No Blog do Rochinha
RECORDAR É VIVER. ESTE ARTIGO, PUBLICADO NO DIA 16 DE MARÇO DE 2012 NESTE BLOG, CAI COMO UMA LUVA NO MOMENTO ATUAL.
O
resultado do processo eleitoral de 2012 apontará os rumos para 2014. É mais do
que natural, portanto, que as forças vivas da política, representadas pelos
partidos e seus líderes, se movimentem na tentativa de garantir e ampliar
espaços no Legislativo e no Executivo.
Mas a luta pelo poder não se limita ao interesse partidário. Existem outros atores, tão ou mais importantes, jogando o mesmo jogo. Com a proximidade das eleições, fica mais fácil enxergá-los. Nesse tabuleiro estão, entre as peças de maior destaque, os movimentos sociais, o empresariado, os sindicatos, os setores religiosos, as figuras de status institucional e a chamada grande mídia.
É sobre esta última que eu gostaria de falar um pouco, especialmente para alertar os companheiros e as companheiras que se desesperam ou desiludem diante da avalanche diária de notícias negativas contra nosso partido, nosso governo e a atividade política em geral.
Teoricamente, os meios de comunicação deveriam cumprir o papel de fomentar o debate democrático, se não com imparcialidade, ao menos com espírito desarmado, respeitando os fatos e produzindo relatos jornalisticamente honestos – o que faria um bem enorme não só ao país e à Democracia, mas também, acredito eu, aos próprios veículos.
Infelizmente, não cabem ilusões a esse respeito. Já sabemos por antecipação que em 2012, como em 2010, 2008, 2006, 2004..., vários setores da grande imprensa brasileira irão cerrar fileiras contra os candidatos do PT e seus aliados, sobretudo nos grandes centros, usando conhecidas táticas de desinformação e manipulação, requentando antigas “denúncias” e se pautando pela máxima do “Velho Guerreiro”, aquele que veio ao mundo para confundir, não explicar.
Nos últimos dias, a imprensa tem se dedicado a fomentar a discórdia em todos os níveis da atividade política. Quem acompanha esse tipo de noticiário fica com a impressão de que estamos diante de uma guerra generalizada. Repórteres e comentaristas falam de governo versus Congresso; governo versus PT; Lulistas versus Dilmistas; PT versus partidos da base; e até PT versus PT.
Não há nada de novo nisso, mas o que mais me incomoda, em toda essa confusão, é o profundo desconhecimento de como funciona o PT.
Por isso, perdoem o tom didático, mas sou obrigado a começar do começo.
O PT é composto por várias correntes de pensamento. A maior delas é a Construindo um Novo Brasil (CNB), da qual sou coordenador nacional.
A CNB, na composição interna de forças, faz parte da chapa “O Partido que Muda o Brasil” (PMB), que, ao lado das tendências Novos Rumos e PT de Luta e de Massas (PTLM), detém maioria numérica no Diretório Nacional, na Executiva Nacional e nas bancadas da Câmara e do Senado.
Na CNB, como nas demais correntes, se discutem idéias. Não existe centralização nem busca por hegemonia. Embora sejamos majoritários, trabalhamos sempre na perspectiva de construção de consenso em nome daquilo que realmente importa: a unidade partidária necessária para garantir a continuidade de nosso projeto político vitorioso.
Há provas concretas a esse respeito. Por exemplo: no ano passado, foi a CNB quem tomou a iniciativa de indicar, para a presidência nacional do PT, o companheiro Rui Falcão, que milita entre os quadros da tendência Novos Rumos. Seu nome, nunca é demais lembrar, foi aclamado por unanimidade pelo Diretório Nacional, em votação histórica que contou com o valoroso testemunho de toda a imprensa.
Também em 2011, quando da escolha do nome petista para disputar a Presidência da Câmara dos Deputados, nossa chapa fez uma discussão altamente democrática em torno dos nomes de João Paulo Cunha (CNB), Cândido Vacarezza (Novos Rumos) e Marco Maia (ligado a uma corrente menor do Rio Grande do Sul, a Ação Democrática). Havia ainda o nome de Arlindo Chinaglia, da corrente Movimento PT. No final, prevaleceu a indicação do companheiro Marco Maia – resultado respeitado por todos os integrantes da CNB, da chapa e demais petistas com direito a voto na eleição da Mesa.
No jogo de composições internas, que não é uma anomalia, como faz crer a imprensa, mas sim a essência da política, o mundo vive dando voltas, e comete um grande erro quem tenta analisar a conjuntura observando apenas o fato isolado.
Há quem diga que a escolha do companheiro Arlindo Chinaglia para líder o governo, ocorrida nesta semana, “isola” e “enfraquece” a CNB – ou o presidente Lula. Aos que pensam assim, gostaria de informar que um dos principais defensores internos do nome de Chinaglia, na disputa do ano passado, foi o deputado Odair Cunha (MG), que é, pasmem!, da CNB.
