O governo Beto Richa (PSDB) no Paraná já foi apelidado de tartaruga, por estar já se encaminhando para o final do mandato e não ter feito praticamente nada de bom pelo povo paranaense. Um governo travado, com um governador que não gosta de trabalhar.
Quando o governo percebe que não funciona, de repente ele encaminha um projeto de lei para a Assembleia Legislativa e quer a aprovação do projeto em menos de um mês, de forma totalmente anti-democrática, sem discussão com a sociedade, sem debate com a reduzida oposição, sem reflexão por parte dos deputados e dos servidores técnicos do Parlamento.
Normalmente são as privatizações que Beto Richa manda que seus deputados estaduais votem com uma rapidez não praticada no Poder Executivo, como a criação da privatização da saúde e cultura via Lei das OS – organizações sociais, ou mesmo agora com a privatização do Simepar e e-Paraná via serviço social autônomo. Mas também várias criações de cargos comissionados sem concurso público foram realizados assim.
A aprovação rápida dos projetos se dá por meio da realização de sessões extraordinárias em sequência e a uma manobra regimental chamada de comissão geral de plenário, o que desobriga que o PL passe pela análise prévia das comissões.
Segundo o regimento da AL a sessão plenária da Assembleia pode ser transformada em comissão geral por proposta conjunta de líderes ou por um terço dos deputados.
Conforme matéria de hoje da Gazeta do Povo, o líder do governo Beto Richa na AL, Ademar Traiano (PSDB), defende o recurso.O deputado estadual Caíto Quintana (PMDB) confessa que as comissões-gerais já foram instituídas anteriormente, mas em menor número.
Segundo um dos maiores juristas do Direito Constitucional do Paraná, o professor doutor Paulo Ricardo Schier (UniBrasil), em entrevista para a Gazeta do Povo, apesar de estar previsto no regimento interno da Assembleia, o artifício da transformação do plenário em comissão geral pode ser considerado inconstitucional:
“A democracia prevê o debate público, a participação da mídia, da oposição e de diversos atores sociais. Quando a discussão de um projeto de lei se faz rapidamente, não existe tempo para que esses atores formem uma opinião, o que acaba subvertendo a ideia de democracia”.
O professor Schier destaca que as comissões parlamentares, permanentes ou temporárias, realizam um trabalho importante no estudo das matérias:
“No caso das comissões gerais, o assunto não é devidamente debatido e pensado tecnicamente para, por exemplo, elaborar argumentos para que a matéria seja refutada”.
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