A democracia ante o abismo – Boaventura de Sousa Santos
13 de Fevereiro de 2013, 22:00 - sem comentários aindaNa Folha de S. Paulo de 30.01.13
Se o Estado do Bem-Estar Social se desmantelar, Portugal ficará politicamente democrático, mas socialmente fascista
No contexto de crise em Portugal, o combate contra o fascismo social de que se fala neste texto exige um novo entendimento entre as forças democráticas. A situação não é a mesma que justificou as frentes antifascistas na Europa dos anos 1930, que permitiram alianças no seio de um vasto espectro político, incluindo comunistas e democratas cristãos, mas tem com esta algumas semelhanças perturbadoras.
Esperar sem esperança é a pior maldição que pode cair sobre um povo. A esperança não se inventa, constrói-se com alternativas à situação presente, a partir de diagnósticos que habilitem os agentes sociais e políticos a ser convincentes no seu inconformismo e realistas nas alternativas que propõem.
Se o desmantelamento do Estado do Bem-Estar Social e certas privatizações (a da água) ocorrerem, estaremos a entrar numa sociedade politicamente democrática, mas socialmente fascista, na medida em que as classes sociais mais vulneráveis verão as suas expectativas de vida dependerem da benevolência e, portanto, do direito de veto de grupos sociais minoritários, mas poderosos.
O fascismo que emerge não é político, é social e coexiste com uma democracia de baixíssima intensidade. A direita que está no poder não é homogênea, mas nela domina a facção para quem a democracia, longe de ser um valor inestimável, é um custo econômico e o fascismo social é um estado normal.
A construção de alternativas assenta em duas distinções: entre a direita da democracia-como-custo e a direita da democracia-como-valor; e entre esta última e as esquerdas (no espectro político atual, não há uma esquerda para quem a democracia seja um custo). As alternativas democráticas hão de surgir desta última distinção.
Os democratas portugueses, de esquerda e de direita, terão de ter presente tanto o que os une como o que os divide. O que os une é a ideia de que a democracia não se sustenta sem as condições que a tornem credível ante a maioria da população. Tal credibilidade assenta na representatividade efetiva de quem representa, no desempenho de quem governa, no mínimo de ética política e de equidade para que o cidadão não o seja apenas quando vota, mas, também, quando trabalha, quando adoece, quando vai à escola, quando se diverte e cultiva, quando envelhece.
Esse menor denominador comum é hoje mais importante do que nunca, mas, ao contrário do que pode parecer, as divergências que a partir dele existem são igualmente mais importantes do que nunca. São elas que vão dominar a vida política nas próximas décadas.
Primeiro, para a esquerda, a democracia representativa de raiz liberal é hoje incapaz de garantir, por si, as condições da sua sustentabilidade. O poder econômico e financeiro está de tal modo concentrado e globalizado, que o seu músculo consegue sequestrar com facilidade os representantes e os governantes (por que há dinheiro para resgatar bancos e não há dinheiro para resgatar famílias?). Daí a necessidade de complementar a democracia representativa com a democracia participativa (orçamentos participativos, conselhos de cidadãos).
Segundo, crescimento só é desenvolvimento quando for ecologicamente sustentável e quando contribuir para democratizar as relações sociais em todos os domínios da vida coletiva (na empresa, na rua, na escola, no campo, na família, no acesso ao direito). Democracia é todo o processo de transformação de relações de poder desigual em relações da autoridade partilhada. O socialismo é a democracia sem fim.
Terceiro, só o Estado do Bem-Estar Social forte torna possível a sociedade do bem-estar forte (pais reformados com pensões cortadas deixam de poder ajudar os filhos desempregados, tal como filhos desempregados deixam de poder ajudar os pais idosos ou doentes). A filantropia e a caridade são politicamente reacionárias quando, em vez de complementar os direitos sociais, se substituem a eles.
Quarto, a diversidade cultural, sexual, racial e religiosa deve ser celebrada e não apenas tolerada.
