornélio Silva é mestre em Ciência Política/UFPA e colaborador do blog quando o assunto é análise de pesquisas.
Leia também: Pesquisa Ibope: Dilma continua a grande favorita.
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