Da mesma maneira, quando Chinaglia concorreu e ganhou a Presidência da Câmara, em 2007, o coordenador de sua campanha foi, pasmem de novo, Cândido Vacarezza!
Eu poderia me estender longamente sobre vários outros episódios, mas acredito que esses três casos dão bem a medida de como funciona a democracia interna no PT.
As correntes tem seu calendário de discussão, cujo caráter deve ser mais conjuntural e de orientação partidária do que de decisão ou imposição política ao Legislativo e ao Executivo. Enquadrar as bancadas na lógica das tendências constitui, em minha opinião, um equívoco político primário.
É claro que governantes e parlamentares petistas precisam considerar o programa do partido. Mas a boa atuação governamental, e mesmo parlamentar, exige a ampliação desse debate, com respeito às demais forças políticas, econômicas e sociais, sobretudo as que nos ajudam a governar.
Não existe, na CNB, na chapa, na bancada ou na base, divergências de fundo ou de concepção quanto ao projeto de país iniciado no governo Lula e que segue firme sob a batuta da presidenta Dilma Rousseff.
Existem, sim, disputas e reivindicações legítimas por espaços na gestão, na definição de projetos e na participação efetiva no governo – o que vale tanto para o PT como para os aliados. Trata-se de um processo permanente de composição e acomodação de forças, que vai agregando elementos novos a cada dia. Quando esses elementos não estão bem articulados, quando há mais desencontro que entendimento, quando os interesses pessoais se sobrepõem ao projeto coletivo, então surgem as “crises” como a que assistimos agora. Sim, a “crise” é real e demanda correção urgente de rumos.
A mídia, no entanto, além de operar para confundir a opinião pública, ainda trata esses movimentos reivindicatórios como se fossem ações criminosas.
Pode-se criticar a conformação do sistema político brasileiro. Enquanto o sistema não muda, porém, não há como governar fora dele. Ou os jornais e seus articulistas acham mesmo que seríamos ingênuos ao ponto de ganhar uma eleição e depois chamar a oposição para ocupar os cargos? A imprensa sabe que não. Por isso vive de espalhar intrigas, fofocas, mentiras, na expectativa de que os petistas escorreguem em tais cascas de banana (o que, para meu desgosto, acontece com alguma freqüência...).
No mais, não foi o PT que inventou os mecanismos de governabilidade que estão aí e que a mídia hoje considera espúrios (aliás, apenas quando se trata do governo federal...). Nós, ao contrário, insistimos há muitos anos na urgência de uma reforma política que faça a democracia brasileira avançar também nesse campo. Infelizmente, temos sido voz quase isolada.
Mas a luta pelo poder não se limita ao interesse partidário. Existem outros atores, tão ou mais importantes, jogando o mesmo jogo. Com a proximidade das eleições, fica mais fácil enxergá-los. Nesse tabuleiro estão, entre as peças de maior destaque, os movimentos sociais, o empresariado, os sindicatos, os setores religiosos, as figuras de status institucional e a chamada grande mídia.
É sobre esta última que eu gostaria de falar um pouco, especialmente para alertar os companheiros e as companheiras que se desesperam ou desiludem diante da avalanche diária de notícias negativas contra nosso partido, nosso governo e a atividade política em geral.
Teoricamente, os meios de comunicação deveriam cumprir o papel de fomentar o debate democrático, se não com imparcialidade, ao menos com espírito desarmado, respeitando os fatos e produzindo relatos jornalisticamente honestos – o que faria um bem enorme não só ao país e à Democracia, mas também, acredito eu, aos próprios veículos.
Infelizmente, não cabem ilusões a esse respeito. Já sabemos por antecipação que em 2012, como em 2010, 2008, 2006, 2004..., vários setores da grande imprensa brasileira irão cerrar fileiras contra os candidatos do PT e seus aliados, sobretudo nos grandes centros, usando conhecidas táticas de desinformação e manipulação, requentando antigas “denúncias” e se pautando pela máxima do “Velho Guerreiro”, aquele que veio ao mundo para confundir, não explicar.
Nos últimos dias, a imprensa tem se dedicado a fomentar a discórdia em todos os níveis da atividade política. Quem acompanha esse tipo de noticiário fica com a impressão de que estamos diante de uma guerra generalizada. Repórteres e comentaristas falam de governo versus Congresso; governo versus PT; Lulistas versus Dilmistas; PT versus partidos da base; e até PT versus PT.
Não há nada de novo nisso, mas o que mais me incomoda, em toda essa confusão, é o profundo desconhecimento de como funciona o PT.
Por isso, perdoem o tom didático, mas sou obrigado a começar do começo.
O PT é composto por várias correntes de pensamento. A maior delas é a Construindo um Novo Brasil (CNB), da qual sou coordenador nacional.