BOAVENTURA DE SOUSA SANTOS, sociólogo português, é diretor do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (Portugal)
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Escolher a equipe de governo é uma arte
13 de Fevereiro de 2013, 22:00 - sem comentários aindaEquilíbrio. Essa é a palavra chave para se escolher uma equipe de governo. Aprendi isso nos meus oito anos no governo e nos mais de dez anos de consultoria jurídica que presto à Administração Pública.
Uma equipe apenas com políticos sem qualquer domínio técnico? Catástrofe. É essencial que ministros, secretários e dirigentes de autarquias e empresas estatais tenham domínio da área que vão administrar. É claro que em determinados órgãos e entidades estatais, basta ao dirigente máximo saber montar uma boa equipe técnica e saber gerir sua equipe. Por isso em alguns casos um dirigente que não domina a área mas sabe gerir pessoas faz uma boa gestão.
Membros do governo apenas do corpo de servidores estatutários? Também pode ser muito ruim. Muitos vão ser corporativistas e farão uma gestão com os olhos voltados primeiro para os interesses dos próprios agentes públicos.
Agentes políticos apenas compostos por professores teóricos, sem qualquer experiência de Administração Pública? Também pode ser um desastre, pois experiência prática também é decisiva para um bom exercício de administração pública. Alguns professores são ótimos teóricos, mas péssimos administradores.
Ministros, secretários e dirigentes apenas com experiência na gestão privada? Pode ser um erro ainda maior do governante. Não é possível comparar a administração privada da administração pública. Nas empresas e entidades privadas o gestor pode fazer tudo o que não for proibido (princípio da legalidade aplicável no direito privado). Na Administração Pública o gestor pode fazer apenas aquilo que estiver previsto em lei ou no ordenamento jurídico. Ou seja, as licitações, concursos públicos, respeito ao orçamento e legislação fiscal, princípio da publicidade, entre outros, devem ser geridos por alguém que entenda que o interesse público se sobrepõe ao interesse privado. Administrar uma empresa privada cujo lema é o “cada um por si” não é a mesma coisa do que administrar interesses públicos.
Um presidente (ou presidenta), um(a) governador(a), um(a) prefeito(a) deve buscar para compor seu ministério, secretariado e alta cúpula da entidades da Administração indireta, pessoas que tenham experiência política, com conhecimento teórico e prático, com conhecimento de gestão pública. Na falta de alguém que tenha todas essas características, que seu corpo de agentes políticos seja equilibrado entre políticos e técnicos, para que não ocorram governos equivocados como alguns que conhecemos, seja no âmbito federal, estadual ou municipal.
Tarso Cabral Violin – autor do Blog do Tarso, é professor de Direito Administrativo, mestre em Direito do Estado pela UFPR e autor de livros e artigos sobre Direito Público
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Os estagiários do ICI recebem mais de R$ 9 mil por mês?
13 de Fevereiro de 2013, 22:00 - sem comentários aindaEntrevista com o prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet (PDT), publicada no último domingo na Gazeta do Povo:
E a mudança na gestão do ICI?
O ICI é um instrumento muito importante para a gestão da cidade, mas é preciso redefinir os valores, os contratos e como se dá essa relação com a prefeitura. A cidade paga, por exemplo, R$ 148 mil todos os meses por um serviço de alta complexidade para o atendimento presencial do contribuinte do ISS, que é executado por 16 estagiários. É mais de R$ 9 mil por estagiário, quando, na verdade, os gastos devem ser de R$ 1,5 mil para cada um deles. Empresas que são fornecedoras da prefeitura por meio do ICI não recebem há 10 meses e ameaçam paralisar os serviços. É correto continuarmos num sistema como esse?
Filed under: Política Tagged: Gustavo Fruet, Instituto Curitiba de Informática ICI
Eu voltei…
13 de Fevereiro de 2013, 22:00 - sem comentários ainda
Sim, passou o carnaval e o Blog do Tarso voltou. Depois de alguns dias de inatividade, para fins de preparação de aulas e palestras que vou proferir em 2013, voltei. Voltei para discutir um pouco de Política, Direito e Administração Pública. Ácido, mas sem perder a ternura jamais.
