Estou pasmo com o grau da cara-de-pau do presidente do ICI – Instituto Curitiba de Informática, que concedeu entrevista para a jornalista e blogueira Joice Hasselmann. Renato Rodrigues “quebrou o silêncio” apenas agora que será retirado do poder pelo prefeito eleito de Curitiba, Gustavo Fruet (PDT), após a derrota de Luciano Ducci (PSB).
As vezes chama o ICI de empresa, as vezes de “instituto sem fins lucrativos”. Juridicamente é uma associação sem fins econômicos qualificada como organização social – OS. Esconde que as organizações sociais, na verdade, foram criadas no âmbito federal pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardozo e em Curitiba pelo ex-prefeito Cassio Taniguchi com o intuito de fuga da licitação, do concurso público e do controle social.
Ele “esqueceu” que a Ordem dos Advogados do Brasil, o Partido dos Trabalhadores e o PDT entraram com duas ADINs contra a Lei Federal das OS, e que o STF vai decidir pela inconstitucionalidade da privatização via OS ainda em 2013. O ICI será considerado inconstitucional.
Ele esqueceu de dizer que o art. 24, inc. XXIV, da Lei 8.666/93, que dispensa a realização para a contratação de OS com contratos de gestão firmados pelo Poder Público também será considerado inconstitucional pelo STF em 2013.
Ele diz que “o ICI e a Prefeitura Municipal de Curitiba sempre estiveram completamente aderentes à legislação federal, estadual e municipal”. Cara-de-pau. Que domínio jurídico ele tem para dizer isso? Ele diz que se outros órgãos públicos (inclusive de outros poderes) contratam o ICI sem licitação, então seus contratos são legais. Piada.
Sobre a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIn) 1923 interposta contra a Lei 9.637/98 das Organizações Sociais, foi lapidar o voto do Ministro Relator Carlos Ayres Britto, nosso estimado especialista em Direito Constitucional e licitações e contratos administrativos, que chamou o modelo de “terceirização aberrante”, quando o Estado transfere toda a prestação dos serviços para essas entidades, pois a iniciativa privada não pode substituir o Estado, mas apenas complementar. Ressaltou o Ministro: “tiro do sujeito sua essência e o que sobra é um não sujeito, um nada jurídico”. Para ele o Estado não pode ser apenas regulador na prestação dos serviços públicos.
Assim, Ayres Britto entende ser possível apenas a colaboração, o fomento do Poder Público às OSs, por meio de contratos de gestão. O Ministro deixa isso claro quando defende que quando os contratos de gestão forem para os mesmos fins dos convênios, não haveria necessidade de licitação para a qualificação e celebração da parceria, mas apenas um processo administrativo de escolha.
Portanto, impossibilitado estaria o Estado em terceirizar as atividades-fim das suas instituições sociais nas áreas de saúde, educação, cultura, meio ambiente, etc.; sendo possível a terceirização de atividades-meio através da legislação licitatória e fomento às entidades privadas de interesse público, inclusive as OSs.
Caso se confirme a posição de Ayres Britto, a Prefeitura de Curitiba deverá passar a realizar procedimento de escolha para contratar o ICI na prestação dos serviços de informática do Município. Além disso o ICI não poderá ser contratado livremente sem processo de escolha pelas Prefeituras de todo o Brasil, como ocorre atualmente.
Trato de tudo isso ne meu livro Terceiro Setor e as Parcerias com a Administração Pública: uma análise crítica (Fórum, 2ª ed., 2010).
O cidadão, presidente do ICI, ainda diz que “diferentemente do que se fala em Blogs e outras fontes não muito qualificadas, trata-se de um documento oficial [o contrato de gestão celebrado entre Curitiba e o ICI], publicado em diário oficial e nas publicações oficiais do Município”. Para se ter uma ideia, o ICI queria que eu pagasse mais de R$ 140,00 para eu conseguir uma cópia do contrato de gestão entre Curitiba e o ICI (veja no link abaixo).
