Por Diogo Costa, no Luis Nassif
NEOLIBERALISMO, CAPITALISMO E OS CICLOS DE KONDRATIEV – A queda do Muro de Wall Street, conhecido também como o Crash de 15 de setembro de 2008, logo suscitou análises apressadas profetizando o fim do capitalismo. Lamento, mas o neoliberalismo é apenas uma vertente do capitalismo, uma de suas faces. O capitalismo não irá perecer por conta da ruína neoliberal. Muito antes pelo contrário. Poderá seguir seu curso com mais força ainda após a purga do sistema.
Crises de grande monta não são novidades no modo de produção capitalista, centenas já aconteceram nos últimos séculos. Algumas tem intensidade maior, como as crises de 1815, 1873, 1929 e 2008, mas nenhuma delas barrou o avanço do capitalismo. Nem mesmo as crises do capital fictício (ações nas bolsas de valores) são novidades… Vide a Crise das Tulipas, ocorrida em 1637, na Holanda, primeira crise especulativa de grande impacto na Europa.
Pois bem, segundo o economista russo Nikolai Kondratiev, vivemos no sistema mundo capitalista o que ele denominou de ciclos econômicos, ou movimentos cíclicos de ondas longas. Ou seja, as crises fazem parte, são parte integrante do modo de produção capitalista. Vários economistas comungam das idéias de Kondratiev, dentre eles Joseph Schumpeter, Immanuel Wallerstein, Ignácio Rangel e Ernest Mandel. Se a teoria dos ciclos é correta, então não temos nos dias atuais nenhuma crise terminal do capitalismo, mas apenas um período onde o sistema busca se reequilibrar sob bases diferentes do neoliberalismo dos últimos trinta e poucos anos.
O capitalismo tornou-se o modo de produção dominante após mais de 600 anos de renhidas disputas com o feudalismo (modo de produção anterior e que foi derrotado por ele). Temos hoje um modo de produção superior ao capitalismo, pronto a ocupar o seu lugar? E não vale essa estória de “socialismo em um só país”, ou o modo de produção capitalista é substituído por outro modo de alcance global, ou não será substituído…
Notem o que dizia Karl Marx, num trecho do Prefácio de seu “Para a Crítica da Economia Política”, escrito em 1859: “Uma formação social nunca decai antes de estarem desenvolvidas todas as forças produtivas para as quais é suficientemente ampla, e nunca surgem relações de produção novas e superiores antes de as condições materiais de existência das mesmas terem sido chocadas no seio da própria sociedade velha. Por isso a humanidade coloca sempre a si mesma apenas as tarefas que pode resolver, pois que, a uma consideração mais rigorosa, se achará sempre que a própria tarefa só aparece onde já existem, ou pelo menos estão no processo de se formar, as condições materiais da sua resolução.”
Resumindo, o capitalismo não morrerá de morte morrida, e, ao que parece, o seu perecimento não acontecerá em função da crise atual, ao contrário, poderá voltar com mais força ainda após a superação do impasse que por ora presenciamos. Nenhum modo de produção é eterno, se o capitalismo levou séculos para se afirmar enquanto força dominante do sistema mundo, um dia, da mesma forma, também sucumbirá. Só não sabemos ainda quando e qual será o outro modo de produção que irá substituí-lo. A luta pela sua superação será áspera e longa. E a luta continua, afinal de contas, a velha e boa luta de classes está aí, forte, firme e aparente para quem não fecha os olhos e quer vê-la. Vê-la e entendê-la.
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