A CNB, na composição interna de forças, faz parte da chapa “O Partido que Muda o Brasil” (PMB), que, ao lado das tendências Novos Rumos e PT de Luta e de Massas (PTLM), detém maioria numérica no Diretório Nacional, na Executiva Nacional e nas bancadas da Câmara e do Senado.
Na CNB, como nas demais correntes, se discutem idéias. Não existe centralização nem busca por hegemonia. Embora sejamos majoritários, trabalhamos sempre na perspectiva de construção de consenso em nome daquilo que realmente importa: a unidade partidária necessária para garantir a continuidade de nosso projeto político vitorioso.
Há provas concretas a esse respeito. Por exemplo: no ano passado, foi a CNB quem tomou a iniciativa de indicar, para a presidência nacional do PT, o companheiro Rui Falcão, que milita entre os quadros da tendência Novos Rumos. Seu nome, nunca é demais lembrar, foi aclamado por unanimidade pelo Diretório Nacional, em votação histórica que contou com o valoroso testemunho de toda a imprensa.
Também em 2011, quando da escolha do nome petista para disputar a Presidência da Câmara dos Deputados, nossa chapa fez uma discussão altamente democrática em torno dos nomes de João Paulo Cunha (CNB), Cândido Vacarezza (Novos Rumos) e Marco Maia (ligado a uma corrente menor do Rio Grande do Sul, a Ação Democrática). Havia ainda o nome de Arlindo Chinaglia, da corrente Movimento PT. No final, prevaleceu a indicação do companheiro Marco Maia – resultado respeitado por todos os integrantes da CNB, da chapa e demais petistas com direito a voto na eleição da Mesa.
No jogo de composições internas, que não é uma anomalia, como faz crer a imprensa, mas sim a essência da política, o mundo vive dando voltas, e comete um grande erro quem tenta analisar a conjuntura observando apenas o fato isolado.
Há quem diga que a escolha do companheiro Arlindo Chinaglia para líder o governo, ocorrida nesta semana, “isola” e “enfraquece” a CNB – ou o presidente Lula. Aos que pensam assim, gostaria de informar que um dos principais defensores internos do nome de Chinaglia, na disputa do ano passado, foi o deputado Odair Cunha (MG), que é, pasmem!, da CNB.
Da mesma maneira, quando Chinaglia concorreu e ganhou a Presidência da Câmara, em 2007, o coordenador de sua campanha foi, pasmem de novo, Cândido Vacarezza!
Eu poderia me estender longamente sobre vários outros episódios, mas acredito que esses três casos dão bem a medida de como funciona a democracia interna no PT.
As correntes tem seu calendário de discussão, cujo caráter deve ser mais conjuntural e de orientação partidária do que de decisão ou imposição política ao Legislativo e ao Executivo. Enquadrar as bancadas na lógica das tendências constitui, em minha opinião, um equívoco político primário.
É claro que governantes e parlamentares petistas precisam considerar o programa do partido. Mas a boa atuação governamental, e mesmo parlamentar, exige a ampliação desse debate, com respeito às demais forças políticas, econômicas e sociais, sobretudo as que nos ajudam a governar.
Não existe, na CNB, na chapa, na bancada ou na base, divergências de fundo ou de concepção quanto ao projeto de país iniciado no governo Lula e que segue firme sob a batuta da presidenta Dilma Rousseff.
Existem, sim, disputas e reivindicações legítimas por espaços na gestão, na definição de projetos e na participação efetiva no governo – o que vale tanto para o PT como para os aliados. Trata-se de um processo permanente de composição e acomodação de forças, que vai agregando elementos novos a cada dia. Quando esses elementos não estão bem articulados, quando há mais desencontro que entendimento, quando os interesses pessoais se sobrepõem ao projeto coletivo, então surgem as “crises” como a que assistimos agora. Sim, a “crise” é real e demanda correção urgente de rumos.
A mídia, no entanto, além de operar para confundir a opinião pública, ainda trata esses movimentos reivindicatórios como se fossem ações criminosas.
Pode-se criticar a conformação do sistema político brasileiro. Enquanto o sistema não muda, porém, não há como governar fora dele. Ou os jornais e seus articulistas acham mesmo que seríamos ingênuos ao ponto de ganhar uma eleição e depois chamar a oposição para ocupar os cargos? A imprensa sabe que não. Por isso vive de espalhar intrigas, fofocas, mentiras, na expectativa de que os petistas escorreguem em tais cascas de banana (o que, para meu desgosto, acontece com alguma freqüência...).
No mais, não foi o PT que inventou os mecanismos de governabilidade que estão aí e que a mídia hoje considera espúrios (aliás, apenas quando se trata do governo federal...). Nós, ao contrário, insistimos há muitos anos na urgência de uma reforma política que faça a democracia brasileira avançar também nesse campo. Infelizmente, temos sido voz quase isolada.
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