O presidente do ICI fala que os serviços do ICI são economicamente justificáveis. Mas será que os contratos com o ICI respeitam os princípios constitucionais da moralidade, da isonomia, da publicidade, da finalidade?
Outra questão não tratada na entrevista. A sede do ICI é uma prédio da prefeitura de Curitiba! Vergonha.
Ele disse na entrevista que todos os contratos de prestação de serviços do ICI com empresas particulares estão no site do ICI. Encontrei apenas alguns. E ele não informa que já na vigência da Lei de Acesso à Informação, em maio, o site não disponibilizava nenhum informação e negou essa informação para mim, se dizendo entidade de direito privado. Veja a resposta do ICI para mim:
http://www.ici.curitiba.org.br/Multimidia/LeiAcesso/resposta_1_consulta.pdf.
Se agora eles disponibilizam algumas informações, se deve a pressão que sofrem da sociedade.
Mas ainda continuam várias dúvidas: por exemplo, quanto é o total que eles gastam com seus próprios trabalhadores e quanto gastam com contratos terceirizados por mês? Quais são todos as empresas contratadas, entre empresas de TIC, escritórios de advocacia, etc?
Ele esquece de dizer que a Constituição obriga a realização de licitação por parte da Administração Pública. Não pode a prefeitura se utilizar do ICI para contratar empresas privadas terceiras sem licitação. Isso é burla.
O presidente se negou em revelar seu salário e dos demais diretores. A história é assim: a iniciativa privada não tem que respeitar certas exigências mas não tem prerrogativas como o Poder Público. O Poder Público tem prerrogativas mas tem várias limitações no ordenamento jurídico, como ser transparente, fazer licitação, concurso público. No caso do ICI, eles querem ter a liberdade da iniciativa privada e a vantagem de receber altas quantias de dinheiro público, sem licitação. É uma mamata.
Ele faz quase uma ameaça para Gustavo Fruet, se dizendo essencial e quase insubstituível, e dando a entender que o prefeito eleito não poderia trocar a diretoria do ICI. Deixo claro: é possível mudar o regime jurídico do ICI por meio de lei, ou mesmo substituir o ICI por meio de uma autarquia, uma empresa estatal ou mesmo uma cooperativa de trabalhadores. Talvez não no dia 1º de janeiro de 2013, mas durante a gestão Fruet, entre 2013 e 2016.
Por fim, a maior piada do dia: ele disse que a prefeitura comandada por Luciano Ducci e o ICI sempre foram transparentes.
Veja a entrevista completa do Blog da Joice Hasselmann:
Entenda o que é ICI, o cérebro polêmico da Prefeitura de Curitiba
O presidente do ICI, Instituto Curitiba de Informática, Renato Rodrigues, quebrou o silencio. Em entrevista exclusiva à jornalista Joice Hasselmann, ele falou sobre o Instituto que nos últimos meses foi alvo de tanta polêmica e questionamentos. O responsável pelo cérebro da prefeitura de Curitiba falou sobre as atribuições do Instituto, a presença dele através de soluções tecnológicas nas mais diferentes secretarias, a dependência do município em alguns serviços prestados pelo ICI, das movimentações financeiras, dos grandes números do ICI e de porque o instituto foi tantas vezes questionado quanto a transparência. E mais. O ICI é a “caixa-preta” de Curitiba? Leia a exclusiva do Presidente do ICI, Renato Rodrigues.
O que ICI de fato faz em Curitiba? Responde pelo que?
O ICI hoje é responsável por executar os projetos de Tecnologia da Informação e Comunicação que forem demandados pelos seus clientes e pelas organizações públicas com as quais o ICI mantém contratos. É um prestador de serviços que nasceu exclusivamente para atender e promover o desenvolvimento tecnológico e institucional da Gestão pública no Brasil. Digo “que forem demandadas” porque quem decide o que quer, e o que precisa é o órgão contratante: a prefeitura de Curitiba é um exemplo disso. Não há nada que façamos aqui no ICI que não represente a necessidade e não tenha sido solicitada pelas secretarias da Prefeitura Municipal de Curitiba (PMC).
