Por Ilka Oliveira
Uma vez uma certa amiga me perguntou se nos centros religiosos afro-brasileiros era possível alguém ir lá para "fazer trabalho" para prejudicar alguém. E tranqüilamente disse que sim. Mas que isso também dependia do caráter de casa um/uma.
Disse-lhe também que nas "águas que conhecia " deste universo afro, não via isso. As energias eram "trabalhadas" para o equilíbrio dos sujeitos onde dinheiro, amor e outras necessidades seriam consequência deste equilíbrio. E que era para ela pensar que muitos também se sentavam nos bancos das igrejas pedindo a Deus (vibrando em suas orações) pedindo o mal de alguém que considerava inimigo. E que outros iam se equilibrar através de suas orações ou mesmo procurar ser pessoas melhores indo às igrejas.
Essa conversa toda é para dizer que "o mal" pode estar em qualquer lugar. E não apenas nestes centros religiosos afros , ou com os ateus( que são os sem-religião ), costumeiramente apontados pelo senso comum , pela mídia, como coisas do demônio e incitados por muitos líderes cristãos como inimigos através de um sentimento de ódio.
O ódio é de caráter e é uma construção social. E eu fiquei muito assustada, mas muito mesmo com a falta de caráter desses "cristãos " e da mídia que julgam e pedem a morte de uma pessoa que se quer responde por algum crime. E o exemplo que dei acima para minha colega, hoje está atual diante da doença da D. Marisa , esposa de Lula, com os comentários vis nas redes sociais, e manifestações na frente do hospital num momento de dor.
Eu ainda me choco , me indigno porque sou humana . Não desejo a morte do Bolsonaro, Eder Mauro, Jatene e Zenaldo (que vem a cada dia matando silenciosamente a classe trabalhadora, os serviços públicos, os diferentes (Preto, pobre, gays, candomblecistas, mulheres). Desejo a morte de suas ideias, ideais, dos seus podres poderes através de um lugar onde a diferença seja respeitada.
Não! Não façam isso de xingar, de tripudiar em cima de uma família em um momento difícil. Seja a do Lula ou do Bolsonaro.
Não vão aos seus centros religiosos, não cultuem artistas, não elejam políticos , não leiam revistas , não assistam programas que alimentem o ódio , o preconceito e a discriminação, ou que rogue pragas.
Isso não é bom!
Isso não é de Deus.
Não é dos orixás.
Não é dos deuses indianos, de Maomé, de Jesus, de Buda, da natureza humana.
Você pode ser melhor com os direitos humanos.
#forçadonamarisa
*Ilka Oliveira é Professora de História da rede estadual de ensino no Pará, mestranda do PPGED/UFPA e mãe da Isadora e do Marcelo.
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