Voltei para continuar exercendo a função de controle da Administração Pública.
Voltei para continuar criticando as privatizações, o neoliberalismo e o gerencialismo.
Voltei para defender uma Administração Pública profissionalizada, que realize concursos públicos e licitações nos termos constitucionais e legais.
Voltei para criticar a privatização dos serviços públicos sociais via as inconstitucionais organizações sociais – OS.
Voltei para exercer o papel de Ombudsman informal da velha mídia.
Mas continuarei advogando, lecionando, palestrando, estudando, torcendo, correndo, brincando, educando e amando.
Obrigado a todos que enviaram e-mails, mensagens e comentários solicitando que a minha inatividade no Blog do Tarso fosse a mais breve possível. E obrigado a todos que acessaram o Blog mesmo nesse pequeno período de hibernação (a audiência foi grande).
Tarso Cabral Violin – autor do Blog do Tarso, advogado, mestre em Direito do Estado pela UFPR e professor de Direito Administrativo, com ênfase nas licitações e contratos administrativos, convênios e parcerias com o Terceiro Setor
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Divulgada a programação do 2º Paraná Blogs
2 de Fevereiro de 2013, 22:00 - sem comentários ainda2º Encontro de Blogueir@s, Redes Sociais e Cultura Digital do Paraná
PROGRAMAÇÃO
SEXTA-FEIRA, 12 DE ABRIL
14h00 Oficina: Blogoosfero - plataforma livre para autonomia da blogosfera brasileira, com Sérgio Bertoni, da Blogoosfero Foundation
19h00 Abertura oficial do #2ParanáBlogs - Encontro de Blogueiros, Redes Sociais e Cultura Digital do Paraná.
Debate: Democratização das Comunicações. Nada além da Constituição!
Convidados:
●Leonardo Boff
●Altamiro Borges
●Marcela Bomfim
SÁBADO, 13 DE ABRIL
09h00 Desconferência: Marco Civil da Internet e os direitos dos internautas.
Convidados:
●Deputado João Arruda, presidente da Comissão Especial do Marco Civil da Internet na Câmara Federal
●Tarso Cabral Violin, do Blog do Tarso
●Sérgio Bertoni, do Blogoosfero
11h30 Intervalo para almoço
13h00 Debate: Comunicação e Democracia
Convidados:
●Eduardo Guimarães, do Blog da Cidadania
●Vito Gianotti, do Núcleo Piratininga de Comunicação
●Cláudio Ribeiro, advogado e ativista político
●André Vieira, do #ParanáBlogs
15h00 Desconferência: Blogoosfera paranaense e a liberdade de expressão
Convidados:
●Joice Hasselmann, do Blog da Joice (Curitiba)
●Esmael Morais, do Blog do Esmael (Curitiba)
●Cesar Minotto, do Olho Aberto Paraná (Laranjeiras do Sul)
●Ronildo Pimentel, do Boca Maldita (Foz do Iguaçu)
●Hermerson Baptista, do Viva Samas (São Mateus do Sul)
●Cristiano Lima (São José dos Pinhais)
●Luiz Skora, do Polaco Doido (Curitiba)
18h00 Debate: Ativismo nas Redes Sociais
Convidados:
●Senador Roberto Requião
●Conceição Oliveira, do Blog da Maria Frô
●Cleverson Lima, do Blog Rodopiou
DOMINGO, 14 DE ABRIL
09h00 Oficina: “Monetização de blogs: Como tornar seu blog rentável”, com Robson Guimarães da Poolblique Comunicação
10h00 Trabalhos em grupo
12h00 Plenária final
II Encontro de Blogueir@s, Redes Sociais e Cultura Digital do Paraná
paranablogs@gmail.com
blogoosfero.com/paranablogs
facebook.com/paranablogs
Poolblique - Assessoria de comunicação
(41) 9626-4933
Fonte: ParanaBlogs