Inclusive é muito difícil encontrar no Brasil inteiro organizações que se especializaram em Governo Eletrônico e Cidade Digital de uma forma tão completa como ICI: atendemos desde a manutenção de equipamentos da PMC (e olhe que são 80.000 itens de hardware, de diversos fabricantes), desenvolvimento de novos e manutenção dos atuais sistemas (hoje há mais de 200 sistemas e mais de 500 bases de dados em funcionamento ) , gerenciamento das mais de 1000 redes de comunicação em operação nos complexos da Administração Municipal, operação do Datacenter , Elaboração de projetos específicos, entre os quais Mobilidade Urbana, Videomonitoramento, bem como serviços de atendimento como a Central 156, Cartão Qualidade, Central de Relacionamento Municipal, e os Portais em operação no Município. Em outros clientes públicos, já desenvolvemos e implantamos soluções de Gerenciamento de Recursos Humanos, Central 156, portais, Cases de Business Intelligence e Georeferenciamento, Gestão Educacional ,Contabilidade e Orçamento públicos , enfim, cumprimos nosso papel de desenvolvimento da gestão pública.
-A empresa é privada, mas atende o poder público. Não há processo de licitação para contração dos serviços do ICI. Porque? Como os contratos são fechados? Com que critérios?
O ICI é um Instituto Privado sem fins lucrativos. A PMC considerou adequado, e dentro de suas prerrogativas amplamente baseadas na legislação federal vigente, qualificar o ICI , em 1998, como uma Organização Social, voltada para atender suas necessidades de informatização e de inovação.
Com relação a questão da licitação ou não, muito se teoriza e se politiza sobre o porquê do ICI não realizar licitação, e a razão é muito simples: a Lei 8666/93 assim o estipula. Organizações Sociais são dispensadas de licitação! A distorção haveria sim se participássemos de licitação :geraríamos inclusive concorrência desleal com empresas privadas comuns. Por isso, temos de colocar “os pingos nos Is”: o ICI e a PMC sempre estiveram completamente aderentes à legislação federal, estadual e municipal. Haja vista o fato de sermos contratos pelo TCE- PR e pela Justiça Federal no modelo de dispensa de licitação, com chancela do Ministério Público e toda o amparo da Lei 8666.
O que não se deve confundir , e isso é importante ressaltar: nenhuma organização pública com quem temos projetos e contratos se exime da responsabilidade de ter seus comparativos de preços e condições de fornecimento. Não tivemos nenhuma situação com as prefeituras as quais atendemos em que toda a processualística exigida pela lei 8666, mesmo no caso de dispensa de licitação, não tenha sido obedecida. Em Curitiba , a questão é ainda mais exigente! Aqui temos o Contrato de Gestão que é fiscalizado mensalmente.
-O que é o contrato de gestão?
O Contrato de Gestão é antes de mais nada uma imposição da lei que qualificou o ICI como Organização Social. Ele estabelece todas as “regras de relacionamento” entre ICI e Município e foi o primeiro criado no Brasil em 1998 para serviços de informática (como era chamado antigamente). Ele estipula as condições em que o ICI deve fornecer os principais serviços, os Níveis de Acordo de Serviço (SLAs), penalidades, fiscalização e exigências entre ambas as partes.
O contrato de gestão vigente,por exemplo, não traz ônus financeiro à PMC, e somente estipula, além dos itens acima, os mecanismos para celebração de contratos específicos para necessidades definidas do Município.
Diferentemente do que se fala em Blogs e outras fontes não muito qualificadas, trata-se de um documento oficial, publicado em diário oficial e nas publicações oficiais do Município.
