CARTA PÚBLICA DE AFASTAMENTO DA REDE SUSTENTABILIDADE PARANÁ
“Acreditamos que as redes, como forma de agregação e organização, são uma invenção do presente que faz a ponte para um futuro melhor. A concepção de rede baseia-se numa operação democrática e igualitária, que procura convergências na diversidade. É um instrumento contra o poder das hierarquias que capturam as instituições democráticas e, ironicamente, fazem delas seu instrumento de dominação. Pois é em rede com a sociedade que queremos construir uma nova força política, com alianças alicerçadas por uma Ética da Urgência, tendo como horizonte a construção de um novo modelo de desenvolvimento: sustentável, inclusivo, igualitário e diverso.” *
* Manifesto Político da Rede Sustentabilidade
A nova política não passou de simples discurso. O Movimento Nova Política se tornou um “quase partido” com os vícios da velha política. O discurso de horizontalidade não saiu do papel. Os movimentos sociais, que fizeram parte do início do processo de criação da Rede Sustentabilidade, ainda em Brasília, não existem, hoje, na Rede Paraná. Muito pelo contrário, o que vemos hoje é uma tentativa de abafar qualquer discussão político-social com a justificativa de enfraquecimento interno, de desagregamento da militância.
Alguns dirigentes partidários da Rede Sustentabilidade Paraná pedem, inclusive, para que os militantes abstenham-se de críticas ao processo eleitoral da Rede e das decisões de Marina Silva e seu “núcleo duro” de Brasília, indo além: pedem para que os militantes insatisfeitos com o processo e as escolhas saiam da Rede e que vão escolher os outros “30 e poucos partidos que existem por aí”. Reconhecemos também que tais falas e posturas tiveram eco maior no Paraná, após a publicação de uma matéria da Folha de São Paulo, na qual um dos fundadores do partido, com histórico no PSDB, sugeria a saída dos sonháticos ou de críticos ao processo decisório vertical do já citado “núcleo duro”. Se há esta categorização de enredados em plano nacional, em plano local também é existente, e é aí que encontrou-se o eco indesejável.
A tentativa de censura e o rumo partidário se desviaram tanto que é possível escutar de dirigentes do Paraná que para diálogos e intervenções com movimentos sociais, a Rede não é o partido ideal. Existem outros mais dispostos, citando novamente os “30 e poucos partidos”! Por que então, no início de de tudo, na época do MOVIMENTO PRÓ-PARTIDO, SONHÁTICOS, NOVA POLÍTICA foi feito um chamado justamente para as lideranças de movimentos sociais? Quais lideranças de movimentos sociais representam hoje a Rede Paraná? Cabe aos demais ativistas de movimentos sociais paranaenses reconhecer que as duas dirigentes nacionais, que pediram afastamento de tais cargos e tarefas, eram as representantes legítimas destes movimentos no Estado do Paraná. Não consideramos correto o messianismo que se cria à figura de Marina Silva como figura única de referência militante na Rede Sustentatabilidade, ainda mais no momento, quando ela mesma nega-se como candidata à presidência do Brasil colocando a candidatura de Eduardo Campos como “posta”.
A rede transforma-se em uma perigosa ferramenta quando alia-se à setores da sociedade e partidos opressores, conservadores e tradicionais. Quando dá voz a sujeitos com posicionamentos fascistas e que vão totalmente contra a proposta de democracia libertária que o Manifesto e o Estatuto tentam defender. Quando censuram o debate, excluindo vídeos e tópicos de fóruns de discussão em rede social. Citamos, como garantia de legitimidade ao que elencamos, o ponto 4 do Manifesto Político da Rede Sustentabilidade:
“Democratização do sistema de comunicação, garantindo-se a liberdade de expressão, transparência, livre acesso à informação e ao conhecimento, valorização das diversas formas de manifestação cultural (…) “
É possível identificar, na fala de alguns membros da Rede Paraná, sujeitos pouco comprometidos com o rumo social do país e com as liberdades individuais. Militantes da rede, dirigentes e não dirigentes,desqualificam a luta de minorias como a racial, a gay e a feminista.Soma-se a isso a negação da discussão com a própria sociedade. Nega-se quando evita fazer as discussões, ditas “polêmicas”, afinal desagrega e perde voto, na visão de tais pessoas.
Contribuímos aqui para a reflexão o ponto 5 do Manifesto Político da Rede Sustentabilidade. Existe, na Rede Paraná, alguma práxis que mire o alvo teórico?
“ Respeito aos direitos humanos, garantia de igualdade de gênero e repúdio a todas as formas de discriminação: étnica, racial, religiosa, sexual ou outras, garantindo a cada grupo espaço próprio de participação política e de respeito e atenção às suas demandas específicas.”
Por fim, consideramos que o quadro político da rede se agravou após o infeliz julgamento da legalidade institucional do partido. Porém, também consideramos que isso não pode ser colocado como desculpa eterna para as falaciosas decisões e ajuntamentos políticos que vêm sendo feitos no Paraná, onde junto com tudo que já foi citado acima culmina em reuniões defesas ao PSB do Paraná, aliado histórico do governador tucano Beto Richa, mesmo que não orientada pelo diretório nacional.
Somos militantes de esquerda, não negamos a história!
Somos ativistas das causas sociais e humanas!
Não faremos de nossas vidas um balcão de negócios. Concordamos com Marina Silva e com a Rede quando estas dizem que o debate eleitoral não pode ser antecipado. Lamentamos quando isso torna-se apenas mais uma mera figura de retórica.
Avante!
“Por um mundo onde sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres…” Rosa Lux
Assinam esta carta em 09/11/13.
Alexandre Plautz Lisboa
Denis Barão
Rodrigo Karter
Arquivo em:Política Tagged: Marina Silva, Partido Rede Sustentabilidade
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