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Direita Miami, por Juremir Machado da Silva

29 de Janeiro de 2014, 12:12 , por Desconhecido - 0sem comentários ainda | No one following this article yet.
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Por Juremir Machado da Silva, no Correio do Povo

Esclarecimentos sobre a Direita Miami

O mais comum é que cada personagem não tenha consciência da sua personalidade. O Brasil vem sendo dominado, na classe média e na mídia, por um tipo muito especial, o lacerdinha, representante da direita Miami.

É um pessoal que se acha sem ideologia, pois, para o lacerdinha autêntico, ideologia é coisa de esquerdista comedor de criancinha. A direita Miami acredita que todo esquerdista é comunista de carteirinha e que sonha com uma sociedade no modelo da Coreia da Norte.

O ideal da direita Miami é comer hambúrguer na Flórida, visitar a Disney todos os anos, ler a Veja, ver BBB, copiar e colar artigos de colunistas que falam todo dia da ameaça vermelha – e não é o Internacional nem o América do Rio -, esbaldar-se em shoppings sem rolezinhos, salvo de patricinhas e mauricinhos, e denunciar programas governamentais, exceto de isenções de impostos para ricos, como esmolas perigosas e inúteis.

A direita Miami tem uma maneira curiosa de raciocinar.

– Se você é esquerdista, por que vai à Europa?

– Não entendi a relação – balbucia o ingênuo.

– Se você é esquerdista, por que tem plano de saúde?

A direita Miami contabiliza as mortes produzidas pelo comunismo, no que tem razão, mas jamais pensa nas mortes produzidas pelo capitalismo no passado e no presente. Mortes por fome, falta de condições sanitárias e doenças evitáveis não impressionam os lacerdinhas. Não parece possível à direita Miami que se possa recusar o comunismo e o capitalismo brasileiro. A social-democracia escandinava, por exemplo, não chama atenção dos sacoleiros de Miami. É uma turma que quer muito Estado para si e pouco para os outros. De preferência, muito Estado para impedir greves, estimular isenções fiscais para grandes empresas e reprimir movimentos sociais.

O mais curioso na direita Miami é que, embora defenda o Estado mínimo na economia, salvo se for a seu favor, gosta de Estado robusto em questões morais como consumo de drogas e de sexualidade, aquelas que, mesmo criticando, costuma praticar e exigir tratamento diferenciado quando o Estado flagra algum dos dela em conflito com a lei. A direita Miami fala ao celular, dirigindo, sobre a sensação de impunidade no Brasil e, se multada, denuncia imediatamente a indústria da multa.

A direita Miami é contra cotas, Bolsa-Família, ProUni e todos esses programas que chama de assistencialistas e eleitoreiros. Vive de olho no impostômetro e, para não colaborar com a excessiva arrecadação dos governos, faz o que pode para sonegar o que deve ao fisco. Roubar do Estado que gasta mal parece-lhe um dever moral superior.

Um imperativo categórico.

A direita Miami vive denunciando Che Guevara, mas nunca fala de Pinochet. Se dá uma melhorada na economia dos camarotes, pode torturar e matar. As vítimas são esquerdistas mesmo. A direita Miami adora metrô em Paris, quando vai até lá, apesar de achar que tem muito museu chato e pouco shopping bacana, mas é contra estação de metrô no seu bairro. Tem medo que atraia “marginais”. A última moda da direita Miami é o sertanejo universitário. Quanto mais a tecnologia evolui, mas a direita Miami se torna primária. O que lhe falta, resolve com silicone.

Outras características da direita Miami

A direita Miami, integrada por lacerdinhas de todos os tipos, é engraçada. Parece um roteiro humorístico de programa de tevê, um misto de piada pobre de duplo sentido com reality show pragmático e cínico.

Adora rotular, mas quando rotulada reage com um clichê:

– Cuidado com os rótulos. Eles simplificam.

Uau!

Rotular não é o problema. Viva o rótulo. Faz parte do jogo. O problema é conseguir afirmar a pertinência dos rótulos. O resto é malandragem ilógica ou joguinho de cena para tentar impressionar os que se assustam com palavrório fácil. A direita Miami parece adolescente emburrado.

– Não generaliza, tá!

Só ela pode generalizar. Lê “todos” onde essa palavra não aparece. O máximo de artimanha “lógica” da direita Miami é fingir  ponderação:

– Não se pode corrigir erro com erro. Assim você faz como os que critica.

Tudo para tentar não ser criticada e ficar com a exclusividade do ataque.

– Malandrinhos, né?

A direita Miami acha que tem o monopólio do rótulo e do insulto. Ultimamente, ela se delicia com um quase plágio: esquerda caviar. Trata-se de um rótulo usado pela extrema-direita francesa há mais de 30 anos. Um brasileiro com cérebro de ervilha e falta de criatividade chupou a expressão. A direita Miami, que lê pouco, salvo as opiniões altamente ideologizadas e anacrônicas da Veja, acha que é uma ideia muito original.

Caviar é de direita. Só certa direita tem bala para comer caviar.

A velha direita, pois a nova só chega ao nível do sushi. Esta prefere mesmo é comer um hambúrguer na Flórida ou, quando é metida a andar na linha, tomates secos com folhas verdes num shopping “bacana” de Miami.

A direita Miami tem seus intelectuais orgânicos. Uma turminha paquidérmica contratada pelos jornalões para escrever com as ferraduras. Destrói um teclado a cada semana. Mas fabrica a realidade desejada pelos consumidores. Nela, estamos às portas do comunismo soviético.