Outro ponto muito importante quando se menciona o Contrato de Gestão e a forma de relacionamento entre ICI e Município: o ICI SOMENTE recebe recursos por serviços prestados, e NÃO CELEBRA convênios com a administração pública, com ônus financeiro. Podemos celebrar convênios e termos de cooperação , como temos com o Ministério Público do trabalho, mas sem atribuição de valor financeiro. Em um Convênio, que normalmente é celebrado por ONGs e OSCIPS, recursos são repassados para uma finalidade específica,e são feitos antecipadamente, e em determinadas etapas são feitas medições para garantirem a continuidade dos repasses. Ou seja, em convênios normalmente os recursos são repassados “na frente”. No caso do ICI, é feita toda uma fiscalização e verificação dos serviços prestados, e só então é feito o pagamento contra-prestação de serviços.
-Fala-se muito dos investimentos altos feitos no instituto. Recentemente houve a divulgação dos valores pagos pelo serviço de bilhetagem eletrônica. São R$780 mil/mês do Datapron. É muito dinheiro. Para a população como fica a balança custo/ beneficio?
Não são investimentos, mas sim pagamentos por serviços prestados! É uma diferença grande! Já devo começar corrigindo o número e orientando a quem quiser ter informações corretas. Apesar da Lei de Acesso a Informação estipular a obrigatoriedade da publicação das informações dos contratos municipais para a PMC, o ICI achou por bem também publicar e detalhar os contratos vigentes . E por isso , qualquer pessoa pode acessar o site do ICI (www.ici.curitiba.org.br ), clicar no ícone de Acesso a Informação e ter uma abertura contrato a contrato dos serviços prestados , do escopo contratado e do valor. Nesse caso da Bilhetagem temos um bom exemplo disso. Temos em Curitiba POR DIA aproximadamente 20.000 km rodados e 2.300.000 passageiros transportados. Na frota temos aprox. 2.900 computadores de bordo instalados dos ônibus e estações, enviando dados a cada 10 segundos da posição exata, velocidade, a rota percorrida pelo veículo, via 3G, para o datacenter do ICI e da URBS. Aliás, fomos a primeira frota de transporte coletivo do Brasil a ter esse grau de tecnologia e monitoramento.
E isso considerando o fornecimento dos equipamentos embarcados, da manutenção dos equipamentos que normalmente é feita em horários alternativos, da conectividade para manter todos os ônibus sendo monitorados em tempo real, do datacenter e das evoluções tecnológicas constantes. E pode se perceber que o valor mensal , que na verdade é R$ 531.885,00/mês pagos ao ICI envolvem vários serviços e fornecedores. Se fizermos uma conta rápida, chegamos a R$ 8,00/ônibus/dia. E assim que o contrato terminar os equipamentos serão todos patrimoniados em nome da URBS.
Mas complementando ainda, o benefício é enorme: quem se lembra quando era necessário se dirigir a uma Rua da Cidadania para carregar os créditos do Cartão transporte (hoje a carga do cartão é embarcada – feita no próprio tubo ou no veículo). Essa solução também permitiu a chamada “integração temporal” , já em funcionamento em alguns locais da cidade, em que o usuário tem um tempo determinado para mudar de ônibus sem ter de pagar outra passagem.
É importante por fim dizer que a modernização do sistema de Bilhetagem foi a principal condição que permitiu que a Licitação do transporte coletivo fosse realizada, e a forma de fiscalização das empresas concessionárias pudesse ser feita, com pleno controle e gestão pela URBS.
O benefício para a população é imenso!
-Dentro dos serviços prestados pelo ICI, quais são os principais?
São inúmeros, dentre os quais: Desenvolvimento e Manutenção de Sistemas , Manutenção do Parque de Hardware da PMC, Conectividade, Projeto , Implantação e Gerenciamento de Redes, Suporte ao Usuário, Operação do Datacenter de Curitiba, Elaboração/Concepção de Projetos estratégicos, Desenvolvimento de Tecnologias Sociais, Desenvolvimento e Manutenção de Portais, Manutenção e evolução de Tecnologias Sociais, operação da Central 156, operação do Cartão Qualidade, operação Central de Relacionamento Municipal, Monitoramento em tempo real de Serviços Municipais (Observatório Serviços Públicos), Central de Informações/Sala de Situação Municipal.
