No blog do Espaço Aberto que não aborda mais nada sobre o governo do Estado - como outrora, mas de Belém vale à pena pelo menos aguardar a acidez dispensada ao ex-prefeito Duciomar Costa.
Belém completa 397 anos em meio a muitos problemas, demandas e
carências, mas, também, com o renovo da expectativa de sua gente por
dias melhores, com a eleição de prefeito novo, energizado pelos quase
500 mil votos de confiança nele depositados. O novo prefeito assume
diante de uma enxurrada de esperanças e também das águas de janeiro, que
expõem as mazelas de uma cidade que cresceu desordenadamente, sem
planejamento urbano, sem saneamento básico e com muito pouca ação
governamental em busca de soluções inadiáveis, sempre adiadas.Ruas
alagadas, casas inundadas, bueiros entupidos de lixo jogado na via
pública, engarrafamentos colossais, buzinaços estressantes. São faces do
caos urbano que se estabelece quando chove. A insegurança e o medo de
assaltos nas paradas de ônibus e nos congestionamentos completam o
cenário de abandono, escancarando a omissão dos agentes públicos. A
nossa bela cidade esteve sem comando e à deriva durante os últimos oito
anos.
As soluções dos graves problemas urbanos de Belém são historicamente
remetidas para um passado de omissões, falta de planejamento e de visão,
“heranças malditas”, fantasmas que precisam ser exorcizados não com
queixumes, mas com ações governamentais efetivas de parte de gestores
públicos que se elegeram justamente prometendo mudanças.
A cidade e sua população, sobretudo a mais carente, continua sofrendo os
efeitos da época invernosa, sem perspectivas de soluções a curto prazo.
Não vale culpar a natureza, pois esses problemas são antigos e
recorrentes. Planos existem muitos. O que falta é ação. O ex-prefeito
Duciomar gostava muito de citar as tais "obras estruturantes", cujos efeitos a população jamais sentiu.
O trânsito continua neurótico e estressante e não só quando chove. A
cidade está ficando "engessada". Vocês lembram da famosa profecia dos
jovens técnicos japoneses da Jica?
Pois bem: eles previram, com base em premissas técnicas, que Belém
poderia parar até 2010, caso não fossem realizadas algumas obras viárias
indispensáveis para desafogar as vias de tráfego da cidade. Isso em
1986. Alguém duvida que isso esteja acontecendo ? O Projeto do BRT,
iniciado de maneira açodada pelo desprefeito Dudu, só fez aumentar o
caos no trânsito na BR-316, Augusto Monnegro e Almirante Barroso. E
também sua rejeição e de seu candidato, aquele que "sabia como fazer"...
Como toda obra feita sem planejamento técnico adequado, agora vai
precisar ser reformulada para sua adaptação ao projeto macro do Ação
Metrópole, por se tratar de um Projeto Integrado, que atinge todos os
municípios da Área Metropolitana de Belém, fato que Duciomar atropelou
na ânsia de mostrar serviço e enganar os eleitores.
A saúde pública em Belém também está agônica. São muitas as mortes de
pessoas por omissão de socorro nos pronto-socorros municipais. A
desesperança toma conta de seus familiares, que se sentem nessas horas
totalmente impotentes e abandonados. São dramas de uma realidade cruel,
que parecem tão rotineiros que não mais sensibilizam gestores públicos
justamente encarregados de promover as ações necessárias para promover
saúde pública de qualidade para a população.
A insegurança do belenense também é pública e notória. Diariamente os
noticiários de rádio, jornal e TV trazem registros de crimes brutais,
cometidos por motivos torpes ou banais. Ninguém mais se sente seguro nas
ruas, nos cinemas, nos shoppings, nos bares ou nos lares. Algo precisa
ser feito. Do contrário, todos estamos ameaçados de viver em estado de
transe, desconfiando de tudo e de todos.
Muros altos e cercas elétricas
não são soluções, pois os condomínios mais "seguros" são jutamente os
mais visados pelas quadrilhas de assaltantes à mão armada. Ações sociais
e maior preparo dos policiais são mais indicadas do que o aumento das
frotas de veículos e construção de novos presídios.
A "saga" da contrução de torres tórridas em concreto, vidro e aço,
para satisfazer ambições desmedidas e ilusórios sonhos consumistas está
transformando Belém numa cidade sitiada pelo calor , pois essas "torres
de marfim" estão impedindo a circulação dos ventos e destruindo áreas
verdes e quintais,"pontes" da cidade com a natureza e a vida. A
arborização da cidade é tarefa urgente e inadiável. Pelo menos um milhão
de novas árvores precisam ser plantadas já. Não se concebe Belém como
a capital menos arborizada do Brasil, com sua localização privilegiada,
na porta de entrada da maior floresta tropical do planeta.
Como toda morena bonita/brejeira/ faceira, Belém, ainda que malcuidada,
tem lá seus muitos encantos e cheiros, sabores e cores. Prefeito
Zenaldo, o senhor já tomou banho de chuva nas tardes belenenses
saboreando uma deliciosa manga caída madura do pé ? É disso que Belém
precisa. De amor, de afagos e de carinho para voltar a sorrir e também
recuperar a autoestima de sua gente.
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