Todos sabemos que o Partido do Movimento Democrático Brasileiro não existe nacionalmente. O PMDB pelo país é, na verdade, a reunião de pequenos feudos regionais comandados por José Sarney no Maranhão, por Jader Barbalho no Pará, por Renan Calheiros em Alagoas, por Jarbas Vasconcelos em Pernambuco e até pouco tempo pelo falecido Orestes Quércia em São Paulo. O PMDB nacionalmente sempre foi um partido do governo. Apoia quem estiver na presidência, por puro interesse em cargos e benefícios do poder. Não tem ideologia. FHC no poder? “Viva a privatização”. Lula no poder? “Viva o social”. Dilma no poder? “Amém”.
No Paraná o PMDB sempre foi o “MDB velho de guerra”, um partido de centro-esquerda, capitaneado pelo ex-governador e atual senador Roberto Requião. Um partido com ideologia clara, contra as privatizações, defensor do Estado do Bem-Estar Social previsto na Constituição de 1988.
Mas na política, muitas vezes, “rei morto, rei posto”. Acabou o governo Requião em 2010 e a maioria dos deputados estaduais esqueceram o governo social de Requião e abraçaram o governo neoliberal de Beto Richa (PSDB). Inclusive, o ex-líder do governo Requião, Luiz Cláudio Romanelli, virou secretário do Trabalho de Richa. São chamados pelo Blog do Tarso de “pmdbistas do rabo azul”, já que no governo Requião tinham os “tucanos do bico vermelho”. O mais vergonhoso é que venceram as eleições para deputado estadual com o PMDB, com discurso contrário ao neoliberalismo de Beto Richa, mas assumiram seus cargos como situação de Carlos Alberto.
Dia 15 de dezembro o PMDB/PR vai decidir se acaba como um partido de identidade ou se vai se fortalecer. São candidatos a presidência Requião, Luiz Cláudio Romanelli e o ex-vice de Requião, Orlando Pessuti, que assumiu o governo por alguns meses.
Requião, apoiado pelo deputado federal João Arruda, pelo deputado estadual Anibelli Neto, e pelo candidato que fez um belo papel nas eleições de Curitiba, Rafael Greca, é o favorito. É o candidato das bases do PMDB estadual. É o candidato dos que não estão pensando apenas em carguinhos no governo estadual. Com a vitória de Requião, ele será o candidato do partido nas eleições de 2014 para governador, e tem grandes chances de ir para o segundo turno contra Beto ou Gleisi.
Romanelli, deputado estadual licenciado, que surpreendeu negativamente ao assumir uma secretaria no governo neoliberal de Carlos Alberto, volta para a Assembleia Legislativa sempre quando o seu chefe tucano manda, para votações importantes. O apoia quase todos os fisiológicos deputados estaduais do PMDB, menos o corajoso Anibelinho, que mostrou personalidade. Se Romanelli vencer, será o fim do PMDB do Paraná, que apoiará o decadente Beto Richa em 2014.
Pessuti é apoiado pelo deputado federal Osmar Serraglio, o suplente da senadora Gleisi Hoffmann (PT), Sérgio Souza, que está no Senado enquanto Gleisi for Ministra da Casa Civil da presidenta Dilma Rousseff (PT), e o ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures. Pessuti é o que tem menos chances. Nos meses de seu governo foi bastante neoliberal e, mesmo sendo do PMDB, não apoiou Requião para o senado em 2010 (apoiou Gustavo Fruet, então no PSDB, e Gleisi), e em Curitiba, na última eleição, não apoiou Rafael Greca, mas sim Ratinho Junior do PSC. Além disso, não fez campanha para os vereadores do PMDB de Curitiba, pois fez a campanha do seu filho Bruno Pessuti para vereador, que saiu do PMDB e foi para o PSC, que sagrou-se vereador. Bruno foi o campeão de gastos (R$ 486.937,95) e, com 4.691 votos, gastou R$ 103,80 para cada voto conquistado. Se Pessuti vencer, ele disse para a Gazeta do Povo que pode apoiar Gleisi ou Beto Richa, ou lançar candidato, no caso ele, que quer ser candidato ao governo, a vice ou ao senado pelo PMDB em 2014. Caso perca a eleição interna, é grande a chance dele ir para o PSC de Ratinho Junior e de seu filho Bruno.
PMDB do Paraná, escolha: Requião ou o fim?
Filed under: Política Tagged: PMDB, Roberto Requião
0sem comentários ainda
Por favor digite as duas palavras abaixo