A Central 156 por exemplo, bateu recorde histórico nesse ano: mais de 2.000.000 atendimentos à população -marca nunca antes atingida. Isto é, mais 5.500 atendimentos em média por dia.
-Quais sistemas dependem hoje do ICI?
São mais de 200 sistemas, incluindo todos os grandes sistemas corporativos ( Saúde, Recursos Humanos, Financeiro, Educacional) e os chamados departamentais, com finalidades específicas para cada secretaria. Por exemplo, o Aprendere que gerencia a evolução da carreira funcional dos servidores.
-O ICI tem um conselho de administração. Com ele é formado? Qual a influência dele na prestação de serviços do ICI? O papel que desempenha?
O Conselho de Administração do ICI é composto por 10 conselheiros, sendo 04 designados pelo Prefeito Municipal e 06 designados pela Iniciativa Privada, de acordo com a lista abaixo. Não recebem remuneração por integrarem o Conselho de Administração, que tem caráter deliberativo. Reforçando que essas informações também são disponibilizadas no site do ICI, com os respectivos titulares.
MEMBROS REPRESENTANTES DO PODER PÚBLICO MUNICIPAL
Secretaria de Administração;
Secretaria do Governo ;
Procuradoria Geral do Município;
Secretaria de Finanças.
Representantes do setor privado:
Membro representante da ASSESPRO;
Membro representante da SUCESU;
Membro representante da Comunidade Local de Informática;
Membro representante dos Empresários de Informática;
Membro representante da Comunidade Acadêmica;
Membro representante dos Associados do ICI.
-Quem paga a conta do ICI? Município? Alguma secretaria?
O ICI é remunerado por meio de Contratos de Prestação de Serviços ou Contrato de Gestão, o que significa que todo recebimento ou remuneração recebida pelo ICI ocorre mediante a realização de um serviço prestado e após o ateste, aferição e aceite do cliente. Reforçando que o ICI não é remunerado por meio de Convênio com a Administração Pública –modalidade em que há repasse de recursos públicos.
-Os preços praticados pelo ICI são compatíveis com os de mercado?
Os valores praticados pelo ICI situam-se abaixo de valores de mercado, conforme constatado pelo Município de Curitiba em consulta a FIPE – Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, em 2012. O Contrato de Gestão também foi submetido a um Instituto internacional (Gartner Group), constatando-se que os serviços do ICI têm alto nível de aderência com as melhores práticas de tecnologia em uso no mundo atualmente.
-O ICI sobrevive basicamente com dinheiro público de Curitiba?
Não. As receitas do ICI, como mencionado, advêm dos projetos e dos serviços executados junto a seus clientes. O ICI desenvolve e mantém contratos com vários outros órgãos públicos , municipais, estaduais e federais, a saber: Municípios de São José dos Campos, Vitória, Osasco, Paranaguá, Teresina; Imprensa Oficial do Estado São Paulo, Tribunal de Contas do Paraná; Justiça Federal – TRF 4ª Região.
Além disso, é fácil verificar que não há qualquer relação político-partidária entre ICI e os clientes, afinal nossa atuação junto a Gestão Pública é técnica. Atendemos recentemente administrações do PT, PTB, PSB, PSDB e PMDB, com o grau de atendimento e compromisso técnico.
-Curitiba recentemente foi escolhida a cidade mais digital do Brasil. Qual a participação do ICI nisso?
O ICI ocupou posição central nesse processo, porque foi através dele que as principais realizações municipais e iniciativas sociais relacionadas a TI foram adotadas. O posicionamento de Curitiba como Cidade mais Digital de Brasil é uma demonstração que as soluções de tecnologia e informatização estão sendo capazes de aprimorar a qualidade dos serviços públicos da PMC, de forma perceptível e decisiva ao cidadão (esse inclusive é um dos critérios que mais pontuaram no ranking das cidades digitais). Fomos bem mais eficientes que o Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Porto Alegre, Fortaleza e Recife.
-Hoje na sua avaliação o município poderia abrir mão do instituto? Que impacto isso teria na vida da população?
