Por Paulo Carneiro*
Em 1.946 logo após o fim das hostilidades na Ásia, que encerrou definitivamente a 2ª Grande Guerra, o Presidente Getúlio Vargas, era deposto pelos militares, pouco depois de fundar o PTB. O fato se deu pela razão de o Presidente gaúcho, pretender a nacionalização dos bens brasileiros.
Retornando ao governo, pelo voto, em 51, Getúlio passou a enfrentar uma tremenda campanha difamatória levada a efeito por Carlos Lacerda, que, da tribuna da Câmara Federal e com passe livre nas rádios, jornais e televisão, o bombardeava diuturnamente. Com o pretexto criado no incidente da Rua Toneleiros, que resultou na morte de um oficial da Aeronáutica, a FAB entra na campanha para desestruturar o governo, logo sendo seguida pela Marinha.
Após o grande teatro montado por Lacerda, com a história do tiro no pé e em seguida ao célebre discurso de Afonso Arinos, da tribuna da Câmara e já contando com quase quatro dezenas de generais contrários a Vargas, além de traidores palacianos, Getúlio é encontrado morto em seu quarto no Palácio do Catete, então sede do governo. As informações oficiais, até hoje dão como certo a morte de Getúlio, por suicídio. O discurso encomendado, dias antes, acabou passando para a história, como sendo a Carta Testamento, de Getúlio.
Pouco tempo depois, o aliado mineiro de Getúlio, Juscelino Kubchek, É eleito e passa seu governo se equilibrando na corda bamba, com ameaça de golpe a todo o momento. Seu sucessor, Jânio Quadros, em uma manobra que visava traze-lo de volta ao governo pelas mãos do povo, onde pretendia poder absoluto, renuncia e seu plano malogra.
As forças reacionárias tentam a todo custo, impedir que o vice eleito, João Goulart, assuma a Presidência. Foi necessária a ação de seu cunhado, então Governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, encabeçar uma campanha armada, contando com civis constitucionalistas e apoio do 3º exercito, sediado no RGS, para que a legalidade fosse respeitada pelos militares golpistas. Jango assume, com o entrave de um Parlamentarismo imposto pelos golpistas, tendo Tancredo Neves, se prestado ao papel de Primeiro Ministro.
Em ato plebiscitário, o parlamentarismo foi rejeitado pela população e Jango assume plenamente seu governo. Não demorou muito as pressões midiáticas, do clero, dos poderosos, dos militares, trouxeram outra vez as nuvens negras do golpe, sobre o país. Apenas pouco mais de um mês, após o discurso da Central do Brasil, onde João Goulart apresentou à nação, seu plano de governo, onde constavam, a reforma agraria, os avanços nos direitos dos trabalhadores e as reformas sociais, na madrugada do dia 1º de abril, viu-se os tanques tomarem as ruas das principais capitais brasileiras. Ainda com Jango em solo brasileiro, atabalhoadamente, o Senado declarou vago o cargo de Presidente, estava dado o Golpe Militar de 64.
Getúlio em 54 e Jango, dez anos depois, poderiam ter enfrentado os golpistas, mas não o fizeram e padeceram. Getúlio, talvez, por se sentir enfraquecido, com as diversas traições palacianas. E João Goulart, com o pretexto de evitar o derramamento de sangue de cidadãos brasileiros. Mas, na verdade, foi um grande patriota, que com seu exilio, evitou que o Brasil fosse dividido em dois, pelos americanos, que já tinham a 4ª Frota, com este proposito, rumando para os mares do sul.
Chegamos aos tempos atuais, com o mesmo teatro armado, os mesmos inimigos a serem derrotados e com os mesmos ingredientes a atrapalhar o futuro do Brasil. O destaque deve ficar por conta da falta de ação de parte do governo. Sim devemos assumir que o governo, há muito, já deveria ter posto ordem na mídia golpista e no país. Mas devemos assumir, também, nós a culpa, pela militância dos diversos partidos e tendências de esquerda, por se manterem isolados.
Em alguns casos, exemplo dos dissidentes do PT, que se postaram tão extremistas, que seus discursos e ações, passaram a ser de direita. Tornaram-se inimigos do Brasil, promovendo desordem e destruição, contribuindo de forma direta ou indireta, com os anseios da direita raivosa, para derrubar o governo, que ajudaram de alguma forma, a construir.
Aos demais, principalmente, alguns petistas, também, por radicalismo, por não aceitarem criticas mesmo que construtivas, ao governo. Outros, por acreditarem, que com a força da militância, poderão eleger uma bancada suficiente e puro sangue, capaz de dar sustentação a Dilma, hostilizam todos quanto, não for do PT. Também nos demais partidos aliados, o marasmo e o isolamento se faz presente. Não dá, a rigor, para isentar nenhum. As militâncias não se aglutinam, mantidas isoladas, agem cada um ao seu bel prazer. Nossas lideranças, também estão falhando, não se vê uma ação direta das lideranças, dentro da maior trincheira existente, a internet.
Na internet estamos nós, aqui, repetindo os mesmos erros, alguns companheiros, os que se dispõem a pensar e a produzir algum material, ou a replicar o material produzido pelo governo ou pela Fundação Lula, ainda se preocupam em se adicionar uns aos outros em seus perfis. Mas, o restante, que faz um trabalho excelente e necessário de comentar e compartilhar nossos materiais, pouco se importando, no entanto, em enviar solicitação de add ao autor do post, de forma a estreitar as relações. Enquanto isso, Fake da direita a toda hora, está criando perfil novo e enviando solicitação.
A frase é mais do que conhecida: “A esquerda só se une na cadeia.”. Será preciso chegar lá, para que comecemos a mudar a situação que se desenha? Espero que não! Mas, sei que desta vez, se um golpe tiver sucesso no Brasil, não será necessária a tortura para nos identificar, com certeza, já estamos todos relacionados em Washington. A tortura será só para diversão, dos nossos algozes raivosos!
Acho que está mais do que na hora de cada um refletir, assumir seus erros, dizer MEA CULPA e tentar corrigir o que estiver ao seu alcance. Para isso, tanto faz, que seja de cima para baixo, ou de baixo para cima! Vocês não acham?
*Paulo Carneiro é ativista digital carioca e hoje mora em São Félix do Xingu (PA).
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