Em entrevista para a Folha de S. Paulo de hoje, o sociólogo português Boaventura de Souza Santos, doutor pela Universidade de Yale (EUA), professor da Universidade de Coimbra (Portugal) e da Universidade de Wisconsin (EUA), diz que na área de direitos humanos há “conquistas extraordinárias desde Lula”, “que a presidente Dilma está a perder uma batalha e está realmente com uma grande insensibilidade ao movimento indígena camponês”, mas que o governo da presidenta Dilma Rousseff (PT) é progressista, mas que ela faz ”muito do que a direita sempre fez, o mesmo modelo de acumulação, neoliberalismo”, aproveitou “a mesma onda de extrativismo”, “mas o que esses governos fazem e que a direita nunca fez na América Latina foi redistribuir esses rendimentos de alguma forma”.
Fala que há problemas, pois a CUT e outras entidades antes dos protestos de junho nunca foram recebidos pela presidenta: “portanto significa que a presidente Dilma tem uma grande insensibilidade social, que se tornou ainda mais evidente por conta da posição do Lula, ao estilo Lula, que era de muito mais aproximação com os movimentos. Isso perdeu-se. Uma perda muito grave”.
Boaventura diz que é amigo de Marina Silva, pois comunga de muitas causas ambientalistas: “mas acho que não porque a dimensão religiosa que está por trás dela é uma dimensão que, no meu entender, tem um potencial mais conservador do que um potencial da Teologia da Libertação. É um potenciador de uma interferência conservadora na sociedade. Isso pode ter outras dimensões para os direitos das mulheres, dos homossexuais, para as diversidades sexuais. Por outro lado, sua política econômica, por aquilo que tenho visto e pelos apoios que ela recorre, é realmente uma tentativa de, com uma cara nova, uma mulher, repor o sistema que estava antes. Então eu penso que ela é uma cara nova para a direita”.
Por fim, sobre a democracia no Brasil, entende que “a juventude se dá conta que aquela democracia que ela acreditou não funciona, está sendo derrotada pelo capitalismo. Os países dão mais atenção aos mercados internacionais, aos grandes grupos transnacionais, do que dão aos seus cidadãos”. “A democracia está sendo usada contra os cidadãos. A democracia é exercida hoje contra o bem estar. Tinha-se a ideia que caminhava-mos para um estado de bem estar. De alguma maneira, hoje, o Estado é um Estado de mal estar. O que aconteceu no Brasil, no meu entender, é essa frustração.
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