Por Bob Fernandes, no Portal Terra.
Inevitável a política no debate futebolístico, já que o debate político no Brasil está futebolizado há muito tempo.
A tática é medíocre: só marcação duríssima sobre os adversários e ausência quase absoluta de ideias novas. Semelhanças, até aqui, com o meio campo da seleção. E não é de hoje.
A eleição de 1989 foi aquele esgoto no final… e pancada foi a primeira reação do PT ao Plano Real. Uma bola nas costas, e duas derrotas seguidas.
Em 2002, contra a ascensão de Lula, a estratégia do medo. Resultado: risco- país acima dos 4 mil pontos, dólar bem acima dos R$ 3 … e três derrotas em 12 anos.
Acirrou-se a disputa. Com a expansão das redes sociais, opinião publicada não é mais sinônimo de opinião pública. Já não existem donos da verdade.
Também por isso a futebolização de tudo: bolsa família, cotas, Enem, gás da Bolívia, cães Beagle, Supremo Tribunal…tudo.
Sempre a negação do Outro. Ninguém quer ouvir ninguém.
Frustrações e ressentimentos pessoais se travestem de razão política. Ao invés do divã a agressão, a ofensa nos debates.
À exceção dos sábios, seríamos uma nação de fracassados. Daí o bordão “Imagina na Copa”.
Teve obra superfaturada? Sim. Em governos da situação e da oposição.
As prioridades poderiam ser outras? Sim. E isso as lideranças, oposição incluída, deveriam ter pregado há 7 anos, há 4 anos.
Deveriam, mas optaram por ficar bem na foto nos tempos em que a Copa era desejo amplo.
Uma grande Copa, a melhor das últimas décadas. Longe dos gramados, o habitual.
Entre os que têm privilégios, que podem estar na Copa se quiserem, os que ofendem, xingam….e nem percebem que estão diante do espelho.
Entre perplexos e admirados, jornalistas, seleções e torcedores de todo o mundo estão vivendo o Brasil e suas brutais contradições.
De um lado privilégios, do outro a miséria, a reação, e protestos.
Festa e alegria, mesmo de quem nada ou quase nada tem…e os discursos odientos, que negam mas não resistem à história do Brasil.
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