O mês de dezembro começou com a aprovação de um projeto de lei que institui uma política nacional da chamada “linguagem simples”, ou seja, proíbe a utilização de linguagem neutra em órgãos públicos, incluindo pronomes e palavras com marcador de gênero para comunicação. De acordo com o texto aprovado, as “novas formas de flexão de gênero e número das palavras da língua portuguesa como ‘todes’, não poderão ser usadas em comunicações com a população”. Segundo informações do portal Câmera dos Deputados, o objetivo é facilitar a transparência das informações governamentais e garantir fácil compreensão por todas as pessoas.
É imprescindível compreender que falar de linguagem inclusiva não é um problema, e que o principal intuito dela é ajustar a nossa comunicação para compreender e atingir todas as pessoas que fazem parte da nossa sociedade, independente de gênero ou identidade de gênero. Head de DE&I da Condurú Consultoria e psicóloga, Jenifer Zveiter, destaca que usar palavras neutras vai muito além de escolher as melhores expressões, termos e vocabulários, uma vez que se trata de uma estratégia essencial para a promoção da ética, diversidade, equidade e inclusão. “Ao adotar uma linguagem inclusiva, reconhecemos e respeitamos a diversidade de identidades, combatendo preconceitos embutidos na linguagem tradicional. Isso não apenas reflete um compromisso ético, mas também cria ambientes mais justos e acessíveis. A linguagem neutra transcende a comunicação; é uma ferramenta poderosa na construção de culturas organizacionais que valorizam a igualdade e a inclusão”, afirma.
Pode parecer óbvio, mas apesar das extensas discussões, dentro e fora das redes sociais, a linguagem neutra ou inclusiva não se configura como uma nova norma, mas sim como uma nova iniciativa. O objetivo é ampliar a representatividade no português, incluindo uma parcela da população muitas vezes invisibilizada. A demanda por essa linguagem não apenas reflete uma mudança linguística, mas também se posiciona como um movimento social. Integrar a linguagem inclusiva não é apenas uma adaptação, mas um impulso na evolução dinâmica da língua portuguesa.
“Perceber isso como um movimento social e de transformação é enriquecedor. A sociedade está em constante evolução, apesar dos discursos conservadores que defendem a rigidez das coisas. A realidade é dinâmica e sempre foi”, diz Zveiter.
Dicas para acertar no uso da linguagem neutra
- Quando se dirigir a várias pessoas, usar “todos, todas e todes”.
- Em uma abordagem individual, perguntar como a pessoa se identifica e com quais pronomes ela deseja ser tratada.
- Quando não for possível acrescentar os pronomes no texto, utilize uma linguagem neutra de outra forma, por exemplo: todas as pessoas, gerência, liderança, equipe, time, docentes, discentes, entre outras palavras que com certeza irão transformar a comunicação inclusiva.
- Devemos lembrar que estamos sempre nos referindo “às pessoas”, ou seja, utilizar o pronome no feminino também não deveria ser visto como uma exclusão do gênero masculino, mas sim a inclusão de todos os gêneros.