De forma abrupta, não! E nem acredito que haveria qualquer interesse nesse sentido advindo do Município. Como também não poderia dispor-se de quaisquer outros serviços essenciais no Município.
Muito embora juridicamente o Município tenha todas as prerrogativas e seguranças para abrir mão do ICI, muito provavelmente o gasto que a PMC teria para manter o mesmo nível de qualidade de serviços seria significativamente maior.
Prova disso pode ser verificada no nosso site , no link Acesso à Informação. Lá estão dispostos os serviços, separados por categorias, com os respectivos valores.
Qualquer ação abrupta representaria sim em um impacto gigantesco na cidade e na população, lembrando que as boas soluções implementadas são hoje amplamente usadas no dia-a-dia da cidade.
- Quem manda no ICI?
O Conselho de Administração é a instância deliberativa do ICI,e direção superior. O Poder Público se manifesta diretamente na indicação dos conselheiros membros do Poder Público. E os conselheiros da Iniciativa Privada são pessoas com eminentes colocações profissionais e institucionais.
A diretoria executiva, composta pelo Diretor Presidente, Diretor Administrativo-Financeiro e o Diretor Técnico prestam contas de sua administração ao Conselho, e ao Prefeito, como principal autoridade do Poder Público.
-Fala-se muito da caixa preta do ICI. Isso acabou até virando bordão. Vamos aos questionamentos que motivaram a imprensa a falar de caixa preta….
Por falar em caixa-preta. Em primeiro lugar , cabe salientar que a comunidade política tem a percepção de que o ICI é um órgão público, desconhecendo a real natureza jurídica da OS. O ICi é uma empresa privada e eminentemente técnica, que utiliza a tecnologia da informação para criar e inovar em serviços e produtos.
- Quais são as empresas privadas contratadas pelo ICI? Que custo elas geram anualmente? Quanto elas receberam nos últimos dois anos?
O ICI possui 1460 fornecedores cadastrados e 1056 ativos, constantemente recebendo pedidos de cotação e participando de nossos processos de seleção , concorrência e contratação. É importante reforçar que os projetos demandados para atender a PMC são diversos, com finalidades e aplicações específicas. O ICI por outro lado trabalha no sentido de identificar as melhores soluções e mais baratas soluções que devem ser agregadas a solução necessária para atender a PMC. Um bom exemplo é a solução de vídeo-monitoramento integrado de Curitiba, em que precisamos integrar câmeras, equipamentos elétricos, equipamentos de comunicação , meio físico de comunicação, serviços de manutenção , garantia, instalação , ativação, entre outros.
A solução integrada para a Saúde, por exemplo, envolve o fornecimento de pelo menos 08 fornecedores diferentes, que vão desde o link de conectividade, passando pela manutenção do sistema informatizado e terminando no suporte técnico aos distritos de saúde, isso sem falar da equipe própria do ICI envolvida na gestão contínua dos serviços.
- A remuneração com pagamento da diretoria jà foi questionada pela imprensa. Porque esses dados não estão disponíveis? Existe algum impedimento legal?
Usamos o mesmo princípio de sigilo e confidencialidade a que tem direito um funcionário CLTista de um instituto ou empresa privada normal no Brasil. Reforçando que o ICI é uma organização de direito privado, que PRESTA SERVIÇOS aos seus clientes,e não recebe repasses de órgãos públicos. Seria a mesma coisa exigir que os diretores de outros prestadores de serviço de Curitiba (empreiteiras, empresas de ônibus etc) tivessem de divulgar seus vencimentos, só porque prestam serviço à PMC. Não existe impedimento legal.
- O prefeito eleito de Curitiba, Gustavo Fruet (PDT), prometeu transparência no ICI a partir de 1º de janeiro de 2013. Na sua avaliação o que é preciso mudar?