Só escaparemos dele se Joaquim Barbosa nos salvar.

A direita Miami se lixa para a corrupção. Fica feliz mesmo é em ver petista na cadeia, pois para ela todo petista é comunista e merece prisão.

Alguns são comunistas. Outros, merecem prisão.

Cadeia não pelo mensalão, mas pelos programas “assistencialistas”, que tiram dos pobres ricos para dar aos pobres pobres, quando, no entender da direita Miami, deveriam continuar a fazer o contrário como incentivo ao ócio produtivo das classes abastadas e abastardadas desde o escravismo.

Em 2012, os gastos com a dívida pública consumiam R$ 2,52 bilhões por dia, alimentando a preguiça especulativa. Maria Lucia Fattorelli faz uma comparação interessante a esse respeito: o gasto com o Bolsa-Família, no mesmo período, “correspondeu a apenas oito dias do Bolsa Rico”.  A direita sushi, do capitalismo à brasileira, não vive sem as tetas do Estado. Quando ganha, o mérito é dela, embora amparada em benefícios públicos como juros camaradas do BNDES e isenções. Quando perde, quer socializar os prejuízos.

Na direita Miami, não há comunistas, mas não faltam merecedores de prisão. A Alstom que o diga. A cobrança de propina é suprapartidária.

A turma da direita Miami tem problemas cerebrais de conexão com a realidade. Alguém diz que é contra o comunismo, mas, ao mesmo tempo, critica o capitalismo do século XIX praticado no Brasil, a resposta do perfeito cérebro de ervilha lacerdinha de shopping center não se faz esperar. Vem prontinha como um combo do “maravilhoso” Mc Donald’s:

– Bom mesmo é o modelo cubano, né?

Uau!

A direita Miami ainda está nos anos 1950. Teme a ameaça vermelha. Critica o gosto da esquerda pelas tetas do Estado, mas adora essas boquinhas citadas, que vão da isenção fiscal a empréstimos baratinhos do BNDES terminando na Bolsa-Rico, um esquema para ganhar dinheiro em cima de papéis do governo, que gasta mal, por vários caminhos, enchendo os bolsos de banqueiros, especuladores, espertalhões, empreiteiras, etc. Os lacerdinhas da direita Miami defendem o capitalismo sem riscos.

Para eles.

A classe A da direita Miami é a classe C com silicone comprado em Orlando.

Os intelectuais da direita Miami tem a profundidade de um pires de cafezinho. Apanham todo dia de economistas como Paul Krugman e Stiglitz. Não se dão por vencidos. São pagos para estar errados.

Na internet, a direita Miami tem seus trolladores. É um bando com tendência psicopata e total falta do que fazer. São aqueles que espalham falsas capas da Forbes dizendo que Lula é bilionário. Fazem um bullying primário. Quando cortados, só para vê-los desesperados e ainda mais divertidos, ficam amuados e fazem beicinho e chantagem barata:

– Estão me censurando.

Chega a dar pena. O trollador lacerdinha, representante da direita Miami, volta sempre, ora com o rabo entre as pernas, lambendo o chão para tentar furar o bloqueio, ora rosnando para impressionar, ora se humilhando ainda mais, pedindo desculpas e apresentando justificativas, lambendo as mãos do inimigo, ora bancando o pitbull comedor de criancinhas, ora com uma dezenas de fakes idiotas para não ficar fora da brincadeira. Patético.

Os “pensadores” da direita Miami são os mais que perfeitos indigentes intelectuais lacerdinhas de shopping center da esquina sonhando com um JK nos States. Melancólico mesmo é vê-los ofegantes, à beira da ejaculação precoce, tentando copiar e colar artigos e comentários feitos com 50 anos de atraso por seus ídolos esquálidos, risíveis e oportunistas, Reinaldo Azevedo, Rodrigo Constantino, Merval Pereira, Lobão, Raquel Sherazade, qualquer um que os tranquilize com um discurso de extremo direita contra cotas, bolsa-família, programas sociais, Cuba, Venezuela, Cristina Kirchner e outras misturas esotéricas feita para assustar e confundir.

A direita Miami precisa de um novo imaginário. Vive na Guerra Fria. Como se ampara em velhos espíritos, padece com a maldição da múmia: alimenta-se de uma ideologia retrógrada achando que é neutra. O lacerdinha é um crente ideológico xiita, fundamentalista, extremista, terrorista mental, que não tem a menor consciência do seu estado de submissão. Acha que é livre e que só expõe a verdade, mas reza por uma cartilha ideológica disseminada pela mídia, especialmente a Veja, e reproduzida fartamente.

A bibliografia da direita Miami inclui a Caras e a Contigo. As estrelas de referência são a Ana Maria Brega, a Xuxa e a Fátima Bernardes.

A direita Miami é um remake indigente de si mesma.

É um pessoal especulativo: quer ganhar muito e trabalhar pouco.

Direita Miami, direita sushi, direita Barra da Tijuca, direita shopping center, direita siliconada ou direita Mc Donald’s. É só escolher, leitor.

Chora, Larcedinha.

Tua fúria e tua baba me fazem rir.

Que comédia pastelão!

Pastelão, não, hambúrguer.


Arquivado em:Política Tagged: Direita, Juremir Machado da Silva
Fonte: http://blogoosfero.cc/blog-do-tarso/blog-do-tarso/direita-miami-por-juremir-machado-da-silva

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