Na verdade, o Prefeito eleito não terá muito trabalho nesse sentido, porque a PMC sempre agiu dentro dos preceitos exigidos pela legislação , isto é , garantindo transparência e todos os demais princípios aplicáveis à Administração Pública. Todos as contratações feitas pela PMC , inclusive as do ICI , são publicadas no Portal da Prefeitura. Mas para realmente não restar dúvida sobre o montante de serviços que são executados pelo ICI , e os valores associados a estes serviços, criamos em nosso site uma seção que abre os contratos em vigência, apontando os valores mensais cobrados pelo ICI para cada um deles. Basta acessar (http://www.ici.curitiba.org.br/leiacessoinformacao/).
- Os diretores do ICI serão todos trocados em 01.01.2013?
Trata-se de uma prerrogativa do Conselho de Administração, tanto dos conselheiros indicados pelo prefeito eleito, quanto pelos conselheiros da iniciativa privada. Não dá para antecipar nada nesse sentido. Normalmente essa decisão relativa à diretoria requer análise muito criteriosa e técnica, observando todas as nuances dos serviços prestados pelo ICI junto à PMC.
- O prefeito Luciano Ducci antecipou a escolha de algum diretor?
Não. Estamos nos preocupando no momento em concluir adequadamente os projetos que foram contratados nessa gestão do Prefeito Luciano Ducci. Não houve qualquer tipo de intervenção do Prefeito no sentido de escolha de diretores após as eleições de 2012.
- Qual sua opinião sobre o software livre?
Sem objeção, nem privilégios. O padrão que tem sido adotado no Município é o de atender de forma melhor e mais econômica às necessidades da Administração e da população. Nem sempre o uso do software livre é a solução para alinhar Qualidade, Preço e Prazo.
- O senhor de alguma forma pretende ficar no Instituto? Há conversas nesse sentido?
A Diretoria do ICI, entre as quais a presidência , é um cargo de muita responsabilidade e muito diferenciado. Isso porque procuramos nos últimos 02 anos sistematizar de forma definitiva conceitos , metodologias e práticas de gestão até então não utilizadas. Hoje, por exemplo, conceitos como ITIL, PMI, CMMI, MPs.Br, Gestão de Portfolio, SLA/SLM, Governança, SOA são uma realidade. Eu sempre realizo um follow-up com as diretorias,gerências e coordenações no sentido de planejar e implementar um Instituto cada mais robusto, eficiente e bem administrado.
Em havendo a mudança de comando, torço que não haja descontinuidade no caminho de crescimento , maturidade e inovação do Instituto.
-Fale um pouco de você, das suas atribuições. Porque foi escolhido para presidir o ICI?
Estou no ICI desde 2005, passando a ser Diretor Técnico em 2006 e a Diretor-Presidente em 2011. Como tive formação de Engenharia Eletrônica em uma escola voltada para a inovação (ITA), atividade de Pesquisa e Desenvolvimento em Software acabaram sendo o alvo principal da minha carreira.
Como me tornei o profissional que durante mais tempo na história do Instituto ocupou cargo de Diretoria, pude participar e conduzir a maioria das principais iniciativas de tecnologia em Curitiba nos últimos anos. E pude acompanhar a evolução do grau de eficiência dos serviços públicos, através do uso de tecnologia da informação, crescer brutalmente em Curitiba, culminando no reconhecimento ocorrido em julho /2012 como a Cidade mais digital do Brasil.
Chegar a presidência do ICI não foi um processo político, mas técnico, fruto de uma série de convergências entre expectativas da PMC e das necessidades de crescimento do ICI em outros municípios e clientes. Portanto, consegui alinhar adequadamente as expectativas do ICI como iniciativa privada e como importante agente de transformação da Administração Pública de Curitiba.
-O que pretende fazer se não ficar no instituto?
Vamos acompanhar o andamento dos trabalhos da nova gestão durante os primeiros 12 meses. Tenho a plena consciência da complexidade técnica que é o ICI, e por isso, não quero que tudo que construímos possa ser fragilizado.
E depois disso, pretendo retomar minha especialização acadêmica , com o foco em Gestão Pública em Mobilidade Urbana e Cidades Digitais, talvez fora do país. O Brasil vai precisar muito de pessoas qualificadas nesse assunto nos